Vol. 1 – Arco 1

Capítulo 10: A Sala Secreta (2) - Sequestro Relâmpago

Woodnation – 01:08 da tarde, quatorze de Julho.

O camburão preto foi se afastando do bairro, levando Einstein junto.

— Seu salafrário bunda-mole, me tire daqui logo se não quiser que eu exploda tudo! — esbravejou o hamster, jogado sobre o interior molhado do veículo. Ao olhar para o lado, soltou um falsete.

Aquele cadáver caído diante dos seus olhos, vestido com um terno chique, obviamente não esboçou nenhuma reação.

— Cruz credo… — Recuou para trás, se virando assim que sentiu algo cafungar as suas nádegas.

Os outros dois cadáveres caíram com os movimentos bruscos dele.

— Meu Deus, meu Deus… senhor sequestrador, me dá um papel higiênico, por favor. Um corpo morto encostou no meu bumbum!

— Você não consegue se manter quieto por um único minuto? — A voz era estranhamente reconhecível.

— Espera… hippie maluco! É você?

Uma cabeça saltou para fora do assento do passageiro. Era Laertes, o loiro nudista.

— Conseguiu descobrir quem sou apenas ouvindo a minha voz? Você é talentoso, deveria se tornar um investigador — comentou. Rosto cercado por sangramentos, pele coberta de fuligem e lábio inchado.

— Sério?

— Não. É óbvio que você conseguiria se lembrar do som causado por minhas cordas vocais. É um som único e lindo.

O motorista acabou por deixar soltar uma gargalhada, tão alta quanto a música de um saxofone.

— Quando compreenderá que todo esse narcisismo não te levará a lugar algum? — O homem que dirigia o veículo chegava a ser tão estranho quanto Laertes. Igualmente cabeludo, parecia estar com a fantasia de um bardo do século 16, com aquelas roupas antigas e largas, somadas a uma boina esfarrapada com uma pena presa nela.

— Os seus pais nunca lhe ensinaram a não se envolver na vida dos outros? — resmungou o hippie, se virando para o motorista.

— Caso eu não me envolvesse, você ainda estaria algemado e seria questão de tempo para que fosse novamente enjaulado, apenas por ser essa forma de vida horrorosa.

“Enjaulado?”, pensou o hamster.

— Isso não foi nada além de sua obrigação como um seguidor da ideologia. Mas agora, tenho as minhas dúvidas sobre o quão envolvido está com os ideais do mestre. Não só me deu informações erradas, dizendo que o alvo possuía uma aparência errônea se comparada com a verdadeira, como demorou para me salvar.

— Não demorei o bastante, uma vez que te encontrei a tempo.

— Pare de ser tolo. Os seus olhos estão conectados com os do seu rato. Como ousa falar que chegou a tempo se estava observando tudo e não resolveu tirar a bunda da cadeira antes de eu quase morrer eletrocutado?

— A missão era sua. O que fiz foi um favor. Ter falhado de forma tão miserável e me obrigar a sair de meu posto para te salvar é vergonhoso. Não bastando isso, opta pela falta de educação e ingratidão… A sua existência é simplesmente lamentável.

— Maldito. Como ousa ser tão arrogante, como se fosse um verdadeiro santo? O erro foi seu de me entregar informações mentirosas. Por sua culpa, fui obrigado a lutar contra outro crypto e, quando o venci, já estava debilitado. Não bastando isso, ao encontrar Einstein, fui surpreendido com seus dotes mágicos. Ninguém me preparou para essa missão!

Crypto? Outro crypto? O Leonard? O que isso significa?”

— Vai continuar se prendendo a desculpas? Foi dito que ele era um crypto e que a falta de informações sobre o assunto poderia tornar a missão perigosa. E, sejamos sinceros, esperávamos algo mais amedrontador do que um cara fantasiado de hamster. Mesmo assim, você foi completamente humilhado! — lacrou com emoção. — Agora, estou fora do meu posto e fazendo o que você tinha que fazer, pois fui eu quem conseguiu pegar o alvo!

