Volume 1

Capítulo 22.5: Data Comemorativa

Essa história aconteceu um pouco antes dos eventos que irão acontecer futuramente.
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Estava tudo escuro.

Haviam várias pessoas dentro de uma sala, tremendo de medo. Até então, a porta abriu. Havia uma figura de altura mediana olhando para todos enquanto segurava uma faca, coberta de sangue.

Essa pessoa então dá um passo à frente e… era o Alger!

— Espera aí! Por que o Alger é o serial killer dessa história?! — perguntou Horikita.

Eh? — A imersão em segundos foi totalmente quebrada.
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Manabu olhou para Horikita: Do meu ponto de vista, combina totalmente com ele.

— O quê?! Sem chance! Se for para alguém aqui ser um assassino, que seja o Makyu! — Ela apontou para ele — O Makyu é muito mais ameaçador que o Alger!

— Bom, ela está certa quanto a isso. O Makyu realmente aparenta ser mais assustador que o Alger, ainda mais com essa cara fechada dele — disse Yoichi.

Hmmm, ele tem razão — concordou Gyomen.

— Viu?! — gritou Horikita.

— Se é para pedirmos opiniões, então que seja para os que parecem ser o oposto um do outro. — Manabu olhou para Yukari. — Yukari, o que você acha do Alger ser o serial killer dessa história?

Yukari colocou o dedo indicador sob seu lábio inferior e olhou para o chão, parecendo estar pensando em mil coisas ao mesmo tempo.

Não me surpreenderia se ela estiver pensando em várias coisas agora mesmo, afinal, as mulheres têm esse “dom”, pensei.

— Bem… isso é algo que eu não consigo dizer. — Yukari olhou de volta para Manabu.

Manabu levantou uma sobrancelha: Não consegue?

— Exatamente. Eu acho muito difícil pensar nisso me baseando na perspectiva dos outros, da sua, da minha e do Alger, então não consigo formular uma “resposta certa” ou uma “opinião concreta”

Yukari olhou para mim:  Ao invés de ficarmos assumindo coisas, porque não deixamos o próprio vilão da história responder por ele mesmo?

No momento, eu, Makyu, Horikita, Yoichi, Gyomen, Manabu e Yukari estamos dentro de uma sala escura, sendo nossa única fonte de luz a lanterna do meu celular.

Nós estamos sentados em cadeiras, fazendo uma roda em volta de uma mesa.

Uhh, bem…

Desgraçada! Ela jogou a bomba no meu colo!

— E outra, porquê estamos contando essa história assustadora se o Halloween foi há quatro dias atrás?! — perguntou Horikita, olhando furiosa para Manabu.

— Porque eu quero — respondeu Manabu, em um tom seco.

Lapada seca da porra.

Até eu senti essa.

Ahhh, me desculpe então, senhor: “Eu faço isso porque eu quero”! — Horikita cruzou os braços.

— Não vejo uma razão lógica para essa sua raiva. Eu os chamei aqui, todos aceitaram e você é a única quem está reclamando, Horikita — disse Manabu, com uma expressão séria em seu rosto.

Ela empinou o nariz: Hmph!

Makyu suspirou: Estarmos aqui é porque como o Alger faltou quatro dias seguidos por uma dor de cabeça, que poderia ser um derrame, Manabu sentiu a responsabilidade de contar uma história para ele.

Horikita ficou sem reação.

Ah. — Isso foi tudo que saiu de sua boca.

Ela colocou a mão no queixo: Ponto justo, eu acho. Mas, ainda não ouvimos a opinião do Alger.

Todos olharam para mim; fiquei em silêncio e abaixei a minha cabeça.

— Alger? Está tudo bem? — disse Yukari.

— Vocês querem uma história assustadora, certo? — perguntei, com uma expressão séria.

— Sim — responderam todos.

