A Garota Pet do Sakurasou Japonesa

Tradução: NiquelDBM, duduz

Revisão: NiquelDBM


Volume 2

Capítulo 1: Por falar no verão, que tal as montanhas ou a praia?

Quando as nuvens cobrem a lua, o quarto acaba ficando levemente mais escuro.

Quarto 101 do dormitório Sakurasou. No meio dele, o dono do quarto, Sorata Kanda, estava encarando Mashiro Shiina, que se parecia com uma princesa de filme. Olhos levemente levantados. Cabelo sedoso e macio. Pele clara e limpa. Não tinha nada negativo para ser dito sobre ela.

— Sorata.

Quando aqueles finos lábios chamaram seu nome, Sorata olhou para ela com vergonha.

— Eu nunca fiz isso antes.

Essa corajosa confissão de Mashiro fez um silêncio pairar sobre todo o quarto. Até as barulhentas cigarras que cantavam durante o dia não podiam mais ser ouvidas.

Eles conseguiam ouvir o som da própria respiração.

— Ah, certo.

Usando a sua camisa, Sorata enxugou o suor da testa.

Hoje a temperatura atingiu o pico mais alto do ano, então mesmo depois do pôr do sol, não tinha nenhum sinal de que iria esfriar. Até a pele branca de Mashiro acabou ficando rosa claro devido ao calor.

— Por favor, seja gentil.

— Ir até o fim pode ser demais pra mim, então farei o que puder.

— Não.

— Por que você...

— Vai ser ruim se você parar no meio.

— Mas...

— Se for você, então tudo bem... Vá até o fim.

Os olhos de Mashiro, que estavam focados em Sorata, não mostraram nenhum sinal de hesitação. Ela parecia determinada em ir até o fim.

— Eu- Eu entendi.

Mashiro, que parecia tão frágil como uma escultura de gelo, na verdade tinha uma força de vontade de aço, então ela não iria desistir. Sorata é quem teve que desistir.

— Quando você quiser parar, é só falar. Não tem necessidade de exagerar.

— Já que estou fazendo isso com você, então está tudo bem.

— Se você diz, eu não vou parar. Bem, me mostre, então.

Seus olhos sem emoção começaram a mostrar sinais de hesitação.

— Sorata... você é tão duro.

— Não consigo controlar.

— Mas eu não gosto de coisas repentinas.

— O que é que você tá dizendo agora?

— Mas...

— Ah~, que frustrante.

— Isso é embaraçoso.

— Dá um tempo! Como se você pudesse sentir vergonha!

— Você realmente quer ver?

— Quero, sim! Me dê as suas provas que você tirou nota 0. Você precisa estudar para a recuperação amanhã, não é?!

Sorata pensou: Por que as coisas acabaram assim?

Começando por hoje, ele deveria estar nas divertidas férias de verão. Este paraíso estava bem na frente dele, mas parecia que havia sido tomado por alguém.

Foi tomado por Mashiro Shiina, porque ela não era muito boa nos estudos. Também foi porque Sengoku Chihiro abandonou seu trabalho como professora e saiu para um encontro. Todas as coisas que a professora deveria fazer, foram jogadas para Sorata. Isso já esclarece bastante as coisas que estavam acontecendo.

Mas saber disso não mudava a situação. Então, Sorata suspirou. A única coisa que ele podia fazer agora era suspirar...

Tudo começou naquela manhã... ou melhor, na tarde do primeiro dia das férias, quando Sorata acordou de um sonho onde era forçado a comer um Hot-Pot.

A intensa luz do sol entrando pela janela estava queimando sua pele, e se isso não fosse suficiente, haviam 7 gatos que estavam deitados em cima de seus braços, pernas e barriga, fazendo ele ficar molhado de suor.

— Tô tão suado que quase morri.

Ele empurrou os gatos para o lado e se levantou. Os gatos miaram para reclamar todos de uma vez, mas ele os ignorou.

Ele tirou a camisa suada e olhou para o céu onde o sol estava radiante. Ele amaldiçoou o sol. Mesmo sabendo que sua ação era sem sentido, ele se sentia um pouco melhor com isso.

O simples fato de ficar de pé fez o seu corpo se encher de suor novamente.

Ele tentou se refrescar no ventilador, mas só saia ar quente dele. Ar quente não parece refrescar ninguém.

Ele logo desistiu e vestiu outra camisa. Quando ele estava prestes a ir em direção à cozinha para se hidratar, alguém abriu a porta com força.

Graças a isso, Sorata deu um belo beijo na porta.

— O que você está fazendo, Misaki-Senpai?! Essa foi a minha primeira vez!

Ele falou antes mesmo de verificar quem era o intruso.

Na porta aberta, a inquilina do quarto 201 do Sakurasou, que estava com a cabeça inclinada para o lado, era a estudante de artes do 3º ano, Misaki Kamiigusa. Ela estava escondendo algo enrolado atrás dela.

— Tadã~! Eu terminei, Kouhai-kun!

O que Misaki havia trazido e aberto era um papel do tamanho de um pôster. Era um calendário com as datas de hoje até o final de agosto.

— É um planejamento para ter um verão mais divertido do que qualquer outra pessoa!

“ — 21 de Julho: ‘Procurar por uma cobra!’”

Logo no primeiro dia, já tinha escrito uma coisa que ele gostaria de evitar a todo custo. Não só isso, também haviam coisas como:

“Criar um OVNI”
“Fazer uma festa do Sashimi”
“Ir pescar baleias”
“Achar um Pau-Brasil”
“Vencer um Triatlo”

Todas eram impossíveis de fazer ou até mesmo de entender. Para resumir, o calendário das férias estava cheio de coisas ridículas.

Porém, ele não estava surpreso com isso. Misaki tinha a habilidade desumana de conseguir fazer qualquer coisa que ela quisesse. Ele tinha que fazer algo sobre isso, e rápido.

— E então, se a gente for para as montanhas verdes ou aos sete mares, seria simplesmente perfeito!

— Sou só eu ou isso soa muito como o roteiro de algum filme? Bem, deixando isso de lado...

Sorata pegou o calendário de Misaki, amassou e jogou dentro de uma caixa.

— Ah~, o que você está fazendo~!? Eu estive planejando isso nos últimos três meses!

—Vou para a minha casa durante as férias, então não posso participar disso.

— Isso não é verdade! A Chihiro disse que você não podia voltar agora porquê tinha algo pra fazer!

— Aquela mulher não disse isso só para te enganar?

— Eu não estou enganando ninguém.

Atrás de Misaki, Chihiro estava vestida para um encontro.

Ela estava maquiada e com uma saia ligeiramente curta.

Sorata percebeu que ela estava tentando trazer de volta a sua jovem aparência de 20 anos, que já havia desaparecido.

Ele sentiu pena dela.

— Eu concedo à você a minha profecia. Você não pode voltar para casa. Por vontade própria, você vai ficar no Sakurasou.

— O que?

— Então, vamos fazer muitas memórias juntos, Kouhai-kun. O planejamento já está pronto!

Nem mesmo uma pessoa com um corpo de ferro conseguiria lidar com Misaki. Eles seriam submetidos ao impossível todos os dias. Ele queria evitar isso a todo custo.

— Senpai, você não vai voltar para casa?

— O que será que eu devo fazer~?

— Pelo menos me responda direito!

— Não vou~. O Jin vai continuar aqui, e ele também disse que o roteiro está quase pronto. Assim que estiver pronto, vou animá-lo imediatamente. Já tenho o esboço geral planejado.

Em uma conversa normal, dizer tudo isso pode parecer um absurdo, mas Misaki já havia animado os roteiros de seu amigo de infância, Jin Mitaka, antes. Seus trabalhos sempre foram bem recebidos pela crítica, e ela foi aclamada como uma deusa entre os fãs.

No entanto, uma vez ele a viu trabalhando a noite toda para seu anime, até um ponto onde ela estaria prestes a desmaiar, e ele achou isso incrível. Isso fazia ser realmente difícil de pensar nela como uma humana. Ela era como uma alienígena. Ela era muito diferente de humanos normais. Ela estava operando com uma fonte de energia diferente da de Sorata.

