Volume Único
Capítulo 1: Ele está aqui
Quando tudo começou, Jason estava a caminho de casa.
Até então, tudo parecia normal.
Apenas um garoto de 18 anos que havia tido mais um dia entediante na escola, vendo as mesmas pessoas irritantes de sempre. Ou seja, tudo seguia chato e tedioso como de costume.
Isso até ele começar a ouvir explosões à distância. Os sons estavam tão longe que pareciam fogos de artifício. Naquele momento, ele pensou que mais algum shopping ou praça pública estava sendo inaugurado. Também considerou que podia ser algo do tipo. Resolveu ignorar.
Este foi o seu primeiro erro.
Continuou seguindo em frente despreocupado, até que notou uma movimentação apressada em uma casa. Uma família estava colocando todas as suas coisas em seu carro; roupas, comida, cobertores. E, mais uma vez, ele ignorou. Imaginou que estivessem atrasados para algum camping.
E este foi seu segundo erro. Quanto mais ele andava, mais a cena se repetia à sua frente. Dezenas de pessoas enchendo seus carros com suas coisas e indo embora às pressas, como se suas vidas dependessem disso. Em muitos casos, deixando até seus animais de estimação e coisas de valor para trás.
Um homem vinha passando correndo carregando uma mochila em suas costas, e Jason, assustado, perguntou:
— O que está acontecendo? Por que todos estão indo embora?
Sem ao menos parar, o homem respondeu, assustado e ofegante:
— Garoto, apenas vá embora o mais rápido possível!
Com isso, a mente de Jason começou a ficar confusa. Então, o nervosismo começou a tomar conta do garoto. Muito raciocínio para uma mente que até então era imatura e ingênua.
Sem conseguir pensar muito por conta do nervosismo, e quase à beira do desespero, Jason começou a correr o mais rápido que podia em direção à sua casa, em busca de alguma explicação para tudo aquilo que estava acontecendo. Mas foi uma corrida sem muito sucesso.
Ao chegar lá, Jason encontrou a porta aberta. A casa estava vazia e, para um local onde o silêncio não existia, tudo que estava vendo era estranho. Em meio ao silêncio, ele ouviu um leve chiado que estava vindo de um dos cômodos. Então, ele seguiu e chegou até o quarto de seus pais, onde se deparou com a TV ligada. A tela estava quase que totalmente branca, exceto por uma mensagem que era exibida no centro:
Alerta nacional: Todos os civis devem ir com urgência para o posto militar mais próximo de suas residências. Lá estarão seguros. - Governo de marte. |
Jason trocou de canal algumas vezes, mas em todos eles aparecia a mesma mensagem, sem informar o que estava acontecendo.
Sem saber o que fazer, Jason pegou seu celular e tentou ligar para seus pais, porém estava sem sinal. A princípio, ele apenas acreditava que o governo poderia estar escondendo algo da população. Tão rápido quanto o tiro de um revólver, o desespero chegou, acompanhado de uma enorme tensão que tomou conta de seu corpo. Suas pernas começaram a tremer descontroladamente, sua respiração se tornou ofegante, como se tivesse corrido uma maratona, e um enorme frio na barriga surgiu. Sua ansiedade apenas aumentou, conforme lembrava do fato de ter sido deixado para trás por sua própria família.
Talvez uma guerra com as pessoas da Terra tivesse tido início, ou eles estavam sob ataques terroristas. Jason não sabia e, se dependesse do governo para informações, ele estaria ainda mais perdido. Em uma tentativa de se acalmar, Jason se sentou no sofá e começou a pensar em algo que poderia fazer ou em alguém que ele poderia procurar, até que se lembrou de um amigo que poderia estar na mesma situação em que ele se encontrava.
— Talvez ele esteja tão confuso quanto eu, ou até esteja sabendo de algo, mas independente disso, pelo menos eu não estaria sozinho. — sussurrou para si mesmo.
Rapidamente, ele começou a procurar em seu guarda-roupas uma bolsa de viagem velha que possuía e, ao encontrá-la, começou a juntar tudo que achava ser útil e jogar nela, exceto uma faca militar que havia recebido de presente de seu avô que ficou na Terra. Ele observou a faca por alguns segundos, tendo uma tempestade de lembranças e, então, a encaixou em sua cintura.
Após guardar tudo, pendurou aquela bolsa velha em seu ombro e seguiu a caminho da casa de seu amigo de infância. Por sorte, ele não morava longe, então Jason não teria problemas em chegar ao local. No caminho, as ruas estavam desertas, como se todas as pessoas tivessem marcado presença no mesmo evento em um local distante, exceto pelos animais abandonados que se encontravam em uma situação parecida com a de Jason. Um silêncio desconfortante reinava. Tudo ali se assemelhava a uma cidade fantasma.
Após alguns minutos de caminhada, Jason chegou até a casa de seu amigo e, sem esperar nem mais um segundo, gritou pelo seu nome:
— Max! Max!
Ninguém o atendeu. Ele continuou insistindo e ainda assim, nada. Isso fez com que o nervosismo de Jason só aumentasse. A possibilidade de Max ter ido embora e ele ter de ficar sozinho o deixou ainda mais perdido. Ele esperou um pouco mais e nada acontecia, até que, cabisbaixo, virou as costas para ir embora, já aceitando que teria de se virar sozinho.
Nesse momento, ele começou a ouvir barulhos vindo de dentro da casa de Max, como se alguém estivesse correndo. Em seguida, alguém abriu a porta. Jason, que já observava com grande expectativa, sentiu um alívio quase egoísta tomando seu corpo ao ver que era o seu amigo. Max parecia assustado, como quem tinha acabado de ver um fantasma. Com uma leve pausa, ele disse:
— Entra... Rápido!
Jason não pensou duas vezes e entrou. Assim como ele, Max havia sido deixado para trás, mas não parecia estar muito confuso sobre tudo; e, apesar de se sentir meio egoísta, Jason estava feliz por seu amigo ter ficado.
— Começou! — afirmou Max com uma expressão séria em seu rosto.
Jason ficou sem entender o “começou” de Max e, então, perguntou:
— O que começou?
— Um apocalipse! — disse Max, nervoso.
— E como você sabe? — perguntou Jason.
— O governo nem se pronunciou sobre o que aconteceu. Eles simplesmente ordenaram que cada pessoa vá para a base militar mais próxima. Eu apenas juntei os fatos. — respondeu Max enquanto pegava uma lata de energético e abria. — Algumas coisas estavam acontecendo com as pessoas nessas últimas semanas e agora esse anúncio.
— Ok, mas... Nada lá fora parece algo “pós-apocaliptico”, exceto as ruas desertas como no inverno. Então que tipo de apocalipse é esse? — Jason perguntou enquanto tirava sua bolsa do ombro e se sentava no sofá. — Uma guerra nuclear?
— Guerra? A Terra possui o dobro de pessoas e muito mais armamento do que Marte, seria burrice entrar em guerra contra eles. — respondeu Max para em seguida dar uma golada em seu energético. — É um apocalipse zumbi! E, se não vê nada apocalíptico lá fora, é porque ainda não chegou aqui. E, ainda assim, o governo insiste em esconder tudo da população!
— Como sabe disso? — perguntou Jason, assustado. — E se não chegou ainda, não vai demorar muito para chegar, o que vamos fazer?
— Por enquanto, só precisamos nos manter vivos e tentar ir até uma das bases militares, de preferência a mais próxima. Nossa família deve estar lá! — afirmou Max.
Os dois conversaram por um bom tempo sobre como chegariam na base e, depois que Max pegou suas coisas, a dupla partiu.