Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 208: O Trunfo De Edward

Nem os zumbis mais fortes sobreviviam aos golpes poderosos de Dora. A força destruidora dos seus socos era desproporcional ao corpo infantil. 

Law Zhen e Ayshla estavam feridas, elas foram as responsáveis por matar muitos dos mercenários quando estavam vivos, mas ainda queriam ajudar no reforço.

— Maldito! — gritou um homem terminando de abrir um zumbi ao meio com seu pequeno punhal. Era o líder dos Cães Saqueadores, ele ainda estava de pé e tinha uma ira mortal direcionada ao marquês-loli.

A frase “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” aplicava-se a Maddog nesse momento, o homem lutava ao lado do grupo de Kurone para obter a sua vingança.

A maior parte dos mortos-vivos era trucidada pela Franchi Spas-12 nas mãos do jovem mascarado. Ele não economizava em seus tiros, uma intensa aura era sentida emanando do seu ser.

Uh! A Ren não me falou que você também tava vivo! — comentou Dora, a menina abriu caminho com seus socos poderosos e ficou ao lado do jovem de sobretudo branco. Ela parecia ter amadurecido e se tornado um pouco mais cautelosa, pois falava baixo para que ninguém mais escutasse.

Kurone pensou várias vezes se devia responder à Besta Negra nesse momento. Estava realmente preparado para encarar o seu passado assim? Dora e Edward foram figuras que marcaram sua vida de maneira positiva e negativa.

Enquanto sua cabeça trabalhava, o corpo disparava uma rajada de balas imbuídas em mana sem piedade. Uma parte sua queria impressionar Dora, demonstrando como melhorou desde que se separaram.

— Eu… — ele pigarreou por trás da máscara, sua voz era quase inaudível, mas era suficiente para Dora entender. — Eu… não sei do que você está falando.

Uh?! Como ousa?! Como ousa?! Seu abusado! Só porque ficou um pouco forte, agora vai fingir que não me conhece?! — protestou a Besta Negra como se fosse uma criança birrenta.

Por mais que quisesse conversar com ela, aquele não era o momento nem o local ideal. Edward não sabia da sua identidade verdadeira, não seria uma boa ideia arriscar ser descoberto ali.

— Vai me ignorar mesmo, uh?! Vou ficar chateada!!!

— Se você… — a voz séria por trás da máscara fez Dora parar seus protestos e direcionar seus olhos carmesins para o jovem com curiosidade — se você derrotar mais zumbis que eu, lhe dou um abraço de reencontro.

Decidiu ser implícito. 

Essas palavras seriam o suficiente para controlar a garotinha, e também para agilizar o processo de eliminação dos mortos-vivos.

— Não vale virar dragão — Kurone advertiu antes de acelerar e investir contra os zumbis com a arma em mãos. 

Ao aproximar-se de uma horda com um número considerável de monstros habilidosos, ele materializou a faca militar de curvatura anormal e preparou-se para sujar as mãos.

O crânio das criaturas era duro, mas sua força que superava o ápice humano conseguia retirar a lâmina da cabeça dos zumbis após as facadas rápidas. Sua especialidade era a luta corpo-a-corpo, e a agilidade aumentada pelo Orbe Vermelho Rank D ajudava-o a esquivar dos ataques mortais.

[Agora que percebo isso… você ficou bem mais forte, não foi mesmo? Por mais que eles sejam zumbis fracos, estamos derrotando eles com poucos golpes.]

“Acho que não sou mais forte, é só que eles são fracos mesmo, e tá melhor assim, não quero ter que ficar me arriscando tanto em toda a luta.”

[Isso é realmente algo que você diria.]

Vendo a velocidade com que o seu companheiro matava os mortos-vivos, Dora decidiu que não ficaria para trás e avançou. O corpo pequeno movia-se de um lado para o outro em uma velocidade impressionante, os mais desatentos só conseguiam ver as cabeças dos monstros sendo estouradas.

“Espera… como ela conseguiu tanta mana?”

[Ah, foi mesmo, você me contou que a Besta Negra não conseguia armazenar muita mana, e que ela só poderia manter a forma humanoide enquanto estivesse fazendo pacto com você, então…]

“Alguma coisa aconteceu com ela nesses últimos meses. Mas isso não é algo que eu deva me preocupar agora, nosso foco é matar…”

Uh! Cabei! — falou Dora com um sorriso satisfeito no rosto, ela direcionou sua atenção para um ponto esquecido do campo de batalha e anunciou: — Faltam só vocês dois agora pra eu ganhar meu abraço!

Edward e Guller engoliram em seco ao serem alvos do olhar mortal da Besta Negra. Era impressionante, todos os mortos-vivos do campo de batalha foram eliminados em instantes pela força daquela garotinha e a velocidade de Kurone.

