O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 70: O Pilar do Vento

A lança de Feng Ping se moveu tão rápido quanto um relâmpago e estava prestes a atingir Sariel, quando inúmeras esferas azuis surgiram no ar e se chocaram contra a lança, criando uma explosão azul e branca no ar.

Com a força da explosão, a lança girou no ar e cravou no chão, longe do Pilar do Vento.

Aproveitando essa oportunidade, o viajante avançou na direção de Feng Ping — que havia pousado alguns metros de distância dele — com a ponta da sua glaive coberta de energia azul e golpeou horizontalmente.

Quando estava prestes a atingir o Pilar, uma luz marrom brilhou debaixo das roupas dele — abaixo do pescoço — e a lança retornou até sua mão, no momento perfeito para bloquear o golpe.

Feng Ping foi empurrado um pouco e Sariel tentou atingi-lo com a glaive novamente, mas seu golpe foi refletido com facilidade.

O Pilar aproveitou que havia afastado a arma do viajante e tentou perfurá-lo com sua lança a todo momento coberto em ventos poderosos.

Sariel desviou, mas ainda foi atingido. O golpe que antes era direcionado até seu tronco acertou seu antebraço, sendo facilmente decepado e voando alguns metros.

O viajante, apesar do que acabara de acontecer, fez várias magias poderosas surgirem no ar e bombardearam o Pilar, que foi forçado a se afastar.

Apesar da barragem lançada por Sariel, Feng Ping usou bem menos magias e poder para evitar danos grandes, já que todos os golpes do viajante ainda eram bem claros de serem sentidos.

Não importava quanto poder Sariel usasse, contanto que continuasse a expor suas intenções daquela maneira, Feng Ping seria capaz de prever qualquer magia, seja ela de cima, das costas ou até de baixo.

“Se continuar usando tanta magia, se esgotará antes de mim e acabará perdendo está batalha”, pensou.

O Pilar procurou uma brecha para avançar, mas o viajante não parou suas explosões em nenhum momento.

Enquanto isso acontecia, Sariel rapidamente pegou seu antebraço no chão e o conectou com seu braço cortado, para em seguida uma luz dourada unir as duas partes e curando o decepamento como se nunca tivesse acontecido.

Quando parou seu bombardeio contra Feng Ping, percebeu que ele havia sumido.

Instintivamente, o viajante criou um escudo dourado ao seu redor e se virou rapidamente.

Quase no exato momento que fez isso, uma lança coberta em ventos se chocou contra seu escudo e foi refletido, rachando toda a barreira no processo.

Feng Ping e Sariel se encararam e o primeiro a agir foi o Pilar.

Dessa vez, Feng Ping bombardeou Sariel com dezenas de magias de Vento, criando inúmeras explosões e com ventos poderosos o suficiente para pulverizar aço.

Pego desprevenido dessa maneira, o viajante se afastou como pôde e lançou dezenas de magias de Gelo para barrar a barragem do Pilar.

Com ambas as magias colidindo, não era possível compreender o que estava acontecendo, apenas admirar aquele caos.

Explosões azuis e brancas colidiam entre si várias vezes por segundo, com dezenas de metros de tamanho.

Apesar de Sariel ter usado mais poder mágico, Feng Ping era capaz de encontrar uma brecha e lançar magias de Vento que o atingiam.

Lâminas de ar cortavam profundamente sua carne, pulsos de vento esmagavam seus ossos e esferas brancas extremamente brilhantes o explodia e queimava sua pele.

Além disso, o Pilar do Vento se aproveitava da baixa visibilidade — que deveria atrapalhá-lo — e se aproximava do viajante sem ele perceber, perfurando, cortando e causando cada vez mais danos, para depois desaparecer na nevasca como um fantasma... ou como o vento.

Apesar disso, a regeneração de Sariel era extremamente veloz e se curava mais rápido do que era ferido.

Contudo, isso não duraria para sempre nesse ritmo.

“Estou lançando dezenas, centenas de magias e não consigo atingi-lo! Se continuar desse jeito...”, pensou Sariel.

Sua energia estava se esgotando cada vez mais, e mesmo assim era ele o pressionado nesta batalha.

“O que eu faço? Não consigo pensar em algo! Sempre que tento essas malditas palavras surgem em minha mente!”

