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CAPÍTULO 1: PRÓLOGO
CHEGOU A HORA DE EU ACEITAR A DURA REALIDADE DIANTE DE MIM. Estou completamente ferrado.
— A família Rothstaylor daqui em diante renega você, cortando todos os laços, devido às suas transgressões. Tais ofensas incluem o uso impróprio de palavrões na presença dos respeitados Príncipes, a interferência ilegal no exame de admissão da reverenciada Academia Sagrada de Sylvanian, impulsionada pela inveja, e por último, a negligência de suas responsabilidades acadêmicas. Esses crimes trouxeram uma imensa desgraça ao nome da família e não podem ser tratados levianamente.
Não havia necessidade de ler o restante da carta. A missiva era proveniente de Krepin Rothstaylor, o chefe da família. Embora cheia de formalidades supérfluas, seu cerne poderia ser resumido assim: — Você está, a partir de agora, fora da família.
Minha antiga vida, repleta de opulência e do apoio inabalável de uma linhagem poderosa, havia chegado a um fim ignominioso. Parecia que o Deus do Destino se deliciava em me provocar, encontrando diversão em minha miséria abjeta.
Ele se regozijava com meus infortúnios? Estava ele zombando de mim quando minha existência se transformara em um tormento infernal?
As palavras da carta persistem, gravando-se indelevelmente em minha mente. Ansiava por rebater o ridículo injusto que fora lançado sobre mim.
Por que, você pergunta? Porque o Ed Rothstaylor que explorava sem vergonha o nome da família para viver uma vida arrogante não era a verdadeira representação de meu caráter.
— Todos os seus pertences foram reunidos aqui. Agradeço suas contribuições passadas.
A governanta, funcionária do Salão Ophelis, o prestigioso dormitório da Academia de Sylvanian, transmitia suas saudações graciosamente. Com um semblante estoico, aceitei duas volumosas malas de madeira. Surpreendentemente, apesar da grandiosidade de meus aposentos, todos os meus pertences poderiam ser acomodados nessas duas malas.
Esta era a extensão de meus pertences após o corte do suporte familiar. Essencialmente, as luxúrias daquele quarto nunca me pertenceram verdadeiramente.
— Desejo-lhe sucesso em seus futuros empreendimentos.
Embora minha vida tenha mergulhado na miséria, ainda recebi uma despedida honrosa como ex-nobre. No entanto, sob a aparência de respeito, parecia ser como esfregar sal em minhas feridas. Com um estrondo retumbante, as portas maciças do Salão Ophelis se fecharam, deixando-me sozinho em meio ao seu jardim esplendoroso.
Ah, já era hora de eu confrontar a verdade.
— Eu... realmente entrei no jogo. É inacreditável.
No momento mais inoportuno, me vi preso na persona do personagem mais detestável do meu jogo favorito — um jogo no qual eu era o único devoto: Sylvanian's Failed Swordmaster.
Deixei minhas malas no chão e passei as mãos cansadas pelo rosto. Estou em uma situação difícil. Não sabia que rumo tomar.
✧✦✧
Ed Rothstaylor — um nome que não me agradava.
Sylvanian's Failed Swordmaster teve um total de 43 episódios. Apesar de ter jogado o jogo cinco vezes, o nome permanecia apenas como uma vaga lembrança. A razão para tal esquecimento era evidente. Isso porque Ed Rothstaylor era um vilão de terceira categoria que desapareceu quase tão logo quanto apareceu.
— Olha ali. Não é o Ed Rothstaylor?
— Droga! Não olhe! Ele pode perceber!
— Precisamos mesmo nos preocupar? Ele não foi expulso?
— Ouvi de um amigo no Salão Ophelis ontem que ele foi até despejado de seu quarto. Acho que não o veremos no próximo semestre.
— É bastante divertido, não é? Assim como não podemos entender as alturas do céu, nunca podemos prever o que o destino reserva para a vida de alguém.
— Por que ele recorreu a tal engano durante o exame de admissão?!
— Eu sabia que ele era assim! Se exibindo apesar de sua falta de habilidades!
À medida que o horário do almoço se aproximava, os alunos se reuniam no centro estudantil, envolvidos em conversas ociosas. Colocando minhas pesadas malas de madeira ao meu lado e ocultando meu rosto, ouvia atentamente os sussurros.
