Volume 1
Capítulo 3: Adaptabilidade
A mente humana é algo incrível.
Yukari Kunigami. Ela está aqui faz algumas semanas e já dominou boa parte da escola, impondo seu título de Queen.
E ninguém reclama sobre isso, apenas aceitam.
Menos eu.
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— Ei, nós estamos te dando uma chance aqui. Brutal Guy — disse o cara.
Seu olhar malicioso; seu sorriso perverso.
— Já falei que não sou seu amigo e, também, não vou conversar com sua Queen apenas porque os peões dela querem — falei.
— Tch. — Ele parecia mais irritado — Ela é muito diferente de como você pensa que ela é.
As palavras dele. Me veio à memória uma lembrança “antiga”.
Era do dia que Yukari havia derrubado aquelas cinco garotas, sem piedade.
— Com certeza, sei mais dela do que todos dessa escola — disse.
— Está insinuando que sabe mais sobre ela, sem fazer ao menos contato visual com ela? — Seu olhar malicioso vira um de raiva.
— Talvez. O quanto você sabe sobre ela? — respondi.
Ele dá de ombros.
— Mais do que você, isso é certeza.
— De boa, mas eu tô foda se pra isso — suspirei — Fica aí com esse seu papinho de egocentrar a sua Rainhazinha.
— Então é isso? Vai ficar fazendo cu doce porque a fama dela é maior que a sua? — disse o cara à minha frente.
— Eu tô pouco me fudendo pra su… não, eu tô pouco me fudendo pra situação de vocês com ela, seu merda — falei.
Dou um passo pra esquerda; começo a andar.
Enquanto passava pelo cara à minha frente, ele lançou-me um soco. Rodei pro lado; desviei e no giro, lancei um chute nele.
Ele se abaixou, ele desviou.
Escuto passos atrás de mim; veio-me à mente um flash. Nesse flash, um dos dois caras atrás de mim me esfaqueavam pelas costas e outro no pescoço.
Rapidamente me abaixei; dei uma rasteira em 360°; eles caíram no chão.
Meu sensor de perigo apitou por trás.
Me virei; com um uma mão no chão, peguei impulso; joguei-me para o alto, pousei; giro e chuto o cara à minha frente.
Meu chute acertou o peito dele, o fazendo derrubar sua faca.
O mesmo flash anterior vem a minha mente; pulo pra frente, me viro e havia um cara com uma faca.
Mas se só bati em dois até agora, onde está o outro?
Essa era a pergunta que eu me fazia, até a resposta aparecer bem na minha frente.
Uma lâmina vem pelo lado. Pulo pra trás; desviei da facada, mas não totalmente. A camisa do uniforme havia sido rasgada pela lâmina da faca.
— Tch. Seu merda. — xinguei.
— What is wrong, brutal guy? — disse o cara da minha frente, que eu havia derrubado.
— Você é o cara mais brutal daqui, mas está perdendo simples facas? — Ele me provocou.
— Não enche o saco, filho da puta.
Enchi meus pulmões de ar, meu sentido de perigo apitava novamente.
Virei-me; chutei com o calcanhar a têmpora do cara atrás de mim.
Ele caiu duro no chão.
Pego a faca derrubada de sua mão no chão, olho para os outros dois.
Olhares de espanto e surpresa; bocas abertas; expressão total de confusão.
— Nem fudendo… esse cara é mesmo real? — Eles falavam entre si.
— Quer uma amostra do quão real posso ser?! — Corri contra eles.
Um pé para trás; uma mão na frente, torso e quadril de lados.
A guarda deles havia aumentado.
Um deles tenta uma facada; me impulsiono pro lado; desviei e contra ataquei com um corte em seu pescoço e um chute na sua espinha óssea.
— O-O qu…
O outro mal teve tempo para formular uma frase. Já havia afundado meu punho em seu estômago, o dei uma cotovelada de cima a baixo no queixo e faço um corte em sua barriga.
O chuto na área do corte, causando mais dor.
Uniformes com alguns rasgos e cortes a mostra.
Meus cortes eram superficiais, não tô com vontade de responder por assassinato.
Aponto a lâmina da faca para o cara caído a minha frente.
Olhar horrorizado, sobrancelhas franzidas, lábios e corpo trêmulo.
— Últimas palavras? — disse, brincando com a minha atual posição da situação.
Era o que eu dizia, mas escutei passos violentos chegando em mim.
