Volume 6
Capítulo 257: Uma discussão com Suarez
— Sua-sua Alteza!
— Merda! Maldito seja! Deixe nosso chefe ir!
Os muitos subordinados do príncipe começaram a se agitar no momento em que perceberam que ele havia sido capturado.
— No caminho.
— Gyaaaah!
— Guaaaahh!
Mas Fran entrou no conflito e os abateu antes que eles pudessem se mover.
— Então, como foi a coisa toda do navio pirata, Fran?
— Afundei todas menos este.
— Isso foi rápido. Bom trabalho.
— Você também. Capturou capitão.
— Foi apenas sorte. Mas chega disso, vamos deixar a troca de elogios para mais tarde. Temos um pequeno interrogatório a fazer primeiro.
— Nn.
Suarez ainda tinha um pouco de espírito nele. Sua expressão era feroz e expressava que ele não estava disposto a desistir. No entanto, isso não queria dizer que ele não estava intimidado. Ele estremeceu um pouco, como se estivesse assustado, quando Fran e Mordred se aproximaram dele.
— Liberte-me, seu vira-lata!
— Por quê?
— Insolente! Você não sabe quem eu sou!?
— Deixe-me adivinhar. Um cara que lidera um grupo criminoso de escória?
— Imundice, causa problemas por estar vivo?
— Vocês são todos tolos ignorantes! Sou um homem de grande importância, o rei de Sheedran!
— Mhm. Tenho certeza que você é.
— Como se atreve!
Mordred, sendo o fodão que era, ignorou os gritos de Suarez. Em vez disso, ele levantou um pé e começou a batê-lo no rosto do príncipe — uma ação que Fran logo começou a imitar.
— Parem com isso agora mesmo! Permitirei que vocês me reconheçam como seu senhor e a vocês mesmos como meus vassalos, se vocês se prostrarem diante de mim e pedirem desculpas!
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Tinha que haver algo errado com a cabeça do príncipe. Ele parecia pensar que sua oferta atrairia seus agressores, apesar de já estar derrotado e amarrado.
E ele estava sendo sincero. A expressão em seu rosto demonstrou que a oferta era a mais séria possível.
— Sou um membro da realeza de Sheedran, um senhor que comanda dragões da água. Tudo o que vocês precisam fazer é o ato natural de lamber meus sapatos. Façam isso, e não vou tratá-los de forma diferente de qualquer outro em meu serviço.
Não havia como o príncipe ser simplesmente ruim reconhecer a situação, ele devia ter algum tipo de distúrbio de comunicação ou algo assim. Fiquei surpreso que ele tenha vivido por tanto tempo, e agora também entendi por que ele havia sido tirado do trono e deportado.
Ainda assim, eu pude ver por que os piratas estavam do seu lado. Sua falta de células cerebrais era uma questão muito importante para mim, mas ele ainda era forte e tinha controle sobre um Navio de Guerra Dragão de Água. Para eles, suas ameaças tinham bastante peso; ele facilmente aniquilá-los com facilidade se eles não cedessem.
Além disso, servi-lo tinha seus méritos. Havia claramente muitos pagamentos, tanto da variedade imediata quanto da potencial futura. Além disso, eu duvidava muito que ele tivesse sido capturado por eles antes de começar a negociar. Dadas todas as circunstâncias mencionadas, a lealdade dos piratas a ele era algo lógico.
Mesmo assim, nem Fran nem Mordred se deram ao trabalho de se importarem nem um pouco com o que ele tinha a dizer. Eles ignoraram tudo o que ele tinha a dizer e começaram a interrogá-lo na mesma hora.
— Conte tudo sobre o controle dos dragões da água.
— Não vamos machucá-lo se você nos disser o que queremos saber.
— Quê!? Por que eu te diria qualquer coisa!?
O príncipe se recusou a falar. Eu não sabia dizer se ele estava demonstrando o orgulho da realeza, a obstinação de um pirata ou o simples fato de que ele não conseguia reconhecer a situação. Mas, de qualquer maneira, ele fechou a boca e desviou o rosto dos interrogadores.
— Fmph.
— Guaaahh! A doooor!
Irritada, Fran mais uma vez enfiou o pé no rosto de Suarez e começou a bater nele com ainda mais força do que na primeira vez.
— Pare com já isso, mulher!
Embora muitos se alegrassem de ter Fran pisando neles, para os não masoquistas, isso era apenas uma espécie de tortura humilhante.
— Última chance. Explique como controlar os dragões da água.
O olhar de Fran ficou frio. Ela começou a emitir uma aura pesada de sede de sangue enquanto olhava para o príncipe do alto. Era poderoso o suficiente para fazer uma pessoa comum sujar suas calças. Ainda assim, o príncipe conseguiu manter o juízo e devolver o olhar dela enquanto continuava a reclamar.
— Pare de falar sobre isso e me liberte!
Uma ação tola.
— Entendido.
— Bom. Enfim você entendeu. Agora apresse-se e desfaça essas corr-...
— Entendi que não vai falar.
— Gyaaaaah!
