Prólogo
Capítulo 11: Sacerdote/Falsamente acusado de pedofilia/Semu do distrito comum da Luz Vermelha (3)
“Você deveria ir para a Cidade do Labirinto e se tornar um aventureiro.” (Verukia)
Ouviu Semu, ao acordar na manhã seguinte.
“Com habilidades de cura como essa, você poderia ganhar um bom dinheiro aqui, mas seria melhor em outro lugar, sabe?” (Verukia)
“Bem, sim.” (Semu)
Semu aprendeu com Verukia o que era ser preso por uma mulher.
Ele era jovem e gostava dessa situação. Na verdade, se ele não sentisse prazer com algo, mais cedo ou mais tarde ele teria desmaiado ou se enforcado.
Se ainda fosse padre, estaria se atormentando com sentimentos de culpa. Mas agora, ele era apenas um ex-padre alheio, ele sentia que poderia se perdoar por buscar conforto no seio de um humano.
Naquele momento, Semu despejou para Verukia tudo o que aconteceu com ele.
Não apenas as falsas acusações que se abateram sobre ele, mas também sobre como ele queria limpar seu nome e voltar a ser um padre honrado, mas sabia que seria muito difícil, ele sabia que deveria perdoar aqueles que o injustiçaram e refletir sobre suas ações, mas ainda odiava tanto Miruru por incriminá-lo que queria matá-la, como ele se ressentia profundamente do povo de Rodiane, mesmo daqueles que eram inocentes, como ele não tinha esperança para o futuro…
Semu não percebeu que estava revelando a escuridão em seu coração, e Verukia se sentiu aliviada e inquieta.
Se Verukia não dormisse com Semu, era provável que ele tivesse se desesperado e morrido em uma esquina em algum lugar.
Ele foi traído e magoado, mas sua crença de curar outras pessoas estava profundamente enraizada nele, e ele não podia abandoná-la. Seria uma pena se uma pessoa tão boa como Semu, que era rápida em tratar um estranho aleatório que ele nunca conheceu, morresse.
Sua inquietação vinha do fato de que não parecia que ela havia salvado completamente o coração de Semu.
Verukia não dormia com todos os homens como Semu que passavam por sua pousada, mas também não era tão raro. Ela cuidou de homens que tropeçaram em sua pousada algumas vezes antes.
Mas se ela deixasse ele ficar e continuasse a cuidar dele e apoiá-lo, isso certamente não acabaria bem. Uma coisa é passar uma noite juntos, mas Verukia não tinha confiança suficiente em sua fidelidade para acreditar que ela não iria partir o coração dele eventualmente.
Ela também não achava que ele era o tipo de homem que poderia passar seus dias se entregando aos cuidados de uma mulher. Basicamente, Semu era muito “pesado” para ela.
“Encontre parceiros, apaixone-se, divirta-se e veja o mundo. Quando eu era jovem, também tive muitas aventuras, e agora é um bom momento para você ir para a Cidade do Labirinto. Tenho certeza de que alguém com suas habilidades de cura não terá problemas para encontrar trabalho.”
Foi por isso que Verukia recomendou que Semu se tornasse um aventureiro.
Não foi difícil chegar a essa conclusão, alguém com uma história de fundo como a dele era um candidato perfeito para se tornar um aventureiro.
“Mas… Eu preciso pagar minha dívida com você, se não fosse por você, eu…” (Semu)
“Você cuidou da minha dor nas costas de graça, então estamos quites. Agora vá, um homem tem que olhar para frente e viajar.” (Verukia)
Essas foram as palavras de despedida de Verukia para Semu.
****
Semu chegou à Cidade do Labirinto, e era a cidade mais próspera e animada que ele já vira.
Havia mercadores, aventureiros, eruditos feiticeiros, tendas de circo com palhaços em maquiagens estranhas, sacerdotes, vagabundos etc. A maioria era humano, mas híbridos não eram raros.
Era uma mistura de raças e ocupações.
“Vamos ficar na pousada em frente à guilda de aventureiros.”
Nesse ponto, Semu não precisava se preocupar com dinheiro. No caminho da pousada de Verukia para a cidade do Labirinto, ele ganhou dinheiro usando sua magia de cura e conhecimento de ervas medicinais.
