Volume
Capítulo 1: O Despertar.
Ao anoitecer, as pessoas saiam do enorme cemitério, lotado de covas podres e caindo aos pedaços. Mesmo em uma situação tão ridícula, esse cemitério continha sua beleza, um enorme mausoléu feito de mármore e obsidiana, lotado de enfeites em suas laterais. Algo nobre, mesmo em um local tão lamentável.
Um visitante então surgiu nas sombras, coberto por um capuz branco, enquanto andava até a frente do mausoléu. Ele se ajoelhou e começou a recitar: — Pelas garras de um demônio foi selado… pelas garras de um demônio será liberto… obedeça a minha ordem e disperse este selo… Cadeado Demoníaco!
Ao recitar o encantamento, uma luz cobriu seu corpo, amarras surgiram ao redor da porta do mausoléu, e aos poucos foram se quebrando, uma a uma, até abrirem totalmente a porta, revelando uma escadaria que levava até o subsolo do mausoléu. Quando todas as amarras se desfizeram, a luz em volta do corpo do homem encapuzado desapareceu e ele começou a descer as escadas, mas, sem perceber, três vultos o seguiram de longe, observando com cuidado.
Quando chegou ao final da escadaria, o encapuzado se deparou com três tumbas enormes, cheias de adornos de ouro e pedras preciosas.
— Está na hora. — Ele estendeu sua mão direita e fez um pequeno corte na palma, para seu sangue escorrer. — Que o caos reine… que a fé desapareça… seus exércitos clamam por seus comandos. Óh! Amados lordes, levantem de seu sono profundo e governem sobre esta terra devastada… Cadeado Demoníaco!
O sangue derramado começou a brilhar, assumindo uma cor negra ao invés do vermelho natural, e se tornou uma fumaça totalmente preta que se espalhou por toda a sala. Depois de alguns segundos, a fumaça começou a se dissipar, dando lugar a um brilho vermelho carmesim que cobriu toda a sala. Enquanto o brilho se apagava, as três tumbas começavam a se mover, com três homens saindo delas.
— Argh! Como é bom sentir as minhas dobras de novo. Já faz um bom tempo, heim Hayakaz — disse um dos três, um homem de pele cinza escura, cabelo cinza escuro e olhos amarelos. Suas roupas, mesmo desgastadas, pareciam ser feitas em tecidos de grande qualidade, como as roupas de um nobre, com uma longa calça preta e uma armadura de couro na região do peito.
— Oh se faz, Hexoth. Dormir tanto assim faz um mal terrível pra minha coluna, daqui a pouco ela vai estar fazendo um “U” — disse o segundo homem, um mais baixo de cabelo longo e branco, com orelhas de felino e olhos vermelhos. Seu kimono era quase todo vermelho, com alguns detalhes em dourado e cheio de buracos causados pelo tempo, mas parecia ser feito de um tecido muito leve.
— Vocês podem se comportar na frente do servo? Nem parecem demônios do alto escalão — disse o terceiro, um de altura mediana, com orelhas pontudas, olhos azuis e pele cor de bronze. Suas roupas lembravam as de um cavaleiro, com ombreiras e protetores nos pulsos, porém com um toque nobre, como a leveza de seu tecido e uma gravata em seu pescoço.
— Calma, Garrik. Eu e o Hayakaz só estamos colocando o papo em dia. Não precisa ser rabugento o tempo todo, só nas horas vagas já é o suficiente.
— É, cara. Você precisa ficar mais relaxado, o cara acordou a gente. Vamo da essa colher de chá pra ele, poh.
— Desculpe interromper o assunto, meus lordes, mas tudo ocorreu da maneira correta com o despertar? Não houve nenhum problema, certo? — perguntou o servo.
— Naaah! Tamo de boa, deu tudo certo. Aliás, aproveitando a deixa, se sabe quem apag…
— Olha a compostura, Hayakaz. — Garrik o interrompeu.
— Cala boca, Garrik. Você é muito chato! — respondeu Hayakaz ao perder a paciência — enfim, você sabe quem nos adormeceu?