— Então o Jin-senpai também vai ficar... hm.

— Deve ter alguma garota que ele não quer ver em sua cidade natal.

Embora Chihiro tenha dito isso sem pensar muito, ela estava certa. Jin provavelmente não queria ver sua ex-namorada, Fuuka, que era a irmã mais velha de Misaki. Agora que ele pensou sobre isso, Jin não voltou pra casa no verão passado ou durante as férias de inverno. Até onde Sorata conseguia se lembrar, era porque Jin cuidava do gatos enquanto ele estava fora.

— E você, Sensei?

— Por que eu iria só para ouvir meus pais dizendo “Eu quero ver um neto meu em breve”, ou “Nós a criamos errado”, ou até “Eu ainda não posso morrer, mesmo que eu queira”?

— Entendi...

Quando alguém completa trinta anos, deve ter que lidar com coisas que um adolescente nem é capaz de imaginar.

— Além disso, você tem algo planejado para hoje?

— Você realmente acha que eu não tenha nada planejado para o dia inteiro?

— Se eu perguntei é porque eu não sabia.

A professora de artes que morava no quarto do zelador era assim desde o início. Suas palavras e ações eram sempre ásperas. Ela fazia e falava tudo o que ela queria. Ele nunca tinha visto ela fazer algum trabalho adequadamente, incluindo seu papel como supervisora dos alunos problemáticos que moravam no Sakurasou. Embora assim seja melhor do que ter alguém te mandando fazer algo.

— Ajude a Mashiro com as provas dela.

— O que?

— Suas férias de verão não irão começar até que ela obtenha a nota mínima para ser aprovada, então, se esforce.

— Yay! Kouhai-kun! Você não vai mais para casa agora!

— Sensei, por favor, explique a situação. Pelo menos isso!

Chihiro fez uma cara que mostrava que ela não se incomodava em explicar.

— A Mashiro falhou nas provas desse semestre. Você sabe que se não passar na recuperação, vai ter que repetir o ano, né?

— Eu sei disso, mas eu tenho meus próprios planos!

— Que provavelmente não é nada importante. Você não precisa de algo como férias. A juventude é sombria. Quem disse que essa tal “juventude” era brilhante e alegre? Ela na verdade é sombria e triste.

— Tem razão! Mas eu vou estar nas memória de verão do Kouhai-kun!

Então realmente será uma juventude sombria e triste.

— Por que eu preciso ouvir isso de você?! Você é o diabo?! E Senpai, não concorde com ela!

— O que você está dizendo, Kouhai-kun, seu idiota?! Eu amaldiçoo você e seus descendentes~!

Misaki saiu correndo da sala, dizendo isso enquanto mostrava a língua.

Ele estava muito cansado.

— Alguém como você, que não possui um plano para as férias, deveria estar agradecido por eu estar lhe dando algo para fazer. Vamos, chore de alegria.

— Se eu começar a chorar de alegria por algo assim, significaria que há algo muito errado com meu cérebro!

— Você é o mestre da Mashiro, então cuide dela até o fim. Pare de reclamar, você não é mais um estudante do ensino fundamental.

— Não fale sobre a sua prima como se ela fosse algum tipo de animal de estimação! Eu preciso ir para casa, para Fukuoka, até amanhã!

— O que?

— Como assim “o que”?

— Se você está começando a sentir falta do leite da sua mãe, não vou te impedir de ir. Mas se você vai voltar para casa, então leve a Mashiro com você.

— O que você disse?

— Quem vai cuidar da Mashiro enquanto você estiver fora? Pare de ser tão irracional.

— Você é quem está sendo irracional! Não importa como você pense nisso, levar a Shiina para casa comigo faz parecer que a gente está tendo algo! Qual é a dessa punição que você quer me dar?!

Levar Mashiro com ele para sua cidade natal... Ele sentiu arrepios só de pensar nisso. Como sua família olharia para ele?

— Quem se importa? Basta apresentá-la como sua adorável namorada da qual você tem um relacionamento íntimo. Ela tem uma ótima aparência, então seus pais irão às lágrimas dizendo que ela é boa demais para você.

— Por que eles iriam chorar? De qualquer forma, quando, quando e onde que nós tivemos um relacionamento íntimo?!

— E eu lá vou saber? Não tenho interesse na sua vida particular. Você consegue fazer essas coisas quando e onde quiser, como você sempre faz.

— Não fique pensando que a gente tem um relacionamento íntimo!

— Para de me responder. Francamente, você é muito difícil de agradar.

— E de quem você acha que é a culpa?!

— Se você não quer contar a eles que vocês têm um relacionamento, então só diga que você engravidou ela e agora está esperando um filho.

— Isso é ainda pior do que ter um relacionamento!

— Já tá muito quente, e você ainda quer me deixar com raiva?

— É você quem tá fazendo minha pressão arterial subir!

— Bem, deixo as provas da Mashiro com você.

— Quando se trata de estudar, a Misaki-Senpai ou o Jin-Senpai são muito melhores nisso.

Mesmo quando ele disse os nomes dos dois alunos do terceiro ano que moravam no Sakurasou, Chihiro não parecia se importar nem um pouco.

A personalidade dos dois era um pouco problemática. Mesmo assim, a inquilina do quarto 201, Misaki Kamiigusa, nunca havia perdido sua posição como melhor aluna da turma desde que ela entrou na escola. Seu amigo de infância, e inquilino do quarto 103, que era o rei das festas do pijama, Jin Mitaka, sempre manteve sua posição no ranking de classificação.

Ambos conseguiram garantir uma posição na Universidade de Artes da Suimei com as notas do 1º semestre do terceiro ano. Misaki estava no Departamente de Artes, e Jin estava planejando entrar no Departamento de Literatura.

Comparado a eles, Sorata sempre teve uma nota muito na média. Ele nunca falhou em nenhuma prova, ele era apenas mediano em tudo.

— Você deveria ter o mínimo de bom senso.

— Você também deveria tentar isso, Sensei.

— Não tem como a Kamiigusa ensinar algo para outra pessoa. Você acha que a humanidade está preparada para lidar com isso?

— Por favor, confie mais nos seus alunos! Não desista da humanidade!

— O que é impossível é impossível. Se você não consegue fazer algo, então não deveria nem tentar.

— E isso lá é algo que uma professora deveria dizer?!

— Não, mas é muito melhor do que mentir. Quando você cresce em um lugar em que só te tratam bem, você não consegue enfrentar a sociedade depois de grande. Você só vai ter problemas e vai se abalar com qualquer coisa. É bom saber até onde você aguenta.

— Você tem algo contra as pessoas? Ou é só porque ninguém quer se casar com você?

— Kanda, você sabe como e quando as pessoas são consideradas assassinas?

Os olhos de Chihiro se estreitaram e ficaram frios.

— E-Eu não sei. De qualquer forma, se a Misaki-senpai não é boa pra ensinar, ainda tem o Jin-senpai!

Ele ainda está no dormitório, então vou perguntar para ele.

— Se o Mitaka ficar sozinho com uma garota no quarto, ele só vai ensinar a ela como se faz um bebê. Você não já sabe disso?

— Olhas as coisas que você pensa sobre os seus próprios alunos! Nem mesmo o Jin-Senpai seria capaz de... Não, tem uma chance... eu acho... ou talvez não. É, não tem!

— Eu realmente preciso explicar isso para você? Coloca o seu cérebro para funcionar. Se não, você vai crescer e não vai se tornar uma pessoa muito inteligente.

— Não diga coisas tão duras para mim. Na verdade, você pode ensiná-la, Sensei!

— O que? Você bebeu? Eu disse que tenho um encontro hoje à noite.

— Você não me contou! No entanto, dá pra ver isso pelo jeito que você tá vestida.

— Ah, sério? A personagem de hoje é uma jovem garota.

Chihiro orgulhosamente deu uma piscadinha.

Ao invés de uma jovem garota, ela parecia mais com o diabo, mas Sorata não teve coragem de dizer isso.

— Aqui, estas são as datas para as recuperações.

— Sim...