A frustação tomava cada vez mais conta do viajante, e até mesmo a dúvida começou a surgir.

Feng Ping se aproximou mais uma vez enquanto Sariel tinha esse conflito interno e abriu outro buraco nele, dessa vez destruindo seu pulmão — que não demorou a se curar.

O viajante afastou o Pilar lançando centenas de magias e causando uma destruição irreversível ao terreno. Naquele ponto, grande parte da floresta de pinheiros era apenas um amontoado de crateras profundas, e qualquer colina ou elevação fora pulverizada pelos ventos e pelo gelo.

“Eu... vou perder essa luta?”

O viajante se lembrou das exatas palavras de Feykron e começou a duvidar se realmente ele seria a pessoa certa.

“Como eu poderia ser aquela pessoa se nem mesmo consigo lutar direito?”

O sentimento de impotência junto de seu estado de negação fazia-o questionar-se.

“Mas mesmo se eu conseguisse lutar, então a profecia estaria correta... quem sou eu afinal?!”

Uma lâmina de vento atingiu suas costas, causando um corte tão profundo que era quase possível ver sua coluna.

— O QUE EU FAÇO?! — gritou enquanto causava ainda mais destruição, varrendo qualquer coisa em dezenas de metros.

Foi então que uma voz suave sussurrou algo em sua mente.

“Não pense”

— Como?! Como posso não pensar? — perguntou para o ar.

“Não pense naquilo

— COMO? — gritou frustrado. — Como farei isso se tudo que ocupa minha mente é isso?

Nenhuma resposta.

Uma esfera de Vento, vindo das costas de Sariel, o atingiu de surpresa e o explodiu, fazendo-o voar por alguns metros no ar.

Quando caiu e tentou se levantar, viu Feng Ping lançando uma barreira de esferas brancas em sua direção.

“Não tenho tempo para reagir... vou perder esta batalha e nossa jornada será afetada”

As esferas foram lançadas e se aproximaram rapidamente dele.

“Se ao menos eu pudesse esquecer essa profecia... então eu conseguiria lutar”

O viajante observou as magias se aproximando, quando se deu conta do que acabara de pensar.

“Espera... esquecer?”

Uma ideia absurda passou pela sua mente, tão absurda que não soube nem como pôde chegar nela.

Entretanto, isso não importava mais, pois aquela ideia era a única luz que surgiu em sua mente desde que descobriu quem era.

Agindo rapidamente, Sariel permaneceu parado e se concentrou, permitindo que as esferas se aproximassem.

“É pouco tempo, mas preciso converter o máximo do meu poder para Proteção!”

Atualmente, a distribuição dos elementos de Sariel estavam em cerca de 95% de gelo e 5% de Proteção.

Feng Ping observou o viajante parado, se perguntando se ele finalmente havia perdido a vontade de lutar e desistido.

As esferas se aproximaram cada vez mais, quando finalmente colidiram com o viajante e detonaram simultaneamente, criando uma explosão enorme, extremamente brilhante e com cerca de 200 metros de tamanho.

Os ventos se espalharam por todo o lugar buscando mais destruição, mas o local já estava plano.

O Pilar do Vento esperou as explosões pararem para ver o que aconteceu com, quando percebeu uma barreira dourada e rachada quase do tamanho do viajante protegendo-o.

Sariel conseguiu converter cerca de 15% de seu poder de Gelo para Proteção, e criou um escudo no último instante antes das esferas atingi-lo.

Não seria capaz de resistir contra a força total de Feng Ping, mas aguentaria um pouco mais antes de ruir.

Sariel estava totalmente intacto dentro dessa barreira.

Contudo, havia algo de estranho.

Sariel estava sentado e com os olhos fechados, e nenhuma intenção podia ser sentida vindo dele.

Como o viajante não estava controlando a magia, a nevasca enfraqueceu e a esfera enorme com energia de Gelo condensada começou a reduzir de tamanho.

“O que diabos ele está fazendo?”

Feng Ping, apesar de não saber o que estava acontecendo, decidiu prosseguir com sua ofensiva e mais esferas brancas surgiram do ar e voaram na direção de Sariel.

Enquanto isso, na mente de Sariel...

O viajante se via na quase infinita biblioteca do seu subconsciente, onde guardava todas as suas memórias.

