Projeto Corrompido Brasileira

Autor(a): IDK Lyly


Volume 2

Capítulo 10: Matsuda 7

Centro, Khaoz

31 de julho de 1052, 21hrs

Rebeca Matsuda

 

Que merda.

Estava tão escuro, a estrada estava um breu imensurável. A pouca iluminação que tinha era da luz da lua que passava entre as folhas das árvores.

Segui caminho de toda forma, virando à esquerda e indo reto até conseguir algo. 

Na verdade eu sabia que tudo aquilo era birra, queria voltar e tentar resolver as coisas, mas toda aquela situação mexeu tanto com a minha cabeça que acabei reagindo de maneira impulsiva. Não sabia como voltar e me desculpar sobre tudo, então mantive em mente que estava certa.

 

– Mas eu tenho que voltar por isso… – O pen-drive, ainda o tinha em mãos.

 

Todo o nosso terror se deveu por aquele pequeno objeto, então eu não podia só sair com ele. Eu devia ter deixado lá antes de sair.

Agora havia um motivo mais do que óbvio para retornar. Eu tinha que ir lá e devolver.

 

– Droga! – chutei o ar com força, mas meu dedão acabou batendo no chão. – Cacete!

 

Me contorci em dor e xinguei de toda forma que conseguia; alguns palavrões foram inventados pela raiva. Na minha cabeça aquilo não devia estar acontecendo – na cabeça de ninguém.

Continuei andando de forma desajeitada e com uma raiva extrema. 

Durante meu surto começou uma forte chuva, mas com dificuldades de ultrapassar as folhas das árvores e chegar até mim. O barulho das gotas era perturbador de toda forma.

 

– Afinal de contas, quem ele pensa que é? Esse idiota, brincando com a vida de uma garota que ele nem conhece! – gesticulava durante toda gritaria. – Ou talvez ele me conhecesse antes disso tudo? Ah, que se foda! Eu não nasci pra isso!

 

Senti um cheiro estranho no caminho.

 

– Acho que eu deveria voltar mesmo… – apertei o pen-drive com mais força. – Quantos morreram por causa disso? Mas eu já tô tão distante…

 

Meu olho ardeu um pouco. 

 

Uhm…? Tem algo queimando aqui?

 

Olhei ao redor, mas nada. Estava uma chuva tão forte, e não achava que uma queimada havia começado ali.

 

– Será que a casa que eles estavam pegou fogo? – gelei. – Será que nos encontraram…?

 

Mas à minha frente, bem distante, pude notar uma iluminação mais forte, além do foco de fumaça.

Será que é um incêndio?, pensei.

Decidi me aproximar daquilo e ver o que estava acontecendo. Talvez fosse melhor voltar e informar o pessoal. Mas segui.

Consegui ouvir alguns gritos de súplica, então corri. Talvez alguém estivesse num perigo fora do comum, talvez preso na casa em chamas ou tentando salvar alguém, mas o que eu vi foi vezes pior que aquilo.

 

– Puta merda… 

 

O que eu vi foi uma cena de crime de guerra, daqueles tipos em que você só ouve falar em filmes ou documentários.

Era grotesco, com vários homens com armas e fardamentos pesados agarrando mulheres pelos seus cabelos e cortando seus pescoços com facas. Os homens enquanto espancados suplicavam por misericórdia pela vida de todos ali. As crianças… tão frágeis.

De novo não… meu peito doía. Não consegui mais respirar, aquilo era extremo demais, tão cruel como a fuga das instalações.

Eu já devia estar acostumada com aquilo, mas não, ainda era muito acima do que eu poderia aguentar. Não sabia se deveria ajudar ou não. Estava tão fraca que mal podia andar, tão assustada que mal conseguia gritar. De que serviria minha ajuda?

Dando um passo para trás acabei pisando num pedaço de madeira, fazendo um creck. Tive medo daquilo chamar a atenção dos soldados, mas os gritos eram altos demais para que me ouvissem.

Repulsivamente suspirei de alívio, pondo a mão no peito.

 

– Vai a algum lugar? – Mas é claro, minha sorte não era das melhores.

