O Druida Lendário Brasileira

Autor(a): Raphael Fiamoncini


Volume 1

Capítulo 19: A Lâmina de Salazar

Ragnar estava deitado na grama, de olhos fechados, apreciando o frescor do vento em sua pele até Skiff efetuar três disparos rápidos de seu arco e flecha. As três setas erraram a testa do touro por um triz e acabaram cravando no gramado.

— Droga — resmungou o caçador.

O touro que havia mirado continuava pastando como se nada tivesse acontecido.

Skiff fechou os olhos, ajustou a postura, puxou três flechas da aljava e abaixou o arco. Então abriu os olhos e, sem mirar, efetuou mais três disparos rápidos confiando em sua memória muscular. A primeira seta raspou sobre o couro do animal, a segunda quase atingiu uma pata e, a terceira, voou em direção ao sol.

— Está melhorando — Ragnar comentou enquanto admirava o amigo fugindo das chifradas do touro.

O druida contemplava o céu azul, com a janela de informações aberta.

Eles avançaram para o nível 15 porque a missão “Curtindo Couro Adoidado” os recompensou com uma grande quantidade de experiência. Desde então, a dupla se dedicou a cumprir missões urgentes e a adquirir peças de couro.

Todo o couro coletado foi usado por Skiff para confeccionar um novo traje para o druida, chamado Conjunto das Sete Folhas, uma veste de couro marrom com camadas verdes por cima em formato de folhas.

Quanto a arma, Ragnar aprimorou cinco vezes a Perdição das Víboras, levando-a ao limite.

Com sua energia recarregada, se levantou do chão e restaurou a vida do amigo com uma Brisa Curativa.

O touro caiu no chão, sem vida. Skiff se aproximou e recuperou as flechas cravadas no couro do bovino. Enquanto isso, Ragnar desceu da pequena elevação que o distanciava do amigo, mas, no meio do caminho, uma explosão repentina o arremessou para longe.

O ombro absorveu o impacto inicial da queda. Seu reflexo afiando lhe permitiu reagir rolando sobre o gramado para reduzir o dano das batidas subsequente.

Ele cuspiu as três folhas de grama que entraram em sua boca. O gramado no local da explosão estava chamuscado. A área de impacto tinha cinco metros de diâmetro.

— B-bola de fogo — balbuciou para Skiff.

Pelo ruído ritmado de algo se arrastando, Rangar percebeu que mais de um oponente vinha em sua direção. Ele conseguiu se erguer a tempo de se armar com a Perdição das Víboras e de invocar Lady Plissken para defendê-lo.

De relance captou a silhueta de uma pessoa com um chapéu grande, capa longa e um cajado maior que sua estatura. Mas não era o mago que o preocupava, eram as duas pessoas vindo por trás.

Girou na direção deles, usou o movimento do corpo para guiar a lança em um arco horizontal. Um tinir metálico ressoou em seus ouvidos. O cabo da lança foi aparado pela lâmina de uma espada prateada.

— Te encontrei! — disse a garota empunhando a arma com as duas mãos.

O segundo agressor, no entanto, foi ao chão quando a lança raspou em seu rosto.

Ragnar voltou sua atenção para a espadachim. Era Havoc, a garota que o abordou na loja de itens mágicos do vampiro Sinistro,

— Pague os vinte mil rubros… ou morra! — ela falou guiando a lâmina pelo cabo da lança. 

— Nunca! — Ragnar retrucou, entusiasmado.

Ele retraiu a arma e golpeou com uma estocada no peito dela.

Havoc mudou de postura, levou a lâmina até a altura dos olhos e repeliu o ataque atingindo a lança na lateral com um corte ascendente.

Então avançou na direção dele, com a espada preparada para desferir o próximo ataque.

Ragnar puxou a lança para si e deixou a garota vir para cima. Enquanto isso, Skiff cravejava um guerreiro de flechas, e Lady Plissken mordia as pernas de mais um assassino que tentou se aproximar deles pelas costas.

Havoc partiu para o ataque usando a habilidade Investida para se colocar de frente a Ragnar, mas ao tentar estocá-lo com a ponta da espada, suas mãos foram envolvidas por raízes vindas do chão.

Ragnar aproveitou para estocá-la três vezes, mas graças a diferença de nível, cada golpe tirou uma porcentagem pequena da vida dela.