— Então preparem-se, pois o que eu estou prestes a contar… — Ergui a cabeça — Aconteceu de verdade.
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— Nessa época, eu ainda estudava na minha antiga escola e, naquele dia, era Halloween.

— Uma data comemorativa, certo? Eu também pensei isso, mas depois disso, eu nunca mais vi essa data da mesma forma.
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Todos estavam fantasiados. Algumas pessoas estavam de bruxa, outras de múmias; zumbis e outros monstros.

Mas, havia uma única pessoa na escola inteira: eu.

Bocejei: Que canseira… arrumar todas essas coisas dá muito trabalho…

Eu estava na sala de aula, que estava vazia; coloquei meus braços sob a mesa e deitei minha cabeça nela.

— Estou realmente cansado…

Enquanto todos se divertiam fantasiados, por falta de renda, eu não consegui sequer arrumar um terno de terceira mão para usar.

Afinal, eu não vim de um “berço de ouro”, ao contrário dos outros, que parecem ter vindo de um e, chegam até a contar vantagem disso para mim, esfregando isso na minha cara.

Suspirei: Que saco.

Então, a porta abriu e ouvi passos vindo em minha direção.

— Poxa vida! Você vai mesmo ficar aqui de cara emburrada enquanto todos se divertem? — disse uma voz feminina.

Eu continuei calado, torcendo para que o tédio e frustração me fizessem cair no sono.

Ei, eu sei que você está acordado. — A garota então estalou os dedos — Vamos, acorda logo, Alger!

Ergui a cabeça: O que você quer?

Pffttt! Hahahah! Olha só pra você, ficou tanto assim que está com a cara amassada e uma marca vermelha na testa! — disse a garota.

— O que você quer, Akane?

Ela então fechou o sorriso e olhou para mim, com uma expressão séria no rosto.

— Achei que nunca mais iria me chamar assim, Alger.

— Você sabe muito bem que um dos únicos motivos de realmente me conhecer foi porque naquele dia, eu poupei a sua vida. Então agradeça por não estar morta — disse, com um rosto sério.

Ela me olhou com sorriso e olhar malicioso no rosto.

Ara Ara~ você não deveria falar comigo desse jeito, Alger. Ou por acaso… — Ela colocou a mão no meu queixo — Você quer que eu chame o meu namorado?

O namorado da Akine é um traficante de 21 anos que já matou mais de 50 policiais sozinho. É até mesmo como se ele fosse um soldado de guerra.

Mas só eu sei dessa informação.

— Não, prefiro deixá-lo morrer na mão de policiais, já que tirar a vida de um traficante é a mesma coisa que jogar lixo no lixo — disse, com um sorriso frio no rosto.

Heh. É isso que eu amo em você, Alger. Seu senso de humor é incomum. — Ela soltou meu queixo — Mas bem, eu só vim aqui para o ver dizer o quão linda eu estou!

Ela girou, fazendo sua saia levantar e em seguida jogou seus cabelos ao vento.

Akane estava fantasiada de bruxa, combinando perfeitamente com sua personalidade.

— E então, gostou? — Akina sorriu de forma convencida.

Eh, dá pro gasto.

Awww, achei que fosse dizer outra coisa… — Akina colocou a mão na borda de sua saia e começou a levantá-la lentamente, mostrando que estava usando um tipo de meia-calça arrastão com aberturas.

— Eu poderia te mostrar algo interessante~

Essa vadia além de namorar um traficante, gosta de seduzir alguns garotos apenas por pura diversão e entretenimento próprio.

— Não estou interessado em algo que já foi arregaçado, obrigado — disse.

Hãããã?! O que você disse?! — Ela me agarrou pela gola — Seu mentiroso, eu consigo claramente ver em seus olhos que você ficou com tesão por mim! Afinal, qualquer homem ficaria!

— Exatamente, “ficaria”. Mas eu não sou como a maioria que vai atrás de “carne fácil” — disse, com um sorriso de superioridade no rosto.