 

Um dos soldados, com aproximadamente 1,90 de altura, chegou por trás de mim, encostando o cano do seu fuzil nas minhas costas. Merda.

 

– …

 

– Não vai falar? – Sua voz era tão pesada por trás da máscara que usava.

 

– Por favor, não me mate – supliquei.

 

Ele me empurrou devagar me guiando pela ponta da sua arma até que eu chegasse no meio do caos.

 

– Garota, não vamos te matar. – Ufa. – Ou a dor vai fazer isso, ou você mesma depois de tudo.

 

Ah… – Uma única lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto minha pele se tornava mais pálida que o normal.

 

Com um único chute fui lançada para perto das vítimas, todos habitantes de Khaoz. Estavam todos aterrorizados, e acho que com minha chegada piorou tudo.

 

– Ei, essa garota é tão branca quanto folha de papel – disse um dos soldados. – De onde essa menina veio?

 

– Sei lá, ela tá usando esse jaleco estranho. Será que é paciente de algum lugar? Tá toda ferrada.

 

– Parece que veio de algum lugar do noroeste, tipo Ayumi ou Seawing. O que fazemos com ela?

 

– Sei lá, vamos aproveitar de alguma forma. Tô cansado desse povinho nojento daqui.

 

– Não vai nos trazer problema? 

 

– Bom, acho que ela vai ser o único corpo que vamos ter que esconder.

 

Todos gargalharam alto.

Eles nem mesmo olhavam para nós, como se não fosse necessário nos dar atenção.

Eu vou morrer, pensei. Mas antes disso, com certeza eles vão

Tive que largar todo aquele terror. Se não fizesse, com toda certeza a situação iria pro pior lado. Ainda estava com o pen-drive. O Akin disse que volta no tempo, mas não sei como funciona. Será que ele cria outro mundo e eu continuo aqui ou tudo volta como se não tivesse existido? Já estive pensando na chance de eu morrer, mas se eu fosse tão importante ele já teria feito algo ou voltado no tempo.

Olhei para trás e notei que entre as casas queimadas uma parte da mata era aberta, então fugir por ali seria viável. Minha segunda fuga num único dia. Não podia contar só com o Akin e os outros, talvez eles só estivessem me vendo fazer birra e pensem que eu voltaria uma hora ou outra, então tive que me planejar por mim mesma.

 

– Ok, então bora matar essa galera e cuidar da menina. – Droga.

 

Eles começaram a se aproximar. Não pude identificar suas expressões por causa das máscaras, mas tenho certeza que eram nojentos.

Correr, correr, correr.

Eu não consegui correr de imediato.

Enquanto os outros tratavam de matar os moradores dali, o homem que me ameaçou com a arma segurou meus braços com força. Seu fardamento era grande, com um colete grosso e botas com pontas de aço, com toda certeza lutar contra ele não seria uma opção.

 

– Qual seu nome, gracinha? – Ele levantou um pouco do seu capacete. 

 

Idiota

Eu invoquei minha chave e avancei contra seu pescoço, a fincando com força na sua jugular. Ao menos serviu para algo.

E sangue jorrou.

 

– Sua… puta! – gritou.

 

Acho que pus mais força do que queria, mas valeu a pena. Enquanto ele se contorcia de dor tentando estancar seu sangramento, o empurrei e, num único e forte passo, me lancei contra a floresta.

 

– De onde veio aquela chave na mão dela?! 

 

Oh, porra! Corrompida!

 

Os outros soldados gritaram para me alcançassem e iniciaram uma chuva de tiros contra mim, mas me salvei graças aos destroços das casas e adentrei na mata.

Pode parecer cruel não ter salvo aquelas pessoas, mas dada a minha situação era mais fácil morrer naquele meio, então fui contra tudo aquilo que fosse moralmente honrado.

Não sei como, mas consegui correr relativamente bem. Acho que a adrenalina me fez ignorar a dor na perna e o cansaço e terror daquilo tudo.

Pude ouvir os gritos e a perseguição para me encontrar, então não podia parar naquele momento. Estava perdida, mas de uma forma ou de outra pensei que poderia encontrar os outros, então não dei atenção para o agora.