Então os ataques cessaram de ambas as partes, pois o mago ao longe ergueu uma parede de gelo entre o druida a espadachim, mas, sem perceber, isso abriu uma janela de oportunidade para o druida.

Ragnar deu as costas para o bloco de gelo e disparou na forma de urso de ferro contra o assassino ainda engajado contra Lady Plissken. Somado à ajuda de Skiff, que havia eliminado o guerreiro fazia pouco tempo, o assassino foi derrotado em poucos segundos, apesar das curas recebidas de um clérigo em seu grupo.

O druida voltou sua atenção para o mago, mas era tarde demais, o feitiço fora lançado, uma esfera flamejante que percorria o campo de batalha, vindo em sua direção, e engolindo Skiff em um estourou de chamas vermelhas.

Desta vez Ragnar não foi derrubado pela onda de choque, pois previu o efeito e conjurou suas raízes em si mesmo, prendendo-o no lugar.

Skiff estava morto. O dano da bola de fogo era alto por natureza, além do mais, o mago tinha uma vantagem de seis níveis contra a dupla.

Ragnar sentiu pena ao ver Lady Plissken se debatendo no chão, tentando apagar as chamas em seu corpo.

Apesar da situação desesperadora que se encontrava, permaneceu calmo e estudou o campo de batalha, esta seria uma batalha de três contra um (e meio, caso Plissken fosse somada à conta).

O ideal seria eliminar o clérigo primeiro, cortando o fornecimento de cura, evitando uma batalha demorada, porém, ele estava posicionado atrás da espadachim, não seria fácil chegar até ele. Eliminar Havoc primeiro estava fora de questão. Ela era forte, então enfrentá-la demandaria tempo demais, além de deixar o mago livre para conjurar seus feitiços mortais.

A estratégia era clara. Ragnar empunhou a lança e disparou contra seus oponentes, sem desacelerar o passo ele se abaixou e agarrou a cauda da serpente, girou-a duas vezes no ar, conjurou seu feitiço de cura nela, e arremessou-a contra Havoc.

A espadachim contemplou a serpente vindo em sua direção, ela empunhou a espada com as duas mãos, ergueu-a acima de sua cabeça, e aplicou toda a força ao baixá-la contra cobra.

A lâmina afundou na carne, mas atingiu o tronco da criatura, a cabeça de Lady Plissken dobrou-se, e, sem que Ragnar precisasse ordená-la, a amiga escamosa exibiu suas presas e as enterrou no braço da garota.

Havoc tentou se mexer, mas o corpo não respondeu aos seus comandos, pois estava sob o efeito do veneno paralisante da serpente. Enquanto isso, Ragnar disparou pelo gramado, avançando contra o mago que mirava seu cajado em sua direção.

Mas a conjuração estava no fim, não havia como pará-la. Um brilho azulado irradiou da ponta do cajado, dividindo-se em três esferas que voaram contra Ragnar, deixando um rastro luminoso no caminho.

O druida reagiu transformando-se em serpente. Diminuir de tamanho fez a primeira esfera mágica passar reto acima de sua cabeça, mas as outras duas corrigiram a trajetória descendo rente ao chão e, como estavam próximas uma da outra, Ragnar desviou dando um bote para o lado direito.

As esferas estouraram ao chocarem-se contra o chão, causando uma explosão luminosa que, por pouco não o atingiu. A face do mago se converteu de confiança em desespero.

Passaram-se trinta segundos desde a transformação animal, a habilidade acabara de sair do tempo de recarga. Ragnar se transformou em urso de ferro e saltou sobre o coitado que, em um último ato desesperado, lançou mais uma rajada de mísseis mágicos em vez de fugir ou tentar se esquivar.

As esferas explodiram no peito do urso, mas essa forma animal aumentava sua resistência mágica. Ragnar derrubou o mago no chão e capitalizou o erro adversário desferindo patadas contra o peito dele até zerar os pontos de vida.

Restava o clérigo e a espadachim no campo de batalha. Ele sabia que o pior ainda estava por vir.

Quando se virou para encarar seus adversários remanescentes, imaginou que ela já estivesse em seu encalço, com a serpente a perseguindo, mas o que viu foi Havoc cravando a ponta da espada na cabeça de Lady Plissken.

A serpente estava morta, por conta disso não poderia ser invocada até regenerar todos os pontos de vida, um processo que levaria algumas horas.

