Magus Supremo Americana

Tradução: SilentFitts

Revisão: Barão_d’Alta_Leitura


Volume 3

Capítulo 132: Sofrimento

Depois que o professor Marth terminou de curar o braço de Lith, as bandagens foram removidas, revelando estar de volta ao normal, exceto por um pequeno detalhe. Ao contrário do resto de seu corpo, que ainda mantinha sua cor normal, estava pálido como se nunca tivesse visto a luz solar.

Marth não perdeu a pergunta silenciosa em seus olhos.

“Desculpe, não sei como Manohar consegue fazer isso. Em teoria, é impossível para uma pele nova reter qualquer tipo de bronzeado, mas, de qualquer maneira, isso não o impede de fazer isso.”

Então, sussurrou no ouvido de Lith: “É melhor você ir para Manohar mais tarde, se o problema de pele te incomoda. Não acho que trazê-lo de volta aqui seria uma boa ideia.”

Lith assentiu — o diretor e seu pai provavelmente não seriam capazes de ouvir mais uma de suas conversas estimulantes.

“Professor, você ainda não me contou o que aconteceu depois que eu perdi a consciência.”  Graças a Solus, Lith já sabia a resposta, mas precisava fingir estar curioso sobre ela.

“Sim, de fato. Mas é melhor se você ouvir daqueles que realmente salvaram sua vida. Demorou um pouco para forçar seus amigos a deixarem sua cabeceira e descansarem um pouco.”

Seus pais ficaram comovidos ao saber que seu filho tinha amigos tão dedicados; Lith, nem tanto, já que isso fez desmoronar outra parte de suas crenças pessoais. Também levantou uma questão assustadora.

– “Solus, já que agora estou de camisola hospitalar, por favor, me diga que o Manohar não me deixou pelado na frente dos outros.” –

– [“Não, ele não fez.”] – Ela deu uma risadinha. – [“Mas não haveria nada de errado com isso, vocês são todos médicos, afinal.”] –

– “Verdade, mas se a situação fosse inversa, você acha que alguma garota gostaria de ser vista nua por três de seus amigos homens?” –

– [“Depende dos amigos, eu acho.”] – Havia um toque de malícia em suas palavras.

– “Ok, é isso.” – Lith decidiu resolver o problema de uma vez por todas.

– “Solus, o que está acontecendo com você? Desde que viemos para a academia, de vez em quando você tenta me arranjar uma garota ou outra, fala algo inapropriado, como agora. As pessoas não são apenas pedaços de carne, têm sentimentos também.” –

– [“Isso é engraçado, vindo de você!”] – Pela primeira vez desde que se conheceram, Lith pôde sentir sua raiva. Ele não respondeu, esperando que Solus desabafasse.

– [“Desde quando você se preocupa com os sentimentos? Tudo o que você faz é mentir para manipular todo mundo, lutar como um louco, acumular poder, enxaguar e repetir. Já pensou nos meus sentimentos? Sobre como fico com medo cada vez que você faz algo estúpido, colocando sua vida em risco como se não fosse nada?

Ou como tenho inveja de todos vocês, livres para falar, rir, caminhar ao sol, enquanto fico presa o dia todo dentro de um anel de pedra, vivendo minha vida através de você? E para ser honesta, não é muito uma vida.

Você tem tantas pessoas que o amam, tantas chances de se aproximar dos outros e de fazer amigos de verdade, em vez de apenas fingir… e mesmo assim, sempre os rejeita como lixo. Isso me deixa furiosa.

Sabe, talvez o Scorpicore estivesse certo. Talvez eu seja realmente um objeto amaldiçoado, porque às vezes esta vida realmente parece uma maldição.”] –

Apesar de não ter lágrimas a serem derramadas, para Lith era como se ela estivesse chorando muito.

Isso o fez se sentir terrivelmente culpado e desamparado. Muitas vezes ele se fechava para ela, seja para estudar ou praticar, falando apenas para pedir sua ajuda. Estavam juntos há muito tempo, mas às vezes ele ainda tratava Solus como uma espécie de eletrodoméstico.

Lith não podia negar nada do que ela havia dito. Para ele, as pessoas eram apenas ferramentas, enquanto os sentimentos eram um fardo inútil.

