Reino da Verdade Brasileira

Autor(a): Lucas Baldi


Volume 1

Capítulo 9: Intocável

Horário errado, soldados fora de posição, papelada atrasada. 

O que aconteceu aqui? Que saco. 

Sentei no canto da enorme sala de reunião tumultuado. Desde essa ventania e a chuva chegaram parece que tudo aqui virou um caos. A maioria das tochas estava apagada, e duas lareiras estavam sem fogo.

Eu podia estar treinando, ao invés de “aguardando ordens eternamente”.

Os superiores deixaram os instrutores Penumbra no comando antes de saírem para a viagem, e eu estava sem paciência para guiar os novos recrutas. 

Bufei novamente. 

Essa chuva me preocupou, mesmo com os alertas mais cedo, ainda era um risco. O fogo da lareira aos poucos diminuía, e o frio começava a surgir nos cantos. 

— Bruno Lewis! Precisamos de você — disse Andri, meu amigo instrutor.

 — Sim? — O encarei. — Não estou muito para conversa hoje, e já falei para me chamar só de Bruno.

— Como novato e veterano aqui, preciso que leve esses papéis para a sala do diretor e veja o que tem de errado com esses malditos horários — Ele me entregou uma papelada e abaixou o tom. — Você acha que alguém aqui tem sabotado a base? Temos novos recrutar duvidosos.

Era suspeito que ultimamente parte da cidade estava sem supervisão alguma, mas acreditei que era difícil um mero figurante conseguir desestabilizar sem que ninguém tenha percebido. 

Ponderei por um momento, meu olhar encontrou o de Andri e focou em dois soldados se esbarrando atrás dele. 

— Se realmente foi o caso, temos uma presença perigosa nos observando. Ou, ao menos, um estúpido buscando atenção.

Andri continuou calado, seu queixo estava prestes a cair, mas ele recompôs a postura e seguiu dando ordens para recrutas que estavam se batendo. Passei pela grande porta e virei no corredor de salas importantes. 

Silêncio… Estava ótimo. 

Os ventos balançavam incessavelmente o vidro reforçado que servia de parede para o corredor. Outra chuva perigosa estava se aproximando. 

Acreditei que era melhor fazer uma ronda — mesmo com o risco — para caso algum cidadão tenha sido pego, mas no estado atual da tropa era inviável sugerir qualquer coisa. 

— Ei, Bruno. Eu o desafio para um duelo — disse um menino de cabelo loiro penteado para o lado que segurava uma espada de madeira.

— Não é hora para isso. Quem é você? Recruta?

— Eu entrei nesta academia medíocre apenas para desafiá-lo! Me enfrente  — O loiro sorriu e ergueu os braços.

Só podia ser uma piada. Porra.

Coloquei a pilha de papéis no chão e as mãos no bolso. Dado sua postura ao segurar a espada e o mau posicionamento das pernas, eu podia dizer que era um dos novos recrutas; sua energia dourada que começou a cobrir os seus braços me confirmou isso. 

Ergui um único braço e o reforcei com água. 

O menino sorriu e disparou na minha direção enquanto levantava sua espada brilhante. Desviei com um simples passo para a esquerda e o vi acertar o chão, quebrando sua arma. Bati de mão aberta contra a parte de trás de seu pescoço e o menino caiu desmaiado.

Tsc, Lumi esquivaria. 

Peguei as folhas e entrei na sala do diretor. Ele parecia estressado, suas veias eram visíveis em seu rosto e havia vários papéis jogados no chão da sala. Seus olhos fundos se arregalaram ao me ver. 

Rapidamente o cumprimentei e lhe disse para que vim, ele apenas falou para eu pôr o conteúdo na mesa. Informei a situação — que, provavelmente, ele já estava careca de saber, literalmente — e dei a ideia sobre o plano de verificação da cidade, mas ele sugeriu que era melhor esperar o vento passar. 

Discordar dele estava longe das minhas ideias, eu sabia que Sombras e Penumbras seriam incapazes de fazer algo útil, e talvez até se tornassem civis feridos.

