Volume 8

Capítulo 6: Sempre que você aciona uma bandeira, parece que outra sempre quebra.

Na manhã seguinte, eu era inesperadamente o tópico central da conversa.

"Tomozaki, você está falando sério?" 

"Estou."

Isso mesmo. Decidi contar a todos o que contei para a Mimimi sobre tentar ser um jogador profissional. Desde que tomei minha decisão, não tinha arrependimentos sobre minha escolha, e não havia motivo para me sentir envergonhado com isso.

"Maldição, como eu vou te vencer se você tem a melhor taxa de vitória do Japão?" Nakamura reclamou.

"É sua culpa por tentar." 

"O que você disse?"

"Glup...!"

Cheguei ao ponto em que podia responder ao Nakamura quando ele reclamava, o que acho que você poderia chamar de sinal de que eu estava diminuindo a lacuna em nossos níveis de habilidade.

"Eu sempre soube que você não era um garoto comum, Fumiya. Bom juiz de caráter, não é?"

Mizusawa estava usando meu anúncio para impulsionar sua própria reputação, mas vou perdoá-lo. Este era o Mizusawa, afinal.

"Mostre-me seus caminhos, também, Farm-boy!"

"Vou mostrar, mas você deve saber que leva um bom tempo de pensamento." 

"Incrível! Então tenho certeza de que serei ótimo nisso!"

"Hahaha. Ok, fico feliz em ouvir isso."

Estávamos todos animados. Ser o melhor do Japão é bastante impressionante, mas jogar é apenas jogar; a empolgação do grupo realmente não se espalhou para fora dele. Honestamente, eu estava grato por isso, mas queria dizer a todos como o Atafami era incrível.

Pensei se ter outras pessoas descobrindo isso teria um impacto negativo em minhas chances no jogo da vida. Lancei um olhar questionador para Hinami, mas como ela não estava prestes a me matar com seu olhar, imaginei que provavelmente estava tudo bem.

"...Huh?"

Quando afastei o olhar de Hinami, notei que a Kikuchi-san estava olhando para mim. Isso me lembrou que eu pretendia enviar a ela uma mensagem no LINE sobre isso quando chegasse em casa na noite anterior, mas no final, decidi não fazer isso.

Agora parecia melhor esperar até o intervalo ou depois da aula em vez de dizer a ela agora mesmo. Eu queria poder conversar sobre isso com ela, apenas nós dois.

 


 

Durante o intervalo após a primeira aula, fui até ela.

"Kikuchi-san," eu disse. Seu ombro se moveu com surpresa. 

"Oh... Tomozaki-kun."

Ela olhou para baixo desconfortavelmente. Acho que ela não superou o que aconteceu no dia anterior.

"Eu estava pensando...," eu disse, tentando puxá-la para conversar. "Você quer ir até a estação juntos depois da aula?"

Ela encontrou meu olhar. Mas sua expressão estava de alguma forma abatida. 

"Um…"

"O que foi?"

Ela me lançou um olhar de avaliação. 

"…Seus planos." Fiquei surpreso com o que ela disse em seguida. "Você decidiu sobre seus planos para o futuro?" 

"Huh? Oh, uh-huh. Decidi."

"Entendi..."

Foi uma forma meio estranha de responder à minha pergunta, mas é verdade que todos estavam fazendo um grande alvoroço sobre isso antes da aula. Como ainda não havia contado a ela, surpresa foi uma reação compreensível. O motivo de tê-la convidado para irmos juntos até a estação era para eu poder contar a ela sobre isso, mas, dado o quão alto todos estavam falando, ela deve ter ouvido.

"Um, eu queria conversar mais sobre isso com você depois... mas acho que quero ser um jogador profissional."

"Sim…" Sua expressão ainda estava sombria, e senti que ela não estava completamente presente. Mas ela não estava agindo realmente estranha, então era difícil perguntar o que estava errado com ela.

"Um... por quê?" Ela começou hesitante. "Por que você decidiu isso?" 

"O que você quer dizer?"