– “Me desculpe, Solus. Não sei o que dizer. Todo esse tempo eu nunca parei de pensar em como você se sentia, sempre considerando sua felicidade como certa.” –

– [“Não é inteiramente sua culpa.”] – Ela farejou a mente. – [“Eu nunca compartilhei minhas preocupações com você, porque temia que você não se importasse ou entendesse. Obrigado por provar que estava errada.”] – Uma aura calorosa se espalhou de sua consciência, o equivalente a um abraço.

– [“Por meu criador, tudo era muito mais fácil quando acabavamos de nos conhecer. Comigo me contentando apenas em sobreviver, aprendendo coisas novas todos os dias. Mas agora, o conhecimento não é mais suficiente. Eu quero sentir, quero experimentar, e você é minha única janela para o mundo.

Eu deveria que estar me desculpando por ser tão agressiva todo esse tempo. “] –

– “Bem, talvez, entre Necromancia e Forgemastering, possamos encontrar uma maneira de dar a você um corpo proxy.” –

– [“Um cadáver ou um golem? Obrigada, mas não. Já me sinto um monstro, às vezes, não preciso também parecer um. Além disso, acho que a vida não é um problema para se consertar, é mais como algo que preciso decidir se vale a pena ter.”] –

Lith não gostou nada do resultado da conversa. Seu único amigo verdadeiro estava sofrendo, e isso não era algo que ele pudesse aceitar passivamente.

Depois de colocar um novo uniforme, deixou o Professor Marth chamar seus ‘amigos’, que apesar do curto prazo chegaram incrivelmente rápido.

Normalmente, Lith teria encontrado uma maneira de evitar o inevitável abraço coletivo que se seguiu, mas as palavras de Solus ainda ressoavam em seus ouvidos.

– “Progresso, não perfeição.” – repetiu mentalmente, como um mantra, resistindo à repulsa de que o contato físico com aqueles quatro estranhos surgisse no nível do instinto.

Eles o afogaram em perguntas sobre sua saúde, repetindo mais de uma vez como pensaram tê-lo perdido. Elina comoveu-se às lágrimas ao ver o carinho deles pelo filho.

“Gente, permitam-me apresentá-los aos meus pais, Raaz e Elina.”

Com essas palavras, eles finalmente o soltaram.

Raaz apertou suas mãos, enquanto Elina os abraçou com força.

“Se vocês vierem a passagem em nossa aldeia, sempre serão bem-vindos em nossa casa. Nunca poderei agradecer o suficiente.”

Depois de algumas sutilezas, Lith os levou a contar o que acontecera depois de sua colisão com a fenda espacial.

Apesar de já saber de tudo, ficou impressionado com o foco e dedicação deles durante um momento tão crítico, a ponto de se lembrarem dos mais pequenos detalhes. Obviamente, com Linjos presente, esqueceram toda a parte dos socos.

Em seguida, foi a vez de Lith expressar sua gratidão. Um simples obrigado e um aperto de mão bastavam para Raaz, que era um estranho para eles. Sem mencionar que estava bastante intimidado. Por tudo que sabia, todos poderiam ser príncipes ou princesas.

Lith não teve escolha a não ser colocar um grande sorriso no rosto e abraçá-los um por um.

Enquanto aos outros ele conseguiu dar um abraço do tipo “dentro e fora”, quando chegou a vez de Quylla, ela o prendeu no lugar. Lith podia sentir as mãos dela correndo em suas costas, enquanto ela afundava a cabeça em seu peito, soluçando um pouco.

Depois de alguns segundos, a situação ficou muito estranha. Todos estavam desviando o olhar, até que Raaz viu o pedido silencioso de ajuda nos olhos de seu filho e disse: “Filho, o que você quer fazer? Voltar para casa, mudar de academia ou ficar aqui? Vamos respeitar sua decisão, seja ela qual for.”

Só então Quylla finalmente o deixou ir e se escondeu atrás de Friya, corando violentamente depois de perceber o que tinha feito.

Lith ponderou um pouco. Apesar de todas as suas falhas, a academia White Griffon ainda era o lugar mais seguro para ele. Outras academias provavelmente o discriminariam por suas origens e passado, forçando-o a cuidar constantemente de suas costas.

Além disso, ele ainda tinha que resolver o mistério das caixas em sua dimensão de bolso, encontrar uma maneira de evitar a profecia da dríade e salvar Solus de sua miséria. Ela poderia recusar a ajuda dele o quanto quisesse, Lith nunca desistiria dela sem lutar.

“Quero ficar aqui, pai. Acho que preciso deles tanto quanto precisam de mim.”



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