— Sinto em lhe informar, mas não possuo essa informação, tudo o que sabemos é que os senhores foram adormecidos no ápice da guerra e por isso perdemos a última batalha contra a igreja, isso cerca de trezentos anos atrás, mas não sabemos quem os adormeceu, apenas sabíamos a data de seus retornos por causa da previsão do todo-poderoso Lúcifer.
— Saqu… Quero dizer, entendi. Onde nós estamos? Parece uma catacumba, uma caverna, algo do tipo.
— É verdade, esse lugar está caindo aos pedaços, parece mais uma… uma… — Hexoth coçou o queixo enquanto pensava.
— Catacumba? — respondeu Hayakaz.
— Não.
— Caverna?
— Não.
— Então não sei.
— Lembrei! Uma cova! — falou Hexoth, estalando os dedos no alto.
— Você tem toda a razão. — Hayakaz coçou o queixo e concordou com a cabeça.
Enquanto os dois lordes conversavam, o servo se apoiou em uma das pilastras e começou a tossir.
— Ei! Você tá bem, cara? — perguntou Hayakaz.
— Não se preocupe, meu lorde. Eu estou apenas cansado devido ao ritual. Em breve eu vou estar be…
Antes que o servo pudesse terminar, uma corrente com uma lâmina atingiu suas costas, o que fez ele cuspir mais sangue e cair no chão. Os três vultos desceram as escadas, revelando serem três humanos, um baixo de cabelos pretos com um martelo, um magro com uma corrente com lâmina e um musculoso com duas espadas.
— Ara! Então era isso que ocê tava tramoiando, seu demonho safado — disse o da corrente.
— Eu disse que não era boa coisa cara. Os bichos têm chifres! Chifres! — falou o do martelo.
— Bom, se esse caiu assim fácil, os outros não vão ser problema. Huehuehue! — disse o das espadas, batendo suas lâminas.
Naquele momento, os três demônios apenas observavam os humanos rindo acima do corpo caído do servo.
— Vocês…
Hayakaz juntou suas duas mãos e as levantou para o alto, para logo depois jogar, com tudo, os seus braços para os lados invocando duas manoplas.
— Como vocês ousam… — Uma aura amarela surgiu ao redor de Hayakaz, fazendo seus cabelos se mexerem para os lados. — ferir um dos meus servos?
Hayakaz pulou para cima do humano com a corrente, o arremessando contra a parede e o fazendo cuspir sangue.
Hexoth juntou suas mãos próximo a lateral da cintura enquanto uma aura branca o rodeava.
— Vocês, humanos, sempre estão causando problemas. Não achem que eu serei piedoso pelo que fizeram ao meu servo!
Ele balançou seus braços, ainda juntos, e invocou uma espada katana. Logo após, ele pulou em direção ao humano com as espadas.
— Ao menos me divirta…
Hexoth golpeou na região do ombro do espadachim, que por pouco conseguiu bloquear, o que fez um buraco surgir abaixo de seus pés.
— Que força é essa?! Você é mesmo um orc? — disse o homem com espadas assustado.
— Um orc? Tsc! Eu não sou isso a muito tempo!
Hexoth começou a pressioná-lo, aumentando o buraco abaixo deles. Enquanto isso, Hayakaz continuou golpeando seu alvo contra a parede.
— Ara! Ma ocê inté quié fortim, pra um homi gato. Eu me alembro deles serem fraco por dimais.
— Cala a boca!
O homem com corrente se aproveitou de uma brecha deixada por Hayakaz em seu momento de fúria e o golpeou na lateral do peito, o empurrando para longe.
— Ocê tá dando muita brecha, homi. Assim o vo te cume com farinha, hehe.
Hayakaz parou por um segundo, retomando sua consciência e saindo do momento de fúria. Ele tocou a cabeça e a empurra um pouco para trás como se estivesse decepcionado.
— Droga! Vamos recomeçar! — falou ele, apontando para o homem com a corrente
Hayakaz deu um mortal de costas e juntou as palmas das mãos, canalizando sua mana. Uma aura amarela surgiu ao redor do seu corpo novamente, porém, dessa vez muito mais densa nos braços.
— Garras de Lobo!
Os braços de Hayakaz começaram a brilhar ainda mais, formando uma silhueta amarela ao redor de seus braços, que logo se tornaram em braços musculosos e peludos, como patas de lobo deformadas.
— É hora do show!
