Volume 8
Capítulo 412: Matança pelas ruas
Depois que prometemos cooperar com o Conde Bailleys, na noite da capital real, caminhamos em direção à nossa pousada.
Como esperado, havia muitas pessoas passeando. Especialmente ao redor do distrito da luz vermelha1, estava mais lotado do que durante o dia. Em nosso primeiro dia, acabamos neste lugar e nos perdemos, mas agora eu tinha um certo conhecimento do caminho, então não havia problemas.
— Nhoc, nhac.
— Chomp, chomp.
Havia muitas barracas de comida destinadas a pessoas bêbadas no distrito da luz vermelha, Fran e Urushi gostavam de comprar e comer. Porém, os pratos não tinham muita variação de sabor.
A capital real era uma cidade sem litoral. Por isso os temperos eram mais caros que em Barbola. Nem temperos nem sal poderiam ser usados em grandes quantidades devido aos altos custos de transporte. Portanto, a maioria dos temperos daqui eram à base de miso produzido localmente.
Era por isso que estávamos fazendo pesquisa neste distrito, mas parecia que nós não ficaríamos entediados. Fran e Urushi estavam até mesmo mirando em uma barraca com tempero à base de miso.
Mas quando uma criança como Fran andava pelo distrito da luz vermelha à noite. Ela realmente se destacava, então hoje usamos nossas habilidades furtivas. Com isso, um bandido mediano nem notaria a garota, então a situação não evoluiria para a destruição do distrito até virar sobrar apenas cinzas, como a situação que Kalk estava querendo evitar. Mas se algo acontecesse, não havia como evitar, certo?
Bem, logo estaríamos perto de nossa pousada e era improvável que algo acontecesse. Depois daqui, se passarmos por aquela passagem subterrânea ali, chegaremos à nossa pousada seguindo uma linha reta.
Fran desceu uma ladeira levando a uma passagem subterrânea sombria. Como esperado, não havia barracas de comida aqui. Em vez disso, o tráfego desapareceu de repente e senti que o barulho do distrito da luz vermelha estava estranhamente distante. Pensei que fosse porque nós apenas fomos para o subsolo...
“... Mestre?”
“Qual o problema?”
“Sinto algo estranho.”
“Quê? Algo estranho?”
“Nn.”
Do que ela estava falando? Não senti nada.
“O que exatamente está estranho?”
“... só parece estranho.”
“Hmm, você sentiu algo desagradável?”
“Nn! Desconforto!”
Então, isso significa que ela sentiu algo desagradável? Além disso, só Fran?
“É uma magia?”
“Nn...?”
Parecia que Fran não descobriu a verdadeira natureza dessa sensação.
“Mas, por que não posso sentir isso?”
Não ativava todas as minhas habilidades de detecção diariamente, mas se houvesse uma anomalia mágica em nosso entorno, deveria sentir uma sensação de desconforto. Mas por que não senti isso?
“E quanto a você Urushi?”
“Au!”
Parecia que Urushi também sentiu.
“... vamos sair daqui por enquanto.”
Não sei o que Fran e Urushi sentiram, mas era melhor ficar longe daqui. Se os dois sentiram que algo estava errado, não podíamos ignorar.
Mas parecia era tarde demais.
— Mestre.
“É, eu sei.”
Forte intenção assassina e intimidação. Um homem estava se aproximando de nós pela frente, sem nem mesmo tentar esconder sua hostilidade para Fran. Aquilo era uma espada mágica em sua mão? Um estranho poder mágico era liberado a partir da longa espada segurada pelo homem.
Não era apenas magia. Ele também tinha em uma aparência estranha. Mas não importava como olhássemos para ela, a espada estava meio destruída. Afinal, a lâmina quebrou no meio e a parte restante também estava muito rachada. O cabo tinha uma cobertura em forma de sabre, mas a superfície estava gravada com o rosto de um homem com ar de agonia.
“Ele parece ser habilidoso, não baixe sua guarda!”
Ele tinha Esgrima Nvl 4 e Técnicas com Espada Nvl 2, ele ainda tinha Intimidação, Furtividade e Magia das Chamas. Talvez ele fosse um aventureiro, ele com certeza estaria no rank C ou acima.
O nome do homem era Hamuls, nunca o vi antes. Talvez ele estivesse praticando matança pelas ruas2? Ou será que ele queria derrotar Fran e fazer um nome para si mesmo?
Ao continuar a avaliação, percebi uma condição que nunca tinha visto antes. Fanatismo? Se você olhasse apenas para a palavra, significava fanático ou algo parecido? Era a primeira vez que via isso.
Em todo caso, apesar de ser um inimigo forte, Fran não perdia em termos de status e habilidades. A única coisa que me incomodava era a capacidade da espada mágica. Mesmo que estivesse quebrada, ela ainda emitia um forte poder mágico. Além disso, se era originalmente uma espada mágica de alto nível, não era possível avaliá-la.
“Fran, cuidado com a espada mágica, não sei quais são suas habilidades.”
“Entendido.”
“Urushi, espere nas sombras em caso de emergência.”
“Au!”
Bom, de qualquer forma, me perguntava o que era esse sentimento. Quando olhava para Hamuls, isso me fazia sentir desconforto. Parecia que meu peito estava apertando ou meu estômago se contorcendo.
Em uma única palavra, nojo? Em todo caso, não era fisicamente, mas não pude deixar de me sentir desagradável com esse homem. Me perguntava o que era esse sentimento.
“Fran, quando você olha para ele, você se sente desconfortável?”
“Desconfortável não, mais preocupada com o quão forte ele é.”
“Urushi?”
