Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 3: Os Amigos mais Fortes

 

O impacto dos nossos punhos me arremessou para trás, Isael se afastou, ficando à minha frente.

 Arya se aproximou e estiquei meu braço para o lado, uma indicação de que não queria ser interrompido 

 Isael assumiu sua posição de combate, luvas e botas de metal prateado surgiram em seus membros.

— Então, vai vir ou não? — provocou, enquanto balançava a mão.

— Eu estava querendo mesmo — respondi enquanto retirava e jogava meu capuz para trás e revelei o rosto. — Uma troca de socos sem perder a amizade.

— Oh? Venha então — sorriu Isael.

As sombras, como se entendessem a situação, formaram luvas e botas negras em meus membros. 

Arya se afastou quando Isael e eu avançamos um em direção ao outro.

 Trocamos socos e ambos sorrimos como se fossem apenas cócegas.

— Lá vão eles — comentou a garota de cabelos pretos e olhos azuis, se aproximando de Arya.

— Eles são rivais? — Arya a olhou.

— Não, apenas amigos — esclareceu a garota. — Me chamo Jules, sou uma maga e esposa de Isael.

— S-Sou Arya, estou viajando com o Galrian.

— Prazer em conhecê-la — sorriu Jules.

Levantei minha perna direita e acertei um chute no rosto de Isael. Ele retaliou com um soco na minha barriga. 

Juntei minhas mãos e acertei a cabeça dele, mas ele segurou minhas mãos e me levou ao chão, sorrindo. 

Antes que atingisse o chão, me ergui, virei e tentei soca-lo, mas ele segurou meu punho.

— Está bem, já chega! — declarou Jules.

O chão se ergueu, nos elevou para cima, Isael e eu caímos em direções opostas.

— Ops, me desculpem, meninos — disse Jules, ela aproximou a mão perto da boca e olhou para Isael. — Querido, você está bem?

— Sim — respondeu Isael, enquanto erguia polegar esquerdo.

— E você, Galrian? — olhou para mim.

— Ótimo — ergui meu polegar direito.

Eu e Isael nos levantamos ao mesmo tempo e caminhamos em direção um ao outro. Isael estendeu sua mão; apertamos e sorrimos, enquanto Arya e Jules observavam a situação. 

Desde que Isael se casara, eu o vi apenas algumas vezes, então essa pequena luta entre nós era como nosso oi um para o outro após algum tempo.

— E então, gostou da minha fazenda? — ele estendeu o braço em direção à propriedade.

Havia uma cerca de madeira branca cercando toda a propriedade, com plantações visíveis por todo o local.

 Um enorme pasto abrigava ovelhas, bois, cavalos e até mesmo drakes, o que me surpreendeu, já que drakes eram bastante caros.

— Parece que a Jules fez você gastar todo o dinheiro do exército real com essa fazenda — comentei, enquanto olhava para ela.

— Não coloque a culpa em mim. Se dependesse de mim, estaríamos trabalhando como aventureiros — ela colocou as mãos na cintura.

— Mas mudando de assunto — disse Isael, ele fixou os olhos para Arya — quem é a garota?

— O nome dela é Aryanna Voidborn.

— Podem me chamar de Arya — falou ela, com um sorriso.

— Prazer em conhecê-la — Isael voltou seus olhos para mim. — Seu rosto está pregado por toda cidade. Quer me explicar o que houve e por que está sendo procurado como traidor e assassino?

— Sobre isso...

Comecei a contar a ele sobre o que havia ocorrido dois dias atrás no castelo, detalhei cada acontecimento.

 Cada detalhe fazia com que Isael e Jules ficassem boquiabertos e arregalassem os olhos. 

No entanto, o que os chocou mais foi o tratamento que Hestia me deu. Aproveitei a situação e contei sobre as sombras e como encontrei Arya.

— Eu não acredito... — Isael falou indignado. — Ainda bem que o comandante te ajudou a escapar.

— Preciso chegar a esse castelo nas montanhas.

— Não podemos deixar vocês partirem. Fiquem alguns dias aqui em casa — disse Jules.

— Não queremos causar problemas para vocês dois. Se os soldados me pegarem aqui, vocês também serão considerados traidores — olhei para os dois.

— Você é o meu melhor amigo — Isael colocou a mão direita sobre meu ombro esquerdo. — Não nos importamos. Se os soldados aparecerem, iremos ajudá-lo a lutar.

— Precisamos também reforjar a minha espada, se lembra? — Arya disse olhando para mim.