— Cura. Próximo, pés.
— Pa-pare! Pare com isso agora mesmo!
— Diga "por favor".
— Como você ousa pedir isso para um...
— Fmph.
— Gyaaaaaaaaah!
Fran continuou a me empurrar com violência no corpo do príncipe e lançar curas para compensar o HP que ele perdia. A princípio, Suarez se recusou a falar. Ele resistiu até que a situação se repetisse cinco vezes. Só então ele por fim percebeu que era incapaz de apelar para ela através do uso de sua autoridade.
— Por-por favor, pare! Che-che-chega!
Ele começou a implorar, com o rosto tingido de terror.
— Explique o controle dos dragões da água. Irei te esfaquear se você disser outra coisa.
Embora não ligássemos para os pedidos dele, paramos para poder repetir nossas demandas.
— Tudo bem! Vou te dizer! Então pare, pare com seus atos de violên-...
Punhalada!
— Giiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
— Cura.
— Aarrrrgghhhh! Pareeeeee!
— Disse para explicar apenas o controle dos dragões da água.
— Eu-eu entendi! Os dragões da água são obrigados por contrato a obedecerem a qualquer ordem feita por qualquer pessoa com o sangue do primeiro rei de Sheedran fluindo em suas veias. É por isso que eles vão ouvir tudo o que eu digo!
E assim, o príncipe começou a falar. Fran o ameaçava toda vez que ele hesitava ao me brandir, enquanto Mordred desempenhava mais o papel de policial bonzinho e falava com ele quase com simpatia. A combinação desses dois métodos nos permitiu extrair tudo o que queríamos dele. Infelizmente, lidar com o príncipe ainda era um pé no saco.
Ele começava a ficar todo arrogante toda vez que alguém suavizava um pouquinho, então Fran acabou me enfiando contra suas coxas mais de 30 vezes durante todo o processo. Eu quase senti como se tivéssemos exagerado, mas, para ser honesto, não podia ser diferente. Ele simplesmente não aprendia sua lição.
Seu senso de orgulho forte e ridículo me impressionou. De forma literal, qualquer outra pessoa já estaria chorando e se tornaria obediente. Por outro lado, ele conseguiu recuperar sua rebeldia quase todas às vezes que abria a boca.
Ainda assim, nós o fizemos se dobrar o suficiente para descobrirmos o que queríamos. Os dragões da água não estavam sendo manipulados através do uso de algum tipo de item mágico. A obediência deles ao príncipe vinha da capacidade do primeiro rei de Sheedran de usar magia de contrato.
Fiquei surpreso ao saber que os dragões que a nação usava hoje eram os mesmos que eles tinham desde o início. Bem, mais ou menos. A nação começou com sete dragões. Três haviam morrido em batalha; restavam apenas quatro.
Os dragões não foram a única coisa que me deixou espantado. O dispositivo usado para aprimorá-los fez o mesmo. Seus reforços não eram incondicionais. Reforçar as defesas do dragão tinha um custo. Os dragões tinham ataques poderosos, e atirar acidentalmente contra os aliados era uma grande preocupação, caso o dragão falhasse em apontar seus ataques com precisão.
Para esse fim, os projetistas do dispositivo trocaram sua capacidade de usar o sopro de forma autônoma e outras habilidades semelhantes por uma barreira mágica, além de uma autocura e resistência muito aumentadas. A única maneira de o dragão usar seus ataques de longo alcance seria Suarez ordenar que ele fizesse isso.
Aprender isso deixou um grande problema em evidência. Não poderíamos destruir o dispositivo sem colocar o Algieba em perigo. O momento em que o explodíssemos seria o momento em que o dragão mais uma vez se tornaria capaz de atacar nosso navio por vontade própria.
— O que fazer?
— A melhor maneira de lidar com a situação seria fazer nosso amigo aqui pedir ao dragão que se afastasse.
— Única opção?
— É. Uma vez feito isso, podemos destruir o item aumentando sua defesa antes de enfim matarmos a criatura. Devemos ser capazes de ajudá-la com essa última parte, se o monstro ficar indefeso.
Com isso decidido, Fran, Mordred e todos os outros aventureiros presentes levaram Suarez até o convés do navio. Assim ele poderia ordenar que o dragão não atacasse.
— Parece que não teremos problemas em parar o dragão, mas destruir o dispositivo defensivo que ele usa pode exigir um pouco mais de reflexão.
— Deixe comigo. Posso teleportar.
— Bem lembrado, essa parece ser a melhor opção. Então vou deixar a destruição do item com você.
— Nn. Vou verificar o dispositivo primeiro. Mais fácil de se teletransportar para locais conhecidos.
Poderíamos ir e vir entre vários locais com facilidade se decidíssemos deixar alguns sinalizadores.
— Então deixo isso com você.
Por "isso", Fran estava se referindo a Suarez; ela decidiu deixá-lo para trás com Mordred.
— É. Tome cuidado.
— Nn.
Com tudo considerado e analisado, Fran partiu para o local que Suarez havia descrito para ela.