Volume 1

Capítulo 14: Aceitação

Na sociedade, há uma coisa que é feita por alguém ou um grupo de pessoas, chamada de “pressão social”

Não importa o quão forte, habilidoso ou inteligente você seja, há uma parte do cérebro humano que necessita da aprovação alheia.

Quando você recebe aprovação, uma sensação de bem estar, de forma natural, percorre pelo seu corpo.

Mas quando você é rejeitado pela massa, um sentimento de exclusão martela sua mente. As pessoas com base nessa rejeição, podem tomar decisões que seriam imorais.

Um ponto importante de se refletir é se essa rejeição foi causada por você, ou por outra pessoa.

Eu usei a segunda opção.
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Depois de passar no exame e subir de classe, me veio a dúvida: “Será que tem outro motivo para o Vergher decidir que essa seria a melhor forma de ficar entre as melhores escolas do ranking?”

Teoricamente, a ideia de estar na melhor seria que as duplas compartilhassem informações, mas isso não aconteceu.

Então, perguntei diretamente a ele.

Hm? O que quer, Alger? — disse Vergher.

— Pode ser estranho perguntar, mas tem algum outro motivo para você programar esse exame?

Ele ajeita seu óculos: O por que você deve saber disso?

— Porque eu estou curio…

— Eu perguntei o motivo pelo qual você deve saber disso, não se você quer saber — falou Vergher.

— Como assim?

— Você pode ter subido para a classe B, mas passou com a pontuação mínima. Não vejo motivos para eu responder uma pergunta dessas para você — respondeu Vergher.

Isso foi como uma estaca atravessando meu peito.

A-Ah, entendi.

— Saia da minha sala agora, por favor, tenho coisas mais importantes a fazer — disse Vergher.

Como ordenado, saí de sua sala.

Ele nunca havia sido tão frio assim.

— Como foi? — perguntou Yukari.

Antes de perguntar ao diretor sobre o motivo do exame, havíamos combinado de que eu pegaria as respostas, mas falhei.

— Parece que ele só vai contar pra algum aluno importante, assim como você. — Apontei para Yukari.

Hum. O que acha de fazermos outra combinação? — disse Yukari.

?

— Eu tento pegar as respostas diretamente do Vergher, e você escuta a conversa dos professores — propôs Yukari.

No começo, eu havia concordado com a ideia, até algo “interessante” acontecer à minha frente.
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Estava chovendo; de uma janela, eu observava a chuva cair.

— Que clima mais chato — disse.

Tudo estava extremamente chato, até que da antiga sala onde eram guardados os equipamentos de treinos, uma pessoa é jogada para fora e cai no chão.

Ela tinha cabelos castanhos; estava com cortes no abdômen.

Essa pessoa olhou para cima e a chuva batia em seu ros… aquele é o Yoichi?!

O que ele estava fazendo lá dentro e o que aconteceu?

Enquanto ele encarava o céu, de repente, ele dispara em direção a escola.

Considerando os cortes; o sangue no chão, que mesmo pouco, era visível e os hematomas no seu rosto, ele provavelmente deve vir para a enfermaria.

Enquanto eu ouvia gritos, reclamações e xingos, eu também conseguia ouvir seus passos pesados e rápidos se aproximando cada vez mais.

Me espreitei em uma parede, fora do alcance das câmeras.

Aqueles passos altos e acelerados agora estavam parando, e o último som de passo que pude escutar veio do corredor ao lado.

Ainda na parede, coloquei a cabeça para fora do corredor, olhando para o outro corredor; Yoichi estava caído no chão.

Enquanto o encarava, uma vem à minha mente.

Saí do corredor em que estava e fui para o vizinho; Yoichi estava a dois passos da enfermaria.

Calmamente, andei até ele.

Me agachei e o cutuquei: Yoichi?

Ele não respondeu. Dei uma leve balançada em seu ombro.

— Yoichi? — Ele estava inconsciente.

Comecei a sacudir seu corpo.

— Yoichi?! — gritei — Merda!

O peguei pelo braço e o coloquei acima do meu pescoço e o segurei pelo pulso; agarrei sua cintura com a outra mão.

Sua camisa estava aberta, então pude ver os cinco cortes em seu abdômen; estava sangrando, seu pulso estava ficando gelado e sua pele estava pálida.

Com dificuldades, chutei a porta da enfermaria, carregando Yoichi: Doutor!

Ninguém veio.

— Doutor! — chamei novamente, mas ninguém veio.

Caí de joelhos, mas ainda tentando segurar Yoichi.

— Doutoooor! Me ajudaaaa! — gritei.

Então, de trás da sua mesa de recepção, uma porta foi violentamente chutada. O doutor aparecia estava nessa porta.

