Prólogo

Capítulo 6: Guerreira Dragão/Vítima de fraude/Gulosa solitária (1)

A orgulhosa raça de dragões tem o dever de servir aos humanos que se tornam heróis e ajudar salvar o mundo.

Porém, não era como se o mundo estivesse em perigo. A guerra entre humanos e demônios terminou décadas antes.

Não havia nenhuma força negra tentando dominar o mundo, e tudo estava em paz.

Mas havia problemas se formando dentro do povo dragão. Muitos deles foram para a guerra como mercenários e a maioria não voltou. Alguns morreram, mas boa parte apenas permaneceu nos reinos humanos.

A aldeia do povo dragão era muito rural. Era uma sociedade muito fechada que levou uma vida simples por centenas de anos.

Os que serviram como mercenários ficaram fascinados pelo reino dos homens, e muitos se apaixonaram pelos humanos e criaram famílias com eles.

Em meio a esse problema com o declínio da população, o chefe da aldeia teve três filhas, uma delas chamada Karan.

Ela tinha uma personalidade alegre, amada por todos e era tão forte quanto qualquer menino.

Ela tinha alguns defeitos, mas era vista como uma guerreira de primeira classe.

Era apenas uma questão de tempo antes que ela começasse a mostrar interesse pelo mundo humano. Por mais forte que ela fosse, isso acontecia apenas nesta pequena sociedade.

Ela queria viajar pelo mundo e testar sua força. Ela foi atraída pelo dever do povo dragão de “servir aos heróis” e decidiu deixar sua aldeia.

Mas Karan se preocupava sobre uma coisa.

Como eles estavam no meio de um declínio populacional, ela deveria poder contar com seus amigos da mesma geração que ela, mas ela não tinha amigos de sua idade. Não havia muitas pessoas saudáveis para trabalhar, e havia muitos idosos.

Ela foi mimada enquanto crescia, então ainda não sabia o quão frio o mundo era e como as pessoas podiam ser feias.

 

****

 

Karan balançou sua grande espada de duas mãos.

“Toma isso!!! < Doragonsurasshu>”

Mesmo a casca dura da ‘Shirubashiza’ não conseguiu protegê-la de ser cortada em duas pelo golpe vertical de Karan com sua espada super pesada.

Mas não foi apenas um golpe normal, a parte onde o monstro foi cortado foi queimada.

Esta era a técnica especial de Karan, usando sua ‘Dragonbone Sword’ com proteção divina do dragão de fogo para queimar seu oponente.

“Bom trabalho, Karan! Impressionante!” (???)

“Essa classificação S não é apenas para exibição!” (???)

“Esse é nossa Karan! Esse é a nossa Karan!” (???)

“Fufu, não me elogie tanto.” (Karan)

Karan sorriu com orgulho mesmo dizendo isso.

Os homens cumprimentando Karan pegaram as facas e começaram a desmontar habilmente a ‘Shirubashiza’ para extrair materiais dela.

Esse monstro parecia uma fusão de besouro com veado, era prateado e tinha uma altura aproximada de um metro.

Seja um ataque direto ou mágico, deve ser muito poderoso o para danificá-lo. Nem todos podem fazer isso, e é isso que torna a recompensa tão boa

Sua tesoura e exoesqueleto eram duros como ferro e macios como resina, e valiam um bom preço.

Karan e seu grupo estavam em uma dungeon conhecida como ‘Inja Hebi No Tsubo’, que tinha muitos inimigos poderosos como a ‘Shirubashiza’ e era conhecida por ser lucrativa para os aventureiros.

“…Ei Joji, está tudo bem eu não ajudar a coletar os materiais?” (Karan)

“Deixe os batedores cuidarem disso. Apenas sente-se, relaxe e se prepare para a próxima batalha, Srta. Karan.” (Joji)

“Ah, tudo bem.” (Karan)

Depois que Karan deixou sua aldeia, ela pegou uma carona para a Cidade do Labirinto em uma caravana de mercadores, onde serviu como guarda.

Um lugar como Teren, que tinha pessoas fortes e aceitava estranhos, era perfeito para ela, mas Karan não sabia muito sobre o mundo e não era muito inteligente.

Ela não sabia como ganhar dinheiro e recebeu ajuda de…

“Obrigado, Kariosu!” (Karan)

“O que? É tudo porque você é tão forte, Karan! Estou contando com você!” (Kariosu)

A party era liderada pelo guerreiro Kariosu, ‘Howaitoheran’.