Sem percebeu que tratar as pessoas de graça iria atrair suspeitas infundadas e causar problemas, então ele tratava as pessoas com sua magia e ervas medicinais por um pouco menos do que o preço de mercado e embolsava o dinheiro. Ainda assim, como ele não precisava pagar à igreja, ele ganhou mais dinheiro do que precisava.
Pessoas que consertam feridas e lutam contra doenças sempre foram muito procuradas.
“Parece que também posso ter uma vida noturna”.
Semu soltou uma pequena risada.
Quando ele deixou a pousada de Verukia, ele descobriu um novo passatempo, brincar com mulheres.
Ele ia a lugares onde as mulheres lhe serviam bebidas, e se ele encontrava alguém legal, ele flertava e passava a noite com ela.
Era um estilo de vida impensável na época em que era padre, mas ele achava que naquele momento, também poderia se divertir um pouco.
Ele não tinha mais escrúpulos em usar suas habilidades de cura para obter lucro. Sua castidade foi deixada com Verukia, e ele não se sentia nem um pouco mal por pagar mulheres para servirem bebidas para ele.
Ele ainda tinha bondade suficiente para estender a mão às pessoas que sofriam, mas era inegavelmente um padre pecador.
A única coisa que não foi embora foi seu medo das garotas de treze anos.
Apenas ficar na frente de uma era o suficiente para lembrá-lo daquela que arruinou sua vida, Miruru, e o suficiente para fazer suas mãos começarem a tremer.
Semu continuou curtindo a vida noturna da cidade enquanto evitava as meninas, mas ele ainda não estava acostumado com esta vida e estava aprendendo lentamente enquanto se queimava.
Por um tempo ele se divertiu e até encontrou lugares que ofereciam um bom serviço a preços baixos, mas teve um rude despertar por volta do quinto lugar que visitou.
“Vinte mil dinares!? Isso é demais…!! ” (Semu)
“Cara, este lugar não é como aqueles outros que só têm garotas de fazenda fedendo a batata, esse é o negócio real. Esta aqui ‘borboleta da meia-noite’ tem as garotas mais bonitas de toda a cidade. Não pense que vinte mil dinares é demais para uma diversão de verdade.” (Atendente)
“M-Mas me disseram dois mil no início…” (Semu)
“Ah!?” (Atendente)
Esta era a Cidade do Labirinto à noite.
Semu suspirou para a empregada do bar que o ameaçava. Ele estava cara a cara com um vigarista.
“T-Tudo bem. Eu vou pagar” (Semu)
“Basta fazer isso sem causar confusão.” (Atendente)
O funcionário musculoso sorriu, mas Semu não era mais apenas um cara legal fácil de enganar.
“Mas você sabe, aquela garota que se sentou na minha mesa… Alicia, certo?” (Semu)
“Você não vai tentar cortar o preço reclamando das nossas garotas, vai?” (Atendente)
“Olhando para a congestão de sangue em seus olhos, eu diria que ela está doente. Ela riu dizendo que era só porque ela bebeu demais, mas eu não acho que seja verdade.” (Semu)
“…Que bobagem é essa?” (Atendente)
“Eu diria que é provavelmente a doença do demônio amarelo. Ela começará a apresentar sintomas como vômitos em três dias e infectará todas as pessoas em que tocar. Não é fatal para adultos, mas deixará as pessoas fora de serviço por semanas, e idosos e pessoas fisicamente fracas provavelmente morrerão.” (Semu)
“…”
A doença do diabo amarelo era uma doença sexualmente transmissível, muito difamada nos distritos da Luz Vermelha.
Embora seus sintomas fossem sérios, não era fatal, mas era difícil de diagnosticar precocemente.
Basicamente, com suas habilidades de diagnóstico, Semu percebeu que tinha 60% de chance de acertar, e era difícil dizer se ela realmente não tinha bebido muito.
Ele apenas casualmente disse a ela que ela deveria consultar um curandeiro para checar apenas no caso, e não tinha intenção de trazer isso à tona, mas agora ele não tinha escolha a não ser usá-lo para intimidá-lo.
As palavras de Semu foram suficientes para assustar o funcionário.