— Se você fosse adulto, eu te quebraria na porrad… — O olhar furioso dele se torna um de espanto — Mas que porra aconteceu com ele!?

— Eu não sei! Só encontrei ele perto da porta caído!

Rapidamente, o doutor correu até mim; pegou Yoichi, o colocou por cima do ombro e gentilmente, o deitou na cama.

Tch. Ele está pálido, sua respiração e a pulsação estão fracas. — Ele olha para mim — Obrigado por trazê-lo a tempo, eu cuido do resto.

— Tudo bem, eu confio em você — disse.

Me virei, saí pela porta.

Tomei um tempo para respirar; tudo isso foi na hora, mas se eu fiz certo, o doutor vai falar que eu trouxe o Yoichi até aqui e Yoichi vai pensar que eu o salvei.

Mas ele não é burro, já deve saber que irei querer algo em troca, então…

Novamente, aquele sentimento de estar acorrentado martela na minha mente.

O que eu faço para Yoichi não desconfiar que irei querer algo em troca? O que eu posso fazer depois de tê-lo “salvado”?

Preciso pensar em algo, qualquer coisa, mais uma que seja conveniente.

Então, aquela sensação de estar acorrentado some; na minha mente, eu escuto um som de corrente se quebrando.

Tive uma ideia.
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Depois de ter uma nova ideia, fui atrás da Yukari; ela seria de extrema importância para esse plano.

Ela estava reunida com um grupo de garotas.

Tudo para me atrapalhar.

Parei de frente para o grupo; estendi minha mão.

— Yukari, tem algo muito importante que quero te contar.

— Tudo bem, fala — disse Yukari.

— É algo íntimo. — Olhei para ela e pisquei o olho com a minha pálpebra inferior.

Ela suspira: Tudo bem.

Yukari se levanta da cadeira e acena para as garotas que estava conversando; todas estavam confusas.

Eu pego Yukari pela a mão e disparo do local com ela.

Isso pode levar as pessoas a terem uma imagem estranha de nós, mas foda se.

Paramos em um corredor.

— Você pelo menos podia avisar que correria assim, sabia?! Bagunçou todo o meu cabelo! — disse Yukari.

— Foi mal por isso, mas eu preciso de você para um novo plano. Eu posso realizá-lo sozinho, mas com você, tudo será mais divertido.

Minha fala capta a atenção da Yukari; ela logo abre um pequeno sorriso no rosto.

— Então me conte, qual o seu plano? — perguntou Yukari.

— Vamos seguir com o inicial: eu irei escutar a conversa dos professores, mas quero que faça algo por mim também.

— E o que é? — disse Yukari.

— Quero que faça com que todos odeiem o Yoichi — respondi, com um sorriso no rosto.

— Tudo bem, mas como quer que eu faça isso? — perguntou Yukari.

— Você é esperta e em um estalar de dedos, comanda todos os alunos dessa escola. Ou seja, dê seus pulos, mas quero que faça questão dele ser humilhado.

— Minha nossa. O que aconteceu com aquele garoto brigão que eu conheci? Não sabia que ele era tão malvado assim — disse Yukari.

— Malvado? Não, você tem noventa e nove por cento da escola na sua mão, tudo que eu quero é um peão pra mim.

Yukari afunda seu dedo no meu peito: Você tem um ponto. Mas acha que só isso vai fazer as coisas serem divertidas?

— Depois que você humilha-lo, todos farão o mesmo, e a partir daí, eu assumirei o plano. Mas no final, irei força-lo a entrar naquele acordo comigo, e quero que você faça todos parar de odiá-lo.

— Tudo bem. Assim fica mais divertido mesmo — disse Yukari.
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Depois de entrar em uma “negociação” com a Yukari, ela fez uma cena na frente de todos, humilhando o Yoichi e como o esperado, todos fizeram o mesmo.

Menos eu.

Eu havia conseguido reunir pequenas informações, mas importantes, das conversas entre os professores em duas semanas.

No entanto, para colocá-lo em um beco sem saída, após aquela humilhação, eu rabisquei a mesa dele com mensagens ofensivas e o mandando se matar.

Consequentemente, o efeito manada aconteceu: todos começaram a fazer o mesmo, e as mensagens ofensivas viraram ameaças e bullying.

Isso continuou por um mês.

A esse ponto, o psicológico dele já deve estar totalmente abalado; ele estava se escondendo das pessoas, ele tinha perdido muito peso, e quando encontrado por alguém, estava chorando.

Como prometido, passei as informações para a Yukari, mas disse a ela para ir confrontar o diretor diretamente depois que eu tivesse Yoichi como um peão.

A Queen tá mais uma pra uma sádica.

