Volume 1
Prólogo
Ano 1052 do Calendário da Névoa Eterna
No 254º dia — desde que abandonamos Solaria — estávamos envolvidos numa tempestade de raios e trovões que assolava nosso barco, que ainda navegava firme pelos céus.
Infelizmente, nosso balão de gás — que sustentava a embarcação — foi atingido por um raio e perdemos altitude rapidamente!
Outro estrondo ecoou quando um raio atingiu a popa da embarcação.
BAROOM!
O céu era um abismo negro sob a intensa chuva. Do leme, observei a pequena ilha logo abaixo. Com minhas últimas forças, virei o leme para buscar uma colisão menos destrutiva. E, então…
CRASH!
A embarcação encontrou-se contra o solo na ilha.
SOCK!
Fui violentamente arremessado contra o leme do navio enquanto nosso casco se partia, comigo colidindo sobre o chão…
Minha tripulação era lançada para frente — pelo chão de madeira e as vigas metálicas do navio.
Com esforço, me ergui do chão e a dor latejava fulminante das minhas costelas.
Meus olhos encontraram uma densa neblina que se estendia pelo que era a ilha. Percebi sombras indistintas na névoa. De repente, gemidos ecoaram e estremeceram o ar pesado. Um arrepio percorria minha espinha enquanto os gemidos se transformavam em rosnados sinistros. Os Fyers, monstros devoradores de humanos, emergiram da escuridão.
Não havia tempo a perder.
— Levantem-se, todos! — gritei para minha tripulação em tom de urgência. — Preparar para a batalha, agora!
Os “corpos” se moveram apressadamente pelo convés. Alguns ainda se debateram para levantar, mas o instinto de sobrevivência despertou desesperado. A tensão se espalhou como um rastro de pólvora e fez todos se prepararem ansiosos para o embate iminente.
Da neblina densa, vi os contornos sombrios dos Fyers se aproximando… Suas formas grotescas ganharam nitidez à medida que vinham.
O rosnar ameaçador ecoou no ar e misturou-se com os rugidos da tempestade de raios. O cheiro de chuva misturava-se ao aroma de sal e metal e criaram uma atmosfera angustiante.
Chegarei ao final do mundo — por todos que morreram por esse objetivo.
Com uma respiração profunda, segurei minha espada vermelha carmesim. A lâmina cintilava luz fraca, mas que contrastava contra a escuridão que se avizinha.
CABRUM!
Um raio partiu o céu em dois, nos iluminando, todos nós. Refletiu-se na lâmina, que criou um lampejo carmesim no seu movimento afiado. Com a espada erguida para o alto, clamei:
— AVANÇAR, PIRATAS DO FIM!