Volume 2

Capítulo 87: Estranhos companheiros de cama. (2)

No que diz respeito a localização do Ducado Delpinion, poderia dizer que estava logo ao lado de Haramark. O laboratório em si era localizado no extremo nordeste do território do ducado, e isto não era tão longe das próprias bordas de Haramark.

Foi um grande golpe de sorte Seol conseguir escapar com Teresa. Ela poderia não ser uma arqueira, mas, felizmente, ela era bem versada na topografia local, e assim não havia necessidade de se preocupar em ir na direção errada.

— Não temos muito tempo restante.

Ela propôs que fossem pela rota mais curta para o Vale do Arden, que estava localizado na região da fronteira, então era próximo. Mais importante, havia a Fortaleza Arden lá. Já que havia uma nova estrutura em construção, havia quantidade ampla de recursos estocados, e devido o incidente anterior, poderosas forças de combate estavam estacionadas lá também.

Teresa recomentou que eles marchassem, dizendo que se eles fossem sem pausa chegariam ao destino cedo do quinto dia e no mais tardar no sexto dia.

**

O primeiro dia deles foi livre de problema.

Apesar de ser apenas a periferia, Seol ainda conseguiu ver como as regiões controladas pelos Parasitas pareciam. A avaliação que ele deu após andar por um dia todo? Um ‘mundo morto’.

Nenhum sinal de vitalidade poderia ser visto. O solo acinzentado que tocava os pés dele estava além de afundado e era duro como rocha. Todas as lâminas de grama que ele viu eram amarelas e secas. Na rara ocasião que ele viu uma arvore, ela era fina e dessecada como se fossem uma maçã mordida por um rato.

Teresa o avisou para não tocar descuidadamente em nada, para evitar o risco. Mas ela também acrescentou que a condição do Ducado Delpinion era comparativamente melhor que os outros lugares. Ela disse que as mudanças nas condições do império, agora servindo como centro dos Parasitas, não poderiam ser imaginadas e deixou um suspiro escapar dos lábios.

Seol decidiu se concentrar em andar. Ele simplesmente queria sair daquele lugar infernal o mais rápido que podia.

**

Por volta do segundo dia.

Ele adicionou algo a avaliação. As mudanças de temperatura entre dia e noite eram extremas para dizer o mínimo.

Quando o entardecer chegou, a temperatura despencou. Era terrivelmente frio. Vapor branco saia sempre que eles abriam a boca.

O frio se aprofundou com o avanço da noite. Era tão frio que pela primeira vez na vida, Seol experimentou o fenômeno de não conseguir dormir por causa do frio.

Anteriormente, quanto ele era militar, ele tinha que participar no traino de inverno na natureza que acontecia no meio de uma montanha congelada. Mas nem isso era tão frio quanto o local em que ele estava naquele momento.

Não apenas o frio entrou no corpo dele, mas parecia que estava mastigando os seus ossos e cavando sua medula óssea. Ele até mesmo teve uma alucinação de sofrer uma mordida do frio e assistir seus dedos do pé caírem por si mesmos.

Durante o amanhecer daquela noite, os dois se amontoaram juntos sem saber quem tinha começado aquilo. Eles não tinham escolha. Na frente da necessidade real de sobreviver, coisas como vergonha ou honra foram jogadas pela janela.

Os dentes do jovem tremiam sozinho devido ao frio, mas ele se forçou a fechar os olhos e descansar.

Ele estava a um passo de ficar insano. A única fonte de conforto que tinha era o fraco calor transmitido através da pele encostada na dele, e a sensação suave envolta do pescoço e costas dele.

**

Terceiro dia.

Teresa continuou o encorajando por dizer que estavam perto e que eles precisavam apenas se esforçarem um pouco mais. Seol sabia que ela estava em uma situação ainda pior que a dele, então ele fez o melhor para não mostrar sua luta.

Infelizmente, o temido evento que eles temiam veio. Pela primeira vez durante a jornada deles, seus ‘Nine Eyes’ mostrou a cor amarela para o horizonte distante. Considerando que eles ainda estavam no território inimigo, havia uma grande chance da cor se tornar ainda mais severa.

