Volume 8

Capítulo 391: A cidade dos fãs de curry

Não queria dizer nada de ruim sobre esse navio rápido, apenas elogios.

Em primeiro lugar, éramos tratados como clientes sem obrigações com a embarcação e, devido à sua velocidade, não houve um único caso de ataques de feras demoníacas. Alguns dias de ociosidade, e o continente de Gilbard apareceu no horizonte.

Ao que tudo indicava, tais navios não eram populares devido ao seu custo altíssimo. Mesmo usando a hélice mágica mais moderna, mais de dez pedras mágicas eram consumidas todos os dias da viagem. Além disso, esta hélice era tão grande que ocupava mais da metade do casco do navio, razão pela qual a capacidade se reduzia em cinco vezes em comparação com um navio convencional deste porte.

Por isso, parecia que eles eram apenas adequados para transportar pessoas do alto escalão e especialmente bens valiosos, e não poderiam substituir os navios de transporte comuns.

Em geral, não houve incidentes especiais no caminho, e no final, voltamos a entrar em Barbola.

— Estamos contentes em te servir.

Nn. Obrigada.

Parecia que o capitão do navio realmente gostou de nós. Talvez porque durante a viagem compartilhamos com toda a equipe um peixe pescado do mar.

E mais, eles pareciam ter muito ciúme da nossa capacidade de usar o Armazenamento Espacial. E a bolsa de itens também se provou surpreendentemente valiosa. Ela tinha a capacidade de uma instalação de armazenamento espacial com enorme espaço. Este era um item de valor inestimável para os comerciantes.

“Bem, para onde vamos primeiro? Devemos aparecer na Guilda dos Aventureiros?” Perguntei.

Nn. Precisávamos descobrir algo sobre Gallus.

“Certo. Então você deveria visitar a Guilda dos Ferreiros.”

Nn. E depois, para o orfanato.

Além disso, tínhamos um conhecido em Barbola, um ex-aventureiro rank A, um senhor dos fios e agora o dono da Mesa do Dragão e também seu chef: Fermus. Seria bom dizer olá para Colbert e as três vendedoras se elas estivessem na guilda. Embora achasse que eles agora estariam realizando missões em algum lugar fora da cidade.

“Também precisamos ir para a Conglomerado Luciel. Precisamos comprar especiarias.”

Nn.

“Que tal uma visita ao Fermus na Mesa do Dragão?”

— Claro, vamos.

“Eu sabia que você não se importaria.”

Não era provável que Fran perdesse a chance de comer.

Mas, primeiro, seguimos para a Guilda dos Aventureiros. Não gastamos tempo suficiente em Barbola para desenvolver um afeto por esta cidade, e estivemos aqui há tão pouco tempo que podíamos dizer que já estávamos entediados. Mas, parecia que estávamos retornando à nossa terra natal. Talvez porque existiam muitas memórias associadas a este lugar?

Caminhamos por bairros residenciais da cidade, pulando prédios que ainda não tiveram tempo de serem consertados. Mas houve algo que me chamou a atenção. Claro, não era surpreendente que os aventureiros conhecessem Fran, mas ela também atraía os olhos de pessoas comuns.

O que, era sua beleza? Ou Urushi estava deixando uma impressão forte com a sua nova cicatriz no rosto?

Mas não foi nem um nem outro.

Hmm, você é aquela garota do Rabo Negro?

Nn?

— Exatamente! O pão de curry que comi daquela vez estava delicioso! Parecia um sonho!

Claro, ouvi que curry começou a se popularizar em Barbola, mas neste ponto, parecia que as coisas chegaram em uma escala bastante grande. Tudo começou com aquela competição de culinária quando o pão de curry ganhou sua fama original. Desde então, o Conglomerado Luciel, a quem vendemos a receita, fez fama vendendo pão e massa de curry.

Como a receita foi comprada, houve aqueles que tentaram replicar o sabor original, por isso todos os locais já experimentaram uma variedade de sabores. Então se tornou conhecido que o curry foi inventado por uma certa pessoa chamada “Mestre”.

“Mas... eu não inventei o curry!”

Parecia que Colbert encontrou sucesso significativo. Por isso, entre os rumores se espalhou um sobre a vendedora com rabo preto, uma estudante do “Mestre do Curry”, ou seja, sobre Fran.

De repente, muitas pessoas lembraram o rosto dela na competição de culinária. Então era óbvio por que a “garota de cauda preta” atraiu a atenção das pessoas.

