Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 1: O Despertar do Rei das Sombras

 

O Rei das Sombras é o nome dado a um antigo herói do passado, como o próprio nome sugere, ele tinha o poder de comandar as sombras.

 Ele foi responsável por selar a Rainha dos Demônios há cem anos, juntamente com seus aliados. 

Após isso, ele desapareceu misteriosamente.

 No entanto, mesmo depois de tantos anos, as pessoas ainda esperam que um novo Rei das Sombras surja e as salve.

suspirei, fechando o livro e me inclinando sobre a cadeira. 

Naquela sala repleta de livros empilhados até o teto, eu me levantei e coloquei o livro sobre a mesa. 

Estiquei os braços em um bocejo e me virei para encarar a enorme pilha de livros à minha frente.

 Claramente, eu não iria arrumar tudo aquilo sozinho. Seriam necessárias pelo menos quinze empregadas ou mais para organizar todos esses livros.

— Certo — murmurei, me aproximando da porta.

Coloquei a mão na maçaneta da porta, girei-a para destrancar e empurrei-a para sair. 

Fechei a porta e a tranquei novamente, olhando para o extenso corredor iluminado por lâmpadas nos candelabros. 

Essa vista era rotineira para mim, e comecei a caminhar em direção à saída do corredor.

— Galrian! — uma voz grave gritou.

Virei-me e olhei na direção de um homem de 1,80 de altura, usando um calvanhaque, com cabelos grisalhos e olhos azuis. Ele estava vestido com um longo casaco branco, detalhes dourados decorando-o e uma espada pendurada em sua cintura. 

Seu nome era Kay e ele se aproximou de mim. Juntos, começamos a caminhar lado a lado.

— O rei deseja vê-lo — disse Kay, focando seus olhos em mim.

— Qual é o assunto desta vez? Vai me designar para vigiar o novo genro dele? — respondi com um tom irônico.

— Ainda está chateado pelo que Vossa Majestade fez? — indagou ele.

— Não é óbvio? — murmurei.

Suspirei e parei em frente a uma das janelas do castelo, observando a cidade e vendo as pessoas passarem, carroças sendo puxadas por bois, cavalos e até mesmo drakes de quatro patas sem asas.

— O que está esperando? Vamos — disse Kay.

— Certo, certo — respondi, voltando a caminhar.

Enquanto seguia em direção à sala do trono, coloquei meus braços atrás da cabeça, mantendo uma postura relaxada. Caminhava ao lado do Kay e então uma garota de cabelos rosas e olhos azuis, vestida com um vestido branco, virou a esquina do corredor e se aproximou de nós. 

Era a Princesa de Luminara e minha ex-namorada, a Princesa Hestia.

Coloquei minha mão esquerda sobre o peito direito e curvei minha cabeça. Sinceramente, era estranho fazer isso enquanto minha ex-namorada passava, mas não podia fazer nada; regras são regras.

Nossos olhares se encontraram e ao fitar os seus olhos azuis, meu coração quase saltou pela boca.

Ela entrou em seu quarto; o comandante Kay e eu retomamos nossa postura e continuamos em direção à sala do trono.

— Ela parece chateada — comentou Kay.

— Não fiz nada a ela. Se ela quiser reclamar, que reclame com Vossa Majestade — respondi.

— Ouvi dizer que ele é bastante arrogante.

— Ele quem? — perguntei.

— Adrian, o noivo de Vossa Alteza.

De fato, esse era o nome do pretendente que o rei havia escolhido para a princesa.

 Eu não sabia que ele era arrogante, mas eu não estava surpreso. A maioria dos príncipes costuma ter um ar de superioridade irritante.

— Pois é... Sorte do Isael por ter conseguido uma noiva e escapado do exército — comentei.

— Nem pense em tentar fazer o mesmo. Ainda precisamos de você — ele disse, elevando o tom de voz.

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou — respondi, olhando para o lado.

Chegamos a uma porta de madeira com cerca de 3 metros de altura. 

Limpei o casaco branco que usava, e o som da porta se abrindo ecoou à nossa frente. 

Na sala do trono, vinte soldados estavam alinhados de cada lado, segurando lanças, espadas e escudos.

 No final do corredor de soldados, um homem de meia-idade, com barba longa e cabelos brancos, estava sentado em um trono dourado. 

Kay entrou na sala, enquanto eu observava os soldados se curvarem diante de nós dois.

Aproximamo-nos do rei e eu me ajoelhei com o joelho esquerdo no chão, baixei a cabeça e coloquei a mão esquerda sobre o peito direito. Kay era o único que podia manter a cabeça erguida por ser o comandante do exército real, enquanto eu mantinha minha cabeça baixa.

