O Conto da Morte de Uma Barata Chinesa

Tradução: Pumpkin

Revisão: Pumpkin


Volume Único

Capítulo 1 (Fim)

Ei! Meu nome é Xiao Qiang. Na verdade, é mais correto dizer que me chamam de Xiao Qiang. Se não me conhece, é bem provável que seja um alienígena, mas não se assuste, já to morto mesmo. Ah! Deve ter ficado ainda mais assustado com eu falando desse jeito. Foi mal! Você está me ouvindo, porque morri num momento de glória, só que não consegui deixar as minhas últimas palavras. Pelo menos, acho que foi glorioso! Por isso, estou compensando com isto aqui para eu não sentir nenhum arrependimento, e espero que encoraje as outras baratas a lutarem por uma vida melhor.

Como eu morri? Algo conhecido como ‘Mata Baratas’ me atacou. Depois, eu caí no chão, saiu espuma pela minha boca, e me enrolei num formato de bola. Quando morri, saiu uma lágrima - uma lágrima de felicidade. Mas vou falar disso só mais tarde, porque é precisamente disso que mais me orgulho. Resumindo, eu fui atacado por uma arma química, na verdade, minha espécie tem que enfrentar essas armas químicas assustadoras todos os dias.

Teve uma vez que um irmão meu foi borrifado por algo chamado de “Desengordurante extraforte” No início, ele correu cheio de energia ao redor do abrigo, até brincou comigo: — Haha! Olha isso! Esses produtos de limpeza podem me ferir? Até aparece! Ganhei até um banho grátis hoje. A sensação é tão boa! Você devia experimentar também! — Bem quando ele estava tão orgulho de escapar, sua expressão acabou empalidecendo, e seu corpo se contraiu, enquanto começava a balbuciar sem coerência.

No fim, caiu no chão e a única parte que conseguia mover eram os seus olhos, que não paravam de girar. Eu estava ao lado dele, mas, ainda assim, só consegui encarar sem nenhuma reação, enquanto estava perdendo a minha razão. Ele sorriu para mim, bem quando estava prestes a morrer dolorosamente, até hoje, não consegui esquecer a imagem daquela expressão sorridente misturada com a de uma luta agonizante estampada no rosto.

Ah! Na verdade, aquela expressão sempre me deu pesadelos. Já gritei inúmeras vezes nos meus pesadelos, “POR QUÊ? POR QUÊ? Por que você fez isso comigo?”. Foi só no momento da minha morte que finalmente entendi o que estava tentando me transmitir. Ele não queria que eu tivesse medo da morte, pelo contrário, estava assustado demais naquela hora! Deixa para lá! Não vamos falar disso mais. Já estou morto mesmo, então por que eu deveria continuar em luto?

Como eu morri? Sendo bem honesto, eu mesmo cortejei a minha morte! Naquela noite, não havia lua alta no céu escuro, em vez disso, só uma sala iluminada. Eu estava só passeando em um armário de cozinha escuro, quando a gaveta foi aberta. Uma luz forte iluminou o espaço, o que me deixou tonto e cambaleando num instante.

Em seguida, uns gritos estridentes de explodir os tímpanos pararam o meu coraçãozinho. — Ah! Uma barata! — Era a gata e fofa da Xiao Jiao. Eu ainda acabei assustando essa mulher de novo. Hehe! Eu nunca entendi... Ela é tãaaaao tãaaaao grande que um cuspe só pode me afogar, então como é que ela é tão medrosa? Eu sinto mesmo pena dela.

Claro, ela não precisa da minha pena. Seu marido, Da Mao, correu e foi seguido pelos sons do céu caindo e da terra tremendo, o que me deixou desorientado por um momento. Corri em todas as direções tentando escapar em desespero, enquanto corria de volta para o abrigo, foi quando acabei vendo um pequeno buraco no abrigo, e tinha uma arma química na mão de alguém. Essa mão era tão terna que era óbvio que pertencia à Xiao Jiao.

Isso mesmo! Você é tão esperto! Essa arma química era a Mata Baratas que me matou no fim. Da Mao vasculhou sem cuidado o armário, fazendo com que todos os recipientes ecoassem, como se diversas granadas tivessem acabado de explodir perto do meu corpo. Ah, Da Mao! Ele não é tão esperto, até já andei bem na frente dele várias e várias vezes, só que ele nunca percebeu!