“Nossa, são esses os meus sequestradores?”, pensou Einstein. “Que bunda-moles, a minha parceria com o detetive é muito mais saudável. Vou aproveitar a discussão para dar no pé.”

O hamster se virou para as grandes portas na traseira do veículo. Era preciso apenas um projétil mágico para arrombá-las e liberar passagem para ele. Confiante, apenas estendeu a mão e…

Boooom — murmurou.

Nada.

“Macacos me mordam, não consigo fazer magia!”

— Senhor… que vergonha alheia — comentou Laertes, já virado para trás, vendo a cena.

— Ele realmente tentou usar os poderes? — indagou o motorista.

— Sim, tentou.

— Nossa, que vergonha alheia…

— Muita vergonha alheia…

— Muita…

— Caramba, não vou conseguir me segurar, é muita vergonha alheia mesmo…

— Deveras…

— Isso é angustiante!

— Não devemos rir. Seria humilhante demais. Ele provavelmente se lembrará desse momento pelo resto da vida. Quando estiver prestes a dormir, vai se recordar do dia em que tentou usar os poderes mesmo usando um bracelete anulador… de poderes!

— Ah, desculpa! — Laertes soltou a gargalhada que segurava por tanto tempo. A teoria de que ele é um hippie logo se tornou mais concreta, uma vez que tinha uma bela risada de maconheiro que já perdeu o pulmão de tanto fumar.

Olhando para as suas mãos, Einstein percebeu que o seu pulso esquerdo estava coberto pelo bracelete em questão. 

Não sabia em que momento foi colocado, mas provavelmente foi quando o motorista vestido de bardo o puxou para dentro do camburão e o jogou ali atrás. O aspecto cromático do objeto deixava nítido o seu nível de tecnologia superior — uma vez que, para algo ser tecnológico, é mais do que necessário ser feito de um metal reluzente ou ter alguma luzinha. 

O hamster sentia uma força fazendo o objeto se pressionar contra a sua pele, força esta que provavelmente facilitou tal tecnologia a se prender tão rapidamente no pulso dele, o impossibilitando de arrancá-la apenas com a força das mãos.

— Catapimbas, o que é esse treco?

— O quê? Está falando sério? — indagou o motorista.

— Claro, oras.

— Certeza de que esse é o tal do Einstein Heisenberg Holmes? — sussurrou para Laertes.

— Claro que é, ele disse — respondeu o hippie. — Qual o sentido dele mentir sobre isso e sair na pior?

— Bem… de qualquer forma, é melhor que seja. Foi você quem o capturou, então serás tu quem arcará com as consequências caso ele não seja o Einstein.

‘Serás tu’. Hahahahahahahaha, caçarolas andejantes, esse moço fala de um jeito muito estranho!”

— Como assim? Foi você quem conseguiu trazê-lo e foi o seu rato quem o encontrou! — vociferou o hippie.

“Eles estavam falando exatamente o oposto disso há trinta segundos!”

— Mas o rato te levou até um outro homem, segundo você próprio. O que impediria ele de ser o verdadeiro Einstein?

Eles levaram os seus olhares até o hamster, seus rostos eram o mesmo de pessoas que jogam hamsters dentro de bueiros apenas por pura diversão.

— P-P-P-Para onde estou sendo levado? — indagou o centro dos olhares.

— Para casa, Einstein — respondeu o motorista. — É melhor para ti que esse realmente seja o seu nome.

— Ou não — comentou o loiro. — Só saberemos na hora.

— Se o destino for ruim caso ele seja o Einstein, será pior se ele não for.

O hamster bufou, p da vida.

— Por que caraibas estão fazendo isso? O chefe de vocês pede para que sequestrem um total desconhecido e, então, os senhores simplesmente aceitam sem questionar? Isso é coisa de que apenas duas mariquinhas fariam!

