Livro 2
Capítulo 41: Retornando Para Casa Após Cinco Anos (2)
Após o encontro, os eventos progrediram muito rapidamente. Eles receberam o apoio total do Mestre da Torre Azul, então a Sociedade Mágica concluiu todos os procedimentos necessários para despachar um investigador, e as 100 moedas de ouro foram pagas imediatamente para o Theo.
Embora ele estivesse distraído, ele foi capaz de obter um transporte para a Baronia Miller. Isso graças à companhia mercantil que ele acompanhou recentemente.
— “Obrigado por sua ajuda em conseguir o transporte tão rapidamente.”
— “Não foi nada, não seria eu que deveria agradecer a você? Pois graças ao Professor e seu discípulo, minha caravana foi capaz de chegar à capital com segurança. Eu certamente conseguiria resolver esse pedido simples para você!”
— “Você é verdadeiramente digno de se tornar o chefe da companhia.”
A carruagem que o Gordon preparou para o Theo não era uma que poderia ser conseguida em um dia e apenas como um favor.
O corpo da carruagem era leve devido à magia e poderia acomodar até seis pessoas. Mesmo que fosse apenas um alojamento temporário, era uma carruagem que custaria algumas moedas de ouro. E ainda assim foi usada para pagar um simples favor.
No entanto, Gordon sorriu de orelha a orelha.
‘O professor está vestindo uma túnica com o símbolo de um mago do 6º Círculo… Esta é a oportunidade para formar uma ligação com um membro sênior da Sociedade Mágica!’
Gordon era um comerciante experiente. Então, quando ele soube da conquista do Vince, ele fingiu não saber. Era necessário oferecer “simpatia” a fim de formar um relacionamento com um mago que era desconectado do mundo.
Ele manteve esta posição em mente e conseguiu a carruagem luxuosa.
‘Um comerciante minucioso. Bem, isso não é ruim.’
É claro, Vince sabia das segundas intenções do Gordon, mas mesmo assim ele aceitou o pequeno favor para o seu discípulo. Não havia necessidade de devolver o que havia sido dado a ele. Assim que o Vince terminou sua conversa com o Gordon, ele se aproximou do Theo, que estava esperando ao lado da carruagem.
Ele queria trocar algumas saudações antes dele sair.
— “Tenha um bom descanso. Após a competição, a maior parte das pessoas irritantes irá retornar para suas casas para se concentrarem em silêncio na magia.”
— “Sim, Mestre.”
— “E guarde bem esse bolso dimensional. Há magia nele para os investigadores rastrearem, então os custos serão cobrados de você.”
— “…Eu cuidarei dele.”
Theo estava ficando nervoso enquanto olhava para o bolso dimensional em suas mãos. Ele tinha que consumir dois ou três livros por dia, então ele precisava de um meio para transportar o grande volume de livros. Por isso o Vince alugou um bolso dimensional e o entregou para o Theo.
No entanto, a Sociedade Mágica era rigorosa, havia muitas histórias sangrentas sobre essas investigações. Se o Gula engolir o bolso dimensional…
‘Eu posso ser arrastado para um interrogatório, e…?’
Theo tinha ouvido rumores sobre a Sociedade Mágica, então a sua aparência ficou pálida só de pensar.
Ele até mesmo pensou que não deveria segurar o bolso dimensional com sua mão esquerda. Até agora, o Gula nunca tinha aparecido sem ser chamado, mesmo quando estava com fome, mas nunca se sabe. Não havia nada de errado em tomar precauções extras.
Enquanto eles falavam sobre um assunto diferente, o cocheiro chegou e se sentou na carruagem.
— “Então eu já vou, Mestre.”
— “Sim, por favor, se cuide.”
Theo terminou dizendo adeus ao Vince e desapareceu dentro da carruagem, em seguida, a carruagem colorida começou a se mover lentamente. Devido à magia de leveza, os movimentos da carruagem eram suaves. Pouco tempo depois, Theo e Sylvia foram levados por ela, e o Vince se virou.
Ele desejava a segurança de seu discípulo que havia saído de casa por cinco anos.
* * *
Dakadak! Dakadak!
O transporte expresso limitado fornecido pela Companhia Pullonet acelerou após deixar os portões de Mana-vil. A magia de leveza no corpo da carruagem fez com que fosse possível para os cavalos correrem agradavelmente. Eles correram a uma velocidade vertiginosa, enquanto a paisagem vista da janela passava rápido por eles.
‘Sim… Se continuarmos neste ritmo de viagem, chegaremos a Baronia Miller em cinco dias.’
Teria levado quinze dias se fosse uma carruagem normal. Gordon disse confiantemente que eles chegariam dentro de uma semana, e o Theo passou a acreditar após experimentar a carruagem. Parecia que não havia nenhuma necessidade de desperdiçar muito tempo indo e vindo entre a capital e a sua casa.
