Volume Único
Capítulo 4: Um olhar de desespero
Quando Jason e Max começaram com os barulhos, alguns zumbis começaram a correr loucamente atrás deles, como se estivessem em uma maratona, outros em um ritmo um pouco mais lento e a maioria mantendo aquele ritmo extremamente lento de quando chegaram ao condomínio. Eles não fizeram tanto barulho, mas foi o suficiente para atrair dezenas de zumbis, sem tempo para pausa e descanso. Conforme corria, Max percebeu que estavam vindo de todas as direções e achou estranho pois não fizeram tanto barulho assim. Distraído e perdido em seu pensamento, Max continuou correndo e em um piscar de olhos surge um zumbi em sua frente, mas rapidamente Jason o acerta na cabeça com o porrete.
- PÉSSIMA HORA PARA SE DESTRAIR, MAX! - gritou Jason.
Enquanto corria Jason viu o portão de uma casa aberta, olhou para Max e apontou para a casa com o porrete. Max entendeu e os dois correram para a casa o mais rápido que podiam e entraram.
- Mas que porra foi essa? - disse Max ainda ofegante enquanto se sentava no chão.
- Não sei! Achei que fossem lentos, alguns até são, mas não todos. - disse Jason também ofegante. - Eu estava errado, muito errado.
- Eles correm pra cacete! - disse Max. - Mas por um momento, achei que estavam tentando nos cercar...
- Pensávamos que sim, mas não sabemos com o que estamos lidando! - afirmou Jason. - Se não fosse essa casa ainda aberta, estaríamos mortos.
Os dois permaneceram sentados ali por alguns minutos, até que começaram ouvir alguém xingando bem perto de onde estavam.
- “Sai de cima de mim seu zumbi maldito!!” - Desconhecido
Então abriram o portão da casa e viram um zumbi pressionando uma menina contra a parede e tentando morde-la.
- Pede com mais carinho, quem sabe ele não obedece!? - disse Max.
- Piadinha essa hora, Max? - disse Jason revirando os olhos.
- Não gostou, me processa! - respondeu Max.
Jason ignorou Max e foi ajudar a menina. Tirou a faca da cintura e enfiou na nuca do zumbi, enquanto Max pegou o porrete e foi atrás de um zumbi mais lendo que se aproximava.
- Eu não pedi a ajuda de vocês! - disse a menina enquanto sacudia a roupa. - Não temos uma dívida.
- Poderia ter dito antes, pouparia nosso esforço... - disse Max em um tom sarcástico.
- Obrigado mesmo assim. - disse ela enquanto ignorava Max e pegava sua mochila do chão.
- Sou Jason, o engraçadinho é o Max... E você é? - perguntou Jason.
- Nomes deixaram de ser importantes nesse mundo, mas podem me chamar de Kim! - afirmou.
- Prazer então Kim... - disse Jason enquanto observava Max atrás de Kim a imitando.
Mais uma sobrevivente, e se estava viva era porque sabia ao menos se virar e não seria um peso morto.
- Quer vir conosco? - Perguntou Jason a Kim.
- Não é uma má ideia! Ficar sozinha não tem a menor graça... - respondeu Kim.
- É má ideia sim! - disse Max.- Você que vai cuidar e alimentar ela, Jason. Não conte comigo! - disse enquanto virava as costas e saia andando.
- O que ele tem? - perguntou Kim. - Fala como se eu fosse um animalzinho de estimação.
- Ele te ajudou e em seguida você disse que não pediu ajuda. Ele se sentiu ofendido! - disse Jason enquanto ria.
Jason e Kim então seguiram Max. Eles iriam dar a volta e ir para o condomínio por uma outra rua. Durante o caminho, os 3 paravam para procurar comida, água e o que fosse útil em algumas casas que estavam abertas. Como esperado, não encontraram muita coisa além de água e comida, então decidiram que na próxima casa iriam parar para descansar e assim foi feito. Ao chegar na próxima casa todo pararam para descansar, um descanso rápido já que estavam bem próximos do condomínio. Kim não parava de resmungar sobre algo que, Jason achava ser por causa de terem colocado tudo que acharam em sua mochila. Ela resmungou um pouco mais e em seguida levantou e foi ao banheiro. Max não parava de rir, pois a ideia de colocar as coisas na mochila dela foi dele e então ela retornou do banheiro. Parecia mais calma e ficou parada na entrada do corredor que dava para os outros cômodos da casa.