— Como ousa, em sua atual situação, simplesmente zombar? — falou o motorista, incrédulo. — Não vê o quão ridículo é isso? Você não está em vantagem aqui.

— Desculpa, é que isso me deixa furioso. No mínimo, não podem me explicar quem são?

— Você não está em uma situação favorável a questionamentos — afirmou o homem nú.

— Por favorzinho…

— Não é como se tivéssemos muito o que dizer, para falar a verdade — comentou o motorista. — Todavia, como sou uma alma extremamente bondosa, lhe darei o benefício de fazer… três questionamentos.

— Hm… ok. Obrigado!

Ignorando o cheiro dos cadáveres, sentou-se ao lado de um deles e começou a pensar.

— Onde estão os meus irmãos?

— O quê? Que irmãos?

“Sem ligação com os meus irmãos? Ok. Espero que estejam sendo sinceros.”

— Catapimbas... Deixa eu ver… de onde bulhufas saíram esses poderes? Eu pensava que era o único (sem contar um conhecido) a ter habilidades especiais, até encontrar você. — Olhou para Laertes.

Os sequestradores trocaram olhares, como se estranhassem a pergunta.

— Ontem a noite, vi esse hippie passando por cima de um muro com apenas um salto — continuou Einstein. — Além disso, ele tem vários chihuahuas idênticos que botam qualquer um para dormir por toda a eternidade!

— Sim, a minha falta de humanidade é nítida.

— Por isso, suponho que o seu amigo também tenha poderes. Se ele fosse um simples humano, não andaria desse jeito, todo esquisitinho.

 O motorista levantou a voz inconscientemente:

— Esquisitinho? Sou completamente normal de onde venho. Os esquisitos são as pessoas daqui.

— Verdade. Eles ficam querendo tirar a minha pele, falando que é uma fantasia, desrespeitando o fato de eu ser um hamster.

— Você também está incluso na turma dos esquisitos.

— O quê? Por quê?!

— Ele até pode ser estranho, Einstein, mas uma fantasia de hamster é muito mais esquisita do que as roupas dele — comentou Laertes.

— Calado — ordenou o motorista, estapeando a cabeça do loiro. — Vocês dois são esquisitos.

— Como assim? Por quê?! — vociferou o hippie, ofendido.

— Posso ser considerado estranho por essa sociedade e é fato que esse Einstein é bem mais esquisito, mas andar por aí nu já é uma total falta de noção em qualquer civilização minimamente desenvolvida. Isso vai além de qualquer limite.

— É porque não tenho vergonha de ser quem sou, diferente de todos que encontrei após sair de meu lar. Todos vocês passam a vida toda fugindo de suas próprias fracas existências, optando por uma vida medíocre apenas por medo de serem vocês mesmos. — Vingou-se da antiga lacrada.

— Gente, estamos fugindo do tema — afirmou Einstein. — Qual é a origem de seus poderes?

— Está perguntando qual a nossa classificação? Eu sou um mitofera, já o Hamlet é um esper.

— Ahn? Mitocôndrias?

— Mitoferas. — O motorista corrigiu antes de seu parceiro.

— O que é isso?

Os sequestradores se entreolharam por uma segunda vez, mais confusos do que antes.

— Ele não era um dos detentos? — indagou o motorista.

— Foi o que disseram — respondeu o hippie.

— É… passo firmemente a achar que algo está muito errado. Meu caro hamster, você não é o verdadeiro Einstein. Correto?

"Espera… acho que acabei de encontrar a oportunidade de fazer uma maracutaia. Hihihihi."

— O quê? — A mente do hamster estalou. — Sou não.

— Se não é, por que disse ser? — falou Laertes.

— Para… proteger o meu amigo.

— O que estava vestido uma saia?

— Sim.

— Proteger do quê? Você nem nos conhecia.