“O que devemos fazer agora?”

Enquanto ele ficou ali deliberadamente, a região amarela se alargou. Não, ele deveria dizer que se aproximou? Rapidamente, a cor amarela virou laranja, então tornou-se um vermelho carmesim instantaneamente. Seol assustou-se e apressadamente agarrou a mão de Teresa.

— Princesa!

—S-sim?

— Precisamos nós retirar imediatamente.

— Retirar?!

Teresa formou um face confusa de alguém perguntando, ‘do que você está falando?’

Ele estava sem tempo, então ele simplesmente a arrastou pra se esconder atrás de um pedregulho. Ela permaneceu confusa, mas a expressão dela endureceu rapidamente após ouvir o bater de azas. Seol apontou para cima.

— …oh, meu deus…

Os olhos dela se arregalaram como grandes sinos. Estranhas formas de vida cobriram o céu como um enxame de gafanhotos indo na direção deles. Como se eles estivessem apenas escoltando a área, o enxame circulou ao redor uma vez e se retirou para o oeste.

Eles nunca pensaram que seria fácil, mas agora que viram contra o que estavam com os próprios olhos, bem, isso estava além da expectativa deles.

— …Eu cometi um erro.

Teresa murmurou em transe.

— Eu pensei que com o laboratório tendo sido destruído, não haveriam patrulhas na fronteira…

Era o exato oposto. O número deles aumentou ainda mais.

—…Ainda assim, vamos continuar.

Seol agarrou o ródio ao redor do pescoço dele. Apenas uma quantidade do tamanho de uma unha tinha sido deixada, mas ainda poderia ser usado.

— Daqui em diante, deixe-me guiar.

Ele também decidiu deixar sua habilidade ativa o tempo todo.

Teresa espiou para ele. Como ele detectou a aproximação dos inimigos? Ele nem mesmo era um arqueiro.

A curiosidade dela tinha sido despertada, mas, ao invés de perguntar, ela simplesmente acenou.

**

Quarto dia.

A água deles tinha acabado. Eles já estavam feridos, e agora que eles estavam em uma marcha forçada, o corpo deles demandava ser reidratado com maior frequência que o usual.

Inicialmente, eles tomaram pequenos goles para molhar a garganta se a sede fosse muita. Mas isso implicava que o suprimento deles acabaria muito rápido, então concordaram em cuspir de volta no cantinho após bocejar dentro da boca deles. E eventualmente, eles terminaram apenas molhando os lábios e era isso.

Eles tentaram tanto conservar a água deles, mas, no fim, a garrafa secou. Agora eles realmente não tinham mais nada para comer ou beber.

— Isso é uma merda…

Teresa apertou os lábios com infelicidade por um momento antes de o dizer que ela voltaria logo. Ela logo voltou e o entregou o cantil, que soava como se tivesse liquido dentro.

— Agora é sua vez.

Ele estava para perguntar ‘que tipo de mágica você usou?’, mas então…

— Seol, você deve fazer seu negócio no cantil também. Não desperdice isso.

— Eh?

— Urina. Sabe, urina.

… Ele se assustou com as palavras dela.

— M-mijo?

— …Pare de me olhar assim.

As bochechas dela se avermelharam, mas as palavras dela permaneceram firmes e resolutas.

— Se nós queremos continuar vivendo, por enquanto, não temos outra escolha a não ser beber isso.

— Ainda assim… Eu não penso que fara bem ao seu corpo…

Seol formou uma expressão de desacordo.

— Claro que não é bom. Tendo dito isto, a primeira urina provavelmente é a mais tolerável por muito. Não é tão ruim de beber como você pensa.

—… Soa como se você já tivesse experimentado isso.

— Claro.

Teresa confirmou sem hesitação alguma.

— Foi antes quando eu fugi da capital, eu estava perambulando ao redor do deserto sozinha, e eu estava realmente com sede, então… eu urinei, bebi, então urinei e bebi…bem, foi assim que eu sobrevivi.