Jason estava sentado de frente para o corredor onde Kim estava e no fim do corredor havia uma janela que o iluminava. Enquanto tomava uma água, Jason viu algo tampando aquela luz que a janela emitia e logo percebeu que era um zumbi, e era o único a perceber. O zumbi se aproximou tão rápido que Jason não teve tempo de avisar, então ele correu e quando o zumbi estava pronto para atacar, ele puxou Kim, a jogando em cima de Max.
- Seja mais cuidadosa, marrenta! - disse Jason.
Sem ouvir nenhum xingamento como resposta, Jason percebeu que Max e Kim o olhavam com lagrimas nos olhos e um olhar de desespero.
- Oque houve? Por que estão me olhando assim? - perguntou Jason.
- Seu ombro! - disse Max com uma voz tremula enquanto apontava para o ombro de Jason.
Na mesma hora Jason começou a sentir seu ombro pesar e quando olhou para seu ombro, aquele zumbi do qual salvou Kim, o estava mordendo.
- Merda! - disse Jason enquanto puxava a faca e enfiava na cabeça do zumbi.
Com adrenalina alta e sem se importar consigo mesmo, acabou se esquecendo do zumbi e não o sentiu morder seu ombro. Após matar o zumbi, Jason tentou ir até Kim para ver como ela estava, mas seu corpo não o obedecia e com um olhar de “adeus” e um sussurro de “desculpa” Jason caiu.
Jason ouviu os gritos de Kim e Max se tornando cada vez mais longe até que tudo ficou em silencio, e um formigamento seguido de uma dor insuportável em seu ombro começou, se espalhando lentamente por todo seu corpo. Uma dor que parecia que estavam arrancando a sua pele dos pés à cabeça, uma dor jamais sentida por ele, uma dor que os fez desejar a morte.
Após alguns minutos que pareciam uma eternidade, a dor suavizou e Jason aceitou a morte, pois em sua cabeça ele estava morto e havia se tornado um zumbi, apenas aguardando alguém dar um fim a isso tudo.
Vendo seu amigo no chão quase morto, Max saca sua pistola e coloca na cabeça de Jason. Puxa do fundo da alma um grito de dor e sofrimento, mas por fim não consegue puxar o gatilho.
- Eu não consigo! Faça! - disse Max a Kim enquanto chorava e entregava a pistola.
- Não posso! - disse Kim. - Ele salvou a minha vida.
- Isso é tudo culpa sua. - disse Max.- Já que não consegue, se tem o mínimo de gratidão pelo que ele fez... Me ajude a leva-lo ao condomínio. Não vou deixa-lo aqui.
Ashley esperava preocupada no condomínio. Algumas horas haviam se passado e nada de chegarem, por algum motivo ela sentia que algo estava errado. De repente uma menina desconhecida entra pela porta correndo.
- Você é a Ashley, certo!? Eu sou Kim, por favor, precisamos de ajuda. - disse Kim. - Max me enviou, Jason está ferido e precisa de ajuda!
Ashley então seguiu Kim e de longe viu Max carregando Jason nos ombros com dificuldade. Ao ver Jason daquele jeito, Ashley caiu de joelhos e começou a chorar.
- AGORA NÃO É HORA ASHLEY! - gritou Max em um tom sério. - POR FAVOR, NOS AJUDE!
Ashley então se levantou e correu até eles. Ajudou a levar Jason para o quarto e o deitou no chão, próximo a janela na qual usavam para ficar de vigia no telhado. Max então cai de cansaço e deita. Kim se sentou em um canto do quarto abraçando seus joelhos e chorando.
- Max... MAX! - gritou Ashley enquanto media os batimentos de Jason. - OS BATIMENTOS DELE ESTÃO CAINDO, ELE ESTÁ NOS DEIXANDO...
- Está tudo acabado! - disse Max em um tom triste e ainda deitado. - Ele sabia que não voltaria...
- Ele se foi! - disse Ashley enquanto chorava sob o corpo de Jason. - Dê um fim nisso Max, não quero vê-lo como um monstro.
- Não consigo... Ninguém consegue! - disse Max enquanto tampava os olhos com o braço. - Esse é o nosso fim.