O problema não era a carruagem, mas o que estava dentro dela.
‘Ah, tão estranho…!’ Theo olhou sem jeito para a Sylvia que estava sentada ao seu lado.
Apesar da luz natural estar meio forte, Theo podia ver claramente seus olhos coloridos e seu cabelo prateado. Ele não fazia ideia do que ela estava pensando. Sylvia de repente baixou o olhar depois de encontrar os olhos do Theo e pegou algo do bolso de sua túnica.
— “Theo, vamos jogar cartas.”
— “…Hã? Cartas?”
Ela pegou um baralho de cartas.
Atrás não tinham quaisquer decorações, então ele não podia ver para o que as cartas eram usadas. Senso comum sugeria que era um baralho normal, mas ele não conseguia imaginar a Sylvia jogando poker. Ele de bom grado, recebeu o baralho de cartas e verificou o que estava escrito na frente.
— “Hum, esses caracteres são…?”
Os olhos do Theo se arregalaram quando ele viu o que estava escrito na frente das cartas. ‘Isso são runas?’
Runas formavam a linguagem mais familiar para um mago moderno e era um elemento essencial para a configuração de fórmulas mágicas. Frases escritas com runas foram alinhadas na frente das cartas.
Quando ele interpretou as runas em uma carta, ele viu que elas formavam uma representação precisa de uma fórmula mágica. Era o mesmo com as outras cartas. Havia partes das fórmulas em cartas diferentes e eles tinham que completar os feitiços.
A expressão do Theo ficou complicada quando ele entendeu o que ela quis dizer com “jogar cartas”.
— “Você quer jogar com essas cartas?”
— “Sim. Desde a infância eu jogava isso com o meu avô. Theo vai se divertir muito.”
— “Não, espere um minuto.”
Theo virou as cartas algumas vezes e entendeu o quão difícil era. Este grau de dificuldade faria os professores da Academia sofrerem. No entanto, Blundell parecia ter ensinado sua magia através deste jogo.
A habilidade da Sylvia era excelente, mas a expressão do Theo não era das melhores.
Com quem ela poderia jogar com essas cartas?
Com exceção do Theodore, não havia mais ninguém de sua idade que poderia jogar com ela. Mesmo aqueles que queriam estar perto da Sylvia não foram capazes de jogar com ela, então ela gradualmente se afastou deles.
Fazer amigos era mais difícil do que os outros pensavam, por isso era raro ser amigo de alguém esmagadoramente superior. A beleza da Sylvia, suas capacidades e sua natureza a mantiveram longe das pessoas.
‘Talvez ela possa jogar comigo… Não, eu não posso mudar a atitude da Sylvia dessa forma.’
Blundell queria ensiná-la normas sociais. Se o Theo jogasse cartas com ela, ele seria tratado de forma especial. As outras pessoas permaneceriam distantes e ela claramente acabaria dependendo da pessoa chamada, Theodore Miller.
Então sua magia ficaria estagnada novamente. O que ela precisava agora era de um ambiente não mágico.
— “Em vez disso, me conte uma história.”
— “História?”
— “Eu não me importo que seja algo trivial. Pode ser sua comida favorita, ou lugar favorito. Algo divertido que aconteceu recentemente…”
‘Oh!’ Theodore, de repente, teve uma boa ideia. Então ele disse, — “Você tem interesse em elementais?”
— “Elementais?” Os olhos da Sylvia se iluminaram com a palavra súbita. Ela parecia ter algum interesse.
— “Mitra.”
— Huing?
Um torrão de terra voou na janela e mudou para a forma de uma garotinha. Mitra ficou ligeiramente maior, já que o Theo alcançou o 4º Círculo, mas ela ainda era só um pouco maior do que a palma de sua mão.
— “… Fofa.” O rosto da Sylvia se iluminou quando ela olhou para a pequena elemental que saltou para a carruagem.
— Hoing?! Mitra fez um som fofo quando foi segurada pela Sylvia. Sylvia acariciou cuidadosamente a cabeça da pequena elemental, como se ela estivesse com medo de que a Mitra fosse quebrar. Será que a Mitra está gostando do carinho da Sylvia? No começo a Mitra estava de mau humor, mas eventualmente ela ronronou como um gato.
Era como a página de um livro infantil.
Agora o Theo ficou mais aliviado.
‘A suscetibilidade ainda permanece. É impossível para um mago não se interessar pela Mitra.’
Enquanto brincava com a Mitra, Sylvia sorria e gargalhava, parecendo mais como uma garota de sua idade. Esta era uma expressão que o Theo provavelmente não veria se tivesse só jogado cartas. Sylvia era normalmente impassível como a água, mas uma mulher que sorria dessa forma não seria difícil de aturar.
