Volume 1
Capítulo 10: O que Estou Fazendo Aqui?
Capítulo 10: O que Estou Fazendo Aqui?
Assim que Gael colocou os olhos no monstro de um olho só, ele percebeu que a presença imponente do ciclope ultrapassava em muito sua própria força, mas uma semente de coragem o lhe incentiva a enfrentar aquele ser gigante.
O ciclope avançou em sua direção e, naquele instante, as palavras sábias de Karumo durante os treinos vieram à sua mente. Cada movimento no duelo com Kira mostrava uma profunda compreensão das posturas e técnicas de combate.
— A técnica é a verdadeira força, Gael — Ecoou a voz firme e sábia de Karumo em sua mente. Cada palavra ressoava como um lembrete essencial de como se tornar um verdadeiro mestre das artes marciais.
Gael se encheu de determinação, assimilando as palavras e entendendo como deveria lutar contra aquela besta.
— Minha mão hábil para empunhar a espada e minha mão de apoio para canalizar a energia elemental — Sussurrou para si mesmo, visualizando a sinergia perfeita em seu corpo.
A partir desse momento, sua mente se tornou um turbilhão de possibilidades. Ele compreendeu que a manipulação do elemento estava em sua mão de apoio, pronta para ser liberada e moldada pela sua vontade. Gael sabia que essa combinação de técnica e energia elemental seria sua arma secreta para triunfar nesse combate. Silva sabia que precisava aplicar tudo que aprendera em dez dias de dedicação.
O primeiro ataque do monstro veio através do porrete, mas a vantagem de altura de mais de 4 metros significava que seus golpes eram mais lentos, possibilitando a esquiva de Gael.
— Se ele é grande, ele também é lento. A velocidade será minha aliada contra sua força — Refletiu Gael sobre o que deveria fazer, mas provocando a criatura, tentando lhe fazer abrir a guarda ainda mais continuou — Sua aparência horrorosa não me assusta!
Sua agilidade melhorou muito desde que despertou seus poderes, mas a aparência assustadora do monstro era um lembrete constante do perigo que o cercava. Com um golpe do porrete, o ciclope criou um buraco profundo no exato lugar onde Gael estava apenas segundos antes..
— Ser apenas veloz não vai me ajudar em nada se eu for atingido por um de seus golpes — Refletiu Gael consigo mesmo, ciente da importância de evitar o alcance da arma do ciclope.
Quando o porrete caiu no chão, Gael desviou ágil e precisamente do ponto exato onde o golpe havia atingido. No meio da tensão do combate, seus olhos atentos notaram o movimento imenso da mão do monstro vestindo o soco inglês esverdeado, vindo com força na sua direção.
O gigante já havia lançado dois golpes assustadores contra Gael, que até o momento não havia encontrado uma abertura para contra-atacar. O ciclope, se divertindo com a aparente impotência do garoto, abriu a boca pela primeira vez após os ataques para zombar dele.
— V O C Ê É O G U A R D I Ã O D E S S E L O C A L? — A voz do ciclope soou cheia de escárnio, desafiando as habilidades de Gael. — V O C Ê N Ã O S E R Á P Á R E O P A R A A M I N H A F O R Ç A.
— Vamos ver, o do farol na testa! — provocou Gael, desafiando o monstro com sua resposta ousada. Seu objetivo era claro: ganhar tempo para bolar uma estratégia que quebrasse a defesa quase impenetrável do ciclope, desestabilizando-o e criando uma oportunidade.
O ciclope, indignado com o insulto ao seu único olho, reagiu com fúria, desferindo mais um golpe com o porrete em direção a Gael, que, mais uma vez, conseguiu desviar. Entretanto, dessa vez, o garoto estava preparado para um contra-ataque.
Com a espada firme na mão direita, Gael focou ainda mais em sua respiração. Uma pequena chama alaranjada surgiu na sua mão esquerda e foi crescendo aos poucos. Ele concentrava energia elemental em seu corpo, observando enquanto a chama se transformava em uma esfera do tamanho de uma bola de vôlei.
O ciclope avançou em direção a Gael, preparando-se para atacá-lo novamente com seu porrete colossal. Mas o garoto surpreendeu o monstro ao contra-atacar, lançando a bola de fogo diretamente no rosto do ciclope. Momentaneamente, o gigante parou, atordoado pelo impacto ardente do ataque.
