Volume 1

Capítulo 3: Novo Amigo

— Bem... acho que já cavei o bastante — de acordo com o Conselheiro, minha posição atual era cerca de 30m abaixo da superfície.

Fui então verificar o meu inventário.


◇ Inventário:

   [0.3] Rubi

   [0.2] Safira

   [90] Cristal

   [15] Carvão

   [1230] Pedras

   [10] Pedra Calcária

   [21] Minério de Ferro

   [0.6] Minério de Ouro

   [02] Minério de Prata

   [19] Minério de Cobre

   [6x] Pedra de Tartaruga


Havia alguns materiais que nem chegavam a 01 — aparentemente, isso só acontecia com os materias extraídos que não eram exibidos como Lingotes1. Entretando, a Pedra de Tartaruga só exibia o número de uso disponível.

"Duas Lingotes de prata…"

Havia extraído tal quantidade em apenas algumas horas. Então o que aconteceria se eu continuasse a escavar?

Bem, eu não teria uso para essas coisas a menos que saísse daqui também. E, além disso, os materias que mais me interessavam eram os cristais e as Pedras de Tartaruga — nunca tendo visto ou ouvido falar deles antes.

As Pedras de Tartaruga, prolongariam sua vida útil, e era algo que eu provavelmente poderia ser usado numa emergência. Já os cristais, aumentariam sua capacidade de mana — com eles, embora minha magia fosse fraca, eu estava bastante confiante sobre o meu conhecimento. Então, eu tinha grandes esperanças de que poderia usar feitiços de poder médio a avançado, após absorver algum.

— Como posso usá-lo?

〘Você deseja Usar os [90] Cristais?

Aparentemente, não era preciso retirá-los do inventário primeiro. Então, assenti com a cabeça.

〘[90] Cristais foram Usados.

Conselheiro disse isso, mas não importava o quanto eu esperasse, não sentia nenhuma mudança.

Err… eles foram usados?

〘Sim.

Sem rodeios, o Conselheiro respondeu. Aparentemente, os cristais tinham sido realmente utilizados — Suponho que apenas uma mudança na capacidade de mana não iria causar quaisqueir mudança também.

Geralmente as pessoas falavam que magos talentosos eram capazes de detectar o seu próprio fluxo de mana, o seu máximo. Mas, obviamente, eu não possuía tais técnicas. Então novatos como eu teriam que usar magia até chegar no limite.

Assim, decidi usar magia de vento, que era um feitiço secundário. Com ela eu limparia a poeira acumulada no meu caminho — antes, sempre que eu usava essa magia, as pessoas no palácio zombavam e diziam que era apenas uma brisa suave.

“Espero ter melhorado um pouco, só um pouco…"

Com a minha mão direita estendida à minha frente, falei —Vento! — E então, toda a poeira foi soprada em um instante. O vento rugiu e não perdeu força até escapar pela entrada da caverna.

— Q-que!?

Não pude deixar de olhar em volta, mas não havia mais ninguém lá. Sem dúvidas nenhuma, fui eu quem acabou de usar aquele feitiço.

Então esse foi o resultado após absorver 90 cristais... Porém, e se, eu tivesse mais...? Seria capaz de usar magia avançada?

— Não posso parar de cavar agora!

Antes que percebesse, a picareta estava em minhas mãos novamente e eu a brandia.

— Certo! Vamos lá! Vou cavar até os quintos dos infer… !?

Enquanto gritava para mim mesmo com entusiasmo, percebi que algo parecido com uma geléia azul balançava a meus pés.

“Que poha é essa...?”

Como estava se movendo, claramente não era uma geléia normal.

— Pera… U-um Slime?

Eu nunca tinha visto um antes, mas tinha as mesmas características da qual eu li num livro — o tipo de monstro que preferia lugares escuros e úmidos. E, embora fossem geralmente pacíficos, alguns eram bem agressivos.

"Ele vai me atacar?”

Não; a geléia azul estava apenas se movimentando à minha volta, circularmente, enquanto saltava e olhava na minha direção. Talvez estivesse assustado por conta da magia de vento, assim saindo para ver o que era. E, se vivesse aqui em baixo, eu poderia ser o primeiro humano que já viu.

“O que devo fazer com ele?”

Bem, já que não parecia perigoso, eu poderia simplesmente ignorar e continuar cavando.

“Eu duvido que ele atrapalhe… Posso até fingir que é algum tipo de animal de estimação.”

Foi quando eu estava pensando nisso que o Conselheiro me interrompeu.

〘Há um Monstro Domesticável por perto. Você vai Domá-lo?

“Domar?”

Creio que seja a tal habilidade que faz com que monstros lhe obedecessem — todos os humanos tinham esta técnica.

No entanto, como quase todos os monstros eram inimigos, não era tão fácil domesticá-los. Além disso, nem sequer era permitido os trazer para o reino de Sanfaris.

E por isso, era uma técnica na qual ninguém realmente utilizava. Mas, não havia ninguém para me culpar se eu domasse um monstro aqui.

Eu era uma pessoa fraca. Queria desesperadamente algo que me ajudasse a lidar com a minha solidão. Claro, eu duvidava que esse Slime pudesse falar. Ainda assim... não me importava com o que era, contanto que estivesse por perto. E assim, sem hesitar, fui adiante.

 〘É Necessário um Nome para Terminar de Domesticar.

— Um nome…

Como este era o recife de Sheorl, eu poderia chamá-lo de Sheorl... Não, isso é muito óbvio — porém, caso mudasse um pouco…

— Vou chamá-lo de Shell.

Nomeação Completa. Você Domesticou Shell.

A voz soou. No entanto, nada pareceu ter acontecido comigo ou com o Slime. Ele apenas continuou pulando.

— Prazer em conhecê-lo, Shell — tentei me comunicar, mas o Slime não respondeu.

“Era óbvio…”

Ele não deveria conseguir entender a língua humana, e muito menos falar. Entretanto, apenas ter uma criatura em movimento por perto já era um pouco reconfortante.

E assim deixei Shell a vontade e peguei a picareta novamente.

— Tudo bem. Agora é hora de voltar a cavar! As pedras vão começar a cair, então tome cuidado.

Depois disso, continuei a cavar até ficar exausto.

O tempo todo em que estava minerando, gritava de alegria quando encontrava cristais. Já meu novo companheiro, apenas ficou a me observar em silêncio lá atrás.



Comentários