Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 1

Capítulo 28: Bastarda

O cofre estava grudado na parede, tinha uma aparência metálica e um painel para inserir a senha. Animado com aquilo, San levantou os braços em vitória.

Ao se aproximar mais, deu umas batidas, encarou por um tempo, empolgado com as possibilidades do conteúdo dentro. Nessa animação, demorou para pensar: “Espera aí, ele disse pra deixar quieto o quadro?” observando o amigo, onde desviava o olhar com uma expressão horrível de mentira.

— Sabia do cofre. — afirmou a Leo.

— Daonde, como eu ia descobrir isso? — Sua voz ficou fina.

Leo era um ótimo lutador e uma pessoa incrível. Mas envolvendo mentir, San sabia bem reconhecer.

— Por que não me contou?

Depois de tentar pensar em respostas diferente e, por fim, desistir e relaxar os ombros, falou:

— Ah, tá legal. Eu também achei o cofre na primeira vez ao vir aqui. Só que precisamos de uma senha.

— Talvez esteja anotado?

— Já tentei, ninguém é tão idiota assim.

— Bem, vamos procurar juntos, dessa vez to aqui, podemo conseguir.

Cedendo, procuraram na casa qualquer item com uma sequência de números. Ficaram perambulando por uma hora. Quando exploraram cada canto acharam: calendário marcado, papel amassado no lixo e outras coisas aleatórias, se reuniram de novo no quarto.

— Tá legal, bota os números. — San falou.

Na frente da tranca, Leo digitou todos os números, e sempre piscava em vermelho, sinalizando o erro.

Depois foi a vez de San, aconteceu o mesmo. Tentaram de tudo, e ainda assim, continuava trancado.

— Qual a chance de alertar a polícia?

— Duvido. No começo, tentei muitas vezes e nada. Deve ser por achar que ninguém iria tentar roubar alguém quase pertencente a uma das grandes famílias.

San gelou ao ouvir. As grandes famílias, ou chamadas de os grandes, eram constituídas pelos melhores mutantes, com poder sobre cidades e gente. Mexer com eles é pedir a morte.

Olhando assustado, perguntou:

— Um dos grandes?

Vendo a reação do amigo, tentou tranquilizá-lo:

— Eu disse: quase um membro.

— Isso já é muito!

— Acalma. Pelas minhas pesquisas, a dona daqui é uma garota um pouco mais jovem que a gente, e é uma bastarda.

— Como tem tanta certeza?

— Há um tempo atrás, apareceu em canais de notícia dizendo da bastarda da família Serpentum, finalmente expulsa de casa.

— Tendi. — falou, ficando relaxado.

Juntando as peças, certas coisas foram fazendo sentido. “Provavelmente, esperaram ela atingir uma certa idade e a mandarem longe.”

— Isso pode nos ajudar, pesquisa a data expulsa, e eventos importantes.

Leo digitou freneticamente no canto. Aproveitando, San pegou distância e falou baixinho.

— Sabe o que dos Serpentum?

Após alguns momentos, Sacro respondeu:

— Família focada em habilidades de veneno. Poderosa, membros de nomes famosos e feitos grandiosos.

— Pesquise as datas de eventos.

— Bem, vai ser difícil. Assuntos envolvendo os grandes é complicado, pouca informação de dentro vaza.

— Só procura, até os mínimos detalhes.

Depois de um tempo, Leo continuava, resmungando do porquê de ser tão escasso. Ao menos, Sacro teve sorte.

— Posso ter achado uma pista.

Indo até o cofre, digitou datas seguindo a orientação do relógio. Mesmo assim, dava errado.

Se afastando de novo, teve uma ideia:

— Por que a expulsaram de casa?

— Duvido ter isso na internet.

— Também acho, mas vamo pensar, Leo disse que ela é um mais nova que a gente, deve ter uns 17?

— Sim.

— Certo, nessa idade, já teriam a expulsado de casa antes. Porém, algo os impedia, e depois parou.

Roendo as unhas, pensava em teorias que a permitisse continuar em casa. De repente, uma ideia veio em mente.

— Já sei! Procura sobre morte, não importa de quem for.

Sacro ficou pesquisando enquanto San roía as unhas ansioso em descobrir se estava certo. A cada segundo, piorava a ansiedade.

— Achei, um homem morreu há uns anos atrás. As causas são desconhecidas.

— Pai?

— Difícil ser, a idade já era avançada, avô talvez.

— Qual a data?

— 29/09/20231

Tentando de novo, seus dedos tremiam de empolgação. Os sons de clique fazia seu coração acelerar e curiosidade crescia. Acabando, ouviram um som metálico de fechadura.

Leo, parado com o telefone, olhou surpreso o amigo, se aproximou e encarou a porta.

San puxou lentamente, sem dificuldade, abrira. Dentro, era grande, papéis enchiam o lugar inteiro. Pegando um, Leo falou:

— Que isso?

Tomando das suas mãos, San leu, entendendo, abriu os olhos em surpresa.