Saí de sua sala e entrei na porta ao lado — a sala de meditação sempre me era boa. 

Acendi uma pequena vela e sentei no canto, dobrei as pernas e deixei minhas costas relaxarem apoiadas em uma almofada preta. 

Nessa semana, algumas armas estavam fora do lugar, os horários que haviam sido postados diferiam dos discutidos e criaturas bípedes cinzas foram vistas nos arredores da floresta.

Karin estar em uma zona neutra deveria garantir a ausência de monstros.

Desde que Lumi foi atacado pelo goblin e o time de coleta lidou com uma situação de emergência, uma investigação foi aberta com o objetivo de entender a anomalia. 

Mas nada fazia sentido. 

Era como se, deliberadamente, o goblin tivesse sido jogado e os hoasters conduzidos. 

Se um culpado existisse, Karin estaria em risco. Sorri para mim mesmo por estar mais uma vez perdido em pensamentos. 

Bem, isso era melhor que tentar conter o caos

Passei vários minutos refletindo — senão horas — sobre todos os fatos, até que o barulho da água no teto me trouxe de volta. 

Água. 

Olhei para a palma da minha mão e criei uma pequena esfera, logo acrescentei mana e ela se transformou em uma faca desfigurada. 

Eu devia ser mais forte

Estar à frente dos outros, manipular um elemento tão bem quanto um Penumbra, ter a força física maior do que o normal, nada disso faria sentido se eu falhasse em salvar o meu amigo sem magia. 

Desde de que minha mãe virou rainha, eu tenho tentado avançar mais rápido. Talvez eu tenha me perdido na ambição de me tornar um Cavaleiro Real. 

Que droga, por que era tão difícil criar uma arma elementar? 

Um baque veio da porta e algo colidiu contra o chão. Aconteceu de novo, porém muito mais forte. Na terceira vez a porta foi parcialmente desfigurada, como se tivesse levado um soco concentrado de mana. 

A vela se apagou. 

Uma gota de suor desceu

Notei os pés pela brecha embaixo da porta, uma pequena aura escura acompanhava cada um deles. Prendi a respiração e cessei minha liberação de mana, seja lá o que aquilo fosse eu queria ficar anônimo por hora. 

Eu pude ver dois olhos vermelhos e um sorriso diabólico por um único segundo antes daquela presença sair. 

Caralho.

Utilizei a Detecção com pequenas gotas de água por baixo da porta para sentir qualquer coisa respirando. 

Haviam corpos no chão. 

Abri a porta, cobri meu corpo com uma camada leve de magia e saí. Estavam inconscientes, com um corte leve na barriga e hematomas horríveis pelos corpos, mas vivos. 

O inimigo deve ter usado uma lâmina envenenada, o local do dano estava roxo. O vidro estava destruído, o ar gelado bateu contra o meu peito. 

Como ele entrou sem fazer nenhum som? Cerrei os dentes e peguei a espada de um deles. 

E a porta da sala do diretor estava destruída. 

Levantei a guarda e andei cautelosamente até poder ver dentro. A sala estava devastada. Uma aura negra devorava tudo como uma serpente ao caçar uma presa grande. 

Um ataque, e nós estávamos sem os nossos melhores. Corri entre os corredores escuros até a porta do grande salão e, novamente, os olhos vermelhos fizeram meu coração acelerar. 

Abrir a grande porta foi como tentar arrastar uma carroça cheia de malas. 

Avance, Bruno

A cena em minha frente fez com que eu arremessasse a espada na garganta do mascarado. Ele estava segurando um recruta pelo pescoço, enquanto todos os outros estavam ajoelhados com feições desesperadas. O local estava intacto… ninguém reagiu?

— Oh, agraciado pela mana! Que bom ter a honra de te conhecer — disse ele ao segurar a espada pela lâmina como se fosse simples. 

— Largue ele agora, seu desgraçado!

