Que Haja Luz Brasileira

Autor(a): L. P. Reis


Volume 1

Capítulo 12: Portas, Muitas Portas!

Gael não conseguia enxergar um palmo à sua frente devido à escuridão infinita na qual havia caído. Perdera a noção de direção, não sabia se estava de cabeça para baixo ou de cabeça para cima, e mesmo continuando a cair sem parar, o leão ainda não havia se manifestado, pelo menos até aquele momento.

— Por que você está caindo? — A voz do leão finalmente ecoou na mente de Gael.

O garoto achou a pergunta um tanto ridícula, afinal, estava caindo porque se encontrava em um limbo sem fim.

— Não ache a pergunta ridícula — Repreendeu o leão com firmeza — Eu não te perguntei se a pergunta era ridícula. Responda apenas à pergunta que lhe fiz: por que você está caindo?

— Porque não existe chão, como vou parar de cair se não há um solo? — Indagou Gael, ainda confuso com a questão levantada pelo animal de chamas.

— E quem disse que não existe chão? — Perguntou o leão — Só porque você não pode vê-lo, não significa que ele não esteja aí.

Gael refletiu por um momento sobre a situação, finalmente compreendendo o que o leão estava tentando ensinar-lhe:

— Você está me testando! — Afirmou o garoto, percebendo a mensagem que o animal queria transmitir — Você está me ensinando a confiar em ti.

O leão permaneceu em silêncio, e a mente do garoto começou a trabalhar. Ele precisava encontrar uma maneira de interromper sua queda infinita. Gael percebeu que o desespero havia tomado conta dele e, por isso, não estava respirando conforme Karumo havia lhe ensinado. Então, fechou os olhos e começou a praticar o exercício, inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca.

Silva concluiu que, se quisesse parar de cair, precisaria firmar suas pernas em algo. Com a respiração controlada, Gael sentiu a energia elemental fluir por todo o seu corpo. Com esse poder, compreendeu que estava de cabeça para baixo e começou a se esforçar para se elevar até obter êxito.

O próximo passo era parar a queda. Gael flexionou os joelhos cerca de quatro vezes, posicionando suas pernas como se fosse dar um passo, mas falhou. Na quinta e sexta tentativas, começou a sentir algo semelhante a um solo, mas ainda tinha a sensação de que estava quebrando algo quando tentava pisar no vazio e não conseguia.

Na sétima, oitava e nona tentativas, sentiu ainda mais a sensação de solo, mas, ainda assim, continuou falhando. Até que, na décima tentativa, com seu corpo ardendo por completo, Gael exclamou:

— IGNISSSSSSSSSSSS!!! — Um clarão se estendeu por todo o breu, transformando a escuridão em branco quando Gael gritou o verdadeiro nome do fogo. E o mais surpreendente foi que ele parou de cair; o garoto agora flutuava em uma dimensão extremamente clara, onde o branco se estendia infinitamente para cima e para baixo.

— Você conseguiu — Gael ouviu uma voz vinda de trás de si.

Era o leão de fogo, que havia retornado. Naquele momento, Gael percebeu que havia passado no teste de confiança do animal. Mas ele não esperava que a jornada tivesse acabado ali.

— Você conseguiu confiar em mim, mas agora precisa me conhecer — Disse o ser de fogo, enquanto várias portas surgiam naquela sala totalmente branca. Eram tantas portas, de várias cores e tipos, que não havia forma ou jeito de contá-las.

O animal de fogo permaneceu atrás do garoto, seguindo com suas instruções:

— Atrás de uma dessas portas você encontrará o meu verdadeiro nome, o nome que seguirá me conhecendo vez após vez — Disse o leão, enquanto várias portas permaneciam diante deles.

— Isso é de Bleach? — Indagou o garoto, percebendo que havia falado o nome de outro anime que havia assistido.

O leão saiu de trás dele e começou a andar em sua volta, olhando para o garoto e perguntando:

— Bleach?

