Kimi Bait Chat Brasileira

Autor(a): Charlie Laylay


Volume 1

Capítulo 1: Caminho Dourado

— Notícias de última mão, crianças de diferentes etnias: japonesa, americana, francesa e entre outras desapareceram nesses últimos dias. Entretanto, nossos investigadores têm o palpite de que todos os casos estejam relacionados… Mas ainda não há nenhuma certeza por trás disso. Os pais das crianças alegam que antes dos desaparecimentos os mesmos se encontram mais alegres do que o normal: em um estranho estado de mania e euforia, o que torna o caso ainda mais misterioso. Então, por enquanto, isso é o que temos de informação. — Suspira o jornalista da TV. — Agora, iremos trocar para algumas entrevistas com alguns dos pais das crianças desaparecidas… 

— Entediante — neste momento troquei o canal para onde passava desenho animado.

Não saio muito de casa, e nem tenho amigos de verdade, mas, pelo o que eu vejo por aí, não é qualquer um que tem uma televisão que ainda é a base de canais. Minha televisão é de tubo, com grandes botões inutilizáveis embaixo da tela, claro, uma TV antiga, não é uma smart TV. Isso é até que triste. Mas não diria que me importo. Contanto que dê para assistir meus desenhos animados, estou feliz.

Não tenho um celular, algo com certeza incomum para um pré-adolescente de treze anos. Mamãe até me diz que sou uma criança totalmente diferente das outras que ela conhece, tudo por conta do… eu não me recordo muito bem, mas era algum tipo de aplicativo de vídeos curtos. Deve ser isso.

De qualquer maneira, eu poderia passar dias vendo desenho animado, esse é o tipo de mundo colorido que poderia me deixar acordado por horas. Daria de tudo para poder viver em um mundo igual. Para ser bem honesta. 

Sobre minha vida escolar, e até o motivo de eu não ter amigos: não vou à escola por problemas de saúde. Nem mamãe, nem papai me disseram exatamente o que eu tenho. Isso é muito estranho, porém, eu acredito que eles deixam isso debaixo dos tapetes para que eu não me preocupe… Sim, deve ser isso. Então sem a escola em cima de mim, eu realmente tenho muito tempo livre. Na verdade não, eu poderia passar o resto da minha vida inteirinha assistindo desenho animado. Essa é minha vida. Essa seria minha vida ideal. Este é meu sonho!

Meus pais, eles trabalham muito, então mesmo tendo apenas treze estou sempre sozinha em casa. Não é como se eu fosse um cachorro que conseguiria espantar um assaltante apenas com latidos, mas eu que cuido da casa.

— Eu amo bolo! Bolo é a minha comida favorita!!! — Uma fala infantil típica de desenho animado ressoa da televisão.

— Eu também gosto de bolo… Eu deveria fazer um.

Por que não?

Por mais que eu seja bem pequena ainda, eu sei sim fazer um bolo. Acho que isso seria impressionante para os adultos… por que não seria normal?

Me dirigindo até a cozinha começo a pegar os ingredientes, mas percebo que falta uma coisa, apenas uma única coisa. O fermento. O fermento acabou.

— Vou ao mercado. — Digo soltando um longo suspiro.

Enquanto coloco meus sapatos da forma mais ligeira possível, eu pego minha bolsinha azul-marinho e coloco a chave dentro, então, saio pela porta, que rangeu tão alto que fez eu dar um pulo, e fui direto ao caminho para o mercadinho que havia perto de casa.

...

Voltando do mercado percebo algo diferente, algo preocupantemente diferente…: a porta estava destrancada. Claro, automaticamente me certifiquei se eu tinha trazido a chave, mas rapidamente percebo que ela de fato estava na minha bolsinha. Estranho… 

Talvez tenha esquecido de trancar… — sussurrei para baixo — não é uma novidade minha memória ser tão ruim assim… Bom, está tudo bem. Não é como se alguém fosse louco o suficiente para invadir.

De qualquer forma, o tempo passa. Me sentindo levemente tonta, abro o forno e vejo a situação do bolo. 

— Está pronto! 