— Ora bolas… então estão me dizendo que são um perigo para a minha vida? Entendi!

— Então você é o Einstein de verdade?

— Hm, não.

— Ele certamente está zombando de você, Laertes — deduziu o motorista. — Independentemente dele ser ou não Einstein, iremos levá-lo.

— Certeza? O Einstein de verdade estava lá comigo, sabiam? Mas vocês ignoraram ele completamente para me levar. Bobões!

— Maldito… Pare de mentir! — gritou Laertes, atônito.

— Não se descontrole, está perdendo a elegância — aconselhou o motorista, munido de algumas risadas.

Enquanto falava, sua boina ergueu-se por espontânea vontade. Uma criaturinha peluda saiu de dentro da boina, farejando o ar e olhando diretamente para as lantejoulas da máscara do hamster. Era um belo ratinho cinza.

Por mais que o rato fosse fofinho, ter uma fixa troca de olhares com ele durante tantos segundos ocasionou a Einstein uma estranha sensação de inquietação. Sentia como se cada parte de seu corpo estivesse sendo devorado pelos olhos do animal, que parecia analisá-lo friamente.

Até que, de repente, o rato tirou o olhar dele.

— Não nos apresentamos adequadamente, correto? — disse o dono da criatura, sem tirar as mãos do volante. — Eu me chamo Hamlet e o meu amiguinho aqui pode ser chamado de Robert Johnson. É um enorme prazer conhecê-lo, Einstein Heisenberg Holmes.

— Espera, então é ele mesmo? — indagou Laertes, levemente inconformado. — O rato identificou a energia?

— Certamente.

"Já não estou entendendo bulhufas…", pensou o feiticeiro.

— Será que isso possui algum valor? Foi o rato quem me levou até o homem que estava invadindo aquela mansão, só que o Einstein sequer se encontrava lá dentro, mas sim do lado de fora. Por isso, pensei que talvez o invasor da mansão fosse o verdadeiro Einstein; mas agora, passo a acreditar que o problema é essa criatura vesga que o senhor abriga em sua cabeça.

— Se o Robert Johnson fosse quem o buscasse, ele certamente não falharia. Ao contrário de você.

— Seu…!

"Eles vão ficar discutindo o capítulo inteiro?"

— Ok! Ok! Perdoem a minha insolência, compatriotas — começou Einstein. — Posso fazer as outras duas perguntas?

— Certo — respondeu Laertes, impaciente.

— Qual é o objetivo dos dois? Além de me levar ao chefe de vocês.

O silêncio tomou conta do camburão por segundos demorados, até ser irrompido simultaneamente por Laertes e Hamlet, que responderam com as mesmas palavras:

— A liberdade.

— Uau. Oras, isso é muito ambíguo. O que querem dizer com essa resposta?

Assim que o questionamento saiu da boca do hamster, o silêncio retornou, bem mais perturbador do que antes. O espírito dos dois, marcados em seus olhos, foram dominados por um cinza vivo.

— Não possuo o conhecimento de onde você veio, Einstein, mas o lugar de onde vim era um paraíso se comparado com esse inferno. — Laertes afirmou. — Vivíamos sem nos limitarmos a preconceitos e hierarquias. Éramos todos um só. Só que… aqui? Todos são ferramentas um do outro. Eles até podem se prender a ideais morais e afagarem os seus egos com atos de altruísmo. Só que nada muda o fato de que, se a crueldade trazer benefícios, eles não refletirão muito antes de cometê-la. Até podem hesitar ou ficar com peso na consciência, mas enquanto a grande alcatéia que é essa espécie passar a mão em suas cabeças, eles continuarão.

Hamlet apenas deu de ombros e assentiu com a cabeça, se concentrando no volante.

— Catapimbas… mas… o quê? Perdão, mas não entendi bulhufas.

— Você tem direito a apenas mais uma pergunta — afirmou Hamlet. — Estamos próximos.

