Volume 1 – Arco 3
Capítulo 35: Calmaria (2)
Rosalyn esboçou um sorriso, e então, como Kim havia esperado, ela parou com o tom respeitoso e declarou: — Ouvi rumores sobre você ser um lixo, mas acho que são enganos.
Embora a maioria dos cidadãos de um reino possam não saber como é a princesa de outro, esse tipo de informação era normal entre os nobres. Mas claro, evidentemente nobres de baixo nível podiam ter certas dificuldades de reunir esses conhecimentos, porém, para membros de uma família de alto nível, como a família Henituse, conseguir reunir esses tipos de dados era algo fácil.
— Bem, é verdade que sou famoso por ser um lixo. Entretanto, você, uma maga, deve fazer seus julgamentos com base em seus cinco sentidos, certo?
— Sim, você está certo jovem mestre Cale. Nós só acreditamos nas coisas que experienciamos.
O ruivo achou a maneira de fala de Rosalyn bastante estranha — mesmo sendo uma princesa, ela falava informalmente com ele, contudo, quando se referia a si mesma como parte da sociedade dos magos, usando o termo "nós", voltava a falar formalmente. — Sua identidade como maga parecia ser a única que importava.
— Então, sua alteza…
— Rosalyn.
Ela também não parecia gostar de ser tratada como uma princesa.
— Certo, Srta. Rosalyn. Você acabou com as perguntas?
— Sim. Acabei — após responder, a maga sorriu e voltou a abrir a boca.
— Jovem mestre Cale, parece que você não quer se envolver comigo...
Mesmo que o indivíduo à sua frente soubesse de sua identidade como princesa, ele apenas lhe disse para aproveitar sua estadia e depois partir — claro, não era como se ela achasse isso desrespeitoso nem nada — na verdade, preferia assim.
Se quisesse um tratamento especial, teria revelado seu nome completo e identidade desde o início.
— Sério? Eu apenas agi da maneira que sua alteza parecia preferir.
"Mentiroso."
Rosalyn tratou as palavras de Cale, o humano que viaja com um dragão e era conhecido pela sociedade como lixo, apenas como uma boa desculpa...
— Parece que você não informou a realeza de Roan, muito obrigada.
Ela então o agradeceu por não ter exposto sua pessoa à realeza do reino.
— Sem problemas. Algo assim deve ser baseado nos próprios desejos do indivíduo envolvido.
Mesmo tendo dito isso, o real motivo do ruivo era por saber o que aconteceria caso tivesse colocado a boca no trombone: O príncipe herdeiro acabaria por invadir sua residência.
— Você está correto, jovem mestre Cale. Eu não desejo revelar-me. Caso isso te cause problemas no futuro, por favor, diga que foi um desejo meu. Enviarei também um mensageiro para apoiar sua história.
— Entendi.
— Obrigado por me deixar ficar aqui. Cuidarei de meus negócios e não lhe causarei nenhum problema.
— Agradeço.
Kim não pode deixar de agradecê-la por estar lhe dando a resposta que mais queria ouvir.
Com isso, não tendo mais nada para conversar, ambos voltaram a comer normalmente...
Às vezes, por não conseguir evitar, a maga espreitava o dragão — como uma usuária de mana — seu olhar analítico continuava a se fascinar com o raro ser sobre a mesa.
Destarte, foi percebendo isso que, o Dragão Negro acabou por parar de degustar o bife originalmente preparado para Cale, se virar e confrontá-la.
— Coma o seu. Esse é meu.
Com suas pequenas patas ele puxou o prato que o ruivo, casualmente, abastecia com outras carnes para perto dele.
O dragão parecia estar ficando viciado no sabor suculento dos alimentos bem preparados; ele podia sentir o quão diferente era de comê-los crus.
Em confusão, Rosalyn olhou em direção ao outro indivíduo da mesa e notou quatro dedos levantados.
— Qua-tro a-nos.
Ela então captou seu sussurro, e logo, percebendo o significado, esboçou um sorriso surpreso e respondeu: — V-Você tem razão, dragon-nim. Perdão!
Depois que sua refeição terminou, Cale saiu do quarto e foi até a carruagem.
Ele precisava encontrar três membros das três famílias que tinham sido amigas dos Henituse por muito tempo; esse era o encontro dos nobres do nordeste.
— Haaa...
E era exatamente com ele que Kim estava preocupado.
— O que foi? Se eu puder fazer alguma coisa para ajudar, por favor, me avise.
Choi Han, que estava presente como guarda, perguntou cautelosamente.
— Não foi nada. Você não precisa saber.
Cale apenas o respondeu secamente antes de começar a ponderar de novo.