O sujeito começou a rir. Ele jogou o menino no chão e o chutou, um estalo pôde ser ouvido claramente quando ele bateu contra a parede e gritou.

Todos fecharam os olhos e começaram a rezar. 

Ele ergueu as mãos e levantou o rosto. Sua máscara era branca, possuía uma espécie de vela desenhada ao lado do olho direito e olhos pintados com tinta vermelha.

— Eu só queria brincar um pouquinho, Agraciado — Uma risada leve dele, sua aura fazia cada parte de mim querer correr. — Por que não vem participar? Eu sempre quis medir sua força.

Avancei com um soco, que parou com um estalo na palma de sua mão. Lancei uma série de golpes reforçados com minha magia elementar, enquanto ele utilizava apenas a palma de sua mão para bloquear tudo sem nem mover os pés.

Na verdade, a única coisa que ele moveu foi o braço.

Apontei o dedo indicador e atirei um esfera de água em seu pescoço, mas ele bloqueou com o dedo mindinho. Abri distância dando dois passos largos para trás e fixei o meu olhar nele. 

Meu coração estava acelerado. Esse cara é perigoso demais.

Andri e Nas chegaram ao meu lado, e nós três nos olhamos por alguns segundos; todos com uma gota de suor na testa.

Cobri meu punho esquerdo com água e golpeei a palma da mão do mascarado, enquanto o Andri contornava para suas costas e carregava um feitiço de chamas. 

O mascarado segurou o meu pulso e derrubou o cajado dele com um chute giratório. O vilão me arremessou para o alto e apontou para os dois que estavam comigo. 

— Desviem dessa merda!

Eu senti que ele estava sorrindo, mesmo através dessa máscara bisonha.

Ele disparou flechas de fogo condensadas. Ambos tiveram o braço arrancado e caíram no chão. Sangue sujou os que estavam próximo, as paredes, e até um pouco do teto.

A dor os fez se contorcerem quando caíram de costas no chão frio, mas chorar jamais os livraria da tamanha dor. 

Eu caí de pé e observei todos de joelhos com a cabeça entre as mãos. Nem os paramédicos tentaram reagir, mesmo o olhar sem vida em seus rostos. 

— Eles vão morrer se continuarem assim… façam algo! — falei, mas ninguém reagiu. 

— Está frio… — disse o mascarado, enquanto olhava para um dos ajoelhados. 

Ele pegou um menino pelo cabelo e o levantou. O garoto era novo na tropa, estava apenas rezando para largar ele para que ele pudesse voltar bem para casa e orgulhar seus pais na fazenda.

Corri para tentar impedi-lo, mas pude vê-lo no ar em câmera lenta. O menino foi arremessado na lareira, seus olhos estavam em mim pedindo socorro, piedade. 

Atirei uma rajada de água, mas com um estalar de dedo do inimigo ele ardeu em chamas, cancelando meu ataque. Os gritos de agonia, berros, ecoaram por toda a sala. 

Minhas mãos formigavam, meu estômago embrulhou. 

O mascarado pegou um pedaço de papel verde do bolso de sua capa, olhou para mim e para o papel. Ele se virou e andou calmamente até a porta. 

Sem dizer nenhuma palavra, eu o vi sair. 

Eu deixei um inimigo fugir.

Eu falhei. Deixei que nos humilhasse, matasse um de nós e fosse embora!

Demorei um pouco para voltar a realidade, para entender que a situação podia piorar e que eu deveria agir.

— O que estão fazendo? Reajam! — Kairy gritou enquanto vestia um casaco, os paramédicos imediatamente reagiram e correram para os dois no chão. 

O sangue ainda jorrava do que restou de seus braços, desviei o olhar e desejei que sobrevivessem. 

Eu precisava reagir, mas aquilo foi demais. O cheiro de carne queimada, o corpo dele contorcido, elevou o ódio que eu sentia pelo cara de máscara. Cerrei os punhos e contive a raiva.

Agora ela seria inútil. 