“Au.”
Pelo visto, só eu sentia isso, o oposto de pouco tempo atrás.
“Uhmm...”
Provavelmente foi desde que senti um terrível desgosto por Celldio que achava os outros aventureiros tão ruins. Não, era muito pior do que daquela vez. Mas, eu odiava a cara de Hamuls? Porém, ele era apenas um homem de aparência mediana, eles estavam em toda parte...
Fran se preparou para me puxar a qualquer momento e chamou Hamuls quando ele se aproximou.
— ... quem?
— ...
Hamuls não respondeu nada a Fran, e prosseguiu andando em silêncio. A distância entre os dois já era de menos de dez metros.
— Se você chegar mais perto, vou considerá-lo um inimigo.
— ...
Como esperado, Hamuls seguiu em frente sem responder nada. Ele empunhou a espada como se fosse algo natural. Ele era claramente hostil.
Depois de confirmar sua ação, Fran se moveu, correndo com seu corpo tão baixo como se rastejasse no chão. O objetivo era o pé dele, pretendíamos privá-lo da mobilidade e neutralizá-lo.
Como resultado de continuar nosso treinamento para controlar nossas técnicas desde a integração de habilidades, o fortalecimento da capacidade física estava funcionando. A agilidade aprimorada já era considerável. Para ser franco, mesmo que apenas atacássemos nessa velocidade, já podíamos vencer um oponente comum.
No entanto, Fran estava em alerta. Logo antes do golpe, ela faz uma finta com os olhos e fingiu mirar no pescoço dele. Hamuls foi pego na finta e se moveu para proteger o pescoço com sua espada.
Parecia que ele percebeu depois o objetivo de Fran, mas era tarde demais. Já era impossível evitar este ataque.
Sim, parecia impossível...
Clank!
— ...
— Ugh!
A espada mágica que Hamuls segurava se esticou e foi desferida contra o chão. Sério, ela parecia melhor do que imaginei. Além disso, a espada mágica também era incomum.
Neste momento, consumi cerca de 500 pontos de MP e aumentei muito o meu poder de ataque. Se fosse uma espada produzida em massa e vendida em qualquer lugar, devíamos ser capazes de cortá-la junto com suas pernas. Devíamos ter mais cuidado com esta espada mágica.
E havia mais uma coisa que notei. Me senti desconfortável com Hamuls, mas parecia estar ainda mais enojado com aquela espada mágica. No momento em que trocamos golpes, pensei que ficaria arrepiado. Havia sinal de poder mágico emitido a partir dessa espada, isso parecia despertar o meu nojo.
Era um nojo familiar? Mas nunca tive tal sentimento com outras espadas ou espadas mágicas.
“Uhmm...”
“Mestre, o que há de errado?”
“Não, nada. É só que a espada mágica dele é estranhamente irritante.”
“Isso é, inimigo do Mestre?”
“Não, como explicar isso... só tenho certeza que não gosto dela.”
“Entendido, inimigo do Mestre é meu inimigo.”
Ops, parecia que Fran estava empolgada. Mas, tenho certeza que não gostava dessa espada. Quero a destruir, se possível.
“É isso, vamos ficar sérios!”
— Nn.
De qualquer forma, o homem deveria ser detido, se ele não quisesse falar, tudo bem. Iria cortar o usuário e a espada.
Coloquei mais poder mágico na minha lâmina e ativei minha habilidade. Ainda não estava com um bom controle, mas era possível usá-la com a determinação de gastar meu poder mágico. Isso podia ser um excessivo, mas não importava se fosse contra esse adversário.
Agora, só queria enterrar aquela espada mágica o mais rápido possível.
— Hyaa!
— ...
Notas
1 – Uma zona de meretrício, zona de prostituição ou distrito da luz vermelha, é uma região, quarteirão, rua ou bairro de uma cidade conhecido por abrigar a prática da prostituição. Zonas de meretrício costumam concentrar bordéis, prostíbulos, cabarés, bares, boates e casas noturnas e outros estabelecimentos semelhantes. Algumas chegam a ser famosas, como o Bois de Boulogne em Paris, o Hunt's Point em Nova York, a De Wallen em Amsterdã, o Cais do Sodré em Lisboa, a Reeperbahn em Hamburgo, Alemanha, a fragmentada Vila Mimosa da região central (incluindo por exemplo muito da Praça Mauá, de São Cristóvão e da Cidade Nova) do Rio de Janeiro, Rua Guaicurus em Belo Horizonte, a Rua Augusta em São Paulo e o Jardim Itatinga em Campinas.
2 – Tsujigiri (literalmente "matança pelas ruas") é a prática de um samurai, logo após receber uma nova katana ou desenvolver um novo estilo de luta ou arma, de testar a sua eficácia atacando um oponente humano. Geralmente, um pedestre indefeso e durante a noite. Os próprios praticantes também eram referidos como "tsujigiri". Na era medieval, o termo era utilizado para duelos tradicionais entre samurais. No período Sengoku (1467-1600), a anarquia generalizada causou a degradação do termo a simples assassinato indiscriminado permitido pelo poder irrestrito dos samurais. Pouco após a ordem ser restaurada, o governo Edo proibiu a prática em 1602. Delinquentes receberiam pena capital. O único incidente no qual um grande número de pessoas foi assassinado no período Edo foi a matança de Yoshihara, em 1696. Um senhor rico chamado Yoshihara teve um ataque psicótico e matou dezenas de prostitutas com uma katana. Ele foi tratado pelas autoridades como um assassino em série e condenado à morte. Mais tarde, uma peça de teatro kabuki foi feito sobre o incidente.