— Apesar que não é algo que você consiga ficar fazendo continuamente. Vai chegar um momento do ciclo que você não vai mais conseguir beber isso de qualquer forma.

Enquanto estava pasmo internamente pela determinação de sobreviver dela, ele formou uma expressão farta.

— De qualquer forma, eu não irei forçar você a beber isso. Mesmo assim, não mije no solo e desperdice isso, certo? Deixe-me beber ao invés disso.

Já que ela tinha falado assim, ele não tinha escolha.

No fim, ele teve que se aliviar mirando na pequena boca do cantil. Sentindo o exterior quente da garrafa o deixou de alguma forma com emoções sujas e complicadas.

“Quanto ainda temos que andar?”

O céu estava alto no céu, mas o dia estava mais sombrio do que ele pensou como se espessas nuvens tivessem chegado. O jovem suspirou enquanto encarava o céu escurecido.

**

Quinto dia.

A caminhada deles tinha se transformado em um rastejado. Isto era por causa que a aparição de patrulhas parasitas estava mais frequente agora. Toda vez que isso acontecia, eles tinham que se esconder ou mudar de direção apressadamente. Em alguns casos, eles até tiveram que voltar de onde vieram.

Infelizmente, eles tinham que trilhar esse caminho até alcançar o Vale do Arden. Quando eles realmente não tivessem escolha, ele usaria o ródio que restava.

Mais e mais coisas precisavam de sua atenção e isso naturalmente fez com que o tempo que conversavam diminuíam. De fato, eles estavam tentando conservar a energia por não conversar. Era a esse nível que a exaustão tinha chegado.

Entretanto, o que fez Seol se desesperar foi seu ‘Nine Eyes’.

Ele forçosamente continuou dizendo a si mesmo que o destino estava perto, mas quando ele viu o motim de cor vermelha dominando completamente sua visão da base do vale, ele quase quebrou mentalmente.

“Isso…deveríamos ao menos tentar isso?

Ele foi dominado por uma sensação de déjà vu inexplicável de repente. Ele não tinha passado por algo similar na Zona Neutra? Quando ele pegou a missão ‘Impossivél’. No momento em que ele passou pela floresta densa, a cor vermelha se tornou preta. De ‘retirada imediata recomendada’ diretamente para ‘Escape imediatamente’.

Seol se sentiu em conflito. Ele tinha o ródio, bem como seu ‘Nine Eyes’. Não importava quanto otimismo ele tentava colocar na analise dele, havia apenas uma conclusão inevitável os esperando no fim. Se entrassem no vale, eles morreriam.

— Eu acho que os parasitas ainda não baixaram a vigilância.

Quando ele ficou parado incapaz de dizer nada por uma dúzia de minutos, Teresa grossamente entendeu o que ele estava pensando e tentou o consolar.

 — Não deveríamos ter tentado vir por aqui para começar…

Ela suavemente murmurou para si mesma, mas Seol forçou a cabeça dele para se mover fracamente de um lado para o outro. A ideia dela tinha sido lógica, então não havia ninguém para culpar. Não, eles sabiam o risco das coisas vindo por esse caminho.

O problema atual deles era com o cerco que em vez de desaparecer, tinha ficado ainda mais pesado que antes e isso significava que eles não conseguiriam avançar mesmo com o vale na frente deles. Todas as dificuldades sangrentas pelas quais tinham passado foram por nada.

Seol finalmente conseguiu abrir os lábios.

Teresa não conseguiu responder imediatamente. Internamente, ela queria recomendar que eles arriscassem tudo indo adianta. Não, ela pensou que ele realmente faria isso se ela sugerisse assim. Isso era o quão indeciso ele parecia.

Entretanto, havia algo que ela tinha certeza do caminho até aqui. E isso era que o jovem possuía alguma habilidade desconhecida. Sem a qual eles não teriam conseguido evitar os parasitas a essa extensão. Então, se ele estava em dilema, isso só podia significar uma coisa…

Teresa também se sentia relutante, mas isso não implicava que eles iriam simplesmente entrar. Era apenas que o corpo dela já estava no limite, e ela simplesmente não conseguia tomar uma decisão lógica.

