Volume 1 – Arco 2
Capítulo 18: Vi um Dragão (1)
— Um dragão…?
— Sim.
— Eu já vi algo parecido uma vez.
"Parecido o caramba!"
Kim sabia do que o protagonista estava falando ao dizer isso — ele se referia a um dos monstros sinistros da Floresta das Trevas. — Entre as diversas criaturas terríveis que viviam lá, havia outras que, em questão de aparência, eram muito próximas aos lagartos e dragões.
Choi Han tinha matado um monstro semelhante a um dragão quando avançou do estágio intermediário para o estágio final de sua esgrima.
— Você o enfrentou? Como foi?
Cale fingiu não saber de tal evento e, perguntou a Choi Han; ele era a única outra pessoa em seu quarto neste momento.
— Era um monstro...
— Como assim?
— Sua aparência, sua força, tudo… Era um monstro em todos os aspectos.
— Sério?
Após ver Choi Han acenar com a cabeça, Kim voltou a falar: — Então você nunca viu nada parecido com um dragão.
— Hã?
— Dragões são como humanos.
Clack.
Ao pousar sua xícara de limonada sobre a mesa, a figura ruiva voltou a responder seu convidado que agora possuía um olhar cheio de curiosidade.
— Dragões, Bestiais, Anões, Elfos, todos eles são como humanos. Por quê? Porque eles também têm emoções e vida.
Mesmo iniciando de tal forma, essas coisas não eram nada importantes para Kim; o ponto principal começou a partir daqui.
— Entretanto...
Choi Han deve ter notado a súbita mudança no tom da voz que escutava, em resposta a isso, se ajeitou na cadeira e focou no que ouviria a seguir.
— Se tal existência cair na escuridão desde o seu nascimento. E, a única coisa que atualmente ilumina o escuro em sua vida são tochas... Que tipo de vida você acha que este ser está tendo?
Tap.
Cale bateu na mesa com seu dedo indicador.
— Há outros que até forçam essa existência a se tornar irracional….
Tap.
Ele bateu na mesa mais uma vez.
— Aquele ser sofre sozinho, sem família ou nada em que se apoiar...
Tap.
O olhar de Choi Han caia cada vez que o dedo de Kim batia — já seus punhos, com as veias visíveis, estavam cerrados embaixo da mesa. — Kim não sabia disso, e continuou.
— Sendo torturado e abusado todos os dias... Só deixado em paz quando está praticamente morto…
Após essa frase, subitamente, a expressão do protagonista se endureceu e apenas ódio preenchia seu olhar.
Cale já sabia como ele reagiria; não havia como uma pessoa boa como ele não ficar brava após ouvir um relato desses. Choi Han também deve ter descoberto o porquê tal história veio à tona.
Kim tomou outro gole de sua limonada e, lentamente, começou a olhar para a janela antes de terminar sua história.
— Além disso, este ser está por perto.
Um breve silêncio encheu a sala.
Kim não sabia no que Choi Han estava pensando, mas notou que seu corpo inteiro estava cercado por uma densa aura.
"Ele ficou tão bravo assim após saber que um dragão está sendo torturado?"
Ao contrário de sua hipótese, o protagonista estava atualmente se lembrando das dezenas de anos que teve de sobreviver por conta própria na Floresta das Trevas — foi por isso que o silêncio continuou por um tempo. — Finalmente, Choi Han fez contato visual com Cale e perguntou:
— Você irá domá-lo após salvá-lo?
— Tá louco?
— Hã?
Kim agiu com reflexo, e perguntou de volta em choque. Seu convidado também ficou paralisado com o questionamento recebido sobre sua sanidade.
— Por que eu o domaria?
Não havia como um dragão que era abusado por um homem ficar disposto a servir outro. Na verdade, ele provavelmente estaria cheio de ódio e repugnância por todo e qualquer ser humano: Isso valia até para o seu salvador.