O homem com corrente olhou curioso para os braços de Hayakaz, recolheu a sua corrente para a sua mão e começou a balançá-la em tom de ameaça.
— Então essa era a sua magia. Bem briósa pra usa num combate. Vamo ve se ela é tudo isso mer…
Antes que o homem com corrente pudesse terminar de falar, Hayakaz pulou e acertou uma sequência de cinco socos que arremessou o homem com corrente contra a parede novamente, dessa vez o deixando inconsciente. Seus socos faziam o ar ao redor estremecer.
— Aaaaah… Bati forte demais. Devia ter socado ele com menos força. — Hayakaz abaixou a cabeça, desanimado.
Do outro lado da sala, Hexoth pressionava o homem com espadas usando sua katana.
— Eu não acredito que estou sendo pressionado pela merda de um Orc!
O homem com espadas deu uma joelhada no estômago de Hexoth com o objetivo de tentar afastá-lo, porém não teve sucesso.
— Mas que droga. Sai de cima de mim, Orc de merda. Brilhe e parta meu inimigo ao meio, Corte Luminoso!
As espadas dele então começaram a brilhar, fazendo Hexoth pular para trás para evitar os cortes.
— Hmm? Você precisa recitar o encantamento para usar um Corte Luminoso?
— O que está dizendo?
— Corte Luminoso! — A espada de Hexoth começou a brilhar, enquanto ele cortava o ar para desfazer o encantamento. — Viu? Fácil.
O homem com espadas pulou para cima de Hexoth, que apenas deu um pequeno pulo para o lado e desviou do ataque.
— Vamos… Você pode fazer melhor que isso, humano.
— Cale-se, seu maldito! .
O homem cruzou suas espadas e começou a sussurrar: — Que meu corpo se torne a parede de lâminas que trará a vitória ao meu rei, Evolução do Espadachim!
O corpo dele começou a brilhar em um tom azul mais claro. As lâminas dele começaram a aumentar de tamanho.
— Agora eu vou te quebrar em dois, seu monte de merda!
Ele pulou para cima de Hexoth, que começou a ser pressionado contra o chão.
— Opa! Agora sim vai ficar divertido.
Hexoth deu uma joelhada no estômago do espadachim, porém ele não pareceu sentir nada.
— Minha resistencia foi aumentada, seu idiota. Você não vai me causar dano algum agora. Huehuehuehue!
Uma flecha atingiu o ombro do espadachim, causando um impacto tão forte que o jogou para longe. Quando o espadachim olhou para a direção de onde a flecha veio, ele reparou em Garrik com um enorme arco.
Hexoth se recuperou e se levantou do chão.
— Não quero a sua ajuda, Garrik. Não se meta.
— Não era o que parecia. Você estava sendo bem pressionado.
— Só cala a boca e não se mete.
Hexoth levantou seu braço na altura do peito e passou a mão por toda a lâmina da sua katana, a cobrindo com uma fumaça preta, e então disse:
— Presas de Serpente.
Então, a lâmina da katana de Hexoth começou a mudar de forma, tendo seu metal trocado por escamas e sua ponta afiada trocada por vários dentes venenosos.
— A sua lâmina virou uma cobra? Que tipo de magia esquisita é essa? Argh! Por que eu to tentando entender isso? — disse o espadachim, já sem paciência.
— Você fala mais que o Hayakaz…
Hexoth abaixou sua cabeça e sua aura branca começou a escurecer.
“Mas que merda! Por que minhas pernas não saem do lugar?!”, pensou o espadachim
— Humano. Eu vou te mostrar o que é força de verdade.
Hexoth balançou sua espada na direção do espadachim, fazendo a cobra em sua lâmina se esticar e morder o braço do espadachim, que soltou um grito de dor.
— Seu desgraçado! Que porra é essa?!?!
— Só vai piorar — disse Hexoth, se aproximando com um sorriso de um lado ao outro do rosto.
Enquanto isso, do outro lado da sala, os outros dois lordes observavam o Orc maníaco torturando a sua “vítima”.
— Fazia tempo que esse maníaco não se divertia, não é? — falou Hayakaz em um tom desesperançoso.
— Só espero que isso não nos atrapalhe mais para frente — disse Garrik com uma mão tapando seu rosto.