"Uh, um..."

Aquela era uma grande pergunta, e levaria muito tempo para responder, por isso queria ir até a estação juntos.

"Algumas coisas que aconteceram no encontro, e conversando com a Mimimi, e outras coisas. Claro, quero contar tudo isso para você."

"O encontro... e a Nanami-san," ecoou ela, então sorriu tristemente. 

"Por isso eu queria..."

Ela me interrompeu, o que raramente fazia. 

"Sinto muito."

"Um…" Eu também não esperava essa resposta.

"Hoje... acho que quero ir até a estação sozinha." 

Eu não tinha ideia do que dizer.

Não caminhávamos juntos para casa todos os dias. Mas essa foi a primeira vez que ela recusou meu convite porque queria ficar sozinha, não porque tinha outros planos.

"Oh... tudo bem." 

"…Sim."

Houve outra pausa constrangedora.

"…Ok. Então vamos para casa separados hoje." 

Engoli a tristeza que estava se acumulando no meu peito.

Mas era eu, não ela, quem queria ir até a estação juntos. Mesmo que estivéssemos namorando, eu precisava respeitar seus desejos.

"Sim…," ela disse, olhando para baixo.

Não sabia mais o que dizer, então fiquei ali parado, encarando-a. Ela prendeu a respiração por um segundo, depois encontrou nervosamente meus olhos.

"Um… se formos para casa separados, com quem você—?"

Nesse momento, o sinal tocou, afogando sua voz suave e interrompendo nossa conversa.

Ela estava prestes a dizer algo, e a sala de aula estava ficando cada vez mais silenciosa. Se fosse importante, ela poderia ter repetido, mas ela não retomou o fio de palavras quebrado.

Voltamos em silêncio para nossos lugares, e a aula começou.

A imagem da Kikuchi-san mordendo o lábio ansiosamente estava gravada na minha mente.

 


 

No almoço, algo mais inesperado aconteceu. 

"…Huh?"

Isso aconteceu quando eu estava almoçando com o grupo que iria para o Spo-Cha.

Uma mensagem do LINE da Kikuchi-san chegou.

[Desculpe. Eu realmente quero ir até a estação juntos hoje.]

Fiquei ali, olhando silenciosamente para o meu celular, cercado pelas brincadeiras e conversas do restante do grupo.

Que diabos estava acontecendo?

De manhã, ela tinha recusado o convite, e agora era hora do almoço. Que mudança emocional tinha ocorrido no espaço de algumas horas? Eu não tinha ideia.

E havia outro problema também.

"Vamos resolver tudo depois da escola!" Takei estava encerrando a conversa.

Isso mesmo. Tínhamos decidido nos encontrar na sala de aula depois da escola terminar. E como a Kikuchi-san já tinha recusado meu convite, eu disse que também estaria lá.

Mas a Kikuchi-san estava claramente agindo estranho. Deixar as coisas como estavam seria uma má ideia.

Segui com a conversa enquanto digitava minha resposta para ela.

Eu estava certo de que a coisa mais importante em uma situação como essa era contar tudo a ela desde o início.

[Estamos combinando de nos encontrar com todos depois da escola na nossa sala para falar sobre esse fim de semana. Você gostaria de esperar até terminarmos? Também quero ir até a estação com você!]

Enviei a mensagem e desliguei a tela do meu celular.

Nunca tive uma namorada antes, então tudo isso era novo para mim.

Mas eu tinha certeza de que, se fosse honesto e aberto, seríamos capazes de nos entender.

 


 

O dia escolar terminou.

A reunião do Spo-Cha (também conhecida como conversa aleatória com os normies) acabou durando mais de uma hora, e a Kikuchi-san me esperou na biblioteca até terminar.

Conversar por tanto tempo com um grupo que incluía membros um pouco menos familiares como Tachibana e Kashiwazaki-san me deixou muito cansado, e quando segui para a biblioteca, eu estava bastante exausto. Além disso, passei o dia inteiro preocupado com as coisas com a Kikuchi-san.