Por reflexo, ele pegou o papel que Chihiro tirou. Parecia que eram 9 avaliações em 2 dias. E a primeira era...

— Amanhã?!

E tinha outra no dia seguinte também.

— Se esforça, tá.

— Sensei, você é idiota? Por que você só tá me contando sobre isso agora?!

— Isso não é óbvio? Estava tendo aquela Competição Amadora, então a Mashiro não estava no humor para estudar, e você também parecia mal. Eu estava sendo atenciosa com vocês, sejam gratos.

— ... Ah~, é mesmo. Mas eu tô muito cansado agora.

— Reclame com a Mashiro. Não fui eu quem fui mal nas provas. Ah, olha a hora! Agendei um horário num salão antes do encontro. Eu deixo o resto com você.

Chihiro calçou os sapatos e, sem esperar que Sorata respondesse, ela correu em direção à porta. O ar quente do verão soprou na direção de Sorata, que foi deixado para trás.

Depois de terminar essa conversa, Sorata deixou o trabalho de ensinar Mashiro para outra hora.

Depois que Chihiro saiu, Sorata alimentou os gatos enquanto também enchia seu estômago vazio. Ele foi direto para o quarto de Mashiro depois de reunir coragem para enfrentar a realidade.

Ele sabia que ela não iria responder se ele batesse na porta, então ele silenciosamente a abriu. Assim que a porta foi aberta, toda a sua visão foi preenchida com nada além de um branco puro. Por um momento, ele não conseguiu entender o que tinha acontecido.

O quarto estava bagunçado como sempre. O chão estava coberto de todos os tipos de roupas e também com alguns rascunhos de mangá.

Mashiro estava no centro do quarto. Ela estava parada na frente de um espelho. Ele conseguia ver as costas dela. Ele conseguia ver sua pele impecável através dos espaços em seu cabelo. A cintura dela era linda. Suas nádegas firmes cumprimentaram Sorata. Ela estava do jeito em que veio ao mundo.

Mashiro, que estava desenhando em um quadro no cavalete com um pincél, virou a cabeça. Assim que seus olhos se encontraram, Sorata rapidamente fechou a porta.

Ele gritou por de trás da porta.

— O que você tá fazendo?!

— Estou me pintando sem roupa.

— Você quer dizer que tá se pintando pelada.

— Estou fazendo isso enquanto olho no espelho.

— Então é um retrato nu! Por que isso de repente?!

— É meu dever de casa. Tenho que levar pra escola.

— Um retrato nu?!

— É só uma pintura.

— Então escolha outra coisa! Você vai entregar uma pintura do seu corpo nu?!

— Não tem problema.

— Como é que é?

— Ficou tão bom.

— Agora não é hora de se preocupar com a qualidade do desenho! Você não tem vergonha?!

— Não. É apenas uma obra de arte.

— Tudo bem, então me mostre.

— ...

— Por que você não está respondendo?

— Você não tem permissão para ver.

— Por que não?

— Porque dá vergonha.

— Mas você não tinha dito que não tinha vergonha porque era “apenas uma obra de arte”?

— Você não tem permissão.

— Pelo menos me diga o motivo exato... Na verdade, não quero saber!

Ela provavelmente iria responder com alguma coisa estranha, então era melhor ignorar e seguir em frente, em vez de ficar esquentando a cabeça sobre isso.

— De qualquer forma, desenhe outra coisa. Se você for entregar isso, eu vou te impedir com todas as minhas forças.

— ... Tudo bem.

Sua voz era suave.

— S-Sim... se você já entendeu isso, então vista suas roupas. Tenho algo para dizer sobre as suas provas.

— Espere.

Ele se encostou na porta. Sorata respirou fundo para controlar seu rítmo cardíaco.

Após cerca de 5 minutos, ele perguntou:

— Você já terminou?

— Sim.

Satisfeito com a resposta dela, Sorata baixou a guarda e abriu a porta. Na frente dele estava uma garota enrolada em uma grande toalha de banho.

— Eu não disse para você colocar suas roupas?! O que você faria se eu não controlasse a minha luxúria?! Ela está prestes a se libertar, sabe?!

— Você não escolheu nenhuma para mim.

— Sim eu entendo. Foi tudo minha culpa...

— Você também não bateu na porta.

— Você não iria responder mesmo se eu batesse!

— Entrar sem bater não é legal.

O rosto de Mashiro estava vermelho enquanto ela segurava sua toalha de banho que chegava até o peito.

— Não soa muito convincente vindo da pessoa que tentou entregar um desenho nu de si mesma como dever de casa.

Naturalmente, os olhos dele focaram no papel no cavalete.

Mas antes que ele pudesse ver, Mashiro ficou na frente do quadro para impedir que ele visse algo.

— Não.

Mashiro parecia com raiva, e inchou as bochechas.

— T-Tudo bem! Vou bater na próxima vez! De qualquer forma, quero falar sobre as recuperações!

Sorata rapidamente mudou de assunto para se livrar do constrangimento. Além disso, ele escolheu algumas roupas adequadas para Mashiro usar.

Quando isso terminou, ele a fez pegar a folha de gabarito e alguns papéis, e então levou ela para o seu quarto.

A essa hora, o sol já havia sumido.

No quarto de Sorata, os dois se sentaram de frente um para o outro em uma mesa.

— Pegue sua folha de gabarito.

— Você não vai ficar com raiva?

— É algo que vai me deixar com raiva?

— Isso depende de você.

— O que você quer dizer é que depende das suas notas!

— Algumas pessoas diriam isso dessa forma.

— Todas as pessoas dizem dessa forma! Não importa, apenas me mostre.

Ela hesitou um pouco e pegou as 9 provas com o resultado junto. As provas semestrais eram nove no total, o que significava que ela falhou em cada uma delas.

Nessa hora, Sorata sentiu vontade de arrancar os próprios cabelos. Ele teria que ensinar nove matérias, mas as provas já eram amanhã e no dia seguinte também... não importava como ele olhasse para isso, não dava tempo.

Para piorar as coisas, cada vez que Sorata via as notas, seu rosto começava a perder a cor.

Japonês foi nota 0…

Matemática foi nota 0...

E o resto foi... um desfile de notas 0. Todas as nove. Se tivesse algo para ser lamentado, seria que esses números não estavam em um placar de beisebol, mas sim em uma prova.

Ele não conseguia nem falar nada depois que viu as notas. O que ele deveria dizer?

Seu cérebro desistiu de pensar em algo.

— Você gostou?

— Estou chocado! Você tem um talento em ser burra.

— Você está indo longe demais.

— Sua cabeça é o que está longe demais.

— Você prometeu que não ficaria com raiva.

— Ainda não fiquei com raiva! Que desastre, parece que estou presenciando um apocalipse.

— Eu também quero presenciar isso.

Você é o próprio apocalipse!

— Eu não sou.

— Ah, chega. Vamos parar com essa conversa. Mas você realmente não se importa com isso? Seu cérebro não está com defeito? Por que em inglês você também tirou 0? Cadê o inglês que você falava enquanto morava na Inglaterra?

Mashiro pensou com uma cara séria.

— Na Mongólia?

— Você o deixou cair durante o voo?! Sinto muito, mas não está na Mongólia. É rude dizer que está na Mongólia! Peça desculpas para todas as pessoas da Mongólia.

— Onde fica a Mongólia?

— E eu lá vou saber!

— Desculpa.

Mashiro se curvou para Sorata.

— Não sou da Mongólia.

Foi cansativo. Foi muito cansativo. Para Mashiro Shiina, o bom senso não existe. Se ele tentasse responder tudo que ela fala, ele ficaria ainda mais cansado. Era inútil fazer isso.

— O que você quer estudar primeiro, então?

— Quero estudar artes.

— Que tal algo mais normal como matemática ou inglês?

— Nunca fiz isso.

— Uau~, isso não vai nos levar a lugar nenhum.

Pela experiência que ele já tem, ele sabia que Mashiro não estava brincando. As notas 0 eram a prova disso.

— Por que você não mostra suas anotações das aulas primeiro?