Logo, o tirei do forno com uma toalha de louça grossa, pois, simplesmente perdi minhas luvas de forno (eu simplesmente adorava elas…), fatiei a delícia e dei uma grande mordida na primeira fatia; na primeira mordida eu pude sentir algo. Algo que definitivamente não estava certo. Minha casa de repente parecia… mais colorida, tudo parecia ter mais cor, um tom mais vivo. Pude ver algas marinhas saindo dos cantos mofados da cozinha, se expandindo para a sala de estar e até para o banheiro. Nuvens parecidas com algodão-doce inundavam os corredores e dançavam junto dos móveis e objetos jogados pela casa, enquanto o bolo parecia se mexer sozinho. 

— O que está acontecendo? Estou sonhando? — Apoiei minhas mãos na cabeça enquanto senti minhas pupilas dilatarem.

Não sei dizer o que é realidade ou não. 

Hã?

Senti uma pontada no peito, uma pontada de euforia, felicidade! Eu deveria me preocupar? Eu deveria aproveitar? Um sonho lúcido? Não entendo. Me sinto no País das Maravilhas. É como se… tudo o que desejei agora a pouco tivesse se tornando realidade.

Mágico.

— Esse mundo é bem mais divertido que o mundo real, não é mesmo? — Um coelho rosa gigante que mais se parece com um mascote de parque de diversões sai de baixo da mesa.

Isso é rosa ou roxo? Por que parece mudar?

Como não usar palavrões para expressar o susto que tomei? Mer… não consigo.

— É-é, sim — recuo —, estou sonhando? 

— Não sei, você está? 

— Eu estou sonhando!? — Gritei, mas não senti minha voz sair.

— Venha, estamos apenas começando! — O coelho pega minha mão e me guia até um caminho dourado para dentro dos corredores da minha casa até onde não há mais paredes, apenas uma escuridão e o dourado do caminho brilhando como um diamante. Aquilo parecia uma referência ao tão famoso Mágico de Oz.

Olhando para cima e aproveitando a vista consegui ver a lua sorrindo e piscando para mim, logo com um olhar tímido volto meu rosto para baixo.

— Para onde estamos indo?

— Para um lugar melhor.

Não sei o que “um lugar melhor” seria, mas nem cheguei a pensar em recusar. Por que pensaria nisso?

Da escuridão até o horizonte é possível ver uma luz radiante, parece extremamente longe, mas quantos mais passos damos mais perto chegamos num nível que a luz quase chega a me cegar. Não sei como este coelho consegue lidar tão bem com isso. Ah, é… ele claramente é uma fantasia, não tem feições… Ou tem?

Não consigo manter meus olhos abertos. Nem por mais um segundo…

O que é isso?

O que está acontecendo?

Onde estou indo?

— Chegamos. 

Finalmente tiro minhas mãos dos meus olhos e logo os abro. Chegamos a um parque de diversões. Tão óbvio, certo? Nunca cheguei a ir em um desse de verdade. Mas o reconheci pelos desenhos animados.

Na entrada há uma enorme placa com luzes amareladas escrita “Redsand Park”. O dono do parque se chama Redsand? Nome estranho. Isso definitivamente é um nome esquisito. Ninguém pode negar.

O parque todo era colorido, mas o rosa dominava o local. Era um rosa pastel, mas devido às circunstâncias da noite tudo se tornava meio sombrio, transformando o rosa pastel em rosa choque.

Estou realmente sonhando?

Tudo é tão colorido e divertido, mal consigo conter a empolgação. Ao redor do parque tinha um lago de caramelo com árvores de pirulito que cercavam o local. 

— Isso tudo é real?

— Será?

Tá bom, agora pode, que merda é essa?

Foi o bolo que me levou para cá? Um milagre? Ah, só pode ser a intervenção divina!

Sem nem dizer uma palavra me dirijo para perto do lago e mergulho um dedo e o coloco na boca… É caramelo de verdade!

— Fufu — o “Senhor Coelho” deu uma risada.

Antes que pudesse dar um pulo de alegria o Coelho levanta a voz:

— Qual é o seu nome garotinha?

— Me-meu nome é Polly. E o seu?

Ele me olhou nos olhos com um sorriso macabro. Sim, finalmente olhando nos olhos dele percebo que tem feições.