Não que ela não gostasse, Fran era neutra sobre isso, sabendo que ninguém iria machucá-la. De vez em quando encontramos alguns fanáticos por curry fazendo discursos como: — O curry do Mestre é o melhor do mundo...

“E o nome ‘Mestre’ ficou famoso. Quer dizer, o curry. Parece que todos ficaram alucinados com isso.”

Eventualmente, estabelecimentos começaram a aparecer na nossa frente com placas dizendo “curry”. Parecia que todos os estabelecimentos desta rua se especializavam neste prato. Em vários pontos a mesma palavra surgia.

“E como eles conseguem suportar uma concorrência tão forte...”

— É incrível! É como um sonho!— Fran disse.

Ão!

Bem, talvez seja um sonho para você. Mas chegaremos atrasados na guilda se continuarmos assim.

“Aquilo é churrasco de curry?” Perguntei.

— Que cheiro!

Rrrr, rrrr!

Fran comprou cinco. Parecia um espeto de frango polvilhado com pó de curry amarelo.

Nhoc, nhac, nhec...

Au, ão, au...

“Bom, como está o sabor?” Perguntei.

— Mais ou menos.

Ão.

Ou seja, não era delicioso. Provavelmente, parecia um espeto regular de peixe com as especiarias certas. Eles não tentaram muito, e cozinharam do jeito que mais gostavam.

Além disso, devido à extrema popularidade do curry, o preço das especiarias disparou, por isso economizaram nesse ponto.

— Três, por favor.

— Certo!

“Sopa mais tarde?” Perguntei.

Nn.

Au.

E esse também não foi tão saboroso. Imediatamente senti o interesse de Fran e Urushi desaparecer. Apesar de o cheiro ser bom, o gosto não correspondeu às expectativas.

Mesmo assim, o cheiro ainda os atraiu, e Fran persistiu em pedir novos pratos. Bem, pelo menos ela começou a limitar as porções a uma.

— Um.

— Aqui está!

Ooh.

Agora já não havia nenhuma impressão positiva! Os olhos de Fran eram como os de um peixe morto, era a primeira vez que a via assim. Mas a luz nos olhos de Fran não desapareceu nem mesmo quando ela era uma escrava! E Urushi, obviamente, também não recebeu o que esperava.

— Um.

— Aqui está.

O último lugar era uma barraca ao ar livre vendendo tortas de carne. Algo me dizia que havia uma com sabor de curry. Mas para a surpresa de Fran, não eram tortas de curry.

Normalmente eles colocavam algo parecido com carne moída no manju1 vendido na Terra, mas aqui eram tortas comuns de carne. Parecia que a carne em si foi frita com pó de curry. Embora não fosse manju de curry, ainda era um prato da mesma categoria.

A princípio, Fran foi surpreendida com a inadequação das expectativas, sua expressão mudou após a primeira mordida. Se ela achou bom ou não, ficou claro pela maneira como ela começou a comer a torta. Ela mordeu a torta três vezes com uma expressão calma, como se estivesse chateada, de repente, ordenou mais.

— 30 unidades, por favor.

Hmm? 30 unidades?

Hum-hum!

A vendedora ficou muito surpresa, mas assim que Fran lhe entregou o dinheiro, ela imediatamente começou a cozinhar.

“O que aconteceu, estava tão gostoso assim?” Fiquei surpreso.

— Sim! Mestre, cozinhe na próxima vez também!

Au! Au! Au!

Parecia que eles gostaram mesmo. Desta vez os chefs tentaram desenvolver a receita. Bem, Fran pelo menos chegaria na guilda de bom humor.

Quem sabe, talvez se ela chegasse de mau humor, uma chuva de sangue cairia. Desta vez, ao que tudo indicava, nada grave aconteceria. Apesar de ter sido por pouco.

Embora o nome de Fran tenha se tornado conhecido por mais pessoas nos últimos tempos e o número de tolos que a desafiavam tenha diminuído, a guilda, sem dúvidas, só fortaleceu a imagem da garota. Provavelmente porque desde os primeiros dias, os conflitos surgiram constantemente nesse tipo de local.

“Vamos depressa para a guilda.”

Em resposta às minhas palavras, houve apenas uma mordica satisfeita.


Nota

1Manjū é um doce cozido no vapor muito popular no Japão. São feitos de uma massa de farinha de trigo, farinha de arroz e trigo sarraceno, e que geralmente é recheada com pasta de feijão azuki (anko). O doce é uma variação de uma espécie de pão chinês, mantou.



Comentários