O local ainda estava escuro, e encontrava-se diante da pilha de livros contendo todas as informações que adquiriu desde que encontrou Feykron.

Assim que percebeu que estava lá, correu rapidamente até a pilha e começou a jogar vários livros para longe conforme procurava algo.

— Cadê você, droga! Não tenho tempo! — gritou desesperado enquanto jogava mais e mais livros.

Conforme a pilha desmoronava, finalmente encontrou o que procurava: um livro intitulado “A Profecia dos Anjos”.

Enquanto isso acontecia, Feng Ping lançava várias magias e o escudo de Sariel estava totalmente rachado e quebraria a qualquer momento.

O Pilar, percebendo que o escudo quebraria, correu rapidamente na direção do viajante com sua lança coberta de ventos.

Já Sariel, dentro de sua mente, olhava para o livro com hesitação.

— O melhor seria selar essa memória, mas não tenho tempo...

Havia apenas uma opção, e ele sabia disso.

— É uma informação muito importante... se eu fizer isso...

Enquanto o viajante hesitava dentro de sua mente, o Pilar do Vento quebrava seu escudo.

Com o golpe final já pronto, Feng Ping chegou a menos de um metro de distância de Sariel e aproximou sua lança com um movimento de estocada.

Se aquele golpe o atingisse naquele estado desprevenido, seria certamente o fim.

Sariel, em seu subconsciente, ainda segurava o livro enquanto aquela lança se aproximava de seu corpo.

A escolha deveria ser feita agora.

Pressionado pela situação e pressentido que seu tempo já havia se esgotado, o viajante finalmente agiu.

— Dane-se... — disse conforme o livro em suas mãos começava a queimar. — Luna me contará tudo novamente...

Logo após dizer isso, as chamas se espalharam em uma velocidade anormal — quase como se o tempo tivesse acelerado — e nem mesmo cinzas restaram daquele livro.

A escolha foi feita.

O conhecimento foi apagado.

No lado de fora, a lança de Feng Ping estava a apenas alguns centímetros de distância, quando Sariel finalmente abriu os olhos.

Então, com uma velocidade nunca vista pelo Pilar do Vento, o viajante se levantou e foi ao seu encontro, sumindo de seu campo de visão em um instante.

Ambos pararam a alguns metros de distância e de costas entre si.

Feng Ping olhou para trás, onde viu Sariel de costas e completamente imóvel.

O Pilar do Vento tentou se virar, mas, logo que moveu seu tronco, um grande corte diagonal — indo de seu ombro direito até abaixo de seu pulmão — se abriu e sangue jorrou dele.

Feng Ping cambaleou, mas manteve sua postura.

Logo sua regeneração natural começou a agir e o ferimento passou a se fechar lentamente.

Sem entender o que aconteceu, tentou se virar novamente — dessa vez tendo sucesso — e encarou o viajante.

De alguma maneira, o viajante foi capaz de se mover mais rápido que ele e atacá-lo sem que percebesse a intenção do ataque.

— O que... você fez? — perguntou.

Sariel se virou lentamente, e seus olhos haviam mudado.

Não estavam mais perturbados, não possuíam mais dúvidas e insegurança.

Estavam determinados e afiados.

Quando Feng Ping percebeu isso, seus olhos se arregalaram de surpresa.

— Este... este é seu olhar verdadeiro... — disse com dificuldade. — Mas como superou isso tão rápido?

Sariel encarou Feng Ping atentamente e sorriu.

— O que eu fiz, você pergunta... — disse em um tom misterioso. — Bem, acho que esqueci — respondeu enquanto dava de ombros e com a voz levemente jocosa.

— Esqueceu? — perguntou o Pilar. — O que quer dizer com isso?

— Contarei depois de derrotá-lo — disse Sariel em um tom confiante.

Subitamente, a nevasca soprou forte como nunca, reduzindo a visibilidade a zero.

O poder do Gelo no ar se concentrou no local, tornando o ar tão frio que era difícil até mesmo para Feng Ping respirar.

Naquele momento, a única cor que o mundo parecia possuir era branco.

As roupas do Pilar do Vento, sua pele, seu cabelo...

O chão, e até mesmo o ar...

Tudo havia se tornado branco.

E então, para a infelicidade de Feng Ping, o branco se tornou azul.


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