Os dragões eram seres que acreditavam estar acima de todas as criaturas, incluindo a raça humana. Este era um instinto natural para eles, portanto, mesmo não tendo contato com nenhum outro de sua espécie, ele ainda se sentiria desse jeito.
No fim, é exatamente por essa atitude que torna impossível domestica-los sem usar a tortura e o abuso para quebrar suas mentes.
"Além de nascerem extremamente arrogantes. Se eu criasse um..."
Kim já podia imaginar: Ele viu as diversas vezes que se envolveria em incidentes irritantes.
No total havia menos de 20 dragões em Nascente e Poente — portanto, ser responsável por criar um deles era praticamente o mesmo que dizer: "Quero estar nos holofotes dos dois continentes". — Sem contar também com o fato de que aquele era um dragão que deveria ter morrido…
Cale definitivamente era contra a vinda daquele ser com eles. E claro, ele também imaginava que assim que o Dragão Negro se livrasse do colar de restrição de mana, acabaria indo para longe e tendo uma vida muito melhor do que a dele.
Afinal, desde o nascimento, dragões não eram chamados de reis do mundo atoa.
— Então...?
— Por que você está fazendo uma pergunta com uma resposta tão óbvia?
Antes de responder, Kim riu ao ver Choi Han confuso.
— Um dragão não deve viver como um dragão?
— Entendo...
Os punhos cerrados de Choi Han lentamente começaram a relaxar.
— Tudo o que precisamos fazer é libertá-lo, certo?
— Sim. E por isso que eu vou precisar da sua ajuda.
— Qualquer coisa. Eu faço qualquer coisa para ajudar!
Kim estava preocupado que o protagonista, balançando sua cabeça, apenas negasse seu pedido.
— Não é pra tanto... Se possível, não tenho a intenção de matar ninguém também. Resolveremos isso de maneira discreta.
— Cale, você realmente é...
Assim que Choi Han começou a falar com admiração — Cale havia terminado de verificar seu o relógio. — E, logo depois, disse o que precisava.
— Fale pro Ron preparar meu álcool.
— Diferente... Hã?
Kim estava preparado para beber.
A noite havia caído.
No bar do hotel estava a figura ruiva que havia começado a beber desde o meio-dia.
Choi Han apenas sentou-se ali nas redondezas com uma expressão confusa no rosto enquanto olhava em volta: Todos, exceto ele, pareciam acostumados com aquilo.
No meio daquele ambiente estava Cale Henituse, bebendo garrafa após garrafa. O vermelho em seu rosto entregava a qualquer pessoa que o observava sua embriaguez.
Choi Han olhou para Hans, que estava ao seu lado, e perguntou: — Não há problema em deixá-lo beber tanto?
O vice-mordomo distribuía aperitivos para On e Hong, que estavam em sua forma de gato — não fazendo ideia que eles faziam parte da Tribo dos Gatos. — Logo então respondeu com refrescância à pergunta recebida.
— Não! Não há nada em suas mãos. Portanto, é seguro! E ele prometeu que não jogaria nenhuma garrafa também.
Diferente de Hans que estava mais preocupado com a própria segurança, o protagonista estava preocupado com a segurança do bêbado ruivo.
Depois de receber aquela resposta, Choi Han simplesmente se calou e se afastou de Hans — era inteligente deixar o vice-mordomo sozinho quando ele estivesse ao lado dos gatinhos. — Em seguida, de longe, começou a observar Cale para ter certeza de que estava seguro.
— Velho, seu álcool tem um sabor maravilhoso! Muito melhor do que eu esperava.
Kim não parecia saber que estava sendo observado, ao invés disso, focava apenas em elogiar o álcool. Já em seu entorno, alguns membros do grupo não estavam bebendo, caso algo acontecesse, mas a maioria também aproveitava o ambiente festivo.
"Nem parece que estavam super nervosos no início..."