A viagem dos dois continuou em uma atmosfera muito mais suave do que ele esperava.
* * *
A carruagem de luxo correu de Mana-vil como o vento. Os cavalos eram de uma linhagem excelente, então eles foram capazes de percorrer as trilhas da montanha sem muita dificuldade. Enquanto eles deixavam as cordilheiras, já não havia quaisquer atrasos.
No quarto dia, a carruagem entrou no território do Visconde Teheran, que ficava bem ao lado da Baronia Miller.
Há cinco anos, Theo tinha demorado um mês para chegar à Academia Bergen. No entanto, desta vez só levou quatro dias.
— “Como é a casa do Theo?” Agora a forma estranha de falar da Sylvia já parecia bastante natural.
Suas palavras tinham mudado muito. Ao contrário de quando ela só queria falar sobre magia, agora ela falava sobre a cor de suas roupas favoritas e sobre a paisagem fora da janela. Também era comum ela ficar interessada na história pessoal do Theodore.
Ele pensou que era um bom sinal e respondeu, — “Bem, é apenas uma zona rural. As pessoas cultivam, comem e vivem enquanto estão cercadas pelas montanhas e florestas exuberantes. Quando os animais selvagens descem as montanhas, as pessoas caçam e fazem uma festa. A vida não é abundante, mas eles não hesitam em compartilhar com seus vizinhos. É um lugar onde tais tolos vivem.”
Enquanto ele falava, a paisagem de sua casa entrou em sua mente.
Ele imaginava as pessoas semeando, brincando nos campos, trabalhando ativamente na primavera, correndo por aí no verão, cultivando com um sorriso, se reunindo com seus vizinhos e queimando lenha.
Pensando novamente sobre isso, houve mais anos de pobreza do que de abundância. Seu pai abriu seus armazéns e enfrentou a fome juntamente com seu povo, então o Theo passou fome muitas vezes durante sua infância.
O sabor de um pedaço de pão, feito pelas mãos enrugadas de um velho, era muito mais memorável do que o pão branco que ele comeu em Bergen. O peso daquelas memórias ecoou na voz do Theo.
Sylvia sentiu algo caloroso e murmurou, — “Um bom lugar.”
— “…Sim, é um bom lugar.” Theo concordou.
Como a Sylvia disse, era realmente um bom lugar. Resumindo, a casa do Theo era assim. Eles nunca viveram ricamente, mas eles eram felizes. Os 14 anos que ele viveu lá eram mais preciosos do que as belezas incontáveis que ele havia visto em Bergen e em Mana-vil.
‘Mãe, Pai…’ Os olhos do Theo ficaram vermelhos com o pensamento de cumprimentar seus pais e vizinhos após um longo tempo.
A atmosfera dentro da carruagem ficou calorosa, quando…
— “…Hã?!”
— “Ah.”
Um murmúrio emergiu de ambos, quase ao mesmo tempo. Theo sentiu um calafrio no pescoço, um aviso da sua percepção sensorial. Sylvia tinha uma sensibilidade excelente, então ela notou a mana em torno da carruagem ser esgotada.
Os dois abriram as janelas em ambos os lados sem hesitar. No entanto, apesar de ainda estar no pôr do sol, a visibilidade era extremamente baixa.
‘Muito escuro… Não era para o sol ainda estar no céu? Se este for o caso…!’
Os olhos do Theodore brilharam em um tom dourado. Ele invocou o Olho de Falcão, que lhe permitia ver através da escuridão. Se o Theo se concentrasse, ele poderia encontrar uma única moeda a algumas centenas de metros de distância. Estava escuro na floresta, mas não havia quaisquer obstáculos complicados.
A luz dourada penetrou através das sombras à distância. Theo ficou tenso no momento em que ele viu o contorno das sombras.
Um suspiro escapou de seus lábios, — “Morto-vivo neste lugar…?!”
Como se em resposta a suas palavras, as formas se contorcendo na escuridão surgiram. Eram corpos distorcidos, quebrados e esmagados. A procissão de mortos-vivos causou um sentimento de aversão dentro dele.
Eles eram catástrofes em movimento que comiam criaturas vivas para aumentar seus números, subprodutos da magia de necromancia usado pelos bruxos. Os dois encararam os mortos-vivos que circulavam em torno deles.
Woong, woong, woong, woong!
O portador de um grimório e alguém genial da Torre Azul… Os poderes mágicos do Theo e da Sylvia se envolveram e causaram uma tempestade de mana. Os mortos-vivos foram parados pelo impulso da tempestade de mana, mas foi só por um momento.
Uma voz dura e firme surgiu da boca do Theo, — “Eu cuidarei da esquerda, e você da direita.”
— “Sim.” Afirmou a Sylvia.
Depois da troca simples de palavras, os dois magos deixaram a carruagem e cumprimentaram a multidão de cadáveres.