Observando-o, o protagonista começou a se preocupar; essa era a sua primeira vez vendo o ruivo se mostrar preocupado com algo.
Kim realmente não sabia o que fazer...
"O que devo fazer para parecer um lixo?"
Sabendo que os nobres do nordeste já tinham visto como o Cale original era…
"Agir como um desgraçado?"
Ele estava tentando imaginar como é ser alguém problemático.
Depois de um tempo pensando no que poderia fazer para agir terrivelmente, Cale acabou por notar que seu veículo havia parado em frente a um casarão. Como todos os nobres do nordeste tinham residências na mesma área da capital, era explicável o como havia chegado rápido.
— Bem-vindo, jovem mestre Cale.
Depois de descer da carruagem, o ruivo viu um velho mordomo saudando-o no portão, e olhou para a mansão dos fundos.
Aquela era a residência do conde Wheelsman — a figura que cuidava do território localizado nas partes iniciais do nordeste e que não era muito influente ou rica. — Na verdade, foi por esse motivo que ele foi capaz de construir um relacionamento tão próximo com o conde Henituse no nordeste, uma terra onde não havia duqueses ou marqueses.
O chefe dos Henituse apreciava sua amizade porque, para alguém como ele, cujo território estava distante de todos, conhecer alguém próximo da capital era bem benéfico.
"Eric Wheelsman..." Kim, enquanto pensava no sucessor do conde Wheelsman, recordou das coisas que seu vice-mordomo havia avisado, cautelosamente, antes de partir...
"Jovem mestre, é ótimo que tenha uma boa relação com o jovem mestre Eric, porém, na frente de outros nobres, creio eu que seria mais sábio não ficar tão próximo dele."
Isso foi mais do que suficiente para ele saber que Eric e o dono original de seu corpo eram muito próximos; mesmo que as informações sobre tal figura no relatório de informações sobre os nobres, o descrevesse mais como uma pessoa serena.
— Jovem mestre Cale, posso acompanhá-lo até lá dentro?
— Claro.
Cale seguiu o velho mordomo até a mansão.
Eric Wheelsman, Gilbert Chetter e Amiru Ubarr, diante desses três indivíduos, Kim ainda estava se perguntando como deveria agir...
— Cale.
No entanto, no fim das contas, ele nem ao menos precisava se preocupar com isso.
— Você pelo menos ainda ouve este hyung, certo?
Cale tinha um olhar confuso em seu rosto; Eric pôs seus óculos para cima depois de notá-lo.
Agora mesmo, o ruivo estava sentado à mesa com três nobres que o rodeavam como se estivesse em uma entrevista.
"Isso é estranho."
Por outro lado, as pessoas presentes estavam mais "consolando-o" do que "entrevistando-o".
— Não é irritante para você?
Eric Wheelsman começou a falar.
— Ele está certo. Jovem mestre Cale, ouvi dizer que você não gosta de formalidades.
— Jovem mestre Cale, não tem problema algum em achar algo irritante.
A filha do visconde Ubarr, Amiru, e o filho do barão Chetter, Gilbert, se juntaram.
O trio parecia estar tentando consolar uma criança.
Seguindo o embalo, Kim apenas respondeu às suas declarações.
— Isso aí.
— Viu!? É por isso!
Thud.
Eric bateu levemente na mesa; não parecia estar com raiva, mas sim um movimento subconsciente.
Ele olhou para Cale, que costumava ser um garotinho bondoso até crescer e se tornar um lixo, e calmamente continuou.
— É por isso que não precisa fazer ou falar nada! Apenas fique relaxado! Fique quieto e nós cuidaremos de tudo por você.
— Eu sou muito bom em ficar relaxado.
Cale respondeu de volta com uma expressão intrigada.
— H-Hã? Ah, sim. É mesmo, você é muito bom nisso.
Eric Wheelsman era conhecido por ser certinho — mas também era o tipo de pessoa que se preocupava com tudo. — E, depois que descobriu que era Cale a vir para a capital, sua preocupação se tornou ainda mais alarmante...
— Alguns dos outros nobres do nordeste podem tentar irritá-lo. Já aqueles que se alinharam com o marquês Stan ou algum outro duque, definitivamente tentarão. Mas tudo o que você tem que fazer é relaxar e nós cuidaremos de tudo. O que acha?
Das 10 famílias pilares, somente 4 delas não se alinharam a alguma facção, já aquelas que se alinharam com outras de alto nível, fariam de tudo para mostrar sua superioridade e tentar recrutar esse pequeno grupo sem facção.
Portanto, estando conectada e sendo a mais forte família deste pequeno grupo, os Henituse não poderiam se dar ao luxo de causar confusões na capital e atrair maus olhares.
