Rei dos Melhores Brasileira

Autor(a): Eme

Capítulo 51: Experimentos

O jaleco branco possuía várias marcas de sujeira, rasgado nas mangas e costas, além disso, todo restante que vestia por baixo era preto, roupas formais combinando com os cabelos escuros e olhos negros, para completar, os pés estavam descalços. Porém, havia um detalhe ainda mais estranho, em seu pescoço, exibia a gravata vermelha com bolinhas amarelas.

A sua esperança estava em um jogador maltrapilho e gostos peculiares.

— Vingança... — falava aproximando-se da jaula, encarando-a. — O que ela fez?!

Fairy tremia, as palavras travaram na sua garganta.

— Não é da sua conta! Só vai embora! — bramiu Metallic Mage.

Com as mãos, movimentou o metal dos destroços do teto, formando várias lâminas afiadas.

— Ou vai se arrepender! — completou ele, cercando-o com seu poder.

O jogador suspirou, pegou um pequeno pedaço do metal próximo aos seus pés.

— Sabe... ela parece inocente — estalou os dedos e os metais que o ameaçavam viraram esferas movendo-se em círculos —, vocês parecem vilões... isso me faz decidir fácil qual lado escolher.

A garota sorriu, aquelas palavras trouxeram esperança.

— Ela matou nossos amigos! — interviu Red Wolf, ao ver seu vice-líder lançar um olhar de aviso, o jogador a sua frente não era comum.

“Mentira! Mentira!” Fairy não conseguia expressar seus pensamentos. “Não fui eu... não...”.

— Nesse caso... — O jogador enfiou as mãos nos bolsos. — Boa vingança para vocês!

Com um leve aceno, despediu-se do grupo, ignorando a garota na jaula.

Fairy observava ele seguir na direção da saída, sendo acompanhado pelos olhares cautelosos dos outros jogadores.

— Me ajuda! Eles são loucos! É tudo Mentira! Mentira! — gritou ela, com a força que restava.

Seu desespero arrancou novas risadas dos breves companheiros de equipe, além disso, o jogador não parou, continuou seguindo em frente.

— E pensar que essa idiota já foi de um esquadrão da Valhala! — debochou um dos que cercavam a jaula.

Fairy abaixou a cabeça, em desânimo. Contudo, o jogador que caiu acidentalmente do teto parou de caminhar, com apenas um passo faltando para sair do galpão.

— Você é da Valhalla?! — A voz suave a surpreendeu.

Uma distância de vinte metros separava a entrada do galpão e a sua prisão, o jogador a percorreu em um segundo, até menos que isso, estava na sua frente abaixado, as grades eram a única coisa que os separava.

“Valhalla?!” Sua mente vagueou com a pergunta. “Sua expressão não me deixa saber qual a resposta certa.”

Havia uma possibilidade, os integrantes do clã supremo tinham a ordem para proteger seus companheiros a todo o custo, responder “sim” à sua pergunta ia depender de quem realmente era aquele jogador, porém, também existia uma punição simples para aqueles que fingiam ser um deles, a morte.

— Não... isso é um mal-entendido... — respondeu em um sussurro, preferindo a verdade.

— Ei, seu idiota! — falou o nervosinho da equipe, partindo para o ataque com seu machado.

Sem perder o contato visual com ela, jogador de jaleco movimentou os dedos. Como resposta, um dos canos flutuou, acertando seu oponente como se fosse uma bolinha de golfe.

— Crianças, os adultos estão conversando — disse ele, por cima dos ombros, avisando os restantes.

O impacto do golpe fez o jogador atravessar a parede, produzindo um buraco largo. No mesmo instante, as rajadas de vento forte inundaram o local, equivalente ao abrir a janela no meio de uma tempestade.

— Você entraria para Valhalla?! — retomou sua conversa com a prisioneira.

O rastro de sangue deixado no caminho até a abertura fez os outros prepararem suas armas. Com um gesto das mãos, Red Wolf, deu o sinal para que seus homens iniciassem a formação de ataque em volta do audacioso recém-chegado.