Kariosu era um homem loiro, bonito e de aparência jovem.

Ele salvou Karan, que não sabia diferenciar a esquerda da direita, e deu a ela um lugar para ficar, comida e trabalho.

Seus outros parceiros também eram importantes para ela. Karan ficou extremamente grata por encontrar essas pessoas.

Ela só tinha uma pequena reclamação.

“Mas posso pelo menos ajudar um pouco com nossas tarefas…” (Karan)

“Você não sabe ler, escrever ou fazer cálculos certos? Você pode deixar esse tipo de coisa para as pessoas que sabem.” (Kariosu)

“Bem, sim, mas…” (Karan)

Kariosu não deixava Karan fazer as tarefas.

Karan era uma guerreira esplêndida. Ela foi abençoada com um bom físico e dedicação para continuar trabalhando duro.

Ela não tinha problemas em passar pelas dungeons de rank C que causavam muitos problemas para novos aventureiros, mas apesar de sua força, ela não tinha nem quinze anos e não se sentia bem em colocar outras pessoas para trabalhar assim.

Ela estava feliz que as pessoas estavam confiando nela, mas ainda se sentia confusa por dentro.

“Esqueça isso, há um adversário difícil no próximo andar. Conto com você, Karan.” (Kariosu)

“…Sim. Deixe para mim!” (Karan)

Quando Kariosu colocou a mão em seu ombro e disse ‘conto com você’, a hesitação de Karan desapareceu.

Ela queria fazer tudo o que pudesse para ajudá-lo.

“Ouça, há um boss no andar seguinte, chamado ‘Pottosuneku’ e é muito forte. Você sabe sobre isso?” (Kariosu)

“Eu não.” (Karan)

“É uma cobra que se esconde em um pote maior que uma pessoa. É muito cautelosa, por isso se esconde no pote onde ninguém pode tocá-la.” (Kariosu)

“Se esconde em um pote…? Você não pode usar magia?” (Karan)

“Não, a magia ricocheteia no pote.” (Kariosu)

“Então o que deveríamos fazer?” (Karan)

“É simples, se você bater no pote o mais forte que puder, a cobra sairá e perseguirá aquele que a atingiu. É quando a abatemos.” (Kariosu)

“…Então isso significa…” (Karan)

“Desculpe, mas… Você pode se arriscar por nós? Claro, você tem nosso suporte. Joji e Bamu vão ajudar, certo?” (Kariosu)

“Sim, confie em nós! Vou atirar fogo com minha magia!” (Joji)

“Eu vou te curar!” (Bamu)

Joji era um feiticeiro baixo e robusto que se especializou em magia de fogo.

Bamu era um sacerdote, ele era um pouco narcisista, mas fazia um trabalho bom.

Para Karan, esses dois eram parceiros muito importantes, então, quando pediram para confiar neles…

“…Tudo bem, eu vou fazer isso!” (Karan)

Karan decidiu parar de pensar tanto e apenas dar o seu melhor.

 

 ****

 

O boss do ‘Inja Hebi No Tsubo’, a ‘Pottosuneku’, estava esperando no último andar.

Era um inimigo problemático e qualquer aventureiro que o derrotasse era visto com respeito.

O grupo ‘Howaitoheran’ geralmente caçava em dungeons de rank D, então enfrentar o chefe de uma dungeon de rank C foi um pouco imprudente.

Ataques fortes que perfuram as escamas, um sacerdote que pode curar venenos poderosos, agilidade para acompanhar seus movimentos rápidos, habilidades de liderança para não se descuidar na décima primeira hora.

Você não poderia derrotá-lo sem as habilidades individuais e de grupo necessárias.

“Tudo bem, Karan, exatamente como planejamos. Guarde o golpe do dragão de fogo para o fim.” (Kariosu)

Mas havia uma maneira segura de vencê-la. Muitas pessoas não sabiam sobre isso, e menos ainda fariam isso.

“Deixe comigo, Karios!” (Karan)

Karan agarrou o enorme pote onde a cobra estava se escondendo tão forte quanto podia, e ela caiu.

“Shaaaa!!!!”  (Boss)

A cobra saltou com uma expressão enfurecida.

“Tudo bem. Tenha cuidado, Karan!” (Kariosu)

“Sim!” (Karan)

A cobra do pote estava atrás da pessoa que a derrubou. Basicamente, estava focada em Karan.