— …
Percebendo que Eric, assim como os outros dois nobres presentes à mesa, esperavam tranquilamente pela sua resposta, o ruivo esboçou um sorriso suave e abriu a boca.
— Isso seria ótimo.
Logo então, em sua resposta, Eric, parecendo contente, voltou a falar.
— Também estávamos planejando saudar o príncipe herdeiro juntos. E sim, tenho certeza de que você acha isso chato e quer ir direto para as bebidas, porém isso será difícil… Contudo, prometo que desde que faça a saudação inicial, nós cuidaremos de todo o resto!
Por estarem no mesmo lado de um lixo problemático, aqueles nobres tinham apenas uma única ação disponível: Protegê-lo.
"Oh."
Kim, achando aquela conversa bastante interessante, começou a sorrir. E assim que pegou o copo de vinho na sua frente, levou até seus lábios e molhou sua garganta, começou a falar.
— Isso é ótimo.
— Não é?
Eric estava com um sorriso brilhante em seu rosto enquanto seus óculos refletiam a luz do candelabro.
Cale havia decidido aceitar a oferta dos três nobres de não fazer nada e ter suas proteções.
— Tudo que você vai precisar fazer é aparecer, sentar lá e relaxar.
— Ótimo. Parece perfeito.
Para ele era uma oferta muito boa, não, era exatamente o que queria...
Com aquele assunto acabado, o ruivo voltou, calmamente, a aproveitar sua refeição — ele estava pensando o quão bom foi ter ido até lá. — No entanto, diferente dele, sabendo muito bem sobre o histórico de Cale Henituse e suas jogadas de garrafa, Eric, Gilbert e Amiru não baixaram suas guardas.
E claro, estando aqui para convencer o príncipe herdeiro a investir no litoral nordestino, onde as famílias de Gilbert e Amiru estavam posicionadas, todos precisam estar inteiros.
Naturalmente, Kim já sabia dos seus desejos, ele nem ao menos precisou ter lido as informações sobre eles por conta de suas famílias não guardarem segredos. Entretanto, também sabia que o investimento do príncipe não seria possível.
"Como ele seria capaz de investir em algo fútil quando uma guerra começasse no sul de Poente?"
Depois que seu encontro acabou sem nenhum outro problema, Cale retornou a sua residência e descansou.
Logo depois, ouvindo que Choi Han estava de volta, o chamou para seu quarto.
— Cale-nim, você me chamou?
— Taverna.
— Acabei de voltar de lá. As crianças estão bem enérgicas, graças aos céus.
Diferente do protagonista que agora parecia relaxado e feliz, o ruivo ficou pálido depois de imaginar 10 crianças bestiais enérgicas; no entanto, se recompondo, voltou a falar.
— Então pelo jeito você não tem mais nada para fazer.
— Verdade...
Kim acenou com a cabeça antes de levantar-se da poltrona; foi só então que Choi Han percebeu que ele não estava usando seu pijama como sempre e sim roupas casuais.
Cale caminhou até sua cama enquanto abria a boca.
— Eu vou deitar, então vá dizer ao Hans que ele pode parar de ficar de guarda na porta e ir dormir.
"Ele irá sem pestanejar."
O protagonista então olhou para as janelas abertas do quarto — era noite — e então fez uma pergunta.
— Você vai sair...?
— Isso — o ruivo sorriu enquanto continuava: — As deixarei abertas, então venha para meu quarto depois.
— Entendi.
O olhar de Choi Han mudou, ele se lembrou do que lhe foi dito no outro dia; sobre ter que impedir o incidente para encontrar o mago sanguinário.
E então perguntou com uma expressão séria: — Seremos só nós dois, sem On ou Hong?
— Eu também vou.
Mas uma outra voz veio em resposta.
O Dragão Negro tinha removido sua invisibilidade e entrado por uma das janela abertas.
O protagonista o observou antes de voltar seu olhar para Kim que respondeu-o instantaneamente.
— Nós três iremos.
Recomendações:
— A Vingança do Curandeiro: É uma Web Novel Japonesa de Fantasia e Vingança. Para quem curte O Retorno do Herói, deve gostar dela também.
— O Rei da Caverna: É uma Web Novel Japonesa de Fantasia e Slice of Life. Para quem curte A História do Tiozão que Reecarnaou como um Garotinho, deve gostar dela também.
— A História do Tiozão que Reecarnaou como um Garotinho: É uma Web Novel Japonesa de Isekai e Aventura. Para quem curte O Rei da Caverna, deve gostar dela também.
— Isekai Apocalypse Mynoghra ~ Conquistando o Mundo com a Civilização mais Difícil ~: É uma Light Novel japonesa de Aventura e Estratégia. Para quem curte Dungeon Defense, deve gostar dela também.