Se ela realmente estivesse doente, ficaria acamada com febre e vômitos por um longo tempo, e eles não poderiam tê-la trabalhando, caso ela transmitisse a infecção ao tocar em outras pessoas.
Nesse tipo de trabalho, se as meninas não pudessem fazer seu trabalho por um mês, não seriam capazes de se sustentar, e os negócios que as empregavam estariam perdidos.
“Acho que seria melhor tratá-la o mais rápido possível. Devo usar minhas ervas e magia de cura?” (Semu)
****
Para o bem ou para o mal, a menina realmente tinha febre do demônio amarelo e o remédio funcionava rapidamente.
Ele deixou o local assim que terminou de tratá-la. Havia uma boa chance de eles acharem uma desculpa para não pagar o tratamento e fazê-lo pagar os vinte mil dinares, então Semu esperou que eles se distraíssem para escapar. O tratamento custaria apenas cerca de dois ou três mil dinares, então não seria o suficiente para cobrir os vinte mil, mas ele estava se acostumando com este mundo e não deixava que isso o incomodasse.
Mas mesmo depois de escapar dessa tentativa de enganá-lo, Semu estava chegando ao limite de quanto ele poderia apenas brincar.
“É hora de começar a trabalhar…”
Semu fez seu caminho para a guilda de aventureiros iniciantes.
Ele ouviu de uma garota em um bar de recepcionistas que as pessoas que querem ser aventureiras na Cidade do Labirinto geralmente vão lá. Ele poderia ganhar dinheiro como curandeiro, mas o que realmente o impulsionou foi a promessa que fez a Verukia.
“…Então você precisa de uma party para explorar labirintos.” (Verukia)
“Ahh, é mesmo…” (Semu)
“Se você pode usar magia de cura, tenho certeza que não terá problemas para encontrar parceiros.”
Semu não sabia nada sobre como ser um aventureiro, então ele conversou com outras pessoas para tentar encontrar parceiros, mas nenhum iniciante formaria um grupo com ele.
Ele ficou acordado até tarde em um bar de recepcionistas na noite anterior e só dormiu quatro horas em uma pousada barata qualquer. Ele ainda estava bêbado e o cheiro de maquiagem persistia em seu corpo. Todos ficaram surpresos com o absurdo do que era claramente alguém voltando de um bar de recepcionistas vestido de padre.
Os olhos das pessoas ao seu redor olhando para ele com desconfiança eram como um pesadelo para ele. Isso o lembrou de como as pessoas o olhavam quando foi expulso de Rodiane.
“…Talvez eu não tenha sido talhado para ser um aventureiro. Por que Verukia me disse que isso era uma boa ideia?”
A procura de parceiros enquanto estava exasperado trouxe um ciclo vicioso e logo chegou a hora da guilda fechar.
Todos, os que encontraram uma party e os que não, foram para a taverna ao lado depois que a guilda fechou. Semu não tinha comido nada desde a noite anterior e estava com fome, então foi junto com eles.
Mas a comida era ainda pior do que a que ele comia na igreja, e o ambiente ao seu redor só agravava a situação.
Os três aventureiros sentados consigo tinham o mesmo olhar sombrio em seus rostos.
Isso estava tão escuro quanto a prisão.
Em contraste, as outras mesas eram claras e animadas.
“Eu sou um sacerdote e uso magia de cura ao estilo Roeru, então não é muito poderosa, mas posso usá-la muitas vezes!” (Grupo de aventureiros)
“Você parece muito confiável! Eu sou um guerreiro com machado e matei cerca de cem koboruzo em minha cidade natal.” (Grupo de aventureiros)
“De agora em diante somos uma party, não, família!” (Grupo de aventureiros)
Família.
Essa palavra fez Semu ferver de raiva.
As pessoas criadas no templo deveriam ser sua família.
Ou ele foi abandonado por seus pais, ou eles estavam mortos, mas os filhos criados sob a proteção divina de Deus deveriam ser seus irmãos, e as pessoas que controlam o templo deveriam ser seus pais. Para alguém que foi traído por sua família, as vozes felizes daqueles aventureiros não passavam de irritantes.
Família?
Absurdo.
Essa confiança infantil só fará com que você seja traído mais cedo ou mais tarde.
““ ““ Não se pode confiar em humanos!!!! ”” ””