— Kay, ordeno que se retire com seus soldados — disse o rei. — Quero apenas que Galrian fique.

— Sim, Majestade — respondeu Kay.

Kay se levantou e saiu com os soldados. Antes de partir, lançou-me um olhar que dizia: “Cuidado com o que vai falar com Vossa Majestade”. 

Eu acenei com a cabeça, garantindo que não seria desrespeitoso com o rei. A porta se fechou e eu olhei novamente para o rei. O silêncio tenso pairava no ar.

— Bem... — o rei falou, encarando-me.

Eu estava ansioso, sem saber qual era o assunto. O que esse silêncio estava prestes a revelar?

— Quero pedir desculpas por ter encerrado seu relacionamento — disse o rei.

— Hã? — reagi, erguendo minha cabeça para olhá-lo.

— Sei que você a amava. Espero que possa me perdoar, Galrian Wolfhart.

As desculpas sinceras do rei me surpreenderam. Eu estava tão chocado que quase derramei lágrimas.

— Você me perdoa, Galrian? — ele perguntou, seus olhos suplicantes.

— Claro, Majestade. Entendo o quão complicado pode ser selar alianças entre reinos através de noivados. Não se preocupe. — Falei com sinceridade.

Realmente, eu compreendia a complexidade das políticas reais, pois sempre estive próximo desse tipo de assunto.

— Agradeço. Você é o melhor espadachim do império, suas habilidades se igualam às de Sir Kay. — ele elogiou.

Não fui muito receptivo ao elogio, mas sabia que o rei estava sendo sincero.

— Continue seu bom trabalho. Pode ir agora — ele concluiu.

Eu me levantei e me virei para sair. Entretanto, antes que eu pudesse sair, a porta se abriu de repente. 

Olhei em direção à porta e vi um homem mascarado entrar na sala. Rapidamente avaliei suas duas lâminas curvas de assassino em sua cintura.

— Majestade, cuidado!

O assassino se moveu com rapidez, atacando em minha direção. Puxei minha espada da bainha e consegui defender o primeiro ataque. 

No entanto, o assassino recuou e avançou novamente, saltando em minha direção como se tivesse mudado de alvo.

 Minha espada cortou o ar e atingiu a cintura dele, mas sua lâmina perfurou a barriga do rei. 

Meus olhos se arregalaram e vi o rei, sangrando e com os olhos fixos nos olhos do assassino.

— Você... — o rei disse, olhando nos olhos do assassino.

Em seguida, ele se dirigiu a mim:

— Galrian... proteja minha filha...

Sua voz foi interrompida quando outra estocada atingiu seu peito. 

Avancei na direção do assassino e minha espada cortou o ar em sua direção, mas o assassino girou seu corpo e passou por cima de mim. 

Quando me virei, percebi que minha espada estava cravada no corpo do rei.

— Majestade... — murmurei, aproximando-me dele.

Kay e seus soldados entraram na sala do trono e me virei para encará-los. Kay se aproximou e seus olhos se fixaram na minha espada cravada no corpo do rei. Seu olhar estava cheio de raiva e preocupação.

— Comandante, eu... — tentei explicar.

Espera um pouco! O assassino. Olhei para os lados, mas não parecia haver alguém usando uma máscara e se tivesse, certamente alguém teria notado.

 Só pude pensar que ele escapou com magia de teletransporte.

— O que estão fazendo aqui? — questionou uma voz.

Olhei em direção à voz e vi a princesa, acompanhada por um jovem de nossa idade. 

Ele tinha um olhar de superioridade, cabelos loiros e olhos azuis.

 Antes que eu pudesse perguntar quem era, percebi quando ele pegou a mão direita de Hestia. Era Adrian, o noivo dela.

— Alteza — disse Kay, curvando-se.

Hestia olhou para a espada e o corpo de seu pai assassinado. Em seguida, seu olhar se voltou para mim e lágrimas de raiva e tristeza começaram a rolar por suas bochechas.

— Prendam Galrian Wolfhart... — ordenou ela, apontando para mim. — Ele assassinou meu pai.

— O quê?! 

Os soldados se aproximaram, cercando-me com suas espadas e lanças. Levantei os braços e suspirei. 

Era impossível conversar naquela situação. Kay se aproximou de mim e amarrou meus braços com uma corda antes de me puxar para longe. Enquanto eu o seguia , meus olhos se encontraram com os de Hestia novamente, e dessa vez, ela cuspiu em meu rosto.

— Levem o corpo e a espada para os alquimistas para uma investigação — ordenou Hestia. 