Ela atacou de frente, como se estivesse tentando engolir Karan, mas ela bloqueou seu ataque com sua espada enorme.

O povo dragão é muito mais forte do que os humanos, então uma cobra como aquela não era nada para um guerreiro adulto.

Karan ainda estava crescendo, mas ela podia repelir seus ataques.

“Certo, apoie-a!” (Kariosu)

Kariosu gritou e Joji atirou uma bola de fogo. A cobra estava focada em Karan, então foi um golpe direto.

“Shaaaa!!!” (Boss)

A cobra olhou para os aventureiros com uma expressão ainda mais irritada e então, algo estranho aconteceu.

O corpo da cobra começou a brilhar com uma cor verde venenosa.

“Kariosu! O que é isso!?” (Karan)

“É só uma tentativa de intimidar você! Estamos nos preparando para terminar, então mantenha ela ocupada!” (Kariosu)

“T-tudo bem!” (Karan)

Ela sentiu uma estranha inquietação no peito, mas ainda estava contra a cobra, embora as escamas estivessem impedindo que seus cortes causassem muitos danos.

O plano com o qual eles concordaram era que Karan servisse como isca e parasse os ataques da cobra, Joji a apoiasse com magia de fogo e Bamu lançasse magia de suporte em Kariosu para fortalecê-lo pra que ele pudesse derrubar a cobra com um ataque.

…Ou pelo menos era esse o plano.

“Kariosu! Ainda não!?” (Karan)

Karan chamou por ele, mas não olhou para trás.

Ela confiava nele.

Enquanto Karan estava ocupada lutando, os homens recuaram silenciosamente.

“Shaaaaaa !!!”

Foi então que a cobra abriu tanto a boca que quase quebrou a mandíbula e espalhou uma névoa verde venenosa.

“O-o que é isso…!? Kariosu… Socorro… ” (Karan)

Quando a cobra do pote se sentiu mais ameaçada e com raiva, espalhou o veneno em torno de si mesma.

Este foi um veneno muito poderoso que a cobra criou dentro do pote ao misturar seu próprio veneno com insetos venenosos e flores encontradas na dungeon.

Mas esse também era seu ponto fraco.

Como é mantido dentro do pote, uma vez que for usado, a cobra não poderá usá-lo novamente por um tempo.

Esse veneno também servia como energia para a cobra, que ficava mais fraca depois de usá-lo.

Existem algumas maneiras de lidar com isso. Você poderia matá-lo com um golpe antes que tivesse a chance de usar o veneno, lançar uma forte magia de defesa anti-veneno ou…

“…Tudo bem, uma vez que a névoa se dissipar, não será mais um problema.” (Kariosu)

“Correu muito bem.” (Joji)

Sacrificando a vanguarda.

“Desculpe, Karan, mas você viu o que aconteceu com a cobra graças a você. Ou acho que devo dizer, o que a cobra fez com você?” (Kariosu)

“P-po-por-quê…?” (Karan)

Karan não conseguia nem mover um dedo.

Ela mal podia ouvir o riso de Kariosu.

“Ela ainda está falando… É porque aquela coisa não tinha muito veneno dentro?” (Bamu)

“O veneno funciona mais devagar no povo dragão. Não se preocupe, ainda é letal.” (Kariosu)

Kariosu ficou surpreso ao ver como Karan estava, mas havia algo que precisava ser feito.

A cobra ficou inerte, assim como Karan, então Kariosu deu o golpe final e habilmente cortou qualquer coisa que pudesse vender.

Foi quando Karan pensou, [esse era o plano para derrotá-lo, eles apenas mantiveram em segredo para que eu não tivesse medo do veneno. Agora que acabou, eles vão me curar e…].

“Acho que é hora de ir.” (Joji)

“Sim.” (Kariosu)

Kariosu e os outros partiram sem piedade.

“Você está ficando muito bom nisso, Reo.” (Joji)

“Pare com isso, ainda sou Kariosu.” (Reo/Kariosu)

“Ter que lembrar o nome certo de te chamar você é um incômodo.” (Joji)

Karan ouviu uma risada vulgar, e quando ela parou de ouvir aquela voz suave, ela foi deixada completamente sozinha com um monstro morto deitado ao lado dela. Não havia mais nada, ela não conseguia ouvir nada.

“Espere… Alguém… me… aju… da…” (Karan)

Mas ninguém podia ouvir o sofrimento de Karan.



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