Havoc ergueu a cabeça para encará-lo, ela esticou o braço e o convidou para um duelo fazendo um gesto de mão. O druida assentiu, e se pôs a caminhar até ela empunhando a lança na mão direita.

Ambos ficaram face-a-face.

— Quem é você? — ela começou.

Ragnar apontou para sua cabeça, para onde imaginava que seu nome apareceria caso ela fosse analisá-lo, mas a garota ignorou o gesto, especificando:

— Essa forma de urso é estranha demais para um druida comum.

— Todo druida é naturalmente estranho por em sã consciência escolher ser um druida.

Ela suspirou e empunhou a espada antes de dizer:

— Se é assim que você quer conversar, é melhor terminarmos o que já começamos.

— Começamos? — Ragnar indagou. — Foi você que veio de lugar nenhum e começou a me atacar.

— Justo… — Um sorriso maquiavélico se formou na face dela.

Havoc avançou usando a Investida, mas, quando chegou perto, Ragnar deu um passo para trás e girou a lança para cortá-la. Apesar do corte não ser o golpe primário da lança, esse movimento era perigoso por seu longo alcance, mesmo não causando o mesmo dano de uma estocada.

A ponta da arma acertou a adversária no centro da couraça da armadura. O dano foi subtraído e o efeito de envenenamento da Perdição das Víboras foi aplicado.

Mas Havoc não se abalou, ela seguiu com sua ofensiva desferindo um Golpe Duplo.

Ragnar ergueu a lança para bloquear o ataque, o dano recebido foi reduzido, mas 16% de sua energia total foi consumida no processo.

Ela continuou atacado, cada golpe desferido era mais forte e preciso que anterior, mas Ragnar conseguiu esquivar movendo seu corpo ou redirecionando os ataques com o cabo da lança.

A expressão na face dela foi ganhando seriedade, até entrar em frenesi, os ataques ficaram ainda mais rápidos, porém mais desesperados. O druida manteve a postura defensiva, desviando e bloqueando os cortes, as estocadas e as habilidades utilizadas por Havoc.

Só então percebeu algo estranho, a durabilidade de sua lança havia caído para 20%, mas ele poderia jurar que antes do duelo estava acima de 80%. Havia apenas uma explicação plausível: ela tinha alguma arma ou algum item que aumentava o estrago a equipamentos atingidos por seus ataques.

— Como? Como? — ela se perguntava. — Você é um novato. — A seriedade estampada em seu rosto foi se transformando em frustração.

Ragnar decidiu aproveitar ao máximo os 20% restantes de durabilidade da Perdição das Víboras.

— Havoc… — Ele a chamou, ela apenas levantou o olhar para ver seu rosto. — Prepare-se. — Meio que sem entender o que queria dizer, ela recuou e levantou a guarda.

Ragnar apertou a empunhadura da lança e avançou ativando a Ira da Tempestade. A Perdição das Víboras girou em sua mão e foi lançada para frente. Os reflexos de Havoc permitiram ela guiar a lâmina para efetuar o aparo do golpe.

Boa, garota, pensou ele, então puxou a arma de volta antes dela atingir o alcance máximo, pois utilizou o momentum para efetuar uma finta, redirecionando a lança contra a perna direita da oponente.

A ponta perfurou a coxa de Havoc, que soltou um grunhido assustado, mas ele não parou.

— Não se distraia, nunca! — Girou a lança nas mãos, a ponta afiada tocou o chão e subiu com um rápido puxão.

Havoc cambaleou para trás, mas conseguiu se estabilizar a tempo de não cair. Ela apontou a espada para ele, dizendo:

— Preste atenção.

Ragnar estava correndo quando ela veio ao seu encontro. Curioso pelo que estava por vir, parou onde estava e permaneceu em guarda.

— Agora! — Havoc rugiu, avançando à toda velocidade, usando a Investida para fechar a distância entre eles a tempo de emendar um Golpe Duplo, Ragnar desviou girando o corpo para a direita. Ela redirecionou a espada contra o peitoral dele e invocou o Corte em Lua Crescente.

Em um piscar de olhos a trajetória da lâmina deixou no ar um risco luminoso remetendo ao nome da técnica. Havoc guiou a espada na altura de seu peito em um corte ascendente, então girou o corpo e desceu a lâmina na diagonal na altura da sua cintura para aproveitar o movimento e encaixar um Corte Redemoinho.