Da Mao é um apelido que eu dei, já que não sei o seu nome real. Também não ligo, nem preciso saber. Na realidade, chamamos a maioria das pessoas de ‘Da Mao’, porque eles têm um monte de cabelo crescendo em várias partes do corpo, especialmente na cabeça. As baratas sentem mesmo nojo disso! Por que crescem tanto cabelo em suas cabeças?

Quando estava vivo, eu usava constantemente seus fios de cabelo para contar histórias. Haha! Da Mao vasculhou mais algumas vezes e depois falou: — Não tem nada aqui. Será que você viu coisas? — Xiao Jiao se escondeu atrás dele e olhou com medo por cima dos seus ombros: — Tenho certeza que vi!

Em pouco tempo, a escuridão voltou ao meu mundo. Eles fecharam a porta da gaveta e saíram. Parei no abrigo e respirei fundo - uma respiração provavelmente tão longa quanto a Grande Muralha que tanto falam! Eu ainda conseguia ouvir claramente os passos e vozes dos dois.

— Baratas são tão nojentas! — Xiao Jiao usou aquele tom de voz, que parecia sedutor, para nos xingar! É por isso que chamo essa mulher disso. No entanto, naquele dia, quando ouvi a voz dela, eu fiquei muito triste, mas não sabia o motivo.

Será que foi porque eu bebi a coisa que estava na tampa da garrafa de vinho? Da Mao e Xiao Jiao beberam um pouco antes de brigarem, depois eles tagarelaram: — Palmeiras não tem mundial! — Fui preenchido imediatamente por tristeza e indignação, em seguida, pensei no dia que meu avô e eu nos sentamos no abrigo olhando para longe, bem onde o gato dormia profundamente.

Meu avô lamentou: — Nossa família está aqui há milhares de gerações, mas o mundo virou de cabeça para baixo desde que esses invasores chegaram. Eles construíram esses arranha-céus, mataram, feriram e separaram os membros do nosso clã. Ah! Nossos ancestrais fizeram um compromisso para sobreviverem. Eles mudaram seus corpos e hábitos e se adaptaram lentamente à escuridão.

— Só que não imaginaram que as pessoas começariam a dormir cada vez mais tarde, nem mesmo deixam a escuridão para a gente mais! Ah! Nosso futuro é trágico mesmo! — Meu avô continuou seu lamento: — Eles até trouxeram todos os tipos de assassinos. Aquele na nossa frente matou a sua avó! Mais cedo ou mais tarde, teremos a nossa vingança!

Um dia, meu avô atacou mesmo aquele gato, só que acabou morrendo para as garras do inimigo. Quando pensei nisso, fiquei tão triste que comecei a chorar! Sim! Este costumava ser o nosso território e agora temos que nos esconder em nossa própria casa. Que irônico, não?! Além disso, aqueles grandes e peludos encontravam desculpas para iniciar conflitos com a gente.

Falando a verdade, estava mais para massacres do que conflitos, porque ficamos recuando ou nos protegendo esse tempo todo. Eles inventaram razões extremamente ridículas para nos exterminar, “Essas baratas carregam um monte de germes e todos os tipos de parasitas no corpo”.

Na verdade, os corpos desses seres peludos e enormes carregam dezenas de milhares de vezes mais germes do que os nossos. Alguns parasitas nos corpos de alguns grandes e peludos são maiores do que eu! Fiquei indignado, quando pensei nisso naquele dia. Mesmo estando bêbado, posso confirmar que esse era o pensamento predominante na minha mente, então fiquei muito orgulhoso do que aconteceu depois.

Eu me levantei, saí do abrigo e depois gritei: — Eu sou XIAO QIANG! E ESTA É A MINHA CASA! — O gato, que matou meus avôs, estava sentado no tapete e acabou me olhando com espanto. Olhei para o animal com raiva e depois passei direto por ele. O gato não se moveu, só ficou sentado lá me olhando com espanto, então era provável que foi intimidado por mim. No entanto, naquele momento, uma nuvem de fumaça química apareceu inesperadamente. Eu morri!

Até agora, lembro do que minha mãe me disse uma vez em uma reunião anual de família: — Filhos, a sorte vem e vai. Quando os meteoritos atacarem a Terra de novo, destruindo a humanidade, nós, as baratas, vamos ascender e dominar a Terra! — Meus milhares de irmãos estavam presentes na hora, então foi uma visão muito magnífica, e hoje é uma memória querida!

— Acabou de falar?

— Ah! Quem está falando?

— Sou eu, Yama, o Rei do Inferno.

— Cadê você?

— Não adianta procurar! Você não pode me ver!

— Ah! Qual é a sua ordem?

— Reencarne.

— Aonde?

— Adivinhe!



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