Hexoth se aproximou e rapidamente golpeou a perna do espadachim, que caiu no chão enquanto gritava ainda mais. O veneno já parecia ter se espalhado por uma boa parte do seu corpo, bolhas já eram visíveis.
— Vamos ver quanto mais você vai resistir.
— Seu… seu… — disse o humano, tendo dificuldade em respirar.
— Não vai ser pra mim que você vai morrer. Vai ser pro veneno da minha Presas de Serpente.
Hexoth então aproximou sua espada do braço do espadachim, porém, a cobra não se mexia para atacá-lo. Hayakaz se aproximou de Hexoth e disse.
— Cara. Ele já tá morto.
— Que droga, eu esperava mais dele.
— Acontece, acontece. Bom, o que a gente faz com aquele ali? — disse Hayakaz apontando para o humano com martelo, que parecia estar em choque.
— Bom, eu matei um, você matou o outro. Eu acho justo o Garrik matar esse.
— Eu me abstenho disso. Não estou com vontade alguma, só se livrem dele logo — respondeu Garrik.
— Você é muito chato, Garrik. Tenta se divertir um pouco — falou Hayakaz, já sem paciência.
Enquanto os lordes discutiam, o humano restante olhava o corpo dos outros dois humanos caídos no chão.
— Seus…— disse o humano.
— Ih! Ele fala — disse Hayakaz.
— Eu… eu… VOU MATAR VOCÊS!
O humano começou a gritar, enquanto seu corpo aumentava de tamanho e uma aura vermelha o cobria.
— Eu avisei para matarem logo ele, seus malditos — disse Garrik colocando a mão no rosto em tom de decepção.
O humano começou a se mover, lentamente, na direção dos lordes. Ele causava tremores e rachava o chão por onde andava.
— Agora a coisa esquentou de verdade. Hahaha! — falou Hayakaz, que não conseguia esconder o sorriso.
O humano pulou na direção de Hayakaz, o prensando contra a parede. Logo após isso, ele começou a socar o corpo de Hayakaz, que por causa do susto não conseguiu se defender.
— Hayakaz! — Hexoth correu na direção do amigo.
Ao chegar no humano enlouquecido, Hexoth o golpeou com a sua Presas de Serpente, assim colocando veneno em sua corrente sanguínea, porém, ele levou um soco de surpresa que o arremessou para a outra parede.
Hayakaz aproveitou a chance e golpeou o peito do humano com uma sequência de cinco golpes, que fizeram o humano recuar um pouco, assim permitindo que ele acertasse mais uma sequência.
— Toma!
O humano recuou mais um pouco, e então segurou um dos braços de Hayakaz.
— Eita! Me lasquei — disse Hayakaz, surpreso.
Ele então esfregou Hayakaz contra a parede do mausoléu e, no fim, o arremessou na mesma parede de Hexoth.
— Esse maldito… cof… não cai nunca?! — falou Hayakaz, cheio de machucados.
— Os humanos eram tão fortes assim naquela época? — perguntou Hexoth.
— Não. Esse humano é uma exceção — respondeu Garrik, com um leve sorriso no rosto — Uma exceção que vale a pena caçar!
Garrik armou seu arco, deu um pulo para trás e disparou três flechas no ombro do humano, o que quase não causou efeito. Após ver que seu ataque não foi útil, Garrik armou seu arco novamente e disse: — Finalmente alguém digno de morrer para o meu arco! ME DIVIRTA MAIS UM POUCO!
Enquanto Garik armava seu arco, Hayakaz correu e golpeou novamente o humano, que logo em seguida foi acertado pelo corte da katana de Hexoth, que já tinha voltado para a forma de espada.
— Não fique com a diversão toda pra você, Hayakaz — falou Hexoth, com um sorriso de lado a lado do rosto.
— Aaaaargh! — O humano começou a crescer, tanto em altura quanto em musculatura. Seu corpo já parecia com o de um gigante.
— Essa merda não para de crescer não? — perguntou Hayakaz, logo antes de pular e acertar mais uma sequência de golpes no gigante, que revidou tentando esmagá-lo contra o chão.
Garrik aproveitou que o gigante se distraiu e acertou mais três flechas, agora em seu peito, enquanto Hexoth desferia cortes em suas pernas tentando derrubá-lo.