— É a escritura de uma casa.

— Opa, — pegou o papel de volta. — Se eu tiver isso, a casa é minha?

— Vai achando, quem dera fosse tão fácil assim.

— Pena, contudo, parece que ser um bastado tem suas vantagens.

Os dois pegaram papel por papel. Acharam escrituras e extratos bancários, nada de legal ou rendesse dinheiro.

Desanimados, Leo saiu e ajeitou os móveis para saírem dali, San já ia fechar de novo ao ver um diferente.

Desenterrado debaixo de tantos papéis, assegurou na mão um livro. Era fino, poucas páginas e uma coloração verde.

— Dança da serpente. — Leu em voz alta o título. — Estranho.

Sacro no seu pulso, apertou como se estivesse animado.

— Abra e leia.

— Por quê? Dança é chato.

— Leia e veja.

Abrindo com desânimo, leu as páginas rapidamente. No início, imaginou ser um tipo de manual de dança, mas se enganou bastante. Quando mais lia e via as figuras desenhadas, a surpresa aumentava.

Na verdade, era um manual de estilo de luta. Complexo e bonito.

— O que é isso?

— Muitas das grandes famílias têm estilos de luta próprios. Eles cuidam muito bem e deixam somente os seus membros aprenderem.

— Achei que bastardos eram os excluídos, por que deixariam ela aprender seu estilo se iriam expulsá-la?

— Boa pergunta, entretanto, é irrelevante. Você deve pegar esse livro imediatamente, as vantagens ao aprender seriam absurdas.

— Se eu o pegar, de certeza vão descobrir, e Leo é quem vai entrar em problemas.

— Essa é uma oportunidade de ouro, vai a dispensar assim?

— Eu disse que não pegaria o livro, no entanto, as informações, aí a história muda.

Com o livro estendido em cima da cama, tirou fotos, inúmeras, de ângulos diversos, posição, luz, angulo. Repetiu o processo em todas as páginas. Por sorte, Sacro tinha uma memória bem grande.

Acabado, guardou de volta, deixando semelhante ao encontrá-lo, e saiu do quarto.

De volta à biblioteca, Leo limpava as manchas de sangue no chão. Se aproximando, San disse:

— Já acabei, vamo embora.

— Acabei aqui também.

Assegurando o doutor nos ombros, o levaram à rua. Andaram longe da casa e o deixaram no chão. Os dois foram embora tranquilos.

Qualquer mal-estar que San sentia por fazer o que fez, sumiu. Substituído pelo ânimo da sua descoberta.

***

Acordando cedo, San vestiu uma calça jeans e uma camiseta azul-escuro, andando freneticamente na casa, organizando e arrumando. Com as garotas ajeitadas, Leo apareceu e as pegou.

Sozinho, foi a uma loja simples com várias máquinas de imprimir. Os clientes podiam escolher a sua e ficar a vontade.

Preferindo a isolada, transferiu as imagens à impressora e esperou. Duas horas depois, estava feito, criou uma réplica do livro.

A única diferença do original neste, era a capa de plástico, e o outro era de couro. De resto, exatamente igual. Na noite, enquanto San dormia, Sacro misturava as fotos e criava as melhores.

Isso resultou em um livro incrivelmente parecido. Quando pagou pelo tempo e materiais gastos, seu sorriso vacilou. Havia sido caro, e o dinheiro restante era somente cento e vinte créditos.

Seu coração dizia ir em casa e treinar a nova técnica, mas seu bolso vazio negava.

***

Andando no bairro médio, San olhava para cima, procurando as placas dizendo os nomes das lojas. Depois de andar e passar pela mesma rua algumas vezes, achou.

Um prédio grande, um cartaz de um escudo e duas espadas juntas. Ultrapassando as portas, olhou para os lados.

O lugar era grande, pessoas sentadas em mesas de madeira. Comendo, bebendo ou simplesmente conversando. Usavam armaduras diversas, seja de metal a couro, e sem exceção, carregavam armas.

San chegou à base de mercenários. Mudaram o significado da palavra e deram uma nova ocupação, criados para mutantes ganharem dinheiro realizando missões envolvendo monstros.

Era uma profissão arriscada; morriam diariamente um número alto. No entanto, San sabia que se continuasse caçando, o dinheiro uma hora, ia ser insuficiente; cada vez mais a necessidade aumentava.

Desde anos, já decidiu, se conseguisse uma habilidade, independente de ser ruim, a usaria virando um mercenário. Na verdade, mesmo sendo um normal, já queria ter sido um.

Porém, as regras são claras: somente mutantes têm a permissão de virar um. Criaram essa obrigação para pessoas desesperadas evitar arriscar a vida enfrentando algo fora do seu alcance.

Indo até um recepcionista, um homem jovem usando óculos, cabelo partido ao meio e uma camisa simples o atendeu.

— Posso ajudar? — Perguntou num sorriso treinado.

— Quero me inscrever.