— Fufufu, meu nome é Usagi. “Coelho” em japonês, sabia? — Ele mostra seus dentes tortos com seu sorriso forçado.

— Você fala japonês!?

— Não, mas neste parque tem outra garotinha que fala. Você adoraria ela!

— Ela está aqui?

— Ela mora aqui. — Ele apoia suas mãos em seu quadril — ela mora aqui. Sem pagar, sem fazer nada. Engraçado, não? — Usagi fala com um tom estranho — de qualquer forma, em qual brinquedo você gostaria de ir primeiro garotinha? 

Usagi começou a caminhar para dentro do enorme parque. 

Eu o segui.

Eu sei que eu não deveria falar ou andar com estranhos por aí (aprendi com meus pais), mas logo estiquei meu braço e apontei timidamente para a roda gigante.

Eu sempre vi nos desenhos os personagens andando nisso, então foi o que mais me puxou o olhar. Motivo bobo, não?

— Boa escolha, podemos ver o parque inteiro lá de cima! 

De novo, como uma criança pequena ele me guiou até o brinquedo.

Chegando na roda gigante percebemos uma garota se escondendo atrás da cabine onde se controla o brinquedo. Ela tinha cabelos curtos e enrolados e… Um chifre de unicórnio na cabeça? Que sonho estranho… O que essa garota está fazendo se escondendo aqui? Será… que ela tem medo do Usagi…? Deixa quieto, eu não deveria pensar nessas coisas, haha… 

Chat, o que você está fazendo aí no chão?

Chat é seu nome? Ah… não sei se conseguirei decorar esse nome… na verdade, por que eu deveria decorar esse nome em primeiro lugar?

— Estou apenas aprendendo como controlar o brinquedo, Usagi.

— Sozinha? Mas por que?

— Estou aprendendo pois alguém pode querer usar o brinquedo e acabar não tendo ninguém na cabine… Apenas quero ser útil.

— Bom, se você quer ser útil então por que não ajuda a Bait a fazer o bolo dela?

Bait… outra?

Eu sei fazer bolo. Espera, quem é Bait?

— Tu-tudo bem, eu irei ajudá-la! — Chat sai da cabine e rapidamente some de vista. Ela parece ser tímida.

— Vamos polly. — inesperadamente Usagi me puxou para dentro da roda gigante.

Ouvindo um click a roda começou a andar.

— Como a roda gigante está andando se não tinha ninguém na cabine?

— Eu tenho um controle mágico. — Ele tira um pequeno controle com vários botões de dentro dos seus pelos — este controle pode controlar todos os brinquedos desse parque. Então eu posso usar o brinquedo que eu quiser a hora que eu quiser.

— Ah… Então por que aquela garota… É… 

Não quero ser grossa nem nada, mas nessa hora eu travei. Não consegui dizer uma palavra, afinal, Usagi estava me olhando. Não, ele estava me encarando atentamente, estava olhando no fundo da minha alma! com seu sorriso torto. Uma cena desconfortável demais. Tive vontade de chorar. Mas segurei.

Oh.

Quando parei de prestar atenção na atmosfera sinistra que estava no ar, pude olhar para o lado. Já estávamos no alto, consegui enxergar o parque inteiro. De ponta a ponta. Pude ver a xícara maluca, as barraquinhas de comida, duas montanhas russas, um barco vicking, a casa mal assombrada e mais. O parque era enorme, maior do que eu poderia esperar. Tinha inúmeros brinquedos diferentes, me senti empolgada. Queria andar em todos.

Enquanto observava o parque, a tensão voltou quando Usagi deu uma tossida. Tentei formular palavras na minha cabeça para quebrar o gelo mas não conseguia me concentrar devido ao olhar assustador de Usagi. Durante esse processo de pensar e pensar e pensar sem perceber consegui soltar a língua.

— Eu vou morar aqui que nem a outra garota? — Realmente não sabia o que falar.

— Se você quiser… — Ele deu um sorriso amigável inclinando a cabeça levemente para a esquerda, parecia interessado.

— Eu quero…! 

— Bom, se é assim que você quer, é o que será. — E foi nessas palavras na qual o brinquedo parou no chão novamente. Não vi o tempo passar, porém, digo que isso durou uma eternidade. Foi torturante.