— Sim, Alteza.

Kay me empurrou para dentro de uma cela de pedra, onde havia uma cama coberta por lençóis sujos e amarelados devido à falta de cuidado.

 Suspirei, pois havia pedido várias vezes ao rei que ordenasse a limpeza desses lençóis, mas ele nunca me ouvira.

 Olhei para o meu ex-comandante, Kay, e seu olhar indicava que ele acreditava em minha inocência, ao contrário de Hestia.

— Não se preocupe, Galrian — disse ele. — Eu confio em você.

— O que está planejando? — perguntei.

— Escute, à noite, preparei uma fuga para você. Você não matou o rei.

— Como você sabe?

— Pela forma como sua espada estava cravada no corpo do rei. Você não mata dessa maneira.

Ele me conhecia bem e eu não via motivo para assassinar o rei. Hestia estava agindo por impulso em seu momento de raiva, enquanto Kay estava pensando de forma lógica. E ele provavelmente já tinha um suspeito em mente.

                     [...]

                                                  

— Ei, Galrian!

Abri os olhos e me virei na direção da voz de Kay . Ele segurava um manto e uma espada em suas mãos.

Levantei-me da cama em que estava deitado e me aproximei da grade da cela. Kay destrancou a grade e me entregou uma capa negra com capuz e a espada.

— Vista isso e me siga — disse ele, apressando o passo.

Vesti a capa negra e prendi-a com um broche em forma de lobo que estava nele. Coloquei a bainha na cintura, pus o capuz e segui Kay.

 Percorremos os corredores iluminados por candelabros, movendo-nos silenciosamente para evitar sermos vistos.

Ao sair do castelo, olhei para a cidade iluminada pelas lâmpadas alimentadas por mana.

 Kay acenou para que eu o seguisse e ao deixarmos a cidade, fomos interceptados pelos soldados reais. Eu já esperava por isso, mas Kay, não. 

Adrian havia ordenado aos soldados que me impedissem de escapar.

— Fuja — disse Kay, enquanto desembainhava sua espada. — Eu cuidarei deles.

— Não — respondi, dando um passo à frente. — Eu vou ajudá-lo.

Os soldados avançaram em nossa direção. Puxei minha espada da bainha e consegui defender os ataques de dois deles. Kay desviou e usou o cabo de sua espada para atingir a cabeça de um soldado que segurava uma lança. 

Nosso entrosamento era evidente e enquanto Kay e eu estávamos cercados, parecia que seríamos capturados.

— Você deseja poder? — uma voz doce ecoou em minha mente.

— O que? — murmurei.

— O que está fazendo, Galrian? — perguntou Kay, olhando para mim.

— Não ouviu isso? — respondi.

— Me diga, jovem — a voz continuou. — Você deseja poder?

Os soldados avançaram novamente. Sem tempo para pensar, aceitei e respondi que sim.

Senti uma pontada forte no peito, meu coração acelerou, minhas pupilas se tornaram negras e meus cabelos negros começaram a balançar ao vento.

 Que tipo de poder era esse? Os soldados olharam surpresos quando uma explosão de sombras irrompeu ao meu redor, arremessando-os para longe.

— Isso é... — disse Kay, surpreso. — O poder do Rei das Sombras.

Recuperei a consciência e vi os soldados caídos ao meu redor. Somente Kay estava de pé. Virei-me para olhá-lo e ele me abraçou.

— Estou orgulhoso de você — disse ele, afastando-se do abraço. — Use esse novo poder para encontrar o assassino. As lendas falam sobre um castelo nas montanhas. Siga até lá e procure aliados. Vou dar um jeito de manter contato com você.

Assenti com a cabeça e comecei a correr em direção ao horizonte, iluminado pela lua.

 Kay olhou para os soldados caídos e começou a eliminá-los para evitar que espalhassem o que haviam testemunhado. 

Não consegui olhar para trás e continuei determinado a cumprir o que Kay me pedira.

                              [...]

                                                     

— Parece que você ajudou um criminoso a fugir — disse Hestia, aproximando-se de Kay. — Mas nunca imaginei que Galrian fosse capaz daquilo.

— Você sabe que ele não matou o seu pai, então por que fazer isso com a pessoa que você ama? — questionou Kay, virando-se para ela.

— Você está correto, o Galrian é mais feroz quando se trata de matar; ele não cravaria a espada na barriga do meu pai, mas... — ela olhou para os corpos dos soldados. — Esses soldados não foram enviados por mim.

Kay e Hestia voltaram-se para o castelo, deixando para trás as pilhas de corpos dos soldados.

 

 



Comentários