Abaixando, pegou uma esfera preta de baixo do balcão, idêntica com a que San usou para descobrir se era um mutante na agência do governo há um tempo atrás.

— Por favor, ponha a mão aqui.

Sem hesitar, colou sua mão, em segundos a esfera iluminou de preto a verde.

— Perfeito, confirmado, mutante.

— Uma pergunta, fiz um teste semelhante no governo, na época, e tornou-se branco, por que agora mudou?

— Deve ter feito o teste antes de despertar. Era para ver se seria um mutante, o atual é de saber se você é um mutante.

— Entendi. Muitas tentam enganar?

— Nem imagina. Certo, queira me acompanhar aos fundos, iremos testar a sua classificação. Ah! Quase me esqueci, uma taxa de cinquenta créditos é imposta, considere uma gorjeta.

Transferindo o dinheiro, com dor no coração, seguiram a um comodo diferente. Passando por uma porta, desceram escadas e ficaram em uma sala branca.

— Espere aqui, o instrutor logo virá — falou já subindo as escadas.

— Espera, qual é o seu nome?

— Barbosa.

Esperando, San vasculhou ao redor. Era grande e espaçoso. As paredes eram completamente brancas, e riscos eram vistos. Marcas de queimaduras, derretimento, cortes e variações.

Ao canto, uma prateleira bem organizada se enchia de armas de diversos tipos: espadas, lanças, arcos e muitas outras.

“Interessante, quantos poderosos passaram aqui?” Enquanto olhava as marcas, um homem apareceu das escadas.

Era careca e tinha um bigode bem feito. Estava na faixa dos quarenta anos, vestindo uma calça camuflada e uma camiseta preta. O homem era treinado, seu olhar analisando de cima a baixo a pessoa à sua frente.

— Bom dia, meu nome é Charle e serei eu quem realizará o teste da sua aptidão.

— Prazer, sou San.

— Qual é a sua especialidade?

— Espada.

— O que esta esperando? Pegue uma.

Vendo as espadas organizadas, murmurou:

— Tem tantas.

As que via eram de todos os tipos: curtas, longas, katanas, etc. Escolhendo uma parecida com a antiga, longa e pesada, pegou-a e parou no meio da sala.

Charle pegou uma espada, do exato tipo da de San.

— Prepare-se, lute a sério e, se achar uma oportunidade, use a sua habilidade.

Assentindo, San tava pronto. Próximos, apenas a alguns metros de distância. Fazendo uma estocada, mirou o peito, como era para lutar a sério, visou vencer.

Defendendo-se com a lâmina, Charle ficou imóvel. San deu um corte forte na horizontal, onde foi defendido facilmente. “Consegue fazer tudo isso e ainda ficar na mesma posição, o cara é forte.”

Ficando energético, deu vários golpes. Mirou na barriga, cabeça e peito. Em todas às vezes, foi defendido com a lâmina do inimigo.

— Eu disse lutar a sério. Se esse é o seu máximo, vá embora.

Sentindo a irritação crescer, evitou ações imprudentes, como atacar loucamente.

— Certo, minha vez.

San, pronto e cuidando de qualquer movimento. No primeiro passo dele, era tão rápido que mal teve tempo de reagir.

As duas lâminas se chocaram, tentando defender, San teve o corpo empurrado, a força era grande, só parando depois de percorrer 2 metros.

Impiedoso, Charle atacou, abaixando a lâmina. O golpe era forte e pesado; as mãos de San ficaram dormentes. Prestes a contra-atacar, recebeu um segundo ataque.

Depois outro e mais, todos em uma grande força. O pior, Charle não dava oportunidade de se afastar nem descanso.

Sabendo que iria acabar facilmente continuando assim, precisou apelar. No intervalo do próximo golpe, San apontou o dedo e disparou um tiro de energia.

Estavam próximos, desviar era impossível, então recebeu com tudo no peito, sendo jogado para trás.

Ficando em um joelho no chão, seu peito soltava fumaça. Tocando seu corpo, confirmou estar bem. Indo levantar, uma espada vinha em direção ao seu rosto.

Rolando no chão desviou por pouco. San sabia que o melhor momento de acertar um ataque era quando o inimigo se distraía, por isso, aproveitou a chance.

Pretendendo fazer Charle continuar no chão, atacou novamente. Em vez de desviar novamente, o oponente levantou sua espada defendendo, e com sua incrível força, empurrou San.

Já ciente da força e velocidade do adversário, San apontou o dedo e disparou um segundo tiro. Charle, preparado para isso, usou a espada como escudo, sendo lançado.

Sem sofrer nenhum dano, Charle aproximou-se ágil e atacou, dessa vez tão rapidamente que San não teve tempo de reagir.

Ao encontrar uma oportunidade, fez uma estocada. Charle desviou e acertou a lâmina, jogando-a fora das mãos de San. Com um chute no peito, o derrubou.

Ao levantar os olhos, San estava levantando, mas a ponta da lâmina ia na direção do seu rosto.



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