Magus Supremo Americana

Tradução: SilentFitts

Revisão: Barão_d’Alta_Leitura


Volume 3

Capítulo 147: Casa dos Mortos

Essas palavras tocaram o coração de Lith, desencadeando algo que considerava estar morto há muito tempo. Primeiro, os cantos de sua boca se curvaram para cima em um sorriso malicioso. Então, não pôde evitar um riso que logo evoluiu para uma risada histérica.

O soldado traidor ficou assustado por um segundo. Essa não era a reação que ele esperava.

De acordo com a inteligência deles, Lith tinha um vínculo muito forte com seus parentes, usando a maior parte de seus ganhos ao longo dos anos para melhorar sua qualidade de vida e status, em vez de tentar comprar sua entrada na nobreza.

Era de conhecimento público que não havia mais amor entre ele e seu irmão renegado, Orpal, mas o outro, Trion, tinha sido parte da família, até que voluntariamente se alistara no exército. Esteve bem vestido e alimentado durante toda a sua vida.

Segundo os moradores, apesar de terem interesses e objetivos diferentes, os dois irmãos se concordavam. Uma pena o fato de que isso era apenas um estratagema — os dois irmãos só tinham se “concordado” por seus pais.

Se Lith sentia apenas rancor por Orpal, Trion não se saiu muito melhor, recebendo sua total indiferença. O relacionamento deles nunca melhorou, já que os dois nunca tentaram resolver suas diferenças.

Lith simplesmente não se importou com o rumo do irmão. Em sua visão distorcida do mundo, havia traçado um círculo, separando as pessoas que importavam do lixo inútil, onde Trion pertencia.

Trion, em vez disso, a princípio, teve vergonha de se aproximar de Lith, depois de tudo que ele e Orpal haviam feito e dito a ele ao longo dos anos. Tendo sempre seguido os passos do irmão mais velho, nunca desenvolveu um senso de parentesco em relação a Lith.

Tinham sido estranhos um para o outro por tanto tempo que cada pedido de desculpas que conseguia pensar parecia falso e forçado até para si mesmo. Então, decidiu esperar o momento certo para consertar aquela bagunça, mas esse nunca chegou.

Lith tinha muitos empregos, primeiro como caçador e enfermeiro de Tista, depois curandeiro e caçador de recompensas. Nunca passaria muito tempo em casa e, quando o fazia, concentrava-se naquilo que era importante para ele.

Não demorou nem um ano para os sentimentos de Trion apodrecerem novamente, enquanto seu humor azedava. Como qualquer criança, sempre sonhou em um dia descobrir um talento incrível, ser especial.

No entanto, a cada dia que passava, tudo mudava apenas para pior. Enquanto estava preso em sua rotina de sonhos e tarefas, Lith ficou cada vez mais poderoso, seu talento inspirou admiração em seus pais primeiro, depois em Nana e, finalmente, no Conde Lark.

Logo, a inveja superou a culpa e não havia mais nada para consertar.

O soldado não sabia de tudo isso, então o comportamento de Lith lhe pareceu o de um louco. Sua risada era cheia de desprezo, como se ele estivesse na frente do maior idiota que já havia conhecido.

“Você realmente tem meu irmão? Então eu tenho um favor a pedir. Quando você o matar, diga a ele que eu não dei a mínima para ele. Gosto de acertar minhas contas de maneira adequada.”

Lith disse, dando um pequeno passo para trás. Havia muitas maneiras que ele poderia ter usado para mata-lo, seja usando ataques físicos ou magia espiritual, mas nenhuma delas era seguro o suficiente para seu gosto.

Mover-se em alta velocidade não funcionaria usando aquela máscara em forma de corvo que usava, e estando em um necrotério cheio até a borda das vítimas da peste, ele não queria arriscar que a espada sequer arranhasse sua pele.

Quanto à magia espiritual, o cara estava perto demais para se sentir confortável. Lith teria que quebrar o pescoço, perdendo a oportunidade de interrogá-lo, ou tentar contê-lo, esperando que sua vítima não tivesse armas escondidas ou não fosse capaz de usá-las antes de ser amarrado.

“Isso não é brincadeira. Se não sairmos daqui em um minuto, meus associados vão considerar que a missão falhou e ordenarão a execução de seu irmão.” O soldado não deixou Lith escapar, mesmo que um medo repentino estivesse torcendo suas entranhas.

