Volume 1
Capítulo 1: Amnésia
Capítulo 1: Sem memórias
A única lembrança que persistia em sua mente era a visão de estar deitado na grama, cercado por flores que exalavam um aroma doce pelo ar. O rapaz contemplava o céu, uma exibição deslumbrante de azul salpicado por algumas nuvens tão brancas quanto a neve. Enquanto desfrutava da sensação reconfortante do gramado sob ele e da fragrância das flores, uma pergunta ecoava em sua mente: Onde estou? Em questão de segundos, essa indagação se transformou em algo mais profundo: Quem sou eu? A perplexidade o envolveu. Talvez, pensou ele, se pudesse se levantar e explorar ao redor, encontraria respostas para pelo menos uma dessas perguntas.
Erguendo-se com cuidado, experimentou dores por todo o corpo, cuja origem lhe escapava da memória. Ao se pôr de pé, percebeu que o cenário ao seu redor consistia inteiramente de flores violetas com múltiplas pétalas. Ao abaixar-se para examinar uma delas, notou uma pequena bolsa camuflada entre os campos floridos. Esticou a mão para alcançá-la, mas uma dor aguda percorreu seu corpo, obrigando-o a sentar-se no gramado para suportar o desconforto. Após a agonia se dissipar, esticou novamente a mão, conseguindo finalmente pegar a bolsa.
Ao abri-la, deparou-se com dois cadernos, vários lápis, uma caneta-tinteiro e um mapa. Optou pelo caderno adornado com uma flor desenhada na capa, na esperança de encontrar pistas sobre sua identidade e a razão pela qual estava naquele lugar. Ao folhear o caderno, deparou-se com a primeira página, onde estava inscrito: "Propriedade de Austin L.". Ele refletiu por um momento: Será esse o meu nome? Ao virar mais uma página, encontrou um desenho da "Donzela Roxa", a flor que o cercava, acompanhado por anotações detalhadas sobre ela
A Donzela Roxa é uma flor encantadora que se destaca por sua beleza singular e aura misteriosa. Suas pétalas exibem um tom profundo de roxo, mergulhado em uma tonalidade que evoca elegância e mistério. Cada pétala parece ser cuidadosamente entrelaçada, criando uma exuberante e harmônica flor. A textura das pétalas é suave ao toque, como seda delicada, e sua aparência é quase etérea, como se a flor carregasse consigo um toque de magia.
A "Donzela Roxa" recebe seu nome peculiar devido a uma lenda antiga que a envolve, transmitida através das gerações. Diz-se que, há muito tempo, uma jovem donzela de rara beleza estava destinada a proteger as terras onde essa flor floresce abundantemente. Seus cabelos eram um roxo puro, e seus olhos refletiam a profundidade do céu noturno. Essa donzela, conhecida como a "Donzela Roxa", tinha uma ligação especial com as flores que cresciam ao seu redor, em particular com aquela que compartilhava seu nome.
Há muito tempo, existiu uma princesa chamada Violet, com cabelos roxos únicos, longos e encantadores. Em uma visita real, ela sofreu um acidente. Karen, a segunda princesa na fila, tornou-se a escolhida do Rei e eventualmente sua Rainha. Juntos, enfrentaram desafios e se tornaram um dos maiores impérios do continente, com a Rainha Karen sendo lembrada como uma heroína.
Austin ponderou sobre essa história peculiar que encontrará. Parecia desconexa com o início de sua própria jornada. Por que apresentar uma personagem no começo apenas para vê-la morrer sem relevância aparente? A confusão o dominou, e subitamente, uma dor intensa varreu seu corpo. No auge do sofrimento, ele lutou para manter a consciência, mordendo os lábios até sangrarem. Quando despertou, as horas já haviam se passado, e o sol se preparava para se pôr. A dor havia diminuído, permitindo-lhe endireitar-se no gramado. Ao pegar o caderno que caíra durante a súbita agonia, abriu-o na página em que estava lendo. Contudo, ao virar mais uma página, percebeu que todas as seguintes estavam em branco.
Estranho, pensou ele. Bem, ainda tenho o outro caderno.
Ele guardou cuidadosamente o caderno com o conto escrito de volta na bolsa e pegou o outro caderno. Uma pedra azul estava presa à capa, chamando sua atenção. Ao abri-lo, deparou-se com as mesmas palavras na primeira página: "Propriedade de Austin L". Abaixo disso, encontrou a palavra "Diário". Determinado, virou a página.
“Dia 1”
Bem, este será o caderno onde vou anotar todas as minhas descobertas. Ah, aliás, deixa eu me apresentar para o meu querido diário. Me chamo Austin L, tenho 17 anos. Atualmente, eu viajo fazendo pequenos truques em reinos como meu ganha-pão, mas isso não é importante. O único motivo de eu viajar de reino em reino é pelos contos e lendas que são contados. Cada história possui algo especial; para alguns, podem ser só algo inventado, mas para mim são mais que isso, são histórias reais! Meu sonho é conseguir registrar todas as histórias em meus cadernos para ver cada tipo de aventuras que são contadas pelo mundo. Acho que talvez tenha herdado essa vontade do meu pai. Mas enfim, está na hora de eu fazer alguns truques para ganhar alguma moeda e comprar um pão, porque já estou ficando com fome.
Austin virou mais uma página, mas ela estava em branco. Ele virou outra, e mais uma vez, estava em branco. A frustração crescia dentro dele, pois este caderno deveria conter muitas informações sobre ele, sobre aquele lugar, sobre tudo. Mas as páginas estavam inexplicavelmente vazias. Ele continuou virando as páginas rapidamente, buscando algo mais, até que finalmente encontrou:
“Dia 36”
Tem algo estranho acontecendo. Todos os contos e lendas que eu anotei sumiram! Tudo! E algo mais estranho: a história de todos mudaram! Simplesmente do dia para a noite. Como isso é possível? Eu não faço ideia. Não importa quanto eu pergunte para as pessoas, ninguém conhece a 'história original'. Simplesmente mudaram o rumo e o desfecho. Isso não está certo. Eu preciso descobrir o motivo por que isso aconteceu. Eu tenho que descobrir.
A perplexidade tomou conta de Austin ao ler as palavras escritas em seu próprio diário. A sensação de desorientação misturou-se à determinação. Algo incomum estava acontecendo, algo que não apenas afetava suas memórias, mas também as histórias que ele tanto valorizava. Um novo mistério se apresentava diante dele, e Austin sentiu que estava diante de uma jornada para desvendar os segredos que envolviam não apenas seu passado, mas também o tecido das narrativas que o fascinavam.