Livro 6

Capítulo 125: A Vida é uma Questão de Momento (1)

‘Significa que eu devo entrar?’

Theo esperou um momento, mas não houve reação. Ele estava um pouco curioso sobre o procedimento que abria e fechava a porta, mas existia algo mais importante do que tal questão trivial.

Estava tão escuro lá dentro que não dava para ver nada pelo lado de fora. Algumas pessoas relutariam em entrar na escuridão, mas o Theo avançou sem hesitar.

*Passos*

As solas limpas dos seus sapatos esfregaram contra a areia e fizeram barulhos desagradáveis. Não, talvez eles colocaram a areia para esse propósito. Quando certo barulho penetrou em seus ouvidos, Theodore zombou.

Ele notou sons de respiração vindo das passagens estreitas à esquerda e à direita. No entanto, não era que a furtividade deles deixava a desejar; era só que os sentidos do Theodore e a capacidade de detecção da Mitra eram superiores. Ele conseguiu determinar o número e as habilidades daqueles se escondendo.

‘Seis pessoas, entre elas tem um usuário de aura. Eu não tenho certeza sobre sua força, mas sua furtividade é equivalente à de um cavaleiro comum.’

Assim como os habitantes do lado negro do mundo, a vida que permeava esse lugar era insidiosa e pegajosa. Para aqueles que viviam nas sombras, uma batalha frontal era apenas um último recurso, e habilidades de combate não eram necessárias. Provavelmente era um pré-requisito que eles soubessem como atacar pelas costas, não pela frente.

No entanto, Theo continuou se movendo calmamente. O sentimento desagradável não era um problema, mas ele também não relaxou a guarda. Ele podia achá-los ridículos, mas seria estúpido não ser cauteloso.

Theo demonstrou sua melhor expressão fria enquanto caminhava. Então, após precisamente 100 passos, Theodore chegou na frente de uma porta surrada que ele calculou estar a cerca de 20 metros abaixo da superfície. Finalmente, um espaço cheio de sombras profundas o saudou.

‘Essa Guilda de Informações… É o “Rei dos Ratos” da filial de Sipoto?’

O espaço foi anormalmente aberto e havia uma mesa antiquada no centro da sala. Os olhos atentos do Theo foram capazes de distinguir a boa qualidade da madeira e que ela foi feita por um artesão habilidoso.

Theodore olhou para a pessoa sentada do outro lado da mesa. Sob a luz fraca, o homem que ostentava uma aparência única chamou a atenção do Theo. Apesar de ter a distinta pele morena e olhos castanhos das pessoas do deserto, o homem era grande o suficiente para estar no nível dos olhos do Theodore mesmo estando sentado.

Mesmo assim, a presença ao seu redor era como um nevoeiro.

‘Consideravelmente habilidoso.’

Não parecia que o homem podia vencer o Theo, mas seria difícil pegá-lo se ele fugisse. Theodore elevou duas vezes sua avaliação sobre a Guilda de Informações. O homem sentado atrás da mesa olhou para o Theo calmamente e abriu a boca para dizer, — “…Já faz muito tempo desde que eu recebi uma pessoa não convidada.”

— “Pessoa não convidada?”

Isso significava que as instruções fornecidas pelo Canis estavam erradas?

No entanto, ele recebeu uma resposta para sua pergunta enquanto o homem continuava conversando, — “Você não é um convidado que minhas crianças trouxeram, ou nenhum um daqueles que trabalham com elas. Baseado na sua fala e roupas, você veio recentemente de Meltor no Norte.”

— “Como sabia?”

— “Existem todos os tipos de truques. Como você amarra um cadarço, as marcas de bronzeado, a sujeira presa nas barras da roupa e assim por diante. Há muitas coisas que não podem ser ocultadas, a menos que você seja um agente secreto devidamente treinado.”

De fato, Theodore admirou o olhar atento do homem em busca de detalhes. Fazia menos de três minutos que o Theo chegou à porta. No entanto, aquele homem descobriu casualmente a cidade do Theo e que ele chegou em Sipoto recentemente.

Se esse era o nível do homem encarregado da guilda, Theo não podia duvidar de sua credibilidade.

Theodore sentou na cadeira diante dele. — “Como esperado da melhor Guilda de Informações no continente central.”

— “Sim, quem te apresentou a este lugar?”

— “Um comerciante do mercado negro chamado Canis.”

As sobrancelhas do rapaz se ergueram. — “Canis? Aquele filhote ainda está vivo. Embora não tenha havido nenhuma mensagem de Meltor recentemente…”

— “Você conhece ele?”

— “Nós fizemos negócios algumas vezes. Suas habilidades não são ruins, mas seu modo de pensar é muito limitado. Ele deve ter encontrado um bom buraco de rato.” O informante resmungou antes de estender os braços grossos. A tatuagem de uma serpente de duas cabeças em seu antebraço se contorceu.

Ele estendeu a mão como se pedisse um aperto de mão, antes do seu rosto rude sorrir. — “Eu sou o chefe da filial de Sipoto, Gibra.”

— “Theo.”

Gibra terminou a saudação e levantou o assunto primeiro. — “Então, por que você veio nos encontrar?”

Theodore ficou aliviado. Perguntar pelo trabalho era o mesmo que aceitar o pedido. Ele estava preocupado por ser um estranho, mas, como o Canis disse, a Guilda de Informações não fazia distinção entre a origem e a identidade dos convidados.

A única coisa importante era saber se o cliente podia pagar o preço, disse o comerciante do mercado negro.

‘Então esta história será rápida.’ Theo pensou com um sorriso estranho ao olhar para a mão esquerda.