Ragnar a havia subestimado em sua brincadeira de querer testar limites, e acabou deixando-se atingir pelo golpe que o afligiu o status vulnerável, agora receberia 8% a mais de dano por 15 segundos.

Mas quando ergueu a lança para bloquear o Corte Redemoinho, o cabo da arma se partiu ao meio. O estalo ressoou em seu ouvido, anunciando uma tragédia, a durabilidade da Perdição das Víboras havia zerado. Com isso, o terceiro e último corte da habilidade o atingiu em cheio, deduzindo 60 dos 100 pontos de vida que ainda lhe restavam.

Os olhos de Havoc ardiam em determinação. Quando sua combinação de ataques chegou ao fim, ela recuou um passo e permaneceu em guarda.

— Sua arma foi destruída. Acabou…

— Você só está esquecendo de uma coisa — Ragnar disse. — Eu sou um druida.

— Pague os vinte mil rubros que nos deve. Eu prometo deixar vocês em paz.

— Eu não tenho todo esse dinheiro — mentiu.

Havoc se aproximou alguns passos.

— Você pode trabalhar para a gente até quitar o débito. Eu não queria admitir… de verdade, mas você é bom. Tenho certeza que um druida como você se daria muito bem conosco — Ela ergueu sua arma. — Está vendo essa espada? O líder da guilda me presentou ela quando fui promovida. E por causa dela eu consegui quebrar seu palito de dente.

— Garota — Ragnar soltou um riso debochado. — Eu já tenho dívidas que chega na vida real. A última coisa que preciso é assumir outra aqui dentro. Obrigado pela oferta, mas eu não vou me juntar a uma guilda que pactua com golpistas aproveitadores de novatos.

— Você não me deixa escolha. — Havoc voltou-se para o clérigo atrás dela. — Continue me curando, não deixa minha vida baixar além da metade.

O clérigo confirmou sacudindo a cabeça.

Dessa vez foi Ragnar quem partiu para cima. De mãos vazias ele acumulou na palma da mão a eletricidade emanando em seu corpo. A descarga elétrica chiou ao sair de sua mão.

Havoc virou-se imediatamente, mas, quando seus olhos começaram a refletir o clarão azul, o peito do clérigo foi pulverizado.

Ela brandiu a espada contra o druida vindo em sua direção, ao tentar atingi-lo com uma estocada emendada por um Corte Duplo, Ragnar derrapou sobre a grama, transformou-se em cobra e passou por entre as pernas dela.

A espadachim o perseguiu, e quando ficou a dois passos dele, seu corpo se chocou contra uma parede fofa feito de pelos pretos. O impacto a fez cambalear, quase a derrubando, mas conseguiu contrabalancear apoiando a mão direita no chão.

Ragnar alcançou o clérigo a tempo, usou o corpo avantajado da forma de urso para derrubá-lo no chão. Com o inimigo imobilizado por alguns segundos, aproveitou para morder a face e dilacerá-lo com três patadas no peito.

O farfalhar de botas resvalando no gramado foram captados por seus ouvidos, Ragnar parou de agredir o clérigo e virou-se em direção ao ruído a tempo de ver a espadachim correndo.

Ela não hesitou, logo partiu para cima com um salto, a espada brandida para descer em um corte poderoso, mas Ragnar voltou a forma de serpente, a ponta da espada perfurou grama e terra. E o druida se aproveitou do erro para enrolar-se na perna direita dela.

— Não, não, não! — Havoc repetiu em desespero. — Sai de mim. Para! Não. Para! por favor, sai! — Tentou empunhar a espada para atacá-lo enquanto ele subia em seu corpo, mas suas mãos tremiam além de seu controle.

Ragnar espiralou pelo corpo dela até enrolar-se no tronco, depois concentrou suas forças para esmagar a vítima em um aperto mortal.

Em seguida, com o canto de seu olho de serpente, espiou o clérigo se preparando para conjurar um feitiço de cura.

Ragnar serpenteou até o ombro de Havoc, e se lançou em um bote fatal contra o clérigo.

Em pleno ar voltou a forma humana e disparou uma descarga elétrica da palma de sua mão estendida. O raio estourou na face do curandeiro, que berrou de susto e lamentou por sua conjuração ter sido cancelada ao se desconcentrar.

O druida o puxou pelo braço e o arremessou contra a espadachim, que já vinha brandindo a espada. O ombro do clérigo acertou em cheio o queixo dela e, quando Havoc se recuperou e estava prestes a partir para cima, raízes brotaram do chão e agarram uma perna e um braço dela, a terceira raiz sozinha conseguiu se enrolar nas duas mãos do curandeiro.