Quando olhei, já tinha recebido uma voadora de dois pés gratuita em meu ombro.
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Suspirei: Honestamente, não sei porquê aquele Alger da sala de vocês é tão arrogante.
— Como assim, Yukari? — falaram elas.
— Ele nunca faz contato visual comigo e sempre me ignora, como se fosse melhor ou superior a mim — disse.
— Será que a fama subiu à cabeça dele?
— Talvez, meninas. Talvez — disse.
— O quê é isso?!
— Corram! É no pátio!
Outros alunos gritavam.
Me levantei da mesa.
— O que será que é? — perguntei.
— É no pátio! É aquele tal de Brutal Guy! Ele enlouqueceu! — gritou outro aluno.
Espera, eu já ouvi esse título antes.
— O que o Alger fez dessa vez? — disse uma menina.
— Não sei, mas parece algo bem sério. — Do refeitório, disparei com tudo, enfrentando a multidão.
E quando desci pro pátio, me deparei com Alger e três pessoas. Uma desmaiada, outra agonizando de dor e a outra caída no chão.
Olhei para o cara no chão; seu olhar horrorizado, sobrancelhas franzidas, lábios e corpo trêmulos.
Olhei para o Alger; seu olhar de superioridade e dominância, sorriso largo e maldoso.
Disparei contra os dois, dei uma voadora de dois pés no Alger, o lancei para longe.
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— Ugh!
Caio e rolo no chão; paro de rolar e me levanto.
Ergo a cabeça, e lá estava ela. A tão famosa e amada Queen de todos os dessa escola. Yukari Kunigami.
Olhar cansado, suor pingando da testa; respiração ofegante.
Essa voadora me pegou de jeito.
— O que você pensa que está fazendo, seu merda?! — gritou Yukari.
— Hã?
— O que deu na sua cabeça pra você usar uma faca contra eles, que nem fizeram mal a você?! — Ela estava mesmo brava.
Não importa quantas vezes eu fique na presença dela, sempre sinto a mesma sensação. A sensação de algo diferente exalando dela.
— Não torra, a porra, do meu saco — disse.
— Seu maníaco! — gritou Yukari.
Olho para trás, vendo o cara que supostamente deveria estar desmaiado sorrindo.
Ele havia planejado isso tudo? pensei.
Merda.
Merda, merda, merda!
Eu caí na armadilha dele, sem nem me dar conta disso.
Eu solto a faca, ainda ofegante.
— É isso mesmo! — gritaram os outros.
Olhei pros lados, haviam pessoas lentamente se reunindo, formando um círculo, dando espaço para mim e Yukari.
— Você não tem direito de fazer isso!
— Brutal Guy?! Tá mais pra Coward Guy!
— Seu lixo!
Eles gritavam, com olhares de reprovação e desgosto; rostos de nojo, rejeição e superioridade.
Eu odeio isso.
Claro, isso não me torna um privilegiado de merda, mas eles fazendo julgamentos tão rápidos assim sem sequer ouvirem o meu lado.
Eles escutam somente o lado da Yukari, que tem uma influência maior que a minha. É isso que está me deixando puto.
Mas afinal, é assim que o mundo funciona, não é mesmo?
— Se arrependa! — gritou Yukari.
— O… que? — perguntei, ainda cansado.
— Se arrependa do que fez, ou sofrerá com as consequências — respondeu Yukari.
Seu tom de voz havia mudado de defensora para ameaçadora, como se fosse água indo pro vinho.
— Você nem sabe a verdade por trás disso tudo, Rainhazinha de bosta — disse.
— Já chega, esse é o limite — disse Yukari.
Ela disparou contra mim. Respirei fundo, focalizei minha visão nela e disparei contra ela.
Nos colidimos, com um acertando um soco no rosto do outro. Seu soco era mais fraco que o meu, mas ainda forte.
Cambaleio para trás; coloco uma perna para trás, uso de apoio e volto com outro soco, mas Yukari havia feito o mesmo.
O que é isso?! Seu soco havia ficado mais forte de uma hora para a outra!
Caio no chão dessa vez e Yukari tentou pisar no meu rosto. Rolo pro lado; desviei, sua pisada havia causado uma marca do seu pé no chão.
Me levantei e contra ataquei com um chute lateral em sua cara. Acerto mas ela contra ataca com um chute no estômago.