"Droga, próximos? Merda, como vou escapar disso? Sem poderes, sou um completo inútil. Maldição!"

— O gato comeu a sua língua?

"É… não tenho muito o que fazer. Espero muito que o chefe deles não queira me matar ou fazer qualquer outra maldade comigo. Será que o Leonard conseguirá me salvar? Espera, será que ele já encontrou o Galileu?"

— Não se acanhe, estou pensando — respondeu o feiticeiro.

"Bem, tenho que ser positivo… talvez, Leonard já tenha encontrado o Galileu e os dois estejam indo atrás de mim agora mesmo. Em breve, eles chegarão e irão me salvar! Aí, vou dizer tudo o que descobri aqui e o detetive vai usar as suas super habilidades dedutivas para desvendar todos os mistérios. Por fim, encontraremos a minha irmãzinha Elin e juntos vamos cobrir esses bocós de porrada! Tudo acabará com um churrasco em família bem gostosinho."

— Já pensou?

— Pare de apressá-lo, Laertes. Já não basta que tenhamos sequestrado ele?

— Concordo — comentou o hamster, suspirando forte.

"Ok, eles são inconvenientemente muito vagos com as respostas, então essa pergunta tem que ser muito boa."

— A pergunta é a seguinte: quem é o chefe de vocês? Quero saber tudo sobre ele. Sem respostas vagas!

— Bem… — Laertes virou os seus olhos reflexivos para o teto. — Não temos muito o que dizer sobre. Foi ele quem libertou todos nós.

"De novo esses papos de hippie?"

— Por favor, sejam mais literais e menos poéticos. Não quero saber de espiritualismo aqui.

— O que quer dizer com isso? — falou Hamlet. — Ele está sendo muito literal.

— Quando digo que ele nos libertou, te incluo nisso.

— Como assim? — questionou Einstein. — Sempre fui livre.

— Ele está falando sobre a rebelião na prisão. É difícil para você compreender ou você está apenas zombando da gente?

— Prisão? Como assim?

— Você, por acaso, não se lembr–

Os olhos dos dois foram tomados por uma escuridão literal e absoluta. Seus corpos se levantaram de forma automática.

— Ei, algum problema? — indagou Einstein. Sem respostas.

Cutucou o peladão, mas ele sequer se mexeu um milímetro. Gritou no ouvido do outro, nenhuma reação sequer. Estavam completamente paralisados e deslocados da realidade.

"Ok, estranho… Tanto faz, o melhor a se fazer é aproveitar!"

Apressado, o feiticeiro saltou para cima de Hamlet e o agarrou, arremessando o seu corpo para a parte de trás do veículo. Ele caiu lá como se fosse um boneco hiperrealista.

Então, sentou-se no assento do motorista e passou os seus olhos pelos diversos botões e mecanismos presentes no camburão.

"Qual é o de parar?"

Observou por alguns instantes os botões, até olhar para frente e se impressionar com o tamanho do caminhão em seu caminho. "Que lindo!"

A sua mentalidade alterou-se quando percebeu que ter um enorme caminhão na frente de seu carro em movimento não é algo muito seguro — na verdade, é meio mortal.

Lembrando-se do que Hamlet fazia com as mãos, segurou o volante com firmeza e girou o objeto desesperadamente.

O carro desviou do caminhão, só para se afundar contra um poste.

Snisuwqma! — O grande airbag começou a sufocá-lo.

— Ouviu o chefe, certo? — questionou Laertes, após acordar repentinamente, sem se importar com o estado do veículo.

— Correto. Estou indo, leve o Einstein — falou Hamlet, levantando-se, já com os olhos normais. — Irei atrás dos outros.

Tirando um cartão do bolso, o homem de vestes antigas passou o objeto nos portões inferiores do veículo, fazendo com que eles se abrissem. Saiu do camburão em um salto, dando início a sua caminhada.



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