Volume 5

Capítulo 225: Rota garantida

Fomos até a estalagem onde o Lorde das Feras estava hospedado, apesar do fato de o sol já ter começado a se pôr. Nós queríamos acabar com isso o mais rápido possível.

A razão pela qual me senti assim foi porque o Lorde das Feras me parecia uma pessoa impaciente. Havia uma boa chance de ele sair sem aviso prévio porque não tinha mais negócios em Ulmut.

O nosso maior obstáculo era que havia uma chance de não termos permissão para vê-lo, considerando o quão tarde era. Poderíamos apenas nos infiltrar, mas essa não seria uma ideia tão boa, já que ele estava hospedado em uma pousada de classe alta que costumava abrigar realeza e outros figurões.

Por sorte, minhas preocupações acabaram sendo desnecessárias. Os funcionários da estalagem nos deixaram entrar no momento em que ouviram o nome de Fran porque o Lorde das Feras parecia ter lhes dito para agir de acordo com os pedidos dela com a maior prioridade possível.

— Ó, ei Fran. O que foi?

O Rei dos Homens-Fera levantou a mão para nos dar uma saudação amigável quando entramos em seu quarto. A impressão que ele estava transmitindo agora era drasticamente diferente da de sempre. Ele estava agindo da mesma maneira que qualquer outro homem descontraído em seus 30 anos.

— Você precisa de alguma coisa?

— Nn. Procurando navio para visitar o País dos Homens-Fera.

— Você está planejando ir agora mesmo? Isso é perfeito, você pode pegar uma carona conosco, porque estamos planejando voltar em breve de qualquer maneira.

Bom, uh, isso aconteceu.

Para ser honesto, não esperava que ele nos desse a luz verde na mesma hora. Permitir que uma estranha se juntasse a um grupo que incluía um rei incógnito não parecia ser uma ótima ideia. Royce parecia compartilhar minha opinião, pois imediatamente se juntou à conversa e fez uma queixa...

— Lorde Rig, acredito que você tenha esquecido de completar uma das tarefas da nossa agenda. Você é da realeza e, como tal, seria rude não prestar seus respeitos ao Rei de Kranzell depois de visitar seu país.

... ou assim pensei. Acontece que a razão pela qual ele estava interpondo não era porque ele não queria que Fran os acompanhasse, mas porque eles tinham mais coisas a fazer antes de partir.

— Ugh, eu preciso mesmo fazer isso?

— É claro.

O argumento de Royce era válido, o Lorde das Feras ainda não cumprira todos os seus deveres como rei. Estávamos planejando ir para a capital real de Kranzell também, mas apenas porque queríamos participar do leilão. Não achei que seria realista segui-lo até a capital real antes de sair do país, embora parecesse que eles provavelmente nos contratariam como guardas se pedíssemos.

— Tudo bem, mas como devemos acompanhá-la de volta?

— Não precisamos acompanhá-la. Ela é uma aventureira, uma forte o suficiente para derrotar Gold. Ela será capaz de se cuidar.

— Eh, sim, acho que você está certo.

— Além disso, tudo o que ela pediu foi que a ajudássemos a encontrar um navio.

— Hum, sério?

— Céus. Eu sei que ela tem a mesma idade da princesa e que você tem bastante interesse nela, mas preste mais atenção.

— Princesa?

— Ele está falando da minha filha. Ela fez 15 este ano e eu não posso evitar de vê-la em você.

Parecia que a única razão pela qual o Lorde das Feras tratava Fran com tanta gentileza como fazia era porque ela o lembrava de sua própria filha.

— Dito isto, eu adoraria que ela visitasse nosso país. Estou certo de que nossa Mestra ficaria feliz em conhecê-la.

— Não é?

— Também poderíamos encontrar um bom uso para ela.

Merda! Ele acabou de dizer isso na cara de Fran! Fiquei chocado no começo, mas um pouco mais de consideração me levou a acreditar que Royce havia dito o que tinha de propósito. Ele queria que Fran soubesse que a usaria por causa da política, se ela decidisse visitá-los.

Royce era um dos assessores do Lorde das Feras, e claramente era muito competente. Ele não estava disposto a deixar Fran, uma Gata-Negra que conseguiu evoluir, deslizar por entre seus dedos. Ele sabia e queria tirar vantagem do fato de que a revelação ao povo de seu país faria com que suas atitudes produzissem mudanças sem precedentes.

— Fugirei se ficar muito ruim.

— Hahahahaha! Eles precisariam enviar alguém pelo menos tão forte quanto eu atrás de você se você quisesse mesmo escapar do nosso alcance.

— Está tudo bem. Não estamos solicitando que você se torne uma das vassalas de Lorde Rig. Pessoalmente, eu estava considerando que poderíamos apenas... ajudar um ao outro. Tudo o que precisamos é que você demonstre que você e o Lorde Rig se dão bem.

Sim, isso não parecia tão ruim.

— Para esse fim, eu vou lhe dar isso.

— Isto?

A coisa que Royce entregou a Fran parecia uma fina folha de metal com algum tipo de brasão gravado nela.

— O item que acabei de fornecer é um cartão de identificação com o nome do Lorde Rig e o meu. Muitos comerciantes do nosso país viajam com frequência entre Barbola e nossa pátria. O cartão que acabei de fornecer deve permitir que você embarque em uma viagem com qualquer um deles com facilidade.

— De verdade?

— Sim. Basta procurar um navio com o nosso brasão gravado e você poderá partir.

Parecia que de alguma forma conseguimos nos envolver no que consideramos a situação ideal. Estávamos praticamente prontos.

Ao que parecia, Barbola tinha um barco pronto para zarpar para o país dos Homens-Fera uma vez a cada três dias. Os que procurávamos, aqueles com o brasão do país com uma coroa montada no topo, trabalhavam sob a supervisão direta do governo. Mostrar-lhes o brasão que nos foi dado faria com que eles não apenas nos deixassem entrar a bordo, mas também nos tratassem como se fôssemos convidados de honra.

Em outras palavras, eles nos deram algo muito mais conveniente do que esperávamos.

— Para ser franco, duvido que o brasão que lhe demos seja necessário. A maioria dos comerciantes de nosso país já deve saber seu nome e sua aparência. Posso garantir que eles permitiriam que você embarcasse mesmo que você apenas pedisse.

Isso podia ser verdade, mas ter algo que era 100% garantido era muito melhor do que algo que era apenas provável.

Eu estava agora satisfeito com toda a provação para encontrar um barco, então a única outra coisa que queríamos saber era a informação que eles nos prometeram sobre o ferreiro divino.

— Pergunta. Ferreiro divino, localizado onde?

— Isso não deve ser muito difícil de descobrir depois que você chegar lá.

— Já emitimos um pedido para que você receba uma carta de apresentação após a sua chegada. De forma lamentável, isso é tudo o que podemos fazer. Não há garantia de que a ferreira esteja disposta a vê-la mesmo com a carta.

— Ah, verdade. Tente dizer a essa ferreira para realmente resolver a porcaria do nosso assunto se ela acabar gostando de você.

Parecia que a ferreira divina tinha um espírito bastante livre, pois estava disposta a recusar até os pedidos do rei.

Eu não podia dar nenhuma garantia, mas estava disposto a fazer um ou dois bons elogios para o Lorde das Feras e seus amigos se a ferreira acabasse gostando de nós, então não vi problema em aceitar o pedido deles.

— Nn.

— Tudo bem, boa sorte com tudo.

— Nossa mestra reside atualmente no palácio. Você deve encontrá-la com facilidade, desde que siga em direção à nossa capital.

— Entendido.



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