O clima estava péssimo, pesado, ver a morte de perto acabava com a moral de qualquer um. E o garoto queimado… Droga!

— Sei que todos estão assustados, mas peço que tentem se comunicar com o Reino Enguerrand e vão verificar se há alguém ferido nas fazendas da cidade. 

— Mas Bruno… — Um deles falou, enquanto ficava de pé. 

Inspirei, percebi que todos estavam me observando. 

— Nós somos a tropa de defesa. Não quero que busquem lutar contra aquele mascarado, apenas foque nas pessoas. Eu irei persegui-lo. 

Alguns começaram a se levantar, seus rostos mais esperançosos. A forma como as discussões cessaram e o trabalho em equipe fluiu me impressionou, a situação estava começando a andar. 

De qualquer forma, o conflito deve ser evitado, aquele sujeito poderia varrer a tropa com um único braço. 

— Qual acha que é o nível dele? — sussurrou um professor.

— Não sei, mas nem mesmo os chefes teriam chances. Procure um meio de se comunicar, vou tentar descobrir o paradeiro dele. 

— Já comuniquei o Reino desde o início da semana. Eles deviam ter vindo desde o goblin com os coletores, então a ajuda deve chegar em breve se enviarmos um Voin. Não tente enfrentá-lo, e, se for o caso, leve esse sinalizador. Eu cuido das coisas por aqui. João deve chegar em breve, o enviarei para ajudá-lo na perseguição. 

— Obrigado, e espero não chegar a tal. Tem alguns dos nossos abatidos com um possível veneno no corredor três, é com você.

Karin era uma cidade qualquer, sem segurança forte ou auxílio de um rei, então por quê? 

Liberei meu ódio junto com a minha mana e andei até a porta. Minha arrancada estremeceu o chão, a chuva fraca havia cessado e eu corria como o vento. 

A lua cheia estava visível entre algumas nuvens, e uma grande fumaça pairava sobre o Bosque das Vozes. 

Aquilo era fogo? 

Carreguei energia e disparei para o alto. Devo ter voado por volta de vinte metros. A maior parte da cidade estava suja, com partes destruídas e desertas. 

Um grupo de guerreiras estava próximo ao portão principal, e em cima do muro algumas elfas equipadas com arcos. Um lado da cidade estava vigiado, temos um ponto protegido. 

E… porra, o Bosque das Vozes está pegando fogo.  

Aterrissei no telhado marrom alaranjado de uma casa e apontei minha espada para a presença que surgiu atrás de mim. 

— Ei, calma. Só vim te ajudar na caça — falou Kairy. 

— Faça como quiser, mas não vou com a sua cara.

Pulamos de casa em casa, ele podia acompanhar o meu ritmo sem dificuldade. Nenhum resquício de magia, nenhuma pessoa pelas ruas. Parei no alto da chaminé de uma casa, coloquei a mão no queixo e fechei os olhos. 

Ele veio para cá com um objetivo, podia ter nos matado. A menos que… ele fosse a distração. Mas o que ou quem ele queria? 

A brisa balançou minha roupa, senti meus cabelos balançarem para trás. No fundo dos meus pensamentos estava se formando uma ideia, até que a voz irritante do soldado me tirou do meu transe.

— Você é bem talentoso. Por que anda com um merda que nem pode usar magia? Sabe, você pode ter- 

— Se vai se referir ao meu amigo com essa palavra, não temos nada a conversar.

— Que desperdício. Espero que ele tenha morrido naquelas chamas.

— O que disse? — Trocamos olhares. Chamas… Impossível. — Ele está lá? — Kairy deu de ombros, um sorriso hostil colado em seu rosto. — Puto desgraçado!

Saltei do alto da chaminé e aterrissei no chão úmido e sujo da rua. Ignorei o estrondo que fiz e a pressão sobre as minhas pernas e disparei enquanto cortava o ar. 

Lumi, que porra você fez? 

Corri até o portão principal vendo o mundo como um borrão, mas alguém já me esperava de braços cruzados. Ergui os braços, levantei toda a água ao meu redor e cerrei os dentes.