Ah, é mesmo?! Então vamos tirar a prova! — Akane então preparou sua mão para me tocar “naquela lugar”, mas de repente, as luzes se apagaram.

Isso não era problema, já que por mais que fosse de tarde, a luz do sol iluminava tu…

Repentinamente, a sala ficou escura; olhei por cima do ombro e as janelas estavam tapadas por algo que parecia ser ferro.

— Maravilha. — Tirei o celular do bolso e o agitei.

Sua lanterna ascendeu e só aí, me dei conta de algo que nunca achei que veria na vida. Akane estava abraçada a mim enquanto tremia.

Ela ergueu a cabeça e lentamente abriu os olhos, pelo seu olhar, era nítido que por algum motivo, ela tinha um grande medo do escuro.

— Desgruda! — Tentei a empurrar, mas ela se agarrou firmemente em mim.

— Não! Por favor! Não me deixe aqui sozinha! — gritou Akane.

— Me larga! — A empurrei com tudo.

Ela caiu em algumas mesas e as derrubou, caindo no chão junto a elas.

Akane estava com as mãos no rosto fazendo sons de choros; um flash saiu do meu celular e logo em seguida, comecei a mexer nele.

— Você tirou foto?! — gritou Akane.

— Claro que não. Apenas queria ver se você estava realmente chorando.
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— Irei dar um timeskip na história.

Ehhhh?! Porquê?! Logo agora que está ficando legal! — disse Horikita.

— Porque desse jeito, eu vou ficar falando igual a um tagarela e vocês não vão prestar atenção direito na história.

— Me parece justo — disse Yukari, com as pernas cruzadas e os braços também, mas abaixo de seus peitos.
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Então, eu e Akane estávamos andando pelos corredores silenciosos.

— E-Está vendo alguém ou escutando algo? — disse Akane.

— Não. Já que as janelas estão cobertas por algo que parece metal, nossa única fonte de luz é a lanterna do meu celular, então não dá pra ver muito longe.

Enquanto andávamos, um som alto de algo caindo veio no fundo do corredor.

Eep! — Akane se agarrou no meu braço. — V-Vamos voltar!

Ignorei o pedido dela e continuei andando.

— T-Tá bom então… — Ela agarrou meu braço com mais força.

Parei de andar.

Um longo corredor estava adiante; havia uma luz do teto que piscava; o silêncio já tinha preenchido o local; a atmosfera estava tão densa que dava até mesmo para senti-la me esmagando.

Nossos corações batiam rápido; a escuridão dava a sensação de que havia algo estava nos esperando no fim do corredor.

Guardei o celular no bolso: Isso não parece bom.

De repente, a máscara de uma das pessoas que estava fantasiada é jogada em nossa direção. Peguei a máscara com

— Há! Esse é o melhor que consegue fazer?! — disse Akane, ainda me segurando.

— Akane…

— Você não é de nada, monstrengo feioso! — gritou Akane, com um sorriso de convencida no rosto.

— Akane…

— Você sequer conse…

— Akane! — gritei.

Ela olhou para mim: Hm?

Virei a máscara para ela.

A máscara tinha um líquido vermelho vivo do lado de dentro.

— Isso… é sangue de verdade.

Akane arregalou os olhos e ficou boqueaberta.

— N-Não brinca com essas coisas, Alger.

Então, sons de passos viam do final do corredor em nossa direção, cada vez mais rápido, até uma figura toda em preto sair das sombras, segurando uma faca coberta de sangue.

— O-O quê?! — Akane ficou paralisada no local.

Larguei a máscara; a segurei pelo pulso e disparei para longe da figura sem hesitação.

— E-Espera, tá correndo assim por…

— Akane! Aquilo é uma faca de verdade e coberta com sangue! — Tirei meu celular do bolso e liguei a lanterna.

