Volume 1
Prólogo: Na floresta.
Às dez horas da noite, o garoto seguia a mulher com certa dificuldade. Mancava por causa da fadiga do treino. Seu corpo pesava ao andar e lutava contra o sono, já que sua mestra o tinha acordado de repente.
Já era noite e olhando-se ao redor, a floresta mergulhara em escuridão. Não se enxergava nada no meio da mata. A sensação de que algo saltaria de detrás das árvores e os atacaria incomodou o menino.
Os troncos das árvores eram negros e com folhas de cor uniforme. Um cheiro forte de mofo vinha da terra cor de musgo.
O ar sombrio da noite fez o corpo do menino tremer inteiro. Ele se perguntou o porquê de estarem indo por ali, pois era totalmente oposto de onde eles tinham acampado. A mulher parou de caminhar, ficando à frente de um barranco que levava para um breu infinito mais abaixo.
— Sabe onde estamos? — questionou a mulher, colocando as mãos no bolso.
— Acho que sim.
Ela cerrou os olhos e o semblante ficou frio. O garoto inclinou sua cabeça tentando ver o final desse barranco.
— Então você sabe o que tem por aqui.
— Glup!
Ele engoliu seco, seu corpo tremeu mais ainda. A mente fértil do menino foi influenciada pelo ambiente e pelas histórias que tinham sido contadas. Todos os finais eram horríveis.
— No seu treino, percebi que lhe falta algo. Melhorou seu combate, no entanto, trava na hora da batalha. Não pode ser assim, pirralho, vai morrer rapidamente. É matar ou morrer em uma luta.
As palavras de sua professora cortaram como facas, mas não podia negar aquilo. Ele se esforçava o máximo nos treinos, mas sempre travou na hora que estava diante de uma prova.
— É por isso que estamos aqui. Vamos resolver isso.
— E...e o que falta em mim? — A voz do menino enfraqueceu, ao pensar no que poderia ser o plano da mulher.
Ali era a floresta de onde os cavaleiros voltavam e contavam histórias dos perigos inimagináveis e horripilantes que viviam pela noite. Apenas poucos voltavam desse lugar para contar os relatos.
— Aqui você deixa de ser um covarde. E vai descobrir o lado mais primitivo do ser humano, o instinto da sobrevivência.
Após uma encarada fria no garoto, ela o chutou para baixo. E o garoto desceu rolando o barranco rochoso.
— NÃÃÃÃOO! — Berrou de desespero enquanto caía mais fundo.