O que ela faria em circunstâncias normais? Quando ela pensou dessa maneira, uma resposta veio imediatamente.

— Vamos voltar.

Com alguma dificuldade, ela falou a opinião dela.

— Não precisamos necessariamente passar pelo vale. Eu estou certa que tem abertura em algum outro lugar.

Seol virou-se para ir pelo outro caminho em transe.

**

Sexto dia.

Eles tinham atraído perseguidores. Ele não tinha certeza, mas tinha esse forte sentimento. Sua habilidade o avisava sempre que ele tentava fazer uma pequena pausa. Era a mesma coisa durante a marcha. Era como se os perseguidores estivessem seguindo os rastros deles e estivessem os perseguindo.

Eventualmente, eles foram descobertos pelas formas de vida voadoras os perseguindo como loucos. Ele apressadamente usou o ródio e conseguiu escapar da pior situação, mas…

…tinha acabado. Deixando apenas fumaça, o restante do ródio tinha sido consumido. Uma das proteções mais poderosas deles não existia mais.

Como resultado a marcha deles se tornou mais difícil. Eles não podiam arriscar andar nas planícies e tinham que andar em terrenos acidentados com muitos lugares para se esconder. O sono deles tinha se tornado em pequenas sonecas, e eles tinham que tomar turnos alternativos. Eles sabiam que morreriam se baixassem a guarda por um segundo sequer.

Tudo em que eles confiavam era na habilidade do jovem.

**

Sétimo dia.

Eles pararam de falar. Nenhuma palavra trocada entre eles. Nenhum perguntou onde estavam indo nem se voluntario para oferecer informação. Seol usou sua habilidade para observar os arredores como um falcão, e Teresa simplesmente o seguiu em silencio.

Eventualmente, eles atingiram seus limites. Não, talvez fosse mais certo dizer que já tinham atingido isso dias atrás. O conhecimento de que a Fortaleza estava próxima os manteve suprimindo os limites, mas no momento que mudaram de direção, tudo explodiu como água saindo de uma barragem quebrada.

Ele não sentia mais conexão com o ombro esquerdo, nem com seu lado direito. Seus ferimentos tinham infeccionado e pus amarelo saia. Eles coçavam e queimavam com os raios de luz solar o atingindo.

Ele também percebeu isso, apesar de ser amargamente frio a noite, o dia era incrivelmente quente. Sob o olhar indiferente do sol, era como se eles estivessem sendo cozinhados. Ainda pior, nenhuma gota de suor parecia sair.

— Tosse, tosse…

Seol levantou e tossiu secamente. O corpo inteiro dele se sentia pesado. Não apenas sua pele, mas até mesmo suas entranhas pareciam preenchidas com liquido fervente. Isso não era surpreendente se considerasse quão sério os ferimentos internos dele se tornaram após tanto tempo em um lugar com uma pronunciada diferença de temperatura.

Além disso, talvez pelo uso prolongado de sua habilidade, ele sentia uma sensação de tontura o atacando. Era como se uma faca estivesse partindo suas células cerebrais.

Entretanto, o mais difícil de suportar não era a dor. Não era nem mesmo a perseguição dos parasitas.

Não, era a maldita fome e maldita sede. A sede era dolorosa o suficiente para quase o matar. Ele seguiu os instintos e deixou sua língua lamber os lábios, mas tudo o que pôde sentir foi uma pele áspera e rachada. Sua garganta estava tão ressecada que parecia estar em chamas.

Ele não se importaria se sua garganta fosse partida em pedaços desde que ele pudesse tomar uma lata de coca gelada naquele momento.

Seol apressadamente mordeu a lança de gelo. A aura fria emitida fortemente pela arma o ajudou a refrescas a boca, mas isso foi tudo. Não importou o quanto tentou, a lança não derreteu. Ele desanimadamente abaixou a lança.