Era o maldito. 

— É uma pena, mas você não pode passar — disse o mascarado, sua voz grossa e serena, sem nenhum sinal do tom brincalhão de antes. — Gosto do seu poder, mas não pode impedir o epílogo de chegar.

Ele me apontou o dedo indicador, carregando um feitiço vermelho tão rápido quanto um piscar de olhos e lançou a rajada como um raio. 

Criei duas camadas com a magia e cruzei os braços, mas o ataque dele destruiu minhas defesas e me atingiu diretamente. 

Firmei meus pés no chão enquanto era arrastado pela pressão do seu ataque. Minhas botas rasgaram e fumaça saía dos meus pés. Fora a enorme dor no corpo, eu resisti bem.

Com um impulso de poder, eu quebrei a distância entre nós. Girei-me no ar para aumentar a velocidade do meu golpe. Nossos punhos se colidiram, criaram uma onda sonora e um tremor que agitou todo o lugar. 

Kairy sabia disso?

Uma enxurrada de socos me impediu de pensar. Iniciamos um combate mais veloz do que eu conseguia acompanhar, a cada cinco socos dele eu dava três e acertava um. Abri distância e mirei meu calcanhar esquerdo bem em seu queixo, mas ele agachou e acertou a minha canela com um chute que me fez girar. 

Que porra de velocidade. 

Aproveitei a situação e soltei rajadas de água e mana afiadas enquanto girava. O mascarado bateu os próprios punhos e uma onda sonora fez com que eu voasse para perto de uma casa. 

Demorei a perceber que a água estava, aos poucos, protegendo o meu corpo. Leves camadas feitas com magia haviam se formado nos meus antebraços e na região das minhas costelas. 

Ele me chamou de algo relacionado a… Agraciado pelo Dom? 

Invoquei lanças ao meu redor, desfiguradas pela minha falta de habilidade, porém úteis. 

Ou pelo menos tinham que ser. 

Naquele exato instante, uma pessoa abriu a porta de casa, chamando a atenção do louco em minha frente. 

Virei rapidamente e gritei para que ele voltasse, até que um círculo com bordas brancas e brilhantes se formou, criando um ringue para mim e o mascarado. 

O homem logo entendeu e retornou para a casa, enquanto eu fui puxado, arrastado, em direção ao inimigo, e as minhas lanças se desfizeram. 

Me distraí. 

Atraído pelo seu poder, voei até sua mão encontrar o meu pescoço, e com a força da gravidade aumentada a minha cabeça conheceu o chão.

Um zumbido surgiu em meu ouvido, eu só podia ver sua máscara no meio da fumaça. Parecia que o chão estava mais baixo… eu havia afundado. Sua perna se ergueu, até que uma rajada de ar o tirou de perto de mim. 

Ouvi uma voz distante, uma voz familiar. Eu estava grogue, mas João estendeu a mão para mim e me levantou.

— Me atrasei? Não me disse que tinha feito um amigo novo.

— Bom te ver — falei grogue, e nós encaramos o sujeito que estava se levantando enquanto limpava sua capa. — Atividade física, no fim.

— É… eu não devia ter saído da cama hoje.

O sujeito se levantou, sua aura vermelha transbordava de seus ombros, a máscara agora estava mais real, como se fosse uma pele. João concentrou magia de ar em pontos específicos dos seus braços e olhou para mim. 

Acenei em concordância e manipulei a água ambiente para criar luvas finas e reforçadas sobre as minhas mãos. O mascarado andou casualmente em nossa direção, a aura vermelha chegou até os seus cotovelos, como a manga de um casaco dobrado. 

Por que estava sorrindo, idiota? A luta… estava me chamando. A água queria isso.

Meus olhos se fixaram nele, meu coração acelerou. Apertei meus punhos até as unhas tirarem pequenas gotas de sangue da minha mão. Esse merda precisava levar um golpe meu. 

Custe o que custar.



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