Foi uma invocação perfeita, as três raízes conjuradas conseguiram imobilizar seus alvos à perfeição.

Na forma de urso ele se aproximou das vítimas. Ergueu-se nas duas patas traseiras, levantou para o alto a pata frontal direita, então a desceu contra a face do clérigo, que gemeu antes de sua execução.

Ragnar voltou às quatro patas e encarou os olhos castanhos de Havoc com seus sombrios olhos vermelhos de urso de ferro.

— Como? — ela disse com uma voz carregada — Como você conseguiu me vencer? Eu treinei tanto.

— Você vai me deixar em paz?

— Eu prometo. Eu reconheço minha derrota.

As raízes espinhosas que a aprisionavam se esfacelaram em um segundo, sendo levadas por uma breve e suave lufada de vento. Havoc deixou-se cair de joelhos no chão, seu olhar voltou-se à grama entre seus dedos.

— Seus amigos irão me deixar em paz? — Ragnar quis saber.

— Não. Nosso chefe não costuma deixar humilhações como essa passar em branco. — Ela suspirou fundo. — Eu vou ser rebaixada, vou perder minha espada.

— Não posso fazer nada quanto a isso. Foram vocês que me atacaram.

— Eu sei. — Ela ergueu o rosto, então falou: — Anda! Me mate. Acabe logo com isso.

A espada jazia na grama, ao lado de sua portadora. Ragnar se agachou de frente a ela, seu olhar voltou-se para o cabo prateado da espada. Sua curiosidade o fez perguntar:

— Posso ver sua arma de perto?

Os lábios dela se contraíram em raiva, os dentes rangeram quando proferiu:

— Por quê?

— Ela é magnífica. — Os olhos dela vieram ao seu encontro, exibindo uma expressão confusa. Ragnar especificou o que queria dizer: — Eu nunca vi uma espada de nível baixo tão linda. O design faz jus às armas lendárias de nível alto.

Havoc segurou a espada, abriu o menu do jogo e compartilhou as informações.

Lâmina de Salazar

[Categoria: Espada] [Nível: 19] [Raridade: Épica]

[Dano Físico: 76]

Esta lâmina é uma réplica de baixa qualidade da espada de Salazar, o grande conquistador do Reino de Angra.

Efeito Especial: ataques dessa arma degradam o equipamento que atingir.

— É uma arma incrível para o nível 19. Agora eu entendo sua relação com ela.

Havoc soltou um longo suspiro antes de perguntar:

— Por que você ainda não me matou?

— Porque isso não resolveria meu problema. Estou pensando em algum jeito de fazer vocês me deixarem em paz para sempre.

— Impossível — Ela sacudiu a cabeça. — Ou você paga os vinte mil rubros ou vem trabalhar para a gente.

Uma ideia veio à mente de Ragnar.

— A Pata Negra tem quantos jogadores?

— Mais de cem, a maioria joga diariamente. Então é melhor você pensar bem antes de…

— Não é tanta gente. — Ragnar falou com uma mão no queixo. — Eu acho que podemos fazer um acordo que beneficiará tanto a mim quanto a vocês.

— Prossiga.

— Eu aceito me juntar a Pata Negra.

— Sério?

Ragnar assentiu.

— Eu não pretendo pagar os vinte mil que devo, também não quero continuar sendo emboscado por seus amigos, então, a solução óbvia é me filiar a vocês.

Na verdade, seu plano era se aproveitar dos benefícios de uma guilda para chegar ao nível 20 e vencer a aposta com Artic e Niki.

Esta reviravolta deixou a espadachim boquiaberta, tentando entender o que poderia tê-lo motivado a mudar de opinião, mas no fim, ela disse:

— Ótimo… e… fiquei até sem graça. Mas, obrigado por facilitar minha vida.

Ragnar deu de ombros e decidiu massagear um pouco mais o ego da garota.

— Não tem jeito, vocês são a maior guilda da nova província. É como diz o ditado: se não puder vencê-los, junte-se a eles.

Havoc demonstrou sua felicidade com um sorriso radiante, Ragnar se aproximou e estendeu a mão para ajudá-la a se levantar do chão. Agora em pé, de frente para o outro, eles acertaram suas diferenças com um aperto de mão.

Assim acreditava Havoc.


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