Teresa que o assistia sem palavras tentou entrega-lo o cantil, mas ele lentamente balançou a cabeça. Ele já tinha tentado beber do cantil três ou quatro vez, mas terminou desperdiçando a energia após terminar vomitando. Uma vez, ele conseguiu colocar um gole na boca, mas terminou cuspindo. Não havia nada que ele pudesse fazer quando seu estomago resistia violentamente a beber aquilo.

“Água…Água…”

O jovem novamente mordeu a lança.

**

Oitavo dia.

Seol andava com o olhar fixo para o chão, olhando apenas as panturrilhas de Teresa brilhando em ouro.

Talvez por não ter dormido apropriadamente em dias, sonolência o atacava sem pausa. Sua cabeça estava zonza. Seu corpo não parecia seu. Ele conscientemente bloqueou todas as sensações e continuou adiante sem um plano.

E então, enquanto ele continuava marchando como um zumbi, As pernas de Teresa repentinamente subiram em sua visão.

“Uh?”

Por alguma razão, o corpo dele se sentiu muito mais confortável. O solo em ruinas pressionado contra as bochechas dele parecia tão macio e aconchegante que era melhor que qualquer cama que ele já tivesse experimentado.

“…O que é isso?”

Abruptamente, ele ouviu alguém falando com ele. Ele sentiu como se o tivesse sendo chacoalhado.

— Você tem que acordar!

“Acordar? Estanho, eu nem apaguei.

— Eu vou ajudar você a se levanta.

A linha de visão dele levantou. Era como se ele estivesse sendo levantado a força. Apenas então ele percebeu que tinha colapsado no chão.

E ele também podia ver algo grande a distância. Seol continuou silenciosamente encarando com seus olhos desfocados.

“O que…é isso…?

— Seol, uma montanha. Uma montanha.

“Uma montanha…? Montanha…uh…? O que é…uma montanha…?”

— Nós chegamos no pé da montanha!! Se nós cruzarmos isso…!

“Cruzar…a…montanha?”

Ele olhava em transe sem responder, e Teresa o observava com olhos preocupados. Ela não conseguia ver nenhum sinal de emoção nos olhos meio fechados dele.

—Ah…

Quase dez segundo mais tarde, Seol abriu os lábios.

— Uma montanha…montanha…certo…a montanha…

Ele murmurou de novo e de novo, mas então…

“O…eu…desativei o ‘Nine Eyes’?”

…Ele franziu as sobrancelhas.

“Por que não posso ver nenhuma cor…?”

Seol tentou forças as pernas a dar passos instáveis adiante. Infelizmente, ele colapsou novamente após chegar ao pé da montanha.

— Seol!!

Teresa apressadamente se aproximou dele. A face dele claramente confusa de como ele caiu daquela maneira.

— Hah…Hah…Hah…

—Você consegue continuar? Devemos fazer uma pausa?

— N-não…

Seol usou a lança como suporte e se levantou. Teresa tentou o parar.

— Isso não vai funcionar. Vamos fazer uma pausa, memo se for por um momento. Se continuarmos nesse ritmo…

— Não, eu consigo…continuar andando…

Pahng!

O som de ar explodindo ressoou. Ele tinha ativado o ‘Festina Earring’.

— Olha…você vê…

Ele formou um sorriso sem alma e mexeu as pernas. Ele parecia estar andando sem muitos problemas antes de cair novamente no chão.

—Uh…?

Vê-lo se debatendo e balbuciando incoerentemente assim, fez com que Teresa começasse a morder o lábio inferior. A respiração do jovem era áspera, a pele dele estava fervendo. Era obvio que o corpo dele não podia mais suportar.

Havia sinais aparecendo ao longo da marcha. Na verdade, ele conseguir suportar até agora poderia ser considerado um milagre. A maioria das pessoas teriam desabado em derrota em menos de quatro dias.