Fomos para trás; Yukari caiu no chão. Pulei e tentei a mesma pisada, ela rola pro lado; ela desviou e formei no chão uma marca do meu pé maior no chão.
Olhei para ela, que tentou aplicar uma rasteira 360°.
Pulei, ela rola para o lado, se levanta e tenta um soco. Me movo pro lado; desvio do seu soco e contra ataquei com um soco em seu estômago.
Ela cambaleia e me devolve com um soco no peito mais forte que o anterior, tão forte quanto o meu.
Perco o ar do pulmão. Ela tenta uma joelhada mas a parei com outra joelhada; a empurro.
Pulo pra trás; disparo contra ela, com uma voadora de dois pés.
Ela se abaixa; desviou e passei reto.
Caio sentado no chão e me levanto, só pra ser recebido com um chute no estômago, rosto e peito.
Ela me jogou longe; forcei meus pés contra o solo, parando e disparo contra ela.
Dou um uppercut nela, a jogo pro alto.
É impressão minha, ou ela parece estar conseguindo acompanhar meu ritmo? pensei.
Não, espera. Parando para analisar agora, a coisa diferente que eu senti ela exalar parece estar ganhando um sentido em minha mente.
Chute após chute, eles ficavam mais fortes.
Em meio a meus pensamentos, ela me devolve o uppercut. O uppercut dela estava tão forte quanto o meu!
Ela está se adaptando à luta?!
Sou jogado pro alto, mas quando é pra cair no chão, coloquei as mãos perto da cabeça; pouso no chão com elas e me impulsiono; pouso de pé.
Cuspi sangue.
Olhar fervoroso e afiado; respiração pesada; cabelo bagunçado.
Ela não estava pra brincadeira.
Mas pra testar a minha teoria, só há uma coisa a fazer.
Ela dispara contra mim com um soco, me movo pro lado; desvio e a agarro pela gola do uniforme e ela pela gola do meu.
Ambos erguemos nossos punhos e damos socos em nossos rostos.
Seu primeiro soco foi mais fraco, mas no segundo foi mais forte.
Concentro toda força do meu braço, e a soco novamente, e ela me devolve.
Soco atrás de soco, não queríamos parar.
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Yukari e Alger não pareciam que parariam tão cedo, e a multidão encarava em choque a cena.
Tudo que corria a mente deles enquanto eles trocavam socos diretos no rosto era:
Eu só… vou parar…
Quando você desmaiar!
Esse era o pensamento “compartilhado” deles, um para o outro.
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Encho os pulmões de ar, botando meu último pingo de força no punho. Eu soco a Yukari, ela me soca de volta.
Eu e ela nos soltamos, e caímos para trás.
Minha visão estava ficando turva, e minha respiração diminuindo; minhas pálpebras pareciam que iriam se fechar sozinhas.
Eu lutava para me manter acordado, mas não dava.
Ela realmente estava se adaptando à luta e de modo descontrolado.
Lentamente, de turva minha visão ia para uma escuridão completa.
E para piorar, mesmo que fosse distante e bem de longe, dava para escutar a voz do Vergher.
— O que é iss…?!
Sua voz se distanciava cada vez mais; ficava abafada e sumia.
— Nã… El…
Não dava nem para escutar direito a voz dos “peões da Rainha”.
A voz deles era distante, abafadas, murchas e parecia que morriam à medida que eles falavam.
Vergher deve ter sido pego de surpresa com isso e veio checar o local, viu isso pelas câmeras e veio intervir, ou veio intervir apenas para que isso não se prolongasse e chegasse a outros níveis.
Algumas dessas opções.
Tch, que merda. Aquele cara à minha frente me manipulou, e eu nem percebi isso.
Estava tudo de acordo com o plano daquele desgraçado e, pra melhorar, eu só o ajudei com isso, caindo na armadilha dele.
Maldito gado.
Eu já não conseguia sentir mais o meu corpo e, tenho certeza que, Yukari também não.
Acho que é o fim então, não é?
Não sei se Yukari também desmaiou, mas se não, minha vida já deve estar acabada aqui.
Ela não vai me matar, mas pode me deixar em graves estágios para adiantar a minha morte. Uma morte precoce ocasionada por ações de uma estudante no Japão.
Que merda, aparentemente, eu perdi pra ela.
Mas se ela estiver desmaiada também, é um empate, e vou finalmente poder parar de ouvir “Queen isso”, “Queen aquilo”, e essas bostas.