Antes de sair de Meltor, ele havia trocado todos os seus bens em dinheiro e guardado no inventário. Se tornou uma quantia tremenda quando ele adicionou as recompensas que acumulou de sua conquista em Elvenheim. Os preços dos livros originais ou da comissão de vendas não seriam um problema.

Não havia motivos para o Theodore hesitar, já que ele possuía riqueza e poder.

Então ele disse, — “Há coisas que quero comprar em Kargas.”

Gibra escutou com uma expressão brilhante.

Theo continuou, — “Eu quero saber a localização de todos os livros originais em Kargas e as informações sobre os proprietários. Eu deixarei você agir como o agente de compras. A qualidade do item não tem importância, desde que seja original, e se o item for comprado por um preço razoável, você receberá parte do preço da compra.”

— “Livros originais? Você quer dizer a cópia original de um livro mágico? Vai precisar de muito dinheiro para comprar todos os que estão em Kargas.”

— “Quanto?”

— “30 moedas de ouro como depósito, o período de pesquisa— …Ah, ops.”

Enquanto o Theo se perguntava sobre a súbita interrupção, Gibra coçou a nuca com uma expressão embaraçada. — “Me desculpe, mas eu não posso aceitar a comissão. Eu não posso.”

— “Por quê? Se for simplesmente uma questão de custo…”

— “Não, não é isso. Honestamente, o dinheiro é não é o problema, mas o momento é muito ruim.”

‘Momento?’ Theodore fez uma expressão perplexa.

— “Momento?”

— “Isso me lembra, você é do Norte, não é? Então você não deve saber sobre uma atração famosa de Kargas.”

O Reino de Kargas era o centro do continente central e um reino comercial, por isso não tinha nada para simbolizá-lo. Em Kargas, todas as logísticas do norte, sul e centro se reuniam antes de se espalharem pelo resto do continente. Era um reino onde muitos estrangeiros frequentavam e havia uma mistura de culturas. Seria estranho se houvesse algo único sobre este lugar.

No entanto, havia algo por trás de Kargas. Era um lugar onde dinheiro e desejo se reuniam de todos os lugares do mundo no abismo do reino comercial; as casas de leilões subterrâneas.

— “Todos os anos, é realizado em segredo por algumas semanas. Há um ditado que diz que as mercadorias que passam por lá vão além do orçamento anual de alguns reinos.”

— “O que isso tem a ver com a minha comissão?”

— “O leilão é um lugar onde os vendedores podem lidar com as coisas em preços mais altos. Ainda mais quando tem livros originais à venda.”

Quando o Theodore fez uma expressão de compreensão, Gibra continuou, — “Você finalmente entendeu. O leilão é mais atraente do que vendê-lo a um comprador não identificado. O momento certo para a comissão seria alguns meses após o término do leilão. Então, eu não posso aceitar seu pedido.”

Theodore se convenceu pela explicação razoável, então ele não ficou envergonhado com a rejeição.

A casa de leilões onde compradores do mundo todo se reuniam era realmente mais atraente do que um único comprador. Seria possível persuadir o proprietário antes disso, mas haveria mais pessoas que iriam preferir a tradição da casa de leilões.

Como o Gibra disse, o momento que o Theo apareceu era muito ruim.

‘…Não, ainda não. Ainda há uma forma.’

A expressão do Theodore se recuperou enquanto ele levantava a cabeça. Ele olhou para o Gibra e expressou sua ideia, — “Que tal participar diretamente do leilão?”

— “Se possível, seria a melhor forma. A casa de leilões não é um lugar apenas para os vendedores, pois os compradores também podem obter coisas a preços razoáveis.” No entanto, Gibra balançou a cabeça. — “A casa de leilões de Sipoto não é um lugar para pessoas não convidadas. Lá não é um evento onde o orçamento de um reino é movimentado? A guilda não aceita comissões para a entrada. Será um problema se formos pegos. É melhor esperar alguns meses pela comissão.”

— “Isso só seria verdade se eu não fosse um convidado.”

— “Hã?”

Foi a vez do Gibra ficar confuso. Theodore sorriu e colocou a mão no peito. Tudo estava se alinhando, então parecia que os céus estavam o ajudando. Não fazia nem um dia que ele recebeu a placa do Urso. A luz fraca brilhava na palma de sua mão.

A expressão do Gibra se transformou em um choque pela primeira vez enquanto ele captava a identidade da placa.

— “A Companhia Polonell?”

— “Você conhece?”

— “Eu teria que morrer se não conhecesse o símbolo das três maiores companhias comerciais do Norte. A propósito, eu não sei como você conseguiu isso na sua idade.”

— “Me desculpe, mas eu não posso dizer.” Theodore encolheu os ombros casualmente.

Julgando pela reação do Gibra, essa placa o qualificaria para entrar na casa de leilões. Quem esperaria que sua jornada produziria tal resultado? Theodore pareceu sentir um fluxo desconhecido de vida ao seu redor.

Gibra se acalmou do choque e segurou o queixo. A expressão em seus olhos era diferente de antes, e sua aparência turva parecia incomum.

— “Você é elegível se tiver a marca da Companhia Polonell. Antes disso, eu quero perguntar uma coisa. Convidado de Meltor, você realmente pretende participar da casa de leilões de Sipoto?”

Uma atmosfera notavelmente intimidadora emanou do Gibra, mas seu oponente era o Theodore, o mestre de um grimório. Theo não seria oprimido por ninguém que não estivesse no nível de um mestre. Acima de tudo, Theo não tinha tempo. Apenas alguns meses era o suficiente para fazê-lo se sentir apressado. O limite de tempo estava diminuindo a cada dia que passava.

Theodore assentiu com uma expressão séria, e o Gibra abriu a boca para dizer, — “Certo, então eu vou chamá-lo de Empregador a partir de agora.”



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