— Parece que eu realmente subestimei o senhor e suas conexões, senhor Loright, mas também lhe agradeço por demonstrar que nossas pesquisas nessas drogas ainda são tão imaturas. — Edward tentou parecer calmo, mas era nítido a preocupação em seu semblante.

Talvez fosse por conta do novo corpo, mas ele agia diferente de quando se enfrentaram pela primeira vez. O mais certo era que, por ter conhecido Kurone e o estudado antes, ele tinha certeza que ganharia, mas Loright al Mare era um oponente novo e imprevisível.

Demonstrar a sua força desde o início foi a escolha perfeita, ele conseguiu fazer Edward Soul Za hesitar, mas ainda não podia baixar a guarda, pois o marquês-loli jamais entraria em combate sem um plano B.

Como o próprio Edward dissera, a droga usada nos mercenários era experimental, não tinha como eles depositarem toda a sua confiança nisso. O marquês-loli pareceu ler os pensamentos do jovem mascarado e começou:

— Eu não achei que precisaria usar isto tão rapidamente, mas acho que não temos escolha, não é mesmo, marquês Guller?

— En-então o senhor tem outro plano! E-eu sabia que o senhor Edward jamais entraria em uma luta sem garantias que realmente ganharia… qual seria o plano agora?

— Você, meu velho amigo. 

“Não tô com um bom pressentimento.”

Guller mal teve tempo para responder. Após o estalar dos dedos finos e frágeis de Edward, o som de vidro quebrando foi escutado. O marquês gordo e calvo arregalou os olhos ao notar o que aconteceu.

[Q-que desprezível!]

“Não olha, Nie, isso pode te fazer mal… Porra, esse Edward é um filho da puta mesmo.”

◈◆◇◆◇◆◈

Após o som de vidro quebrando, as orelhas do marquês Guller começaram a captar sons estranhos, suor frio escorreu por todo o seu corpo e a visão foi coberta por uma névoa preta.

Conforme se movia, parecia que o mundo ao seu redor era torcido e retorcido diversas vezes, foi inevitável colocar para fora toda a carne que devorou no acampamento.

A mente turva tentava raciocinar, mas parecia que o esforço para pensar fazia mais gotas de suor pingarem na neve.

Edward Soul Za o traiu.

Isso era esperado, mas o marquês Guller fechou os olhos para essa possibilidade após tanto tempo trabalhando junto com o homem que tanto admirava.

Desde que ele e o marquês Soul Za tornaram-se diplomatas de Azazel van Elsie, viajaram por diversos países para conseguir aliados.

A nova forma infantil de Edward, a maneira doce que ele falava e as ações fofas fizeram os sentidos paternos de Guller ascenderem, mesmo sabendo que ele era um homem de quase sua idade que roubou o corpo de uma menininha morta.

Não havia como evitar, eles foram amigos há tanto tempo. Eram a dupla perfeita de vilões que almejavam governar o mundo da maneira que quisessem, mas a ganância de Edward realmente não tinha limite.

Nesse momento, as últimas palavras escutadas de Baal, o mordomo de Azazel van Elsie, quando eles deixaram o castelo de Nova Andeavor para iniciar a caçada a Loright al Mare, fizeram sentido.

“Amigo dele, o senhor diz? Creio que apenas a ganância do senhor e a do senhor Edward são amigas, mas saiba que um homem só considera a própria ganância sua verdadeira amiga. Porém, não o culpo por se deixar levar por sentimentos tolos, afinal o senhor também é humano.”

Foi tolo, tolo, tolo, tolo. 

Mas não se arrependia. Edward podia não lhe considerar um amigo, mas Guller seria fiel até o fim, pois era aquele marquês que traria esperança ao mundo.

Se para abrir caminho para o seu amigo precisaria tornar-se um monstro e matar Loright al Mare, então assim seria. Guller suspirou e suportou toda aquela dor até perder a consciência.

Azazel van Elsie confiou a eles uma versão ainda mais experimental da droga, porém era certeza que ela criaria um verdadeiro monstro. O tempo de vida de quem fosse exposto à droga seria mínimo após a exposição, mas o poder recebido seria suficiente para matar até mesmo Loright al Mare.

O corpo obeso de Guller começou a ganhar um tom acinzentado, seus olhos perderam o brilho e as pupilas repletas de veias ficaram avermelhadas.

Veias e mais veias surgiram na superfície da pele, as presas cresceram e toda a racionalidade daquele homem desapareceu. Tudo o que o marquês Guller via era o seu alvo, e aquilo que preenchia sua era a vontade assassina de matá-lo.

Um rugido estrondoso preencheu o ar da floresta, declarando o nascimento de uma besta voraz e irracional.



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