A ascensão e queda das fortunas individuais eram matéria para fofocas. No entanto, apesar de compreender esse fato, não conseguia deixar de percebê-lo como grosseiramente injusto. Antes de assumir este personagem, eu vivia uma vida modesta e honrada, trabalhando diligentemente sem ambição.
Não era excessivamente severo tratar alguém como eu como um criminoso?
— Ah...
O desejo de fumar me dominou. Respirei profundamente, observando a multidão absorta em suas fofocas até que gradualmente se dispersaram, eventualmente desaparecendo de vista.
Duas horas haviam se passado desde minha expulsão dos dormitórios. As circunstâncias incríveis em que me encontrava haviam deixado minha mente girando, me deixando desorientado. Felizmente, eu tinha conseguido recuperar um pouco de compostura.
Embora entendesse a completa improbabilidade dessa situação, tinha, até certo ponto, aceitado essas mudanças drásticas. A capacidade de rapidamente recuperar minha compostura deve ser uma característica de Ed Rothstaylor.
Mas chega de conversa. Eu precisava tomar um rumo para minha vida. Eu precisava de um plano.
Desprendendo minha bolsa de madeira, peguei um espelho elaborado de meus pertences. Olhando para sua superfície reflexiva, meu rosto anterior não estava mais lá.
Em vez disso, um jovem de cabelos claros e incrivelmente bonitos me encarava.
Essa era minha nova aparência.
Nome: Ed Rothstaylor]
Gênero: Masculino Idade: 17 Ano: 2º
Espécie: Humano Conquistas: Nenhuma
VIT: 3 INT: 4 DEX: 7 STR: 7 LCK: 6
Detalhes das Habilidades de Combate ≫
Detalhes das Habilidades Mágicas ≫
Detalhes das Habilidades de Vida ≫
Detalhes das Habilidades Alquímicas ≫
Depois de jogar Sylvanian's Failed Swordmaster cinco vezes, a janela de informações era muito familiar para mim.
Esse método de acessar as informações de alguém espelhava o do jogo. Ao usar qualquer superfície reflexiva, seja um espelho, um riacho, um lago ou até mesmo um copo de vidro, imbuí-lo de energia mágica permitia que alguém visse suas habilidades e atributos.
A semelhança impressionante entre a realidade e o jogo só servia para aprofundar a natureza surreal dessa experiência. E examinar minhas habilidades só intensificava meu desejo para que fosse apenas um sonho.
Essas habilidades abismais não eram dignas de um aluno matriculado no estimado Departamento de Magia da Academia de Sylvanian. O atributo de Vitalidade vergonhosamente baixo poderia ser atribuído à criação de Ed como aristocrata.
No jogo, um fazendeiro comum possuía uma pontuação de Vitalidade variando de cinco a seis. O personagem principal, cujo foco era o combate e a habilidade de batalha, ostentava uma Vitalidade superior a 20. Diante desses números, a estatística de Vitalidade de Ed era verdadeiramente lamentável.
Embora minha Destreza e Força de Vontade parecessem moderadamente decentes à primeira vista, ainda estavam aquém da grandeza. Comparando minhas habilidades com as do personagem principal, as discrepâncias eram flagrantemente evidentes.
Ed Rothstaylor não era nada mais do que um antagonista de terceira categoria que servia como fonte momentânea de conflito no início do jogo. Ele não era notável nem significante. Mal me lembro do que aconteceu com ele depois—
Não, espere — agora me lembro.
No final do jogo, ele apareceu brevemente nos créditos, reduzido a implorar nas ruas, sentado sobre uma esteira de palha.
Ah... eu não deveria ter me lembrado disso.
— Ah...
Não pude suprimir o suspiro que escapou de meus lábios enquanto eu me recostava.
Ed, um nobre que havia sido protegido e resguardado das duras realidades do mundo, foi descartado sem cerimônia, despojado de tudo o que possuía. Era um desfecho inevitável. Por enquanto, eu precisava garantir que não sofresse o mesmo destino, murchando na miséria nas ruas.
Mas como poderia realizar isso? Não tinha resposta para essa pergunta. No entanto, depois de ponderar por um tempo, só podia dizer isso: — Eu suportaria por todos os meios necessários.