Mashiro pegou um papel que tinha “Matemática” escrito nele e o estendeu em direção a Sorata. Mas ela não soltou quando Sorata tentou pegar.

— Shiina-san?

— Você não vai ficar com raiva?

— Isso de novo?

— Isso depende de você.

— O que você quer dizer é que depende das suas notas! Não importa, deixa pra lá.

Quando ele pegou, as anotações pareciam um pouco estranhas.

— Esse papel não é um pouco grande?

O tamanho normal do papel era B5, mas o de Mashiro era A4.

— É mais fácil de escrever.

— Hmm~, bem, não importa...

Conforme ele virava as páginas uma a uma, a voz de Sorata ia ficando mais alta.

— O que é isso?!

Nas anotações, não havia nada relacionado ao conteúdo da aula. Em vez disso, estava preenchido com alguns rascunhos para seu mangá e esboços de personagens, ou simplesmente, rabiscos.

— O que é isso?! Um caderno de desenho? Tem certeza de que esse é o certo? Você deveria ter parado com esse hábito quando você saiu do fundamental! Quando você disse que é mais fácil escrever, você quis dizer que é mais fácil de desenhar, né? É por isso que você tirou zero! Eu não sinto pena de você! Cê tá me ouvindo?!

— Você prometeu.

— Isso não é problema meu!

— Você não está agindo como um humano normal.

Todos os outros cadernos de anotações também estavam cheio de desenho.

— Preste mais atenção nas aulas. Pelo menos mostre que está com vontade de estudar. Se não, eu vou desistir de te ensinar. E não é rude dizer que não sou um humano normal?

Mashiro não pareceu com vontade de estudar, mesmo depois de Sorata dizer isso. Ela inclinou a cabeça e observou Sorata, sem emoção nenhuma. Era como se ela estivesse olhando para um animal exótico, quando na verdade, o animal exótico era ela mesma.

Antes que ficasse ainda mais irritado, ele se recompôs e tentou falar mais uma vez com ela.

— Tudo bem, você pode me prometer que não vai mais desenhar durante a aula?

— Não tenho controle sob minhas ações.

— Não diga essas coisas estranhas!

Ele não conseguiu se controlar por mais de dois segundos. Ele ficou um pouco triste com isso.

— Aprendi isso com a Misaki.

— Você não precisa aprender algo assim! Aprenda só o que é necessário! E pegue seus livros didáticos!

— Eu não estou com eles.

— Por que não?! Eu não te falei pra trazer eles?

— Estão todos na escola.

— Você sabia que tinha as recuperações, mas os deixou na escola. Como que você vai estudar, então?

— Eu tenho você.

— Eu não sou um pau para toda obra! Por acaso eu tenho cara de um protagonista de mangá que aparece no último minuto para salvar alguém?

— Não precisa exagerar. Cuidado com as palavras.

— Não critique minhas palavras! Na verdade, não importa! Se você não passar na recuperação, minhas férias vão pro lixo.

Quantas vezes eles precisariam estudar para ela ir bem nas provas? Ele tinha certeza que não daria tempo para isso.

— ... Agora, então. Vamos lá, você consegue, Sorata. Sorata, não perca. Estou me dando apoio emocional! Tudo bem, por que não começamos com matemática?

— Se esforce.

— Você é quem precisa fazer isso!

— Você está muito bravo hoje, Sorata.

— Sim, claro. Deve ser falta de cálcio. É claro. Então, a primeira questão é... Você sabe como fatorar?

— Ele foi um pintor e um inventor do período Edo.

— Esse aí foi o Gennai Hiraga. Nem tem relação com fatoração! Se você for fazer um trocadilho, faça-o corretamente!

— Ok, vou fazer certo da próxima vez.

— Você não precisa fazer nenhum trocadilho! Na verdade... Ei, Shiina.

— O que?

— O que você sabe de matemática? Você conhece sobre funções? E sobre álgebra?

— ...

— Você conhece a tabuada, pelo menos, né?

— Você está me subestimando?

— Desculpe por duvidar de você. Eu tinha que ter certeza.

— “Tabuada” significa “Cozinhar” em inglês.

— O que?! Não consigo mais! É impossível que você passe nessa recuperação! Sua existência é um milagre! Sua burrice também é um milagre!

— Bom, obrigada.

— Eu não estava te elogiando!

— Por que vocês estão fazendo tanto barulho?

Olhando para cima, ele viu Jin com a cabeça pela porta que estava um pouco aberta.

— Senpai, me ajude!

O pedido desesperado de Sorata deve ter chegado até Jin, porque ele levantou um pouco seus ombros e se sentou na cama.

Sentado na cama, ele olhou para as perguntas sobre a mesa.

— Fico feliz que esteja indo tudo bem.

— Que parte disso parece estar indo bem...?

— Não~, se a sua intenção era fazer um show de comédia, então está indo super bem, né? Você está se preparando para fazer algum stand-up?

Ele não estava nem um pouco preocupado com a situação deles. Sorata não tinha interesse em ouvir as piadas de Jin, então ele se virou para falar com Mashiro, mas ela estava desenhando algo em um caderno.

— Você acabou de me prometer!

No entanto, as palavras de Sorata nem chegaram até Mashiro, porque ela estava muito concentrada no desenho.

Mashiro nem mesmo parou sua mão ou desviou o olhar do caderno.

— Olha, como será que seu cérebro funciona? Eu realmente não consigo te entender.

— Tenho que trabalhar no rascunho para o mangá, ele vai ser publicado logo.

Mashiro respondeu enquanto ainda desenhava.

— Sua editora que te disse para fazer isso?

— Sim. Estamos nos preparando para uma reunião sobre a publicação no próximo mês.

— Então, você deve recuperar suas notas rápido!

Sorata esperou o momento em que o lápis parou de se mover, então ele pegou o caderno das mãos de Mashiro.

— Nada mal.

Jin, disse de uma forma irônica.

— O mangá está banido até que suas provas terminem.

— ... Entendi.

Ela parecia irritada, mas Mashiro aceitou facilmente. Então, agora, eles podem finalmente começar a estudar. Assim que ele pensou isso...

— Kouhai-kun, vamos jogar!

Ouvindo a voz de Misaki.

A porta foi aberta com uma força assustadora. Misaki olhou para os rostos na sala e começou a acusar eles:

— Huh, vocês me deixaram de fora? Por que?! Por que?! Você não queria participar do meu planejamento, mas agora vocês estão todos jogando juntos?!

— Não me culpe! Estou apenas ajudando a Shiina a estudar. É apenas uma tarefa que a Sensei me deu.

Misaki correu para dentro do quarto.

— Não importa, vamos jogar. São as férias de verão! O primeiro dia! Já estamos de férias! E é o primeiro dia!

— Eu adoraria. Mas por causa dessa pessoa incrivelmente estúpida, eu...

— Ele está certo.

— Não concorda com isso! Você acha legal dizer essas coisas sobre si mesma?

— Você está certo.

— Você acha mesmo, né!

— Você está cer…

— Para com isso!

Sorata temia que isso pudesse continuar, então ele rapidamente a parou.

— Ha~, é como eu pensei.

Jin fez uma cara amarga depois de verificar os resultados das provas. Parecia que ele entendia a dor de Sorata.

— Desse jeito, você não vai chegar a lugar nenhum se tentar ensinar ela do jeito normal.

— Concordo. Já que ela é uma idiota espetacular.

— Você está certo.

— Eu tô mesmo!

— Então é só ela memorizar tudo.

Misaki disse isso enquanto iniciava o jogo sozinha.

— Ah, isso não é uma má ideia.

Quem concordou com ela foi Jin.

— O que?

— Os alunos que estudam música ou artes têm as mesmas perguntas nas provas de recuperação. Kouhai-kun, você não sabia disso? Você é muito lento! Lento~ lento~ lento~!

— O que? Sério?

Ele já tinha ouvido que a dificuldade das provas era diferente para os alunos que estudavam artes.

— Para ser franco, ao contrário dos alunos normais que só estudam para passar de série, a expectativa da escola é maior com os alunos que estudam artes.

— Mas como você sabe disso, Misaki-senpai?