Quando Cale ordenou que se reunissem, pois estaria bebendo, todos os soldados apareceram com o capacete equipado. Vendo aquela cena, ele acabou falando, mesmo sem confiança, que não jogaria nenhuma garrafa.
— Esse álcool é especial, eu mesmo fiz com as frutas e ervas das montanhas que circundam a vila. É por isso que ele é um pouco caro também.
Como aquela figura mencionou, o álcool realmente parecia ser especial, ele tinha um ótimo sabor. Kim que havia gostado dele, levou a garrafa até o velho.
— Você tem mais?
— Sim. Bastante.
— Então pegue e distribua para todos aqui.
— J-jovem mestre, não há necessidade! — Gritou o vice-capitão com o rosto trêmulo, enquanto seus olhos se mantinham focados na garrafa.
O resto dos soldados estavam olhando para a mesma coisa: Naturalmente, Cale estava ciente no que estavam pensando.
— Beba logo. Estou mandando, entendeu?
Assim que tais palavras foram ditas, todos os olhares ao redor começaram a cintilar. Foi a primeira vez que os soldados ficaram entusiasmados ao ver uma garrafa nas mãos de seu jovem mestre...
Diferente do que pensavam, Cale Henituse era um humano que tinha uma forte tolerância ao álcool: Ninguém fazia ideia de que ele não precisava ficar bêbado para fazer confusões. Portanto, a cabeça de Kim estava perfeitamente clara naquele momento.
Ele bebeu por mais uns trinta minutos antes de olhar para Choi Han e começar a falar.
— Choi Han. Venha me ajudar. Vou pro meu quarto descansar.
— Jovem mestre, eu posso ajudar.
— Está tudo bem. Vice-capitão, descanse um pouco hoje. O resto dos soldados também. Vocês não tiveram uma batalha ontem? Esta não é uma área perigosa, e me sinto mal pelos soldados de guarda, portanto, o resto de vocês devem aproveitar e se divertir.
— Jovem mes—
— Estou cansado. Tchau.
Seria complicado se o vice-capitão ou os outros o seguissem. Felizmente, nenhum deles se aproximou depois de ver Choi Han ir ajudá-lo.
O motivo? Bem, aquele indivíduo foi o único que não bebeu nada, e também era a pessoa mais forte presente. Logo, eles não tinham nada com que se preocupar.
"Só resta uma pessoa."
Seria fácil evitar os guardas no portão e ao redor da pousada, porém, Ron era um caso à parte. Claro, sendo um de seus mordomos, ele nunca entraria no quarto sem permissão, entretanto, o velho era hábil o suficiente para facilmente perceber quando ele saísse.
"Bom, não é como se aquele velho se importasse com o que eu faço também."
Realmente, aquela figura não se importaria se seu jovem mestre escapasse. Entretanto, Kim não queria que as coisas se tornassem irritantes no futuro, por isso decidiu contar a Ron com antecedência.
Ao ver o velho mordomo seguir atrás de Choi Han, Cale rapidamente o informou.
— Ron, eu vou sair. É um segredo. Entendeu?
Este velho gostava de beber, mas por algum motivo não bebeu uma única gota hoje à noite. Em vez disso, só ficou olhando para o bêbado ruivo o tempo todo — ele realmente era uma pessoa assustadora. — Na real, o sorriso benigno que estava fazendo neste momento era ainda mais assustador.
— Entendo. Estarei esperando.
— Não precisa.
"Por favor, não espere..."
Como era de se esperar, Ron concordou sem dizer mais nada. Kim continuou a ser ajudado por Choi Han enquanto entrava em seu quarto.
— Eu vou dormir. Hans, Ron, não entrem para me acordar a menos que seja uma emergência. Vocês sabem como eu fico quando alguém se mete no meu sono, certo?
No passado, um criado recebeu uma onda de xingamentos quando teve que acordar Cale no lugar de Ron. E, embora não tenha sido agredido fisicamente, ele contornou a propriedade contando a todos os outros criados como se tivesse sido atingido por uma enxurrada de golpes.