Depois desse um mês, quando completaria dois meses de bullying extremo, resolvi aparecer em um local totalmente vazio: o pátio.

Eu era uma pessoa que havia o salvado e que nunca havia feito esse bullying pesado com ele, diferente dos demais; alguém que não seguiu os caprichos que teoricamente, eram da Queen.

Quando ele me encontrou, rapidamente tentou uma interação.

— O-Oi — disse Yoichi.

Hm? — Olhei para ele.

Yoichi desvia o olhar.

— O que aconteceu com você? — disse.

?! — Ele olhou para mim, com um espanto genuíno.

Fingi estar preocupado e entender seu lado.

— Se bem que, eu posso fazê-los pararem — disse, enquanto coçava o ouvido.

Ele arregalou os olhos.

Depois de fingir entendê-lo, propus uma solução que ele não receberia de ninguém da escola.

— E-Então, por favo…

O interrompi: Espera aí! Eu ainda não terminei!

?

— Te disse que poderia os fazer parar, e realmente posso. Mas com uma condição.

E em seguida eu…

— Eu aceito todas as condições! — gritou Yoichi.

Coloquei meu celular no bolso, me levantei e fiquei de frente para o Yoichi, com um largo sorriso em meu rosto.

O agarrei pelo cabelo e aproximei meu rosto com o dele.

— Você terá que aceitar o meu acordo! — disse Alger.

Eu revelei minha real intenção.

— Vamos, anda logo, Yoichi. A plateia não quer ficar esperando! — Se o cérebro dele ainda estiver funcionando, ele já deve ter descoberto que eu planejei tudo isso.

Tch! — Yoichi estava com uma expressão de raiva.

— T-Tudo bem… — Ele respira fundo — P-Por favor, Alger, vamos fazer…

— Assim não! — O interrompi, dei-lhe um soco e o joguei contra o chão.

Ele caiu de cara no chão; pisei em sua cabeça.

— Implore por esse acordo! Mostre a plateia que você está totalmente submisso a mim! — Fiquei com a expressão séria — Ah menos que você quer que minha ação de te salvar tenha sido em vão.

— Se é isso que deseja, o seu último raio de esperança, bem a sua frente, se apagará e transformarei a vida da sua família em um inferno, e o deixarei sofrer ainda vivo. — Sorri — Até que se mate!

— Se mata logo, cachorro inútil!

— Tentando arrumar outro dono? Morre logo, não planejado!

— A ciência já é capaz de fazer um resto de aborto continuar vivo?!

Gritou a plateia, que assistia ao show das janelas.

— E então, o que vai ser? Você tem total direito de recusar, mas aí, sua antiga vida nunca mais voltará.

Yoichi ficou em silêncio, até ele ficar de joelhos e com as mãos por baixo da testa.

— P-Por, Alger… Vamos fazer esse acordo. Eu só quero minha vida normal de volta, sem ter que ficar me escondendo — disse Yoichi, com a voz trêmula.

Tirei meu pé de sua cabeça; me abaixei, agarrei seu cabelo e ergui sua cabeça; de seus olhos, escorriam lágrimas.

Suas pálpebras inferiores além de estar com olheiras, agora estavam inchadas e avermelhadas; seu nariz escorria; seus lábios tremiam.

Ele estava se segurando para não chorar.

— Você, Yoichi Katake, está de acordo em ser meu primeiro peão, jurando Obediência Absoluta, em troca da minha proteção? — perguntei.

Hmh.

Estendi minha outra mão para ele.

— Então diga “aceito” — sussurrei.

Yoichi estende sua mão trêmula.

— E-E-Eu… — Suas lágrimas agora pareciam uma cachoeira.

Mas ele havia apertado a minha mão.

— Aceito! — gritou Yoichi, o mais alto que pôde.

Soltei seu cabelo; me levantei enquanto ele chorava, de cabeça baixa.

Abri meus braços: Muito bem, pessoal! Vocês ouviram, certo?!

Um largo sorriso se abriu no meu rosto, meus olhos se arregalaram.

— A partir de agora, ele é minha propriedade e estará sob minha proteção, então quem mexer com ele sofrerá graves consequências. Entenderam?!

Enchi meus pulmões de ar: Se alguém tem alguma objeção, então diga!

Todos ficaram em silêncio.

Não pela minha pergunta, mas sim pelo sinal de Yukari; ela estava com a mão levantada.

— Meu peão favorito, tendo um peão como propriedade! Não me deixou mais orgulhosa! — Ela se vira para os demais — É bom que não encostem no brinquedo do Meu peão, entenderam!?

Ela impôs autoridade e medo na multidão.

Boa, Yukari.

Com isso, meu plano está concluído.



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