Metallic preparava seu suporte de armas com metais ao redor, cobrindo qualquer possibilidade de fuga.

“Entrar?! Ele está me fazendo o convite?!” Fairy sabia que para fazer parte do clã era preciso ser indicado por alguém do alto escalão. “Fazer parte daqueles que...”

— Eu preferiria morrer aqui — falou ela, enojada com a possibilidade. — A Valhalla só tem monstros imundos!

— Ah... Que bom! — exaltou ele. — Também os odeio!

A reação de Fairy para aquelas palavras foi de continuar fitando aquele olhar que, apesar de sombrio, parecia sincero.

— Cuidado! — avisou ela.

O clã Spartan começava seu ataque.

Os metais pontiagudos foram os primeiros que chegaram, porém, o jogador movimentou os dedos e todos desviaram sua trajetória antes de tocá-lo. Ainda de costas, girou para o lado, escapando da espada longa de Red Wolf.

— Morra! — O Lutador com as duas adagas douradas o golpeava.

De maneira simples conseguia desviar facilmente de seus ataques desgovernados.

— Você é péssimo com essas facas — comentou ele, ao esquivar da sua terceira investida com as mãos no bolso.

— Seu filho da...

Antes de completar a sua ofensa levou um chute que o fez ir ao chão, sem perder muito tempo tentou levantar, mas suas pernas não obedeceram, o golpe que pareceu fraco quebrou seus ossos.

Abriu a boca para pedir ajuda, no entanto, seu agressor pulou ficando em pé sobre suas costas.

O restante dos seus companheiros apenas observava a luta entre eles.

— Interessante... — relatava tirando as mãos do bolso. — Seus amigos te usaram de isca para conhecer minhas habilidades.

Deixou cair pequenas bolinhas reluzentes no seu oponente abaixo.

— Quem possui informação... tem a vantagem — proferiu o jogador.

Em instantes, as esferas tornaram-se globos enormes de metal maciço, não houve tempo para reação, o som dos ossos quebrando veio junto do sangue espalhado.

— Desgraçado! — berrou Metallic Mage, levitando os globos ensanguentados.

O jogador tomou distância do corpo da isca, que não serviu para fornecer muita informação sobre ele. Além disso, seus olhos arregalaram ao ver os movimentos do seu novo oponente.

— Finalmente encontrei um manipulador de metais — disse, empolgado.

O elemental do clã Spartan aproveitou-se do metal amplificado para contra-atacar. Com perícia, decompôs as esferas criando uma chuva de agulhas com quantidade surreal, fazendo parecer um enorme enxame.

— Morra! — comemorou, ao ver que seu oponente apenas observava seu ataque o encobrir por inteiro.

Sua expressão de felicidade não durou muito.

O jogador reunia as agulhas em uma pequena esfera que flutuava na mão direita.

— E se nós dois disputarmos o controle do mesmo elemento... — falava intrigado agigantando a bola de metal. — Vamos fazer um experimento?!

O globo metálico cresceu a centímetros de tocar o teto do galpão, em seguida, lançou na direção do vice-líder.

— Quem é esse cara?! — esbravejou, vendo o objeto gigante cada vez mais próximo.

Por impulso, Metallic estendeu as mãos para manipulá-lo, mas não houve reação, agora sem dúvidas, o jogador a sua frente era um Elemental que possuía o nível de controle superior ao seu.

O vice-líder encontrou algo que pudesse usar para retirá-lo da frente do impacto, saltou em cima de uma placa de metal, utilizando-a como uma catapulta que lhe jogou para o lado, caiu desajeitado em cima de vários canos empilhados. Com sorte, escapou da esfera que colidiu com o chão, deixando um rastro profundo após percorrer alguns metros.

— Acredito que ultrapassei seu limite ou seu controle ainda é fraco — falava o jogador, ao seu lado, admirando o ataque recente. — Nesse caso o mais forte vence, anotado.

Metallic o fitou da cabeça aos pés, não demorou para processar sua presença, pensou em atacá-lo. Contudo, a velocidade que ele se movimentava confirmava outro fato, estava brincando com eles, como se estivesse fazendo testes, experimentos.