Se eu tivesse o poder do Geki. Porcaria de chave inútil! Não tem portas na floresta! Mas que dro-...

 

Ah! – tropecei num tronco solto.

 

Não seria problemático se eu não tivesse ido ladeira abaixo. Um morro pequeno, mas tão cheio de pedras e galhos que acabou gerando bem mais feridas no meu corpo. Quando cheguei embaixo já estava quase perdendo minha consciência. Não. Tive que resistir e, com o pouco de força que me restava, levantei e cambaleei para frente, tive que seguir sem me importar. 

E mais tiros vieram em minha direção. Já é a segunda vez que vivo isso hoje. Não me acertaram, mas chegaram perto o suficiente para me fazer perder o senso.

Estavam se aproximando. Eram aproximadamente 3 soldados. Estavam mirando em mim sem tirar o foco.

 

– Ouvi que houve uma fuga em massa lá em Ayumi. Pra uma garota branca dessas estar aqui, ela só pode ser parte daquele grupo – disse um dos soldados.

 

– Mas é muito longe e isso aconteceu hoje – o outro respondeu.

 

– Você acha que um desses nojentos não pode viajar em altas velocidades? Com certeza foi isso.

 

Fui cercada.

 

– Então os amiguinhos dela devem estar por aqui.

 

Me armei com um pedaço de pau que alcancei. Cansei da minha vida ser ameaçada assim. Eles falavam tanto, enquanto vinham mais e mais para perto.

 

– Vocês querem lutar?! – gritei. – Ahn? Vem, porra! Me ataquem!

 

Riram de mim. E quando chegaram perto o suficiente, ataquei com o galho batendo na cabeça de um. O galho foi dividido em vários pedaços. O atacado me encarou. E mirando com a coronha da sua arma na minha cabeça, foi direto para me atacar.

Bam. Um tiro. No susto, havia fechado meus olhos e não pude notar antes, mas um dos soldados começou a gritar.

 

– Porra, por que fez isso?! Idiota! – E mais tiros vieram, mas uma respiração ofegante seguiu – Porra!

 

Quando levantei a cabeça e abri meus olhos pude notar: dois soldados mortos, apenas um estava de pé. Os dois ao chão tinham balas nas suas cabeças e peitos. O de pé respirava de maneira pesada encarando os corpos dos seus aliados. 

Eu estava em silêncio. Não sabia o motivo do surto para que se matassem assim, mas vi uma chance e tentei dar um passo para trás e fugir aproveitando seu pânico. Mas ele olhou para mim. Ele me encarou e debaixo daquelas máscaras eu sabia que seu olhar era de ódio.

 

– Sua Corrompida desgraçada! – gritou soltando sua arma e correndo em minha direção. – Usou seus poderes pra fazer isso!

 

Me joguei contra o corpo do soldado próximo a mim e agarrei seu fuzil para me proteger. E quando ele estava muito próximo de mim e na minha mira, alguém se jogou contra ele, com os dois sendo lançados. 

 

– Matsuda! 

 

– Rachel?! – gritei. – Você me seguiu?!

 

– Eu-... 

 

Quando tentou gritar para mim, foi socada com força no rosto e entraram numa luta corporal. Não sei como ela resistiu àquele soco, mas conseguiu lutar de igual para igual com o soldado.

Me levantei e mirei na cabeça dele, mas não conseguia um ângulo bom sem correr o risco de matar a Rachel.

 

– Fica parada!– gritei.

 

– É complicado lutando com esse cara!

 

– Sua cachorra! – Ele a empurrou com um único chute e veio contra mim o mais rápido que pode.

 

– Não! – E sem pensar duas vezes, descarreguei a arma nele, mas o mesmo conseguiu me alcançar e bati com força contra o chão, sendo prensada por ele.

 

– Miserável… – grunhiu. 

 

Ele não morreu, mas estava sangrando demais. Nos seus últimos suspiros segurou meu pescoço para me matar junto. Apertei mais o gatilho do fuzil para atirar nele, mas toda a munição já foi gasta. Bati meus braços contra os dele, mas ele ainda estava mais forte. Ah, não.