— Sim — Respondeu o garoto, meio sem graça — É um anime, o protagonista desse desenho tem que descobrir a verdadeira forma da sua espada através de milhares de baús que aparecem em um lugar parecido com esse, lá o Ichigo encontra a verdadeira espada seguindo uma linha de poder, eu vou ter que fazer a mesma coisa com a minha energia elemental? — O leão ficou surpreso com o raciocínio do garoto, percebendo que talvez ele fosse mais propenso a conhecer do que a confiar.

O animal pressentiu o potencial gigantesco de Gael em entender as coisas facilmente.

— Basicamente isso — O leão respondeu e se retirou da frente do garoto — Vá em frente. Você já sabe o que fazer.

Gael fechou os olhos. Sua confiança no animal era grande, e ele decidiu sentar-se cruzando as pernas no lugar onde estava de pé. Então, Silva passou a focar novamente em sua respiração, inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca.

A sala era um branco total, e quem olhasse debaixo veria um garoto ruivo flutuando no meio de tantas portas. Gael mantinha sua respiração controlada e sentia algo diferente ao emanar sua energia elemental por todo aquele espaço, como se pudesse sentir todas as portas.

Ele forçou ainda mais sua respiração e percebeu que todas as portas estavam conectadas umas às outras, formando uma espécie de rede de conexões invisíveis.

Ele se concentrou nas cordas que conectavam as portas e aplicou sua energia elemental em uma delas. Num instante, todas as conexões ganharam tons alaranjados, refletindo o poder impressionante de Gael. As amarras transparentes pareciam vibrar com a intensidade de sua energia.

O garoto sentia todas as portas de uma vez, uma por uma, tentando encontrar qual era a sua, aquela que o leão havia separado para ele. Finalmente, a encontrou e abriu os olhos para apontá-la.

Era uma porta comum, simples e discreta, entre tantas outras portas impressionantes. Sua fechadura e a cor branca nada tinham de especial. Mas o leão acenou positivamente com a cabeça, confirmando que aquela era a porta certa.

— Vá em frente, filho do homem — Disse o leão, utilizando o mesmo termo que Miguel costumava usar ao se referir a Gael mais uma vez.

Como se pudesse subir escadas invisíveis, o garoto se dirigiu até a porta branca, passando por entre as milhares de outras portas presentes naquela dimensão.

Ao chegar perto da porta, notou que nela havia cinco símbolos desconhecidos.

Olhou para o leão em chamas e perguntou:

— O que seria esse símbolo na porta?

— Quando você cruzar a porta, você saberá! — Afirmou o bestoj, mostrando que atrás dela aguardavam muitas respostas, muito mais do que ele poderia encontrar se ficasse preso naquele lugar.

Todas as cordas que conectavam as portas ainda estavam marcadas com o brilho alaranjado causado pela energia elemental de Gael. Porém, a porta que ele havia escolhido se destacava das demais, com uma amarração ainda mais intensa, como se estivesse clamando para ser aberta.

Silva posicionou-se de frente para a porta branca, girou a maçaneta e puxou-a em sua direção. Diante dele, um espaço totalmente envolto em chamas surgiu, enquanto ele proferia suas últimas palavras antes de entrar.

— Prosseguir em te conhecer. — A porta se fechou automaticamente atrás do garoto, deixando-o sozinho naquele ambiente branco. Uma voz ecoou de fora, questionando:

— O que você achou dele?

O leão de fogo respondeu com rugidos suaves, ecoando por toda a dimensão:

— Um garoto com um potencial enorme.

— Eu acho que os leitores não vão gostar muito dele — Disse a voz falando algo estranho, mas como se o leão pudesse entender o que ela estava dizendo:

— Isso porque é apenas o começo da jornada dele.

— Você acha que devemos entregar o diário de Rick para ele e informar quem matou o antecessor dele? — Disse uma terceira voz se juntando a conversa.

— Não, ainda precisamos conhecê-lo melhor. Além disso, não devemos nos intrometer nas questões dos guardiões e das sombras, devemos apenas oferecer nossos poderes — Concluiu o leão antes de desaparecer daquele lugar.

Alfabeto da língua antiga:

Fim do capítulo

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