— Façam alguma coisa! — gritou Metallic, para o restante da equipe que observavam estáticos.

“O que ele está fazendo?” Fairy mantinha os olhos no jogador descabelado. “Homens são todos idiotas... por favor! Termina logo com isso.”

— Ataquem juntos! — ordenou Red Wolf, escondido por trás de seus homens assustados.

O jogador desfez o globo maciço em diversas esferas pequenas, fazendo com que girassem em torno de si. Incessantemente, os lutadores desferiam ataques que eram bloqueados por suas bolinhas giratórias.

Entre as tentativas, o Elemental do clã disparava vários metais cortantes que ao se aproximarem viravam mais esferas.

O Lutador com a maior destreza finalmente conseguiu encurtar sua distância, aproveitando da oportunidade para golpear com toda a potência da sua espada.

— Cuidado! — gritou Fairy, aquele homem que depositou sua fé pretendendo não desviar da arma emitindo um aumento súbito de energia. — Essa arma tem um Debuff que...

Parou de falar ao vê-lo esticar os dedos na direção do ataque, as pequenas esferas se aglomeraram em volta do Lutador, correspondendo ao seu movimento, quando cerrou o punho, parecendo que segurou algo no ar, todas se uniram novamente, formando o imenso globo de metal, só que dessa vez havia algo dentro, um oponente completamente esmagado.

— Você vai pagar por isso! — bramiu alguém que não se intimidou entres os restantes.

Os comandantes da Spartan observavam seus dois integrantes sobreviventes partirem para o combate, aproveitando que as bolinhas que o protegiam sumiram.

Como resposta, o jogador movimentou seus dedos e, antes que pudessem se aproximar, os canos do galpão os envolveram, pareciam capturados por cobras que circulavam suas vítimas em um aperto mortal, ao larga-los não havia mais vida em nenhum deles.

Red Wolf se ajoelhou e cravou a espada no chão.

— Agora tá ferrado! — comemorou Metallic, reconhecendo a postura do seu capitão, era o Gatilho da sua ascensão.

— No caminho da guerra sou imensurável! — proferiu Red Wolf, seu Prenúncio.

O jogador suspirou desanimado, colocando as duas mãos no bolso.

— Ascensão Física... Fortaleza Inexorável! — emitiu Red Wolf, sua Sentença.

Red Wolf realizou todos os quesitos para ativar sua Ascensão Física: Gatilho, Prenúncio e Sentença.

O efeito de invocar esse poder fez seu corpo dobrar de tamanho, os músculos enrijeceram monstruosamente, além disso, sua pele avermelhou e a fumaça que saia dos seus poros mostrava que a pressão muscular o deixava no ponto de quase estourar.

Na sua Ascensão Física, o líder da Spartan amplificava a sua força e resistência o comparando com uma fortaleza impenetrável.

— Melhor fugir! — vibrou Metallic, vendo seu líder imponente caminhar na direção daquele que teve a audácia de desafia-los.

— Vou te obliterar! — rugiu Red Wolf. Com toda a sua experiência, os que provaram dos seus ataques logo se arrependiam de confrontá-lo, onde tocava gerava a destruição, uma amostra disso, demoliu metade do galpão somente pelo efeito de liberar sua ascensão.

“O que ele está...” Fairy observava o jogador conferir algumas bolinhas coloridas nas mãos.

— Ei! Não o subestime! — alertou da jaula, mas ele não deu ouvidos. — A ascensão dele é forte!

— Essa quantidade deve servir — falou ele, segurando diante dos olhos uma pequena esfera amarela. Assim que a escolheu, seguiu na direção do líder do clã, logo atrás, acompanhado do enorme globo de metal maciço.

Red Wolf ergueu a espada, concentrando energia na lâmina, planejava acabar com tudo em um único golpe.

Em resposta, o jogador esticou uma das mãos.

— Venha... — chamou ele.

Os estalos elétricos surgiram, com sons agudos que rangiam no ar. Aos poucos, a espada negra se materializou.