Quando entrei na biblioteca, vi a visão familiar da Kikuchi-san sentada ali com um livro. Quando ela me viu, sorriu e o fechou. Era como se eu a estivesse vendo pela primeira vez em muito tempo. Um alívio.

"Olá."

"Oi. Obrigado por esperar. Estou exausto." 

"Está mesmo?"

Eu assenti e me sentei ao lado dela, colocando minha mochila na mesa. 

"Posso descansar por um segundo?"

"Tee-hee. Claro. Foi um dia longo." 

"…Sim."

O tempo estava passando lentamente agora.

"Me avise quando tiver descansado o suficiente." 

"Ok. Você se importa se eu correr para o banheiro?"

"Fique à vontade."

Caminhei até o banheiro ao lado da biblioteca. Não podia dizer a ela que na verdade eu precisava ir há meia hora, mas fui engolido pela onda de normies e não pude escapar.

Terminei o que precisava fazer e fiquei em frente ao espelho, lavando as mãos, encarando meu reflexo e me preparando mentalmente.

Fiquei feliz por termos decidido nos encontrar na biblioteca. Senti que só estar lá derreteu um pouco da estranheza anterior.

Eu tinha certeza de que seria capaz de conversar com ela sobre tudo.

Com esse pensamento na mente, voltei para a biblioteca, e foi quando aconteceu.

Abri a porta e olhei para dentro.

Vi a Kikuchi-san. Ela estava com meu telefone na mão. 

"…..!"

Quando ela notou minha presença, olhou para mim com uma expressão que poderia ser interpretada como pânico, desespero ou tristeza.

"…Kikuchi-san?"

Ela colocou meu telefone na mesa, pegou sua bolsa e começou a correr.

"Ei, espere!" Chamei.

Mas ela continuou correndo para fora da biblioteca. 

Deveria correr atrás dela? O que diabos estava acontecendo? 

Tentei organizar meus pensamentos caóticos e decidi que primeiro tinha que descobrir qual era a causa.

Então peguei meu telefone — e levei um choque.

Uma mensagem do LINE da Rena estava aberta na tela.

Dizia: [Desculpe por trazer o assunto de sexo do nada outro dia.]

Cheio de arrependimento e pânico, saí voando da biblioteca.

Mas a Kikuchi-san não estava em lugar algum. 

"…Isso é ruim."

Meu relacionamento estava em sérios apuros.

 

 

 

 


NOTAS DO TRADUTOR.

Boa noite, galera.

Finalmente terminei o volume 8. Houve algumas razões para isso; acabei pegando um segundo trampo para fazer uma renda extra, nada que atrapalhe seriamente a tradução e revisão. Mas vamos para frente, ainda faltam 3 volumes.

Esse volume foi bem legal. Mostra o mundo dos games e o mundo profissional. Vemos também a tentativa de Tomozaki de fazer a Aoi se divertir, para ela sair dessa sua zona que ela própria criou. Vemos também sobre o passado dela (superficialmente, mas entendendo alguns pontos). O relacionamento de Tomozaki e Kikuchi é uma maravilha, hein. Eu sabia que não ia dar certo. Mas parece meio forçado. Qual é a ideia do autor de manter esse desenvolvimento? Na moral. O cara coloca a mimimi toda vez para ir embora com ele, sendo que ele tem uma namorada para dar a atenção. Vamos ser bem diretos, Tomozaki e Mimimi são bem melhores, sem desmerecer a Kikuchi, mas os dois são completamente diferentes, tirando a onda que os dois eram tímidos, o que é normal. Na hora que o Tomozaki decidiu jogar o jogo da vida, isso foi derrubado. E ainda, tem essa cena de assunto de sexo totalmente forçada, apenas para criar uma briga nada v. Várias vezes, de alguma forma, o relacionamento deles piora. A história está tomando um rumo bem estranho. Tem alguns pontos interessantes, mas do nada, nada faz sentido. Se ambos se resolverem de maneira merda, ficarei muito puto.



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