Minha mente estava embranquecendo. Eu ia morrer… de novo… no mesmo dia. Que saco, tá repetitivo.

E quando senti que fosse apagar, ouvi um barulho de batida várias vezes. 

Meu pescoço foi solto, recuperei o fôlego e tossi bastante. Mesmo com a visão embaçada olhei para o lado e vi Rachel batendo contra as costas do soldado usando uma pedra grande. Já havia passado pela farda, suas costas estavam abertas. Ela tinha um olhar louco.

 

– Rachel… para…

 

– Cala a boca! – e bateu uma última vez, fazendo uma grande quantidade de sangue voar. – Ah, ah… 

 

E caiu no chão ofegante. 

 

– Eu tô… morta…

 

Nos encaramos. Caramba, isso foi grotesco. 

E, vendo que toda a situação havia passado, me deixei apagar. Minha mente relaxou.

 

Ah, cara…

 

Centro, Khaoz

01 de agosto de 1052, 03hrs

Rebeca Matsuda

 

Meus olhos se abriram.

Quando me dei conta me vi em um quarto sujo e acabado. Estava cheio de poeira e tinha mofo no teto e paredes, além das teias de aranha.

 

– Minha cabeça… Onde eu tô? – Pus a mão na testa e gemi de dor – A Rachel me salvou?

 

Virei para o lado e vi Akin sentado ao meu lado numa cadeira velha, me encarando no fundo dos olhos.

 

– Esquisitão, por que não falou nada? – reclamei.

 

– Não sei, estava esperando que você despertasse – sorriu.

 

– Idiota. – Ergui meu corpo e me sentei na cama que estava, olhando para minhas mãos – Pensei que eu fosse estar mais machucada.

 

– Nós, Corrompidos, nos curamos em velocidades extremas às vezes.

 

– Nem cicatrizes eu tenho, e eu lembro de me machucar bastante.

 

– Esqueça isso. Quero saber como você está.

 

Ponderei por alguns segundos. Toda aquela situação de antes parecia tão irreal, não sentia nada além de uma forte dor de cabeça.

 

– Vocês me trouxeram para a casa? – perguntei.

 

– Sim. Você entrou numa luta. Eu pedi pra Rachel te seguir, então ela te salvou. Você dormiu por algumas horas, então pode ficar tranquila.

 

Ah… – suspirei. – Ah, pera! Eram soldados! Eles sabiam da nossa fuga! Caramba, e se eles nos acharem?! – gritei.

 

– Rebeca, se acalma. Nós estamos seguros – ele pôs as mãos em meus ombros e sorriu para mim.

 

– Mas foi muito perto! Eles podem vir aqui!

 

– Não sei se você já sabia, mas temos uma Corrompida aqui que consegue criar ilusões grandes e muito bem feitas. Ela fez a casa desaparecer no meio da mata, então estamos seguros por enquanto. 

 

Sentindo que minha cabeça fosse explodir, caí de costas contra a cama e respirei fundo em sequência. Eu tô viva. 

Embora um pouco ansiosa, pude me dar a chance de relaxar o corpo. Eu sabia que eles iriam me salvar, me senti mais aliviada ao saber que estava certa.

Senti minha mente se esvair por um momento.

 

– Então, Rebeca – Akin chamou. – Como se sente agora? Foi um sufoco, né.

 

Não o olhei para falar, me mantive de olhos fechados.

 

– Me sinto cansada – falei com uma voz rouca.

 

– Bom, isso eu sei, mas sobre o ataque. Rachel me falou que viu muita gente morta ali. Você tentou salvar eles?

 

– … 

 

– Tinham muitas crianças e mulheres.

 

– Você sabe por que fizeram aquilo?

 

– O que, o ataque àquelas pessoas?

 

– Sim.

 

Ah, claro. Outros povos odeiam as pessoas de Khaoz, e os soldados odeiam ainda mais por saberem da existência de Corrompidos, então para eles é tranquilo fazer uma limpeza quando acham ser necessário.

 

– Então eles só matam porque sim?

 

– Bom, eles tem os seus motivos, mesmo sendo errados. Somos perigosos quando usamos nossas Auxiliares muitas vezes, então acham que estão se defendendo.