— Claro que sim, jovem mestre. Por favor, durma bem.
— Estarei logo atrás da porta, jovem mestre.
Depois das palavras de Hans, com a resposta de Ron, a expressão de Cale endureceu, porém ele logo viu os dois saírem. E assim, murmurando, deu uma ordem a Choi Han.
— Use as janelas para voltar furtivamente ao meu quarto.
Assim que acenou com a cabeça, o protagonista rapidamente seguiu os outros dois para fora do quarto e fechou a porta.
Meeeow!
— Chegou a hora?
Acenando com a cabeça para On e Hong, Cale imediatamente foi de encontro com a caixa de antes e a abriu.
Click.
E, após aberta, Kim tirou uma roupa de dentro dela...
Uma vez que terminou de se trocar, Choi Han entrou pela janela, e então seus olhos se abriram em choque.
— Cale!?
Antes de colocar a máscara, Cale jogou uma outra roupa preta em direção ao protagonista.
— Vista isso também.
A ferramenta mágica de ontem deveria parar temporariamente os dispositivos mágicos de gravação — porém, para Kim, isso não era suficiente — ele não queria ser reconhecido.
— O que é isso?
Na região do peito, o traje tinha uma única estrela vermelha e cinco estrelas brancas menores em torno dele.
"Não é óbvio? É o traje de uma organização secreta…"
Na novel, "O Nascimento de um Herói", explicou de forma clara e precisa o traje da organização secreta que Choi Han encontrou diversas vezes. Portanto, Cale encomendou roupas inspiradas nessas informações. E só por precaução, teve que pedi-las separadamente e adicionar manualmente as estrelas: Por conta disso, o design de perto era um pouco feio.
No entanto, as pessoas que virem este traje não vão reparar na qualidade da costura, mas sim de: "Uma roupa preta com uma estrela vermelha e cinco estrelas brancas".
E para Venion, que não conheceu pessoalmente a Organização Secreta como o marquês, o relatório de seus lacaios que virem esta roupa lhe dará definitivamente uma dor de cabeça e raiva significativas.
— Estamos fazendo algo ruim...?
Choi Han perguntou ao ver Cale olhando para ele com uma máscara negra que também o fazia lembrar um vilão.
— Sim. Estamos fazendo algo ruim.
Kim começou a sorrir por baixo da máscara.
— Estamos fazendo algo ruim a Venion.
— Ah.
Choi Han parecia finalmente entender, pois rapidamente apontou para a outra máscara na mão de Cale.
— Por favor, me dê isso.
Mesmo pessoas boas tem alguém de quem não gostam e querem bater. Isso não era diferente para este jovem de 17 anos, que passou dezenas de anos sozinho neste mundo.
— Ah, e estes filhotes são da Tribo dos Gatos. Eles são Bestiais.
Kim casualmente apresentou On e Hong a Choi Han como se não fosse nada; eles simplesmente trocaram saudações também.
Os filhotes da Tribo dos Gatos, que eram sensíveis ao verdadeiro caráter de uma pessoa, já tinham uma boa ideia sobre a força do protagonista, e durante a viagem, ele também tinha notado que a dupla felina não era comum.
— Este é Choi Han, ela é a On, e ele é o Hong. Fim das apresentações.
Com isso, Choi Han logo se retirou e foi até o banheiro; ele saiu dele vestindo o mesmo traje preto.
— Vamos lá.
Cale então acrescentou, enquanto estava em frente à janela do segundo andar.
— Me carregue. Não posso pular de tão alto sem me machucar.
Presenciando aquela situação, o protagonista soltou um suspiro pela primeira vez na frente da figura ruiva. On e Hong se aproximaram de Choi Han e lhe deram uns tapinhas com as patas para consolá-lo.
Kim os instigou mais uma vez.
— Vamos nos apressar!
O grupo que saiu em segurança da pousada se dirigiu para a montanha com a casa do visconde e o cativeiro do dragão.
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