Enquanto isso, o jovem tinha suportado por oito dias, duas vezes essa quantidade, com um corpo gravemente ferido, sendo perseguido dia e noite, e ainda pior, sem beber ou comer.

Como um ser humano, naturalmente ele tinha limites. Mesmo se fosse abençoado com um físico resistente e mana construídos por um regime duro de treinamento, ele não suportaria para sempre.

Teresa o arrastou e o colocou entre pedregulhos que saiam do chão.

— Espere aqui um pouco, okay? Eu vou ver se encontro uma fruta ou água para beber. Mesmo se for seiva de uma árvore.

 

No momento em que recobrou a consciência, o jovem só conseguiu ver o cantil e a lança, sem sinais da princesa.

Ele permaneceu deitado como um defunto antes de forçar-se a levantar o torso. Ele queria ficar deitado e desmaiar. Ele persa que se estivesse inconsciente não precisaria sentir nem fome e nem sede por enquanto. Entretanto…

“Eu não posso atrapalhar mais ela.”

…A menos que estivesse sozinho, séria um inconveniente para ela se ele apagasse quando eles deveriam estar antando juntos.

“Eu tenho que levantar…”

Para fazer isso, ele precisava de energia. Ele precisava de nutrientes para se mover. Apenas um gole de agua, e ele pensou que conseguiria. Foi nesse momento que viu o cantil.

Ele cautelosamente pegou aquilo.

“Não é sujo.”

Independente do que fosse, esse liquido tinha sido expulso do corpo humano. Suas mãos tremendo destampou o cantil e o inclinou sobre os lábios. O liquido agora frio desceu.

Gulp, Gulp…

Ele se forçou a engolir duas vezes, e quase imediatamente, suas sobrancelhas contraíram violentamente.

— Wuup…Blergh!

Acompanhado por uma tosse pesada, ele começou a vomitar imediatamente. Ele suportou o peso do corpo com as mãos e vomitou de novo e de novo. Ele sabia que estava sendo patético, mas não importava o que fizesse, ele não conseguiu aceitar o fedor intenso da urina humana.

— Keuh, Heuh…

 

Assim que seus engasgos reflexivos pararam, ele começou a chora, mas não tinha lágrimas.

Honestamente falando, ele quis desistir e chorar em vários pontos da jornada até ali. Ele não queria fazê-la se preocupar com uma demonstração de quão mal ele estava, então ele segurou tudo. Mas agora que estava sozinho, ele descontroladamente chorou.

“Desistir uma porra…”

Durante a jornada, ele pensou que não deveria ter vindo e se jogar de maneira idiota nesse problema, ele deveria ter ouvido quando tentaram dissuadi-lo, mas quando os pensamentos dele chegaram esse ponto começou a sentir ódio por ele mesmo. Ele sentia-se como um perdedor patético.

—Keuk…Kkeuh…

Os lábios dele estavam chorando, mas nem lagrimas nem muco saiam. Parecia que não havia mais nenhuma gota de umidade no corpo dele.

Ele tossiu e engasgou por um momento antes de ranger os dentes. Talvez devido ao choro e vomito, a mente dele tinha reganhado o foco.

“Eu tenho que suportar.”

Suas entranhas se contorceram incessantemente, mas ele mordeu a haste da lança. Ele planejava manter tanta força quanto podia e sair assim que Teresa chegasse.

Entretanto, ela não parecia estar voltando, não importa o quanto ele tenha esperado.

“Será que…?”

Ele tinha sido abandonado? Os pensamentos dele pensaram nisso brevemente, mas imediatamente descartou isso. Ela não ela assim…, mas mesmo se ela o tivesse abandonado, não havia nada que ele pudesse dizer sobre isso.

“Eu tenho que me manter atento.”

Ele decidiu esperar um pouco mais e ativou sua habilidade.

“Mm?”

Apenas então ele percebeu que tinha algo errado. Ele não conseguia ver nenhuma cor. As montanhas eram incolores. E foi então.

Farfalha,farfalha…

Tudo estava quieto até aquela hora, mas ele podia agora ouvir o som das folhas secas sendo pisadas. Ele tentou se levantar pensando que era Teresa, mas parou de repente. Havia mais de um par de passos.