Apesar do frio do necrotério, ele se viu suando frio, embaçando sua visão por baixo da máscara, com todos os pelos do corpo em pé.

“E por que eu deveria me importar?” Lith continuou se movendo para trás, mais perto das prateleiras de metal. A zombaria em seu tom crescia a cada passo.

“Mate-o, case-se com ele, tanto faz. Além disso, seu plano tem várias falhas. Primeiro, é mais fácil roubar um ovo de dragão do que me levar vivo. Segundo, não acredito que seu amuleto de comunicação funcione.

Terceiro, e mais importante, encenar um ataque dentro de um necrotério, quando a maioria dos tipos de magia estão selados, é suicídio. ”

Lith ainda não tinha terminado de falar quando uma multidão de mãos de repente agarrou o soldado pelo ombro esquerdo, braço e perna. O primeiro instinto do militar foi pular, mas cada mão tinha a força de um torno, então ele cortou seus pulsos para forçá-los a soltá-lo.

Como a maioria dos soldados, ele tinha uma arma encantada, capaz de cortar facilmente carne e osso desprotegidos, mas cada golpe parecia bater em uma pedra, fazendo sua espada vibrar a cada impacto.

Então, ele finalmente se lembrou de onde estava. Quando percebeu dezenas de olhos vermelhos brilhantes, olhando para ele das prateleiras, sua mente ficou em branco devido ao pânico.

“Você realmente acreditou que eu iria perder meu tempo conversando?” Lith riu, reanimando mais cadáveres a cada segundo, infundindo-os com sua mana e vontade.

Lith aprendera durante seu primeiro dia no acampamento que os únicos elementos que podia usar eram a luz e as trevas.

A luz, por permitir que os curandeiros continuassem em busca da cura, e a escuridão, para esterilizar pessoas e roupas na passagem do bloco residencial para o hospital. Ele simplesmente explorou o discurso idiota de seu oponente para protelar o tempo necessário para levantar seus guarda-costas.

Os zumbis se amontoaram sobre o miserável soldado, prendendo-o no chão.

“Vamos ver se você estava dizendo a verdade sobre seus associados.”

Lith ativou a Life Vision, notando duas figuras humanas se esgueirando pela entrada do necrotério. Com um pensamento simples, enviou um grupo de mortos-vivos para dar as boas-vindas aos recém-chegados.

Os soldados contidos entraram em pânico, gritando e se contorcendo para se libertar. Os corpos nus dos zumbis eram nojentos de ver, mas ainda mais ao toque. Apesar de sua força, a carne estava fria e flácida.

Muitos deles tinham feridas abertas, causadas pelos parasitas ou pela autópsia, deixando seus fluidos corporais o encharcarem em questão de segundos.

“Pare de gritar. Como você disse antes, a barraca é à prova de som.” Lith fez com que um dos mortos-vivos arrancasse a máscara do rosto do soldado e enfiasse a mão em sua boca. O homem vomitou por alguns segundos, antes de cair inconsciente de terror.

Quando os outros dois entraram no necrotério, os zumbis os inundaram. Eles lutaram bravamente, mas estavam em menor número, mesmo sendo mais espertos. Enquanto isso, Lith tinha os mortos-vivos rebatendo os ataques e mirando apenas em suas máscaras.

Quando perceberam lutar contra zumbis da praga inteligentes, os dois entraram em frenesi, perdendo qualquer vontade de lutar e tentando escapar, mas a cortina da tenda, como uma porta fechada em um filme de terror, se recusou a ceder.

“Como diabos um pedaço de pano pode ser bloqueado?” Uma voz feminina gritou.

“Como será?” Lith riu, usando onda após onda de magia espiritual para manter a porta fechada e saboreando seu terror.

Logo, todos os três traidores estavam inconscientes ou se molhando. Sabiam que, sem as máscaras, mesmo que conseguissem escapar milagrosamente, isso não mudaria seu eventual destino.

Suas mentes estavam congeladas, incapazes de decidir se implorariam por suas vidas ou uma morte rápida.

Os olhos de Lith brilharam com uma fria luz vermelha sob a máscara.

“Senhoras e senhores, temos que conversar.”



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