— Tem razão — fixei meus olhos nela, depois para Isael e Jules — Nesse caso, eu aceito, mas só por dois ou três dias, já que comigo aqui, vocês dois correm perigo.

— Certo! — Isael colocou o seu braço esquerdo em volta do meu pescoço — Vamos beber um pouco.

— Sabe que eu não bebo — falei o encarando.

Isael e Jules nos acompanharam até dentro de casa. Ao passarmos pela porta, a casa tinha duas escadas levando diretamente para o segundo andar. 

À direita, havia a sala, que continha uma lareira para os dias frios, dois sofás vermelhos, e à esquerda, a entrada para a cozinha. 

No segundo andar, havia quatro quartos de ambos os lados. Os dois levaram eu e Arya para a sala, e nos sentamos no sofá.

— Posso levar sua espada? — disse Jules com a mão estendida para Arya.

— Claro — Arya retirou a espada que estava na bainha de sua cintura e entregou nas mãos de Jules — Diga ao ferreiro para cuidar bem dela, já que foi um presente do Galrian.

— Quem diria, Galrian Wolfhart dando um presente para uma garota que não seja Hestia ou Johanna — disse Isael.

— De Johanna, eu quero distância — encarei ele.

— Quem é Johanna? — Jules olhou para Isael.

— Uma garota que o Galrian se interessava, foi um ano antes de você ingressar na academia — Isael olhou para ela — Depois dela fazer algo desagradável e fugir, o Galrian começou a namorar a Hestia.

— Eu não acredito que você namorava a princesa que você deveria servir — Arya falou com um olhar de desaprovação em seu rosto.

— As coisas eram complicadas na época, mas agora meu foco está em resolver essa situação com Hestia e descobrir a verdade sobre a morte do rei. Não há espaço para relacionamentos complicados — declarei, enquanto meus olhos se moveu em direção a Arya.

— Bem... vou levar a espada para o ferreiro daqui da fazenda. Coloquem o papo em dia, vocês dois — disse Arya, ela se retirou da sala.

— Tá afim de me ajudar com um trabalho? — Isael me olhou, claramente com a intenção de me usar como um escravo.

— Claro, não tenho nada para fazer — falei dando de ombros.

— Eu vou atrás da Jules — Arya se levantou — divirtam-se.

                                                                                [...]

Hestia estava no escritório de seu pai, observando a mesa completamente cheia de papéis. 

Ela se aproximou, sentou-se sobre a cadeira e começou a mexer nos documentos.

 A porta se abriu, Kay entrou e fechou a porta, colocando suas mãos atrás de suas costas.

— Alguma novidade sobre Galrian? — disse Hestia, fixando seus olhos nele.

— Alteza, a essa hora Galrian deve estar no castelo das montanhas, tornando-se o rei que Adrian não merece ser.

— Olhe como fala comigo. Você ainda é meu subordinado — Hestia o encarou.

— Errado, alteza — disse Kay — eu era subordinado do seu pai. Adrian não merece ter-me como subordinado.

— aquele poder...ele é realmente aquele rei da lenda? — Hestia retornou o olhar sobre a mesa. 

— de acordo com a lenda, um rei das sombras desperta quando um mal está perto de surgir no horizonte — Kay se sentou na cadeira de frente para Hestia. 

— O Galrian, o nosso salvador — Hestia sorriu — queria poder ver ele usando esse poder.

Como eu estava esperando, Isael me colocou para ajudá-lo a cortar lenha, mas realmente não estava me importando em ajudá-lo, ergui o machado e movi em direção à lenha, o impacto partiu ela ao meio, passei minha mão sobre a minha testa. 

Isael se aproximou de mim colocando mais lenhas no chão, ele pegou o outro machado em suas mãos e partiu outra lenha.

— eu sabia que era algum trabalho pesado — Elevei o machado para cima e parti outra lenha, o suor escorreu sobre o meu rosto. 

— temos alguns trabalhadores, mas eles viajaram para a capital — Isael ergueu o machado e partiu uma lenha novamente. 

— uh, o que eles foram fazer lá? — falei, enquanto posicionava o machado sobre meu ombro. 

— semana que vem — disse Isael — é a coroação da sua ex-namorada. 

— quem é essa garota? Não estou lembrando dessa ex — falei com um tom irônico. 

— deixa eu te lembrar então — Isael sorriu — uma princesa de cabelos rosas, seios grandes e que começa com a letra H. 

— precisava me lembrar?