Enquanto corríamos, eu conseguia escutar a figura gritando palavras mescladas umas das outras, o que aumenta ainda mais o desespero.

Paramos de correr ao darmos de frente com uma sala. Assim que abri a porta e iluminei dentro, haviam várias pessoas com cordas amarradas em seus pescoços suspensas no teto.

Ahhhhh! — gritamos.

Saí correndo junto de Akane e, a cada sala em que entrávamos, viamos a mesma cena inúmeras vezes.

Enquanto corríamos, soltei a mão de Akane e bati a cara no chão.

?! — Olhei para trás e a figura estava me segurando pelo pé.

— Alger! — gritou Akane.

— Akane! Continua correndo! — A figura sentou-se nas minhas costas e me puxou pelo cabelo.

Ela ficou paralisada no lugar, sem saber o que fazer.

Ghh! Akane! Some logo daqu…! — Antes que eu pudesse terminar de falar, eu senti a lâmina fria da faca passando pelo meu pescoço.
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O ser misterioso havia passado a lâmina da faca no pescoço de Alger e… ele revirou seus olhos e bateu a cabeça no chão, parecendo estar morto.

Assim que o ser ergueu a sua cabeça, eu saí do corredor correndo com lágrimas nos olhos que quase borravam a minha visão.

Finalmente, após muito correr eu encontrei uma sala; eu entrei nela e fiquei no canto, perto da janela.

Até então, o mesmo ser de antes aparecer na porta e violentamente abri-la.

Rapidamente, corri para a outra porta mas o ser foi mais rápido que eu e me empurrou com tudo.

— N-Não! Por favor, por favor! Não me machuca! — gritei desesperadamente enquanto de costas pro chão, recuava do ser.

— P-Por favor…! — As lágrimas em meus olhos estavam mais parecendo duas cachoeiras.

O ser não parou; fiquei de costas para a parede e depois, em posição fetal. O ser se agachou e parou na minha frente, com sua faca coberta por sangue.

Ele tirou seu suposto capuz e, ele vestia uma máscara branca, parecia com aquela de um programa chamado “pânico” e aproximou seu rosto de mim.

Abraçei as minhas pernas: Por favor… não me mataa!

A minha voz saiu abafada e quase inaudível pelo choro.

— Feliz Halloween.

E-Eh…?

E-Espera, essa voz…

Ergui a cabeça e, por trás da máscara do ser estava o Alger. Ele está… sorrindo?!

H-Hã?

Das lâmpadas, a luz voltou como uma bomba, clareando tudo; fechei os olhos.

— Meus olhos! — Lentamente os abri e olhei em volta.

As janelas estavam cobertas por um material escuro e… espera, aquilo é TNT?

— O… O que está acontecendo aqui, Alger Reder?!

Ehhh? Você não se lembra que no Halloween passado quem fez uma “travessura” que deixou todos em desespero foi você? — disse Alger enquanto as portas se abriam.

— S-Sim. M-Mas e daí?

— Nós decidimos fazer o mesmo com você — disse Alger, com um sorriso genuíno de felicidade no rosto.

Então, todos da escola foram entrando na sala enquanto riam, incluindo o “ser” que havia “matado” o Alger, que na verdade era só um colega de classe fantasiado.

Escondi o rosto de vergonha.

— Alger, seu maldito! — Minha voz saiu abafada.

Ah, qualé. No fim, foi só uma brincadeira.
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— Foi isso o que aconteceu — disse.

Ehhhh, que sem graça — disse Horikita.

— Realmente. — Makyu se levantou.

— Achei que era realmente algo de verdade — disse Gyomen.

— Mas aconteceu de verdade — falei.

— Final sem sal — falou Yoichi.

Manabu levantou: Não gostei.

Então, todos foram saindo da sala, mas Yukari a última parou na porta e olhou por cima do ombro.

— Esperava mais da história, Alger. — Ela fechou a porta após sair.

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Agora, eu não entendi mais nada.



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