— Cai… logo… seu… desgraçado! — disse Hexoth, enquanto o golpeava.
Após levar muitos golpes, as pernas do gigante cederam por um momento, o que foi o suficiente para Hayakaz sair debaixo de seus punhos e se afastar junto com Hexoth.
— Agora, Garrik! — gritou Hayakaz, já sabendo o que estava por vir.
— Pena que durou tão pouco... — disse Garrik, cabisbaixo — Disparo Marinho!
Ao recitar a magia, uma enorme quantidade de água se acumulou na frente da flecha de Garrik, formando um pequeno redemoinho. Quando a flecha foi disparada, fez um pequeno tremor e em questão de segundos ela atingiu o peito do gigante, causando uma explosão de água que destruiu o peito do gigante. Logo ele caiu ao chão, com seus membros separados.
Depois de vencerem a batalha, os lordes se sentaram e ficaram olhando os corpos dos inimigos caídos ao chão.
— É. Essa foi uma das boas, heim — disse Hayakaz enquanto arfava.
— Nem me fale. Não me sinto tão bem assim desde que a gente lutou com aquele exército do Reino do Norte, e isso faz o que, trezentos anos? Haha! — disse Hexoth.
Enquanto os dois lordes riam, algo começou a se mover nas sombras, se levantando do chão e foi na direção deles.
— Mil perdões, meus lordes. Acabei desmaiando por causa daquele golpe. O que aconteceu enquanto eu estava caído? — disse o servo, que antes havia sido golpeado.
— Mas que?! VOCÊ TÁ VIVO?!?! — Hayakaz pulou para trás com os pelos arrepiados.
— Ahn… sim? — respondeu o servo, confuso
— Pera, como você ficou vivo depois daquele corte? Eu vi você caindo e esguichando tanto sangue que parecia uma esponja — falou Hayakaz, cada vez mais surpreso.
— Bom, eu possuo a capacidade de me regenerar, meu lorde. Graças a isso, também não consigo envelhecer, morrer de doenças fracas ou morrer de ferimentos não fatais.
— Hexoth! Por que a gente não se renegera? Isso é muito injusto.
— A gente não se regenera porque não somos demônios de por inteiro. Lembra que a gente só fez o ritual, mas não a gente não virou demônios por completo.
— Ainda acho isso muito injusto cara, eu queria ter super renegeração.
— Se diz regeneração, e não renegeração — corrigiu Garrik.
— Vai a merda, Garrik.
— Enfim. Ignorando a briga interna desses dois, precisamos sair daqui — disse Hexoth, olhando para o servo.
— Certo, meu lorde. Eu peço que sigam-me, senhores — respondeu o servo apontando para a escada de saída.
— Calma! Qual o seu nome? Ficar te chamando de servo toda hora é meio chato — disse Hayakaz.
— Oh, claro. Este pequeno servo tem o nome de Elphaseus — respondeu o servo fazendo reverência.
— El… o que? — perguntou Hayakaz.
— Elphaseus, senhor.
— Que nome difícil… Gostei de você!
Quando terminaram as apresentações, os três lordes subiram as escadas, acompanhados de Elphaseus, e se retiraram do mausoléu.
— Então, qual a próxima parada Hexoth? Você é o cara das ideias aqui — disse Hayakaz.
— Até parece. Não fala merda, Hayakaz.
Enquanto os dois lordes discutiam, Garrik ia observando os arredores do cemitério enquanto seguia até a saída. Após chegar no portão do cemitério, Garrik reparou uma coisa.
— Ei! Os dois idiotas ai! Aquilo não é uma cidade? — Garrik apontou para uma área brilhante não muito longe do local onde eles estavam.
— Aquela é a cidade de Mizuhara, meu lorde. A maioria dos humanos a chamam de Nação da Água. Existem alguns relatos dos nossos informantes que dizem que nela existe um mago que controla monstros. Minha sugestão, como vosso servo, é que investiguemos o boato.
— Até que você é bem inteligente para um servo — respondeu Garrik
— Deixando as grosserias do Garrik de lado, parece que temos um rumo. O que você acha Hayakaz? — falou Hexoth.
— Vamo nessa — respondeu Hayakaz, empolgado.