Magia Gênesis Brasileira

Autor(a): Rafaela R. Silva


Volume 1

Prólogo

Mais um dia se inicia no reino de Ancor. Considerado um dos maiores do continente, é o lar de várias raças, além de ser um grande polo comercial, banhado por um gigantesco lago que alimenta todo o reino.

Consagrado como um ponto de referência para os demais reinos, abriga a sede mais importante e poderosa de todos os reinos: o Conselho Mundial.  Lá são julgados os descumprimentos às leis de quaisquer reinos.

Uma enorme construção situada no centro do reino, rodeada por torres de vigia e inabaláveis muralhas. Portões feitos com a madeira mais maciça já encontrada. Revestida com metais encantados para aumentar sua rigidez e impenetrabilidade. Porém, sua grandeza não a imuniza dos grandes conflitos, estresse e medo gerados em todo o continente após a Grande Guerra de Carmim.

Nesse específico dia, pela tarde, tudo estava dentro dos conformes. Sem relatos de conflitos ou disseminação de ódio entre as raças. Ainda assim, parte do grande exército do reino marchava pelas ruas, a fim de precaver qualquer ameaça.

Uma estranha agitação na sede se tornou visível quando a circulação de pessoas, entrando e saindo, aumentou consideravelmente. Carregavam consigo, livros e mais livros, além de uma expressão aflita e apressada.

Tal cena trazia à tona os olhares desconfiados e preocupados da população.  Mesmo com a presença dos militares, o medo de uma nação que ainda sofre com os resquícios da guerra, se mantinha.

Havia mais segurança no local do que o costume. Era comum tal movimentação quando ocorrem as reuniões do reino, mas não havia nenhuma marcada para essa data.

“Que saco! Acabamos de assumir o cargo e já nos colocam em uma situação estranha como essa?” pensou um dos guardas da portaria.

— O que você acha que está acontecendo hoje? — indagou seu companheiro de vigia.

— Faço nem ideia... Por sermos novatos, nos deixam de fora dessas cois...

— Ei, vocês dois! É melhor pararem de conversinha! Caso contrário, serão punidos por fazerem corpo mole! — repreendeu um oficial que passava por ali.

— Sim... sim, SENHOR!

Os jovens guardas, deixavam transparecer, mesmo que por breves momentos, a ansiedade que a falta de informação os causava. Situação que, rapidamente, foi percebida pela população.

Como sempre, havia aqueles que se empenhavam em disseminar o caos no reino para se beneficiar nas vendas de armamentos ou magias de proteção. Afinal, após tantos ataques, a população não poupava recursos para se proteger.

Já ao cair da noite, devido aos boatos de que ataques no reino poderiam ocorrer a qualquer momento, a população evitou se arriscar a estender muito o horário de funcionamento local. Sem contar que o excesso de militares afugentou grande parte do turismo nesse dia.

No amanhecer seguinte, comerciantes e vários representantes de famílias nobres, se amontoavam em frente à sede. Temerosos com os acontecimentos do dia anterior, exigiam alguma explicação.

— É nosso direito saber se seremos atacados!

— Por que aumentaram a guarda de repente?

— Queremos explicações! Parem de esconder as coisas e falem logo!

Os guardas ficaram sem reação diante dessa situação. A falta de informação, impossibilitava qualquer chance de tranquilizar essas pessoas.

Ao perceber que o caos se instalaria, o líder do Conselho de Ancor, Gregory Sthef, resolveu se pronunciar oficialmente à população. Isso causou certo espanto, afinal, era incomum o próprio líder se expor ao público, mesmo em situações de guerra.

Sua pele extremamente clara o deixava com uma aparência pálida. Raramente saía das instalações. Seu cabelo longo e negro, um tom quase azulado, acentuava ainda mais o contraste com seu tom de pele claro.

Seu olhar mal demonstrava qualquer reação, mesmo diante de toda aquela multidão eufórica. Se mantinha sempre sereno, mas, ao mesmo tempo, misterioso. Um jovem homem que impunha respeito. Foi dessa forma que ele se dirigiu à população, firme e imponente.

— Meus caros, está tudo dentro dos conformes em nosso reino. Um ataque à nossa população é algo que está completamente descartado.

Ao ser questionado pela quantidade de militares além do comum, ele apenas disse que se tratava de uma operação para localizar e capturar grupos rebeldes que conspiravam contra o reino.

— Entendam, nem tudo pode ser divulgado de imediato à população. Precisávamos evitar que espiões divulgassem as informações aos rebeldes e comprometessem a operação. — Ele se mantinha firme em suas palavras.

Dito isso, Gregory, antes de retornar à cúpula da sede, com um olhar de seriedade, pediu à população para evitar se apavorem tão desnecessariamente. Aquela situação, apesar de importante, dispensava tamanho caos. Afinal, a operação já estava praticamente finalizada e a segurança da população não havia sido comprometida. Enquanto aquelas palavras eram ditas, os guardas dispersavam a multidão.



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