Ele lentamente escaneou os arredores. As montanhas ainda eram incolores, mas a cor amarela estava se aproximando por trás.

“Parasitas??”

Novamente, essas coisas estavam os perseguindo. Ele apenas não podia entender como eles eram capazes de sentir os traços do par, mas, independente disso, a perseguição imunda continuava.

Eventualmente, a cor amarela se aproximou cada vez mais até começar a invadir preguiçosamente os pedregulhos. Seol agarrou a lança firmemente e agachou o corpo o máximo que conseguiu.

“Continue indo…Continue indo assim…”

Ele ferventemente orou, mas então, os passos pararam. Ele inconscientemente segurou a respiração. Um silencio chocante desceu.

Sniff, Sniff…

Havia o som de algo cheirando o ar, e então…

Woof, woof!!

Do nada, ele foi recebido pelo som de algumas coisas latindo raivosamente.

E então, havia há inconfundível presença de várias coisas rapidamente correndo na direção dele. Instintivamente percebendo que as coisas tinham ido mal, ele levantou o corpo.

Se ele fosse honesto, ele esperava que fossem apenas lobos selvagens.

“Hah.”

Infelizmente, o que apareceu foi um grupo de parasitas. Eles consistiam em seis nunca antes vistas múmias humanoides com lama constantemente caindo, bem como quatro lobos infestados de larvas.

“E a princesa não está nem mesmo aqui…”

Seol levantou a cabeça e olhou para o céu, mesmo com os inimigos na frente dele. Esse era o nível de desespero que ele sentiu.

“Apenas…aceitar a morte?”

Por um momento, ele foi tentado pela ideia. Ele de alguma forma tinha se levantado, mas não pensava que conseguiria vencer aquelas coisas. Então, ao invés de gastar mais energia e sofrer mais, por que não se apunhalar no pescoço e acabar com isso? Não seria melhor?

[Mesmo assim, eu gostaria de fazer tudo em meu poder para sobreviver]

Foi então que as palavras de alguém entraram na mente dele. Não, não foi ‘alguém’, mas ele mesmo disse isso.

[Vamos voltar para casa juntos.]

Uma vez que ele lembrou de Teresa, a tentação sumiu.

“Vivo…?”

No momento em que ele abaixou o olhar, a expressão vaga e distante…

“Está certo.”

…seus lábios rachados se fecharam firmemente.

Do começo ao fim, haviam apenas duas escolhas ou correr ou lutar. Não importava qual delas, ele simplesmente não queria morrer sem lutar.

Mesmo se ele morrer ali, levar uma das criaturas com ele iria diminuir o fardo de Teresa mais tarde. Quando ele tinha pensado até ali, seu nível de coragem subiu por vários níveis.

Tosse!

Ele tossiu secamente. Os olhos dele doíam e coçavam. Apenas segurar a lança fazia parecer que o braço dele cairia a qualquer momento. A estamina há muito tinha atingido o fundo do poço, então era impossível pular ao redor e lutar de maneira legal naquela hora.

Apesar disso tudo…

…Seol ainda fez um movimento. Ele nem mesmo pensou em fazer isso, mas sua mão direita agarrou a esquerda e a colocou na haste. Então, a mão direita agarrou a fim da arma. A lança instavelmente cambaleou. Exatamente assim, ele levantou a ponta da lança e mirou na frente dele.

“Apenas mais uma vez.”

Kiiiieeeehhhh-!!

Com um grito estridente, inimigos poderosos o atacaram e ele perfurou para frente naturalmente bem.

Whoosh!

Ele espremeu cada gota de poder que tinha e performou a punhalada, a que tinha treinado centenas de milhares de vezes na Zona Neutra.

Agora livre de qualquer pensamento e sentimento, ele olhou em transe para o inimigo que avançava nele e fez seu ataque final.

Em um instante, o braço parecido com uma garra estendido e a lança afiada estendida colidiram.



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