 

– Isso é insano demais. Por que ninguém nunca foi contra isso?

 

– Ninguém quer proteger o povo de Khaoz, Rebeca. Quase ninguém sabe da existência dos Corrompidos, e os poucos que sabem não vão ajudar.

 

Eu sabia onde aquela conversa daria.

 

– Mas você…

 

– Sim, eu quero acabar com isso. Vamos contra-atacar.

 

– O seu plano é o que, matar quem não for de Khaoz ou não for Corrompido?

 

– Não, não! Eu não sou insano como eles, sua idiota!

 

– Ei! – levantei com raiva.

 

– Desculpa, mas você realmente achou que eu seria um maníaco qualquer? Olha pelo que eu passei! 

 

– Bom, eu achei que você sendo uma vítima sentiria ao menos ódio por eles!

 

– Claro que odeio! Mas é por odiar as ações deles que quero ser diferente!

 

Naquele ponto estávamos gritando um com o outro, a situação ficou acalorada. Pude ouvir murmúrios por trás da porta do quarto; alguém estava bisbilhotando.

Nos encaramos com raiva.

 

– Então qual o seu plano? – questionei bem próxima ao seu rosto.

 

– Paz! Esse é o meu plano! – pude o ver corar um pouco, então me afastei.

 

– E como você quer fazer isso? 

 

Ele pensou um pouco antes de falar, dando uma curta pausa.

 

– Eu quero influência. Voltando no tempo algumas vezes eu pude descobrir muitas coisas e montar um grande plano.

 

– Que é?

 

– O pen-drive tem provas da nossa existência. Eu vou usar isso para conseguir uma posição de poder no VGM e, futuramente, mostrar o que são os Corrompidos para o mundo. Eu vou fazer com que sejamos parte desse mundo e não só um pontinho escondido num canto qualquer.

 

– … – apoiei o queixo com uma das mãos. – Ok, você parece ter um entendimento sobre isso. Mas o que eu vou fazer? Abrir as portas do destino? Eu só abro portas comuns.

 

– Eu vou fazer sua Auxiliar evoluir, acredite em mim.

 

– Você garante isso? Quantas vezes aconteceram nas suas outras vidas?

 

– … – coçou o joelho com a ponta do dedo e encarou o chão com vergonha. – Nenhuma…

 

– Então…

 

– Mas eu sei como fazer! Já chegamos perto algumas vezes e eu só preciso fazer dar certo agora! Por favor, Rebeca, confie em mim! 

 

– Eu era só uma humana comum.

 

– Mas você nunca foi! É uma Corrompida desde que nasceu!

 

– Eu não pedi por isso! Eu não quero ser um monstro que todos querem matar!

 

– Ninguém pediu! É por isso que preciso da sua ajuda! Se você estiver do nosso lado, te garanto que no futuro você não vai ser chamada de Corrompida! Imagine vivermos num mundo em que mesmo nós com poderes poderemos viver entre os outros! Você vai viver com sua família e namorada sem ser julgada mesmo que todos saibam de tudo!

 

Ele falou sem dar pausa para respirar. Seus braços estavam abertos e um sorriso enorme tomava conta do seu rosto, como uma criança apresentando uma descoberta para a mãe.

Ele me olhava com vontade. Sua voz tinha força, como a de um governante que preza pelo seu povo. Tanta certeza. Eu precisava me decidir, sabia disso.

 

– Estamos morrendo, Beca! Meu povo está morrendo! Os Corrompidos e o povo de Khaoz! Eu cansei de ser morto pelo que eu sou! Você também cansou disso, você está do nosso lado! – ele se levantou e ergueu a mão para mim, como se me chamasse para algo. – Se una a mim, Rebeca, e me ajude a mudar esse mundo! Por favor!

 

– …

 

– Por favor, Beca…

 

Suspirei e me levantei, erguendo minha mão.

 

– Se me chamar assim de novo, eu largo sua causa e faço o que eu quiser.

 

Haha – sorriu animadamente. – Me ajude, Rebeca.

 

Retribui o sorriso, apertando sua mão.

 

– Não confio em você, Akin.

 

– Mas eu confio em você.



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