Esperançoso de que seu poder elemental tivesse surtido efeito, Gael observou de perto a reação do ciclope. No entanto, sua esperança foi por água abaixo ao ouvir as gargalhadas zombadoras do gigante, que ridicularizavam seu poder.
— Q U E P O D E R R I D Í C U L O — Escarnecia o gigante, diminuindo a autoestima do jovem guardião — V O C Ê A I N D A S E C H A M A D E G U A R D I Ã O?
A diferença de poderes entre eles estava se tornando cada vez mais clara, e Gael se viu em uma situação crítica, enfrentando um adversário com uma energia elemental esmagadoramente superior. A distância entre eles parecia um abismo intransponível.
Novamente, o ciclope avançou em direção a Gael, e o garoto preparou-se para o próximo movimento. Com uma lentidão característica, o monstro assumiu posição para atacar, mas Silva teve a sorte de perceber sua falta de agilidade e habilmente deslizou sob as pernas do gigante.
Enquanto passava por baixo do ciclope, Gael olhou para cima e não encontrou uma visão muito animadora. No entanto, esse instante lhe deu a oportunidade que ele precisava. Embora seu poder elemental pudesse ser insuficiente, sua espada tinha um papel crucial nessa luta desigual. Agora, mais do que nunca, ele precisava confiar em suas habilidades de esgrima e usar a lâmina afiada como sua principal aliada contra o ciclope.
Gael posicionou a espada com precisão contra a perna esquerda do ciclope, que o gigante estava usando como apoio. Concentrou toda a sua força no golpe, tentando derrubar o monstro para abrir uma chance de contra-ataque enquanto ele estivesse no chão. A técnica foi executada com a exatidão que Karumo e Kira haviam ensinado: a postura estava correta, o ângulo perfeito, e o golpe foi desferido com a força adequada.
O impacto da lâmina foi firme e profundo, penetrando a perna do ciclope e fazendo-a ceder levemente. No entanto, para sua frustração, o ciclope permaneceu em pé, sem mostrar sinais de que o golpe havia gerado efeito. O rosto de Gael mudou de expressão ao perceber que a espada não havia causado o impacto devastador que ele esperava. Com a decepção estampada em seu semblante, ele recuou.
A sensação de impotência, antes constante, agora parecia explodir. Ele se sentia totalmente incapaz diante do adversário, com a vontade de lutar sendo consumida pela dura realidade de que sua única opção era enfrentar a morte iminente.
Ao olhar ao seu redor, o cenário caótico revelava a magnitude da destruição causada pelo ciclope. Carros explodidos, prédios comprometidos, casas destruídas e pessoas clamando por socorro. Era um cenário de caos e desespero. Para aquelas pessoas, o que estaria acontecendo? Seria um terremoto? Um furacão? A destruição que o ciclope havia causado no bairro onde Gael cresceu era avassaladora, e a visão do caos deixou o garoto paralisado, travado em meio ao horror do que estava testemunhando.
— O que é que eu estou fazendo aqui? — Foi o que Gael conseguiu processar em sua mente.
Mas o ciclope não havia parado. Quando Gael voltou a olhar, o gigante estava prestes a desferir o golpe fatal com o porrete contra ele. Não havia mais tempo para desviar, e a gravidade se encarregaria do resto.
Desesperado, o garoto tentou levantar a espada com todas as suas forças para minimizar o dano iminente. No entanto, o impacto do porrete foi devastador, uma força colossal que sacudiu todo o seu corpo.
O golpe do porrete do ciclope atingiu Gael com uma força brutal e implacável, atingindo-o pela lateral do corpo. O impacto foi como um esmagador tsunami de poder, fazendo com que cada fibra do seu corpo se curvasse e se contorcesse sob a violência desmedida. A dor intensa explodiu em sua mente, um grito de agonia que veio antes de sua total rendição à escuridão da inconsciência.
Enquanto seu corpo era dominado pela escuridão do desmaio, ele foi lançado pelos ares sem piedade, girando descontrolado como uma folha ao vento antes de colidir violentamente com a parede de uma casa próxima. O impacto foi devastador, gerando um estrondo ensurdecedor com o som de metal e concreto se chocando.
Seu corpo inerte ficou suspenso na parede, imóvel.
Fim do capítulo
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