Misaki nunca ficou de recuperação antes.

— A Hauhau me disse isso antes.

— E essa aí por acaso é prima de um Chow-Chow?!

— Tudo bem! Eu vou derrotar aquele último chefe e limpar o chão com ele! Apenas espere por mim! Hahahahah ha!

— Você vai me ignorar? É isso?

— É aquela garota. Aquela que faz as músicas das animações da Misaki.

— Eu nunca vi ela antes.

— Sério? Agora que pensei nisso, Sorata, você nunca as viu dublando, não é?

— Não, bem, eu realmente não me importo. Mas voltando para a parte de memorizar as provas… Era realmente possível memorizar as respostas para as provas?

Ele pensou que seria extremamente difícil para ela memorizar tudo, especialmente aquelas matérias dais quais ela não sabe de nada.

Enquanto Sorata pensava consigo mesmo, Mashiro disse algumas palavras inesperadas.

— Eu já memorizei.

— O que?

— Eu só preciso memorizar as respostas, certo?

— Bem, sim.

Sorata e Jin olharam um para o outro, mas Mashiro não disse mais nada.

— Se você realmente memorizou, por que não fazemos um pequeno teste?

Seguindo as ordens de Jin, Sorata guardou as respostas e colocou as provas sobre a mesa, com a nota 0 escrita nelas.

— Você pode começar agora.

Mashiro concordou uma vez e, como se estivesse desenhando, mexeu suavemente a caneta. As palavras começaram a aparecer, e cada vez que uma pergunta era preenchida, Sorata olhava a resposta.

A primeira pergunta estava correta. A próxima e a seguinte também estavam. Mashiro terminou a avaliação de matemática em 5 minutos.

— Como você fez isso?

— Fiz o que?

— Você memorizou elas em ordem?

— Não.

— Mas responder a todas elas apenas memorizando as respostas... Isso é realmente possível?

As contas matemáticas precisam de cálculos para serem respondidas. Haviam poucos textos para memorizar. Era realmente possível lembrar de tudo isso apenas olhando uma vez?

— Isso é incrível.

Jin parecia bastante surpreso, também.

— Você pode fazer isso também, Sorata.

— Eu queria muito! Eu não tenho esse seu talento tão conveniente.

— O talento do Kouhai-kun é pegar gatos de rua~.

Misaki interrompeu enquanto estava jogando.

— Mas isso é realmente incrível. Como você fez isso?

— Eu memorizo depois de olhar para as respostas. Eu penso nelas como figuras.

Ao responder Sorata, Mashiro estava bastante calma. Parecia algo bem natural para ela.

— Bem, não tem problema desde que a Mashiro passe, certo? Então não há necessidade de se preocupar com a recuperação dela.

— ... Parece trapaça, no entanto.

— Bem, se você realmente quer passar suas férias de verão ensinando ela, eu não vou te impedir.

— Tudo bem, mesmo que ela trapaceie.

— Ei~ ei~. Se já terminaram, vamos jogar!

O que Misaki mostrou a eles foi um jogo de batalha para 4 jogadores.

— Agora, Mashiro, aperte o controle com força!

Mashiro pegou o controle de Misaki. Mas tinha algo errado quando ela segurou controle.

A maneira como ela segurava o controle era bastante incomum. Ela apenas colocou as mãos sobre ele.

— Você nunca jogou antes?

— Não.

— Eu sabia. É assim que se segura um controle.

Sorata mostrou a ela como segurar o controle.

— Seus polegares vão para aquele botão lá em cima... Sim, assim.

Ela segurou corretamente, mas algo ainda parecia estranho.

— Depois, você pode escolher seu personagem movendo o analógico.

Mashiro moveu lentamente o cursor, olhando para frente e para baixo de suas mãos para a televisão várias vezes.

— Eu quero o gorila! Eu confio na força do gorila! O gorila é a justiça! O gorila é o poder!

— Vamos ignorar a adoradora de gorilas. De qual você gostou, Shiina?

— Da raposa.

— Então, selecione ela pressionando o botão A.

Verificando a posição do botão A com os olhos, Mashiro o pressionou.

Sorata, sem pensar, escolheu um personagem de um príncipe exilado. Jin já havia escolhido um personagem de um porco-espinho.

— O perdedor vai ficar encarregado da limpeza do dormitório na próxima semana!

— Espera! É você quem deveria limpar o dormitório na próxima semana, Senpai!

— Agora, começou! Caia! Voe para o outro lado do universo~!

O gorila de Misaki acertou o príncipe de Sorata com um mega soco, que acabou jogando ele para longe. O personagem de Sorata, que estava voando, desapareceu da tela, mostrando apenas uma seta. Sua vida estava quase no final.

— Se você pensa que acabou, então pense melhor!

Sorata deu um salto duplo e usou uma habilidade de teletransporte para pousar seu príncipe no chão. Mas o porco-espinho, que Jin estava controlando, rapidamente rolou na direção de Sorata, acertando ele diretamente. E mais uma vez, o personagem de Sorata voou para fora da tela.

— Ah, bom trabalho.

— Uau~, eu vou morrer, eu vou morrer! Cê tá brincando? Você realmente acha que eu morreria sem lutar?! É injusto focar apenas em mim!

— É só o meu estilo de jogo. Você foi meu alvo nesta partida.

Sorata controlou seu personagem e se agarrou na borda do mapa.

— Isso foi perigoso.

Seu esforço não adiantou muito, porque quando ele saltou para chegar à um terreno mais alto, um raio de longe o atingiu. Foi da raposa que Mashiro havia escolhido. O pobre príncipe exilado não conseguiu nem mostrar suas habilidades e caiu no abismo. Tudo isso aconteceu nos primeiros 10 segundos de partida.

— Quêêêêêê?!

— Boa, Mashiron!

— Foi uma combinação de personagens verdadeiramente perfeita.

— Então, será que eu já posso continuar o que eu estava fazendo?

Misaki, Jin e Mashiro se cumprimentaram.

— Espera! Isso foi combinado, não foi? Foi combinado, né? Vocês realmente querem que eu faça a limpeza da próxima semana, não é?

— O que você vai fazer, Kouhai-kun? Quer tentar uma revanche?

— É claro! Não posso aceitar essa violência e discriminação.

— Sorata, você não é bom em jogos?

— Cala a boca! Eu não vou te perdoar! Eu não vou pegar leve só porque você é uma principiante! Vou usar minha força total! Vou fazer todos vocês voarem até Plutão, então se preparem! É hora do confronto final!

— Kouhai-kun, você realmente exagera às vezes.

— Quem diz essas coisas é você!

— Kouhai-kun, se você perder de novo, você terá que comprar um pão de melão de luxo da Padaria Hashimoto.

O pão de melão de luxo da padaria era algo raro, pois apenas 20 deles eram feitos por dia. Eles já apareceram na TV ou em revistas antes, então existem fãs que vêm de longe só para comprar o pão, e logo de manhã cedo, já se forma uma fila em frente à padaria. Para alguns, a existência desse pão era apenas uma lenda urbana. Até mesmo Sorata, que morava perto da loja, só conseguiu comer ele algumas vezes.

— Eu só preciso vencer, certo? Eu posso fazer isso...

Pera aí, por que você começou o jogo sem avisar antes?!

— Agora! Toma essa!

Ele demorou de mais para contra-atacar, por isso, o personagem de Sorata foi atingido pelo mega soco do gorila e virou uma estrela em apenas um segundo.

— Parece que você despertou a minha ira.

— Você não é bom.

— Cala a boca!

E assim, o primeiro dia das férias de verão no Sakurasou se encerrou com uma competição de jogos que continuou até a manhã seguinte.

 

Parte 2

 


— Bom, se esforce. Não pegue no sono no meio das provas.

— Eu estou com sono.

— O sono passa se você dormir. Mas, se você ficar de olhos abertos, se tornará uma vencedora.

— Vou tentar.

— Vou te esperar na minha sala de aula, então quando você terminar, venha me encontrar. E não se perca andando por aí.

— Eu nunca me perdi antes.

— Que ousadia contar uma mentira dessas... De qualquer forma, se esforce.