Logo, saímos juntos da roda gigante e fomos surpreendidos por um… Gato gigante? Não digo um brinquedo, mas sim, como se fosse outro mascote? 

— Olá Usagi, oh… Outra garota? Olá pequena! Qual seu nome?

— P-polly…

— Prazer em conhecê-la. — O gato humanoide apertou minha mão.

Ele não me parecia muito contente, parecia meio cansado para ser honesta, mas continuava com um sorriso na cara. De qualquer forma, sem nem dizer seu nome, ele se foi.

— Quem era?

— Ele é o Nekoko. O dono desse parque.

— Mas… se ele é o dono então por que ele também estava vestindo uma fantasia?

— Não faço ideia do que está falando. Ele é assim.

— Ah… — não sei se entendi muito bem.

Logo estava prestes a dizer o próximo brinquedo que gostaria de ir, mas antes que pudesse abrir a boca Usagi abriu mais rápido.

— Já que irá morar aqui temos que conhecer seu quarto.

— A-ah, sim. Claro.

Eu ainda estou sonhando? Quer dizer… Isso é um sonho, certo?

Queria que fosse pra sempre.

Quando apenas concordei com ele, fui puxada por sua mão. Passamos por vários brinquedos diferentes e barraquinhas de comida, como em um parque comum. Sendo assim, eu e Usagi finalmente chegamos a um lugar. “Dormitório”, tinha uma pequena placa do lado de fora escrita essa palavra. É aqui que eu vou dormir?

— É aqui que você vai dormir.

Explicativo.

Entrando no dormitório, dou de cara com duas garotas desenhando em uma mesa. Com os sons de passos e porta se abrindo, as duas se viram lentamente para nós. 

Aliás, no dormitório havia duas camas beliche, uma mesa, uma televisão de tubo e dois armários. Um entupido de diversas coisas e o segundo com roupas.

— Kimi! Bait! A Partir de hoje vocês terão uma nova colega de quarto. Esta é a Polly.

— O-olá… — Nunca fui boa em comunicação.

Espera, Bait? Não é aquela que deveria estar fazendo um bolo? O que ela está fazendo aqui desenhando? E cadê a outra garota?

Estou muito confusa.

— Qual é, não seja tímida!

— Olá, é um prazer te conhecer. — Uma das garotas voltou a mim. Ela tinha… Mãos segurando os cílios dela? Que maldição seria isso? — Meu nome é Kimi.

Kimi vestia uma espécie de uniforme escolar japonês, tinha o cabelo rosa e cílios com mãos a segurando… Como chamam isso? …Cosplay? Deve ser cosplay. Personagem estranho.

— Olá! Meu nome é Bait, muito prazer! — A segunda garota tinha cabelos loiros e longos, além de… ter asas nas costas? O que? Ela parecia animada.

Bait tinha cabelos longos e loiros com pequenas asas, parecidas com de anjos em suas costas. Além disso ela vestia um vestido verde pastel, uma espécie de pijama.

Antes que qualquer um pudesse dizer mais uma sequer palavra uma espécie de sino tocou.

— Bem pessoal, hora de dormir. — Hora de dormir? Faz no mínimo uns 20 minutos que estou aqui e antes era no meio da tarde. Eles dormem assim cedo?

Bem, de alguma forma, as duas garotas sem questionar nada começaram a arrumar as coisas da mesa para ir para a cama. Como sou nova, fiz o mesmo. Então, Usagi se despediu de nós e saiu.

Logo, esperei as garotas se deitarem para eu pegar a primeira cama que estaria vazia, e então subi as escadas de uma que, espero, não seja de ninguém. E aí me deitei, pronta para dormir.

A garota, Kimi, apagou as luzes..

— Então, como você veio parar aqui? — Ouvi uma voz do beliche ao meu lado. Era Kimi.

— Eu… estava na minha casa e de repente, um coelho… Usagi me puxou para cá.

— Entendo. Boa noite. — Kimi disse friamente.

Bom, é hora de dormir. Estou realmente cansada… Saí de casa, fiz um bolo, andei na roda gigante, conheci as outras garotas, arg, meus olhos doem.

Então, nessa hora adormeci.

Boa noite.

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