— desculpe, estou apenas rindo da sua cara — Isael ergueu o machado e partiu a lenha — mas é a Arya? 

— ela... — coloquei o machado no chão — é uma garota interessante. 

— esse seu poder... — Isael colocou um olhar sério em minha direção — é o mesmo daquele rei das lendas, não é? 

— parece que sim — olhei para minha mão esquerda. 

— de acordo com a lenda, aquele rei tinha súditos e aliados, não é? 

— o que está planejando? — falei, examinando-o com atenção. 

— vou falar com a Jules e talvez vamos ir com vocês para o castelo.

— Tem certeza de que quer deixar sua propriedade apenas para viajar comigo e com a Arya? — ergui meus braços e os estiquei. 

— Claro, você ouviu o que a Jules disse, ela quer ter aventuras. Somos jovens — falou ele. — Você e eu temos 20 anos, ela 19. Perdemos muito tempo no exército real, precisamos conhecer o mundo.

Finalizamos o trabalho e decidimos ir atrás de Arya e Jules na casa do ferreiro. Enquanto andávamos, senti olhos em nossa direção. 

Virei-me, Olhei na direção e percebi uma sombra se mover atrás da árvore. Ignorei e retomei meu caminho junto de Isael.

Ao chegarmos à casa de forja, vi um homem de 1,90 metros de altura, careca e musculoso golpear com uma marreta a espada que havia dado a Arya.

 Para não ficarem entediadas, Jules estava dando algumas aulas de magias para Arya, para que ela aprendesse a usar ainda mais ataques mágicos.

Arya juntou suas mãos e as afastou; uma esfera de fogo surgiu entre suas mãos, ela liberou a esfera para frente, cortando o ar e atingindo uma pedra próxima, reduzindo-a a poeira. 

Me aproximei dela, estendi meu braço, a massa de sombras se transformou em uma esfera e a liberei. A esfera percorreu o ar, causando uma explosão maior do que a de Arya.

— Incrível — disse Isael — é o que eu esperava do antigo capitão do exército real.

Não sei por que, mas esse título de capitão e ex-capitão já estava me deixando irritado. 

Estendi minha mão, e um lobo negro emergiu do chão. Isael, Jules e Arya ficaram impressionados ao me verem utilizando a magia.

— Então é assim que funciona — falei, fazendo o lobo retornar.

— Luvas e botas, disparar bolas de sombras, invocar monstros — disse Isael, colocando a mão sobre o queixo — o que mais pode fazer?

Estendi meu braço esquerdo, e um círculo em forma de sombras apareceu à minha frente. 

Me aproximei, coloquei minha cabeça dentro do portal e emergi em um quarto com uma cama enorme, uma penteadeira e um sofá a alguns centímetros da cama.

 A cabeça de Isael emergiu ao lado da minha.

— Esse local me parece familiar — falei enquanto observava o ambiente.

— Sério? — Isael retornou.

Retirei minha cabeça do portal e o fechei, mas logo lembrei de onde havíamos saído: o quarto da Hestia no castelo. 

Estava pensando nela. Então, é assim que esse poder funciona. É só pensar em um local, e o portal se abre. Isso é bem útil.

— Parece que você pode transitar, mas será que só funciona em locais que você já esteve? — Jules falou surpresa.

— Hmm, vamos testar — estendi meu braço direito, e o portal das sombras se abriu.

Dessa vez, o portal levou todos nós para um local que parecia ser uma arena com alvos a 100 metros de distância e algumas espadas fincadas em uma espécie de barril; era o campo de treino da nossa antiga academia.

— É realmente, parece que é só em lugares que você já esteve — disse Jules enquanto observava o ambiente.

Retornamos para a fazenda, esticando meus braços enquanto o portal se fechava.

— Vamos voltar para a casa e descansar um pouco — Isael disse, segurando a mão direita de Jules, enquanto caminhavam em direção à casa.

Eu e Arya seguimos os dois para dentro de casa.

A noite após o jantar, eu estava no quarto que Isael havia reservado para mim.

 Havia uma escrivaninha e uma cama apenas, o suficiente para alguém passar alguns dias. 

Me deitei sobre a cama quando Isael bateu à porta do meu quarto. Rapidamente me levantei e abri a porta.

— Temos um pequeno problema — disse Isael.

— Como assim? Problema? — falei confuso.

— Ex-vice-capitão, se não entregar o traidor, iremos colocar fogo em tudo! — uma voz masculina gritou.

Eu e Isael nos olhamos ao ouvir a ameaça.

 



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