Após a noite de jogos, Sorata e Mashiro chegaram cedo na escola para as provas. Ele veio junto porque não tinha certeza se ela conseguiria chegar na escola sozinha.

Como eles jogaram até tarde da noite, eles podem acabar adormecendo se não estiverem prestando atenção.

— Já vou indo.

— Certo... Ei, Sorata.

— Oi?

— Por que você não me chama pelo meu nome?

— Ei! Não é a hora certa para isso!

Aconteceu no dia em que a estreia do mangá de Mashiro foi anunciada.

A garota, sem motivo aparente, pediu a ele para chamá-la de “Mashiro”, ao invés de “Shiina”. Ninguém sabe o que ela queria com isso.

Ela não disse nada quando ele continuou a chamá-la de “Shiina”, então ele pensou que era algo só daquela vez.

— Sorata.

— Bom... Isso é algo que só pessoas com um tipo de “relacionamento especial” usam. Não seria ruim se as outras pessoas entendessem errado?

Ele deu uma desculpa patética. Na verdade, não importava o que os outros iriam pensar, era Sorata que só queria chamar um ao outro dessa maneira caso houvesse uma “relação especial” entre eles. Não havia razão para chamá-la de Mashiro, fora que eles não tinham esse tipo de relacionamento, então, esses pensamentos circulavam em sua cabeça. Mas também, um dos motivos foi porque ele era muito tímido com essas coisas.

— Não há ninguém por perto agora.

Mashiro foi bastante direta, e ela não suspeitou que Sorata estivesse mentindo, então ela não se aprofundou. Ela acreditou nas palavras dele e respondeu de acordo.

Quando ela olhou para ele com seus olhos claros, o cérebro de Sorata parou de funcionar.

— Me chame pelo meu nome quando estivermos sozinhos.

Então, a desculpa que Sorata deu, agora voltou contra ele.

— Você é muito boa em deixar as pessoas envergonhadas e sem opções.

— ...

Mashiro inclinou a cabeça para o lado para mostrar que ela não tinha entendido o que ele disse. Sorata gostou disso que ela fez. Sorata estava em um beco sem saída.

— Ah, tudo bem. Farei isso a partir de agora.

Ele queria escapar dela o mais rápido possível, então foi forçado a prometer isso para ela. Agora já era tarde demais para se arrepender.

— Então, se esforce na prova... Mashiro.

Mashiro deu um pequeno sorriso, um que ninguém seria capaz de notar a menos que olhasse com cuidado.

Aquele sorriso desapareceu rapidamente e sua face voltou a ser a mesma de sempre.

Ela caminhou até a sala de Aulas de Artes.

Depois de se separar de Mashiro, ele foi até a sala arrastando os pés por causa do sono.

Sua classe ficava no mesmo andar das salas de artes, mas como ambas ficavam no final do corredor, havia uma distância considerável entre elas.

Para recuperar a compostura, Sorata caminhou lentamente pelo corredor.

O vento do verão soprou. Junto com ele, também dava para ouvir as vozes dos alunos que estavam realizando suas atividades em seus clubes.

Sorata chegou à sua sala de aula.

Ele deixou seus pertences em sua cadeira e abriu todas as janelas. Enquanto abria elas, ele notou a sombra de alguém familiar bem na frente da sala dos professores perto da grama.

Aquele que estava conversando com o professor Takatsu - que voltou com a esposa nesse mês - era alguém que também estava jogando até de manhã: Jin. Se ele tinha algo para fazer na escola, ele poderia ter vindo com Sorata e Mashiro. Sorata se perguntou sobre o que eles estavam falando.

Ao pensar sobre o professor Takatsu, ele só sabia sobre sua esposa, e que ele era o professor orientador de Jin, mas a carreira de Jin já estava decidida.

Enquanto os dois conversavam, Jin notou Sorata e os dois se olharam. No entanto, foi apenas por um breve momento até que Jin desviou o olhar.

Sorata achou que poderia perguntar para ele mais tarde e se sentou em sua cadeira.

Ele deitou o rosto sobre um livro e descansou. Era um livro que ele tinha pegado emprestado de Ryuunosuke Akasaka, o programador de jogos que morava no quarto 102 do Sakurasou.

Neste verão, Sorata desistiu de voltar para casa e decidiu gastar todo o seu tempo aprendendo programação e escrevendo o projeto de um jogo. Seu objetivo era enviar o projeto para a audição “Vamos fazer um jogo!”.

Quando ele tivesse as habilidades certas, ele planejava trabalhar por meio período como depurador de bugs.

 

Enquanto se abanava com uma mão, ele virou a página do livro com a outra. Ele ainda não conseguia entender o que estava escrito no livro. Ele não entendia, mas continuava lendo. Depois de ler várias vezes, ele pensou que tinha entendido. Não, isso poderia ser apenas sua imaginação.

— Hmmmm...

Parecia que ele estava aprendendo sobre física. Levou um tempo para entender aquilo. Se ele aprendesse, ele poderia usar para fazer várias coisas. Por outro lado, mesmo quando ele resolvia um problema usando uma fórmula, não parecia estar certo. Era isso que ele sentia.

— Eu não vou conseguir fazer isso até tentar na prática.

Ele fechou o livro depois de ler a página. Ele aprendeu a ordenar ao computador a resolver uma equação simples.

Mas ele ainda não entendia como tudo isso estava relacionado à criação de jogos. Quando o visual e os sons apareceriam?

Ele olhou o telefone, que também funcionava como um relógio, e descobriu que duas horas haviam se passado. Ele deve ter lido muito intensamente.

Mas ainda havia algum tempo até que a prova de Mashiro terminasse.

Com tempo sobrando, Sorata decidiu enviar uma mensagem para Ryuunosuke. Ele queria perguntar algumas coisas relacionadas à programação.

— O que você tá fazendo?

A mensagem foi respondida instantaneamente. Isso sempre acontencia quando ele mandava uma mensagem para Ryuunosuke.

— ^ No momento, Ryuunosuke-sama está obedecendo à sua teoria de “Um programador deve dormir oito horas por dia”, e está dormindo agora. Portanto, a mensagem que Sorata-sama enviou não pôde ser entregue. — De Maid-chan, que quer dormir ao lado de Ryuunosuke-sama, se possível. ^

Como de costume, o programa de respostas automáticas: Maid-chan, a empregada IA, que Ryuunosuke fez, parecia estar em ótimas condições.

Se ele estivesse dormindo, não havia como responder. Então ele só podia fazer uma coisa: Para matar o tédio, resolveu conversar com a empregada.

— Quando foi o seu primeiro amor?

A resposta veio instantaneamente e seu telefone vibrou.

— ^ Foi há 3 anos, na primavera. Eu me senti um pouco eletrizada quando vi seu rosto pela primeira vez. Eu nasci para servir essa pessoa. Ah... Ainda não consigo esquecer esse sentimento. Ahh, Ryuunosuke-sama... — De Maid-chan, que serve apenas Ryuunosuke-sama. ^

Parece que ela se apaixonou pelo Ryuunosuke, aquele que a criou.

Mas ela era muito bem feita. Se você usasse este sistema IA para criar um jogo de simulação de namoro, venderia como pão quente. Ele tem que falar sobre isso com Ryuunosuke no futuro. Embora Ryuunosuke iria responder de que não tem interesse nisso.

— E você não vai se confessar?

— ^ Eu sou apenas uma serva do Ryuunosuke-sama. Uma serva não pode ter sentimentos românticos por seu mestre. Então, serei feliz apenas por estar perto dele e enterrarei esses sentimentos no fundo do meu coração. — De Maid-chan, que está profundamente apaixonada. ^

Parecia que a empregada IA estava seriamente apaixonada, tanto que Sorata nem conseguia imaginar. Ele só queria matar algum tempo, mas quando a conversa ficou muito séria de repente, ele decidiu fazer uma pergunta engraçada para melhorar o clima.

— Qual é a cor da sua calcinha hoje?

Que tipo de resposta viria?

— É uma cueca boxer cinza. Kanda, você gosta de perguntar a cor da cueca de um homem?

— Eu não tava perguntando pra você!

— Eu acho que seu cérebro derreteu por causa do calor.

— Não, eu tava perguntando para a Maid-chan.

— Aqui vai um segredo: Kanda, se você chamar um idiota de idiota, você também se tornará um idiota.

Isso não teve nenhum sentido.

Sorata queria se explicar. Quando ele estava prestes a pressionar o botão de “Enviar”, o telefone começou a vibrar. Alguém estava ligando para ele.

Na tela estava o número de telefone da sua casa.

Agora que ele pensou sobre isso, ele não tinha avisado a eles que não iria voltar neste verão, e provavelmente era por isso que estavam ligando. Ele rapidamente enviou a mensagem e atendeu a chamada.

— Alô?

— Nada de “alô”, Mano!

— Ah, é só você, Yuuko.

— Não diga “É só você” para mim.

— O que você quer que eu faça, irmã?

— Você não deveria já ter vindo hoje? Por que você não nos avisou?

— Você é minha mãe agora?

— Eu sou sua irmã!

— Eu sei que é. Ah, eu não poderei ir, diga à mamãe e ao papai.

— Por que?! Não! Você tem que vir! Meus planos para as férias serão destruídos!

— Não posso, é algo difícil de explicar. Me desculpa.

Ele não podia dizer que não poderia ir porque estava ocupado cuidando de Mashiro.

— É por causa de uma garota.

Ela era inesperadamente inteligente. Talvez fosse o que chamam de “intuição feminina”?

— Não.

— Mano, sua voz tremeu.

— O que você quer dizer com “tremeu”?

— Não se faz de bobo.

— Tá, mas realmente não é nada.

— Você tem uma namorada? Então você não vai voltar porque quer fazer... fazer... eh... eh... coisas pervertidas com ela! Tenho certeza! Não tenho dúvidas disso! Seu pervertido!

— Não! Que tipo de imaginação... Não, olha o tipo de pensamentos pervertidos você tem. Estou seriamente preocupado com o seu futuro. Quando foi que você aprendeu essas coisas?

— Se não é isso, então você pode voltar…

Quando Yuuko disse isso com uma voz baixa, ele teve que se explicar.

— Na verdade, eu estou cuidando de alguns gatos.

— Gatos?

— Sim, eu preciso cuidar deles.

— Então traga eles! Eu também quero brincar com eles.

— Desculpa, mas não dá… São sete.

— Mentiroso…

— Eu não estou mentindo.

— Pegar sete gatos? Isso é muito estranho! Você está amaldiçoado! Como pegou tantos gatos em tão poucos meses?

— Se você fala desse jeito fica difícil de acreditar, mas confie em mim.

— Prove.

— O que?

— Envie algumas fotos dos gatos.

— Você comprou um telefone?

— Não… O Papai ainda é contra. Ele diz que é preocupante, perigoso e nada seguro. “Você não sabe o que pode acontecer, é um atalho para se tornar um delinquente juvenil…” Por que você não diz algo para ele? Se eu ganhar um, poderei mandar mensagens pra você sempre que eu quiser, seria incrível!

— Você não era a filha preferida?

— Não mude de assunto! Mostre alguma prova!

— Depois vou mandar algumas fotos para a mamãe.

— Agora!

— Eu estou falando com você agora. Em uma ligação.

— Você pode desligar, então.

Yuuko nem esperou pela resposta de Sorata e ela mesmo desligou o telefone.

Ele teve que enviar uma foto dos gatos para o telefone da sua mãe por um SMS. Era uma foto harmoniosa com todos os gatos agrupados.

Depois de um tempo, o número da casa de Sorata o ligou novamente.

— Oi.

— Mano, você está mesmo amaldiçoado...

— Costumava ser só um, mas, de alguma forma, acabou desse jeito.

— Isso é mesmo a sua cara.

Yuuko parecia um pouco triste. Parecia que ela ainda não conseguia aceitar que Sorata não iria voltar para casa.

— De qualquer forma, como estão as coisas por aí? A mamãe está bem?

— Sim, ela está bem. O mesmo para o papai.

— Não, eu não perguntei sobre o papai, e também não quero saber.

— Você não vai perguntar sobre mim?

— Bem, você cresceu?

— Eu... Eu não sei. Nossa, por que você está perguntando uma coisa dessas?

— Bom, eu não te vejo desde o ano novo. Você cresceu, certo?

— Eu- Mesmo que seja você, Mano, eu... eu não posso te dizer. Eu... eu fiquei um pouco maior, sim, mas foi só um pouquinho...

— Quantos centímetros você cresceu?

— Huh?! Pra que você está perguntando tão detalhadamente?! Ah, hmm... Cinco...

— O que?! Cinco centímetros? Você está crescendo muito rápido.

— Foram só 5 milímetros.

— O que? Só isso?

— Não fique tão desapontado… Seu idiota!

— Você não gosta de ser pequena?

— Claro que não! Nossa! Você tá perguntando demais!

Ele sentiu que havia um pequeno mal-entendido.

— Você é uma garota, então ser pequena…

Então, Sorata de repente percebeu.

— Só pra você saber, estou falando da sua altura, não do...

— Mãe! O Maninho está falando sobre coisas pervertidas!

— Ei! Espere, para, Yuuko! Espere! Por favor! Se você falar esse tipo de coisa, ela fará uma reunião de família!

Mas dava para ouvir apenas o silêncio no telefone. Ele podia ouvir apenas um pequeno som de conversa e também ouviu o som de um prato se quebrando.

— Então, Yuuko…

— Maninho, o Papai quer que eu te diga uma coisa.

— O que... Como assim... ? O Papai estava em casa? E o trabalho?

— “Eu não vou te dar minha filha! Eu renego você!”. Mas o que “renegar” significa? Mano, você está chorando?

— ... Eu quero chorar. Ha...

— O aconteceu, Maninho? Você tá com uma voz de alguém com olhos tristes.

Ele queria perguntar que tipo de voz era aquela, mas Sorata não tinha energia para isso.

— Ah, de qualquer forma, eu não vou poder ir. Eu não vou poder voltar por vários motivos, então, seja feliz com a Mamãe e o Papai.

— Certo… Certo, Anime-se, estarei sempre com você.

— Vou desligar agora.

— Certo, eu ligo de novo em breve.

Ele colocou o telefone na mesa depois de desligar. Ele torcia para que a parte de ser renegado fosse apenas uma piada. Sim. Foi uma brincadeira com certeza. Mas, pensa nisso: Não foi um estranho quem disse, mas sim o seu pai. Quando ele foi transferido para trabalhar em Fukuoka, ele disse que ficaria bem com ou sem o Sorata. Ele disse isso claramente. Mas ele também disse que não poderia viver sem a Yuuko.

— Huh? Então realmente acabou?

Não, não vamos pensar nisso. Não havia como ele ser deserdado da família. Foi só um mal-entendido entre eles.

Era isso que Sorata queria pensar.

— Ha...

Ele desabou sobre sua mesa.

Ele abriu o telefone para ver se Ryuunosuke respondeu.

No entanto, não houve resposta. Ele não precisava perguntar sobre programação com urgência, então ele decidiu perguntar mais tarde.

Sorata parou de pensar sobre isso e apenas suspirou.

Ele conseguia ouvir o som do vento, o som dos alunos fazendo atividades nos clubes, e tinha também o som de passos vindo em sua direção. O ritmo era curto, mas dava para ouvir.

O som dos passos parou bem na frente da sua classe.

— Kanda?

Quando ele olhou para cima, viu um conhecido bem na porta.

Era Nanami Aoyama, uma colega de classe.

— O que você está fazendo?

O rabo-de-cavalo dela balançou.

— Tô esperando a Shiina terminar as provas dela.

— Não entendi.

Ele achou que seria melhor se ela não entendesse mesmo, então, sem explicar, ele mudou de assunto. Se ele falasse sobre Mashiro, só iria se complicar mais ainda.

— E você, o que tá fazendo aqui?

— Nada.

Nanami não parecia estar mentindo. Ela entrou na sala de aula e se sentou em uma cadeira ao lado dele. Ela olhou diretamente para o quadro-negro e se perdeu em seus pensamentos.

— O diretor que te chamou?

Mas Nanami era uma aluna modelo, com boas notas e atitudes exemplares. Ela nunca chegava atrasada nem faltava aula, então era muito querida pelos professores. Sorata ficou surpreso ao ver alguém como ela, que não estava em nenhum clube, na escola durante as férias.

— É um pouco complicado.

Nanami, que estava com os olhos focados no quadro-negro, disse algo inesperado. Em seu rosto, ela não tinha sua expressão de sempre, ela parecia ainda mais confiante.

Sorata percebeu que Nanami estava olhando para ele, provavelmente ela queria dizer algo. Sorata notou isso e, por causa de sua personalidade, ele não podia ignorá-la.

Sorata falou com ela.

— Hmm, se quiser, você pode me contar o que está querendo. Não acho que eu vá servir pra muita coisa, mas pode me contar.

— Que bom. De qualquer forma, eu não esperava muita coisa, mesmo.
 — Ei, isso dói, viu.

Nanami pareceu satisfeita ao ver como Sorata agiu e sorriu. Ele queria reclamar, mas pensou que essa não era a hora certa para isso, então ficou em silêncio.

Nanami parecia ainda mais feliz e sorriu ainda mais. Ela suspirou e então começou a falar.

— Pra falar a verdade…

De repente, deu para ouvir o som de um estômago roncando.

— ...

— ...

Nanami olhou em volta. Sorata fingiu não ter ouvido.

— Na verdade, o professor me chamou...

E novamente, o barulho de um estômago roncado.

— ... — *tosse*— Isso é estranho. Eu acho que estou com um problema na garganta.

— Você precisa dela para o futuro, então cuide bem dela.

Nanami queria se tornar uma dubladora e estava matriculada em uma escola de dublagem.

— Sim... Sim, tem razão.

Novamente, o som de um estômago roncando.

— Ei.

Era quase impossível ignorar o barulho.

— Não, não é o que você está pensando.

O barulho de novo.

— Ah, o que é esse barulho?!

— Eu quem deveria falar isso! Eu tentei deixar passar, mas por que seu estômago tá roncando tanto?!

— Eu não estou fazendo isso porque eu quero! Se você queria ignorar, poderia continuar ignorando, né!

— Por quê você tá dizendo isso?

— Não precisa se preocupar comigo!

Nanami rapidamente se afastou dele.

Seu rosto estava vermelho e ela estava resmungando. Era culpa dela, mas ela preferia culpar Sorata.

Sorata pegou o baumkuchen de Mashiro e o ofereceu para Nanami.

— Tudo bem. Estou de dieta.

— Você não parece precisar perder peso.

— Você nunca nem me viu sem...

Nanami colocou as mãos na cintura e fez beicinho. Mas parece que ela não resistiu e olhou para o baumkuchen, como se estivesse pedindo por ele.

— Tá tudo bem, pode comer.

— Quanto vai custar?

— Nada. Estou te dando ele.

— Eu não posso aceitar sem pagar.

Sorata queria que os membros do Sakurasou também tivessem algumas das boas maneiras de Nanami.

— Então, são 100 ienes mais impostos.

Nanami pegou sua bolsa, mas derrubou o que tinha dentro dela. Três moedas caíram, Duas moedas de 10 ienes e uma moeda de 1 ienes. Um total de 21 ienes.

— Tá me zuando?

— Isso é tudo que eu tenho. Minha linha telefônica também foi cortada este mês...

— Sério?

— Por favor, não olhe para mim com esses olhos de lamento. No final da semana o dinheiro do meu trabalho de meio período irá cair na conta, então está tudo bem.

— Mas você só tem 21 ienes para hoje e amanhã... Por favor, coma este baumkuchen. Estou sentido dor vendo você nesta situação. Por favor, coma.

Sorata exagerou demais em suas ações e agarrou seu peito, fingindo estar sentido dor. Não, seu peito realmente estava doendo.

— Se você diz... Mas eu vou te pagar do mesmo jeito quando o salário cair. Não se esqueça disso.

Respondendo “Certo...” sem nenhum entusiasmo, ele deu o baumkuchen para Nanami.

Nanami rasgou a embalagem e mordeu um grande pedaço a ponto de se engasgar.

— Coma devagar!

Ele deu um tapinha nas costas dela, mas ela não parava de tossir. Sorata correu para o corredor e comprou um chá na máquina de venda automática ao lado da escada. Ele enfiou um canudo na embalagem do chá e entregou para Nanami.

— Ha... Achei que eu ia morrer. Obrigada.

— Eu não quero ser condenado como um assassino, então tome cuidado. “Uma garota foi morta ao comer um baumkuchen, o assassino apenas ficou de pé e assistiu.

— Eu também não quero isso.

Nanami o encarou.

— Mas eu não podia fazer nada, não comi nada depois do almoço de ontem.

— Que? Mesmo que você não tenha dinheiro, o dormitório tem obrigação de fornecer as refeições. O café da manhã e o jantar estão incluídos no aluguel do dormitório.

— Eu já te falei que estou sem dinheiro.

— Mas você tem 21 ienes.

Nanami olhou para ele com um olhar frio.

— Eu acho que você está tirando sarro de mim.

— Ah... Mas de qualquer forma, o que aconteceu?

— O pagamento do aluguel está um pouco atrasado...

— Um pouco?

— Cerca de 3 meses...

— Isso é pouco? Eu acho que você precisa aprender mais sobre essas coisas.

— Por causa do atraso, eu não ganho mais as refeições.

— Heh, assim como fazem com o gás e a água quando se é adulto.

— Fui chamada aqui por isso. Se eu não pagar até esse mês, eles vão chamar os meus pais.

— E seus pais viriam?

— Sim, eles são contra eu viver sozinha. E principalmente sobre eu me tornar uma dubladora. Eu disse que trabalharia para pagar minhas despesas pessoais e não causaria nenhum problema às outras pessoas, e também não contaria com a ajuda da família. Com essas condições, eles permitiram que eu estudasse nessa escola, e se a escola ligasse para casa por causa do aluguel do dormitório, seria um grande problema. Eu seria obrigada a voltar para Osaka com toda certeza.

— Entendo.

Nanami resumiu tudo como “É um pouco complicado”, mas a situação parecia ainda pior do que ela tinha dito.

— Já paguei metade da mensalidade do curso de dublagem, então se eu trabalhar duro durante as férias de verão, vai ficar tudo bem. Arrumei um novo emprego de meio pe-
ríodo.

— Mas você também tem que pagar a mensalidade do dormitório nas férias de verão.

— É... Estou pensando sobre isso também.

Nanami suspirou profundamente. Mas Nanami, que sempre estava com um sorriso no rosto, não parecia ter nenhum problema. Deve ter sido por isso que Sorata nunca percebeu o que havia com ela.

Então, Sorata, de certa forma, brincando, disse para ela:

— Então, por que você não se muda para o Sakurasou?

Nanami levantou um pouco os ombros. Ela virou a cabeça lentamente para olhar Sorata.

— O Sakurasou?

— É um dormitório bem antigo, mas o aluguel é barato. As refeições são preparadas e feitas pelo próprio aluno, então a gente pode comer o que quiser. Eu tenho que pagar também a ração dos gatos, mas ainda assim, estou gastando menos do que estava antes. E tem um quarto vazio na área das garotas.

— Hmm, entendo.

Nanami colocou a mão no queixo. Ela estava imersa em seus pensamentos.

— Mas o Sakurasou não é uma boa escolha.

— Bem, eu acho que aquele lugar não combina com você, e o jeito que os outros alunos vão te olhar olhar é bem triste... E também, parece que os professores sempre estão contra você... Realmente, não é uma boa escolha.

— Não foi isso que eu quis dizer.

Nanami parecia infeliz, como se estivesse magoada com o que Sorata havia dito, mas Sorata não conseguia entender o motivo. Ele sabia que ela ficaria ainda mais triste se ele perguntasse. Mas quando ela olhou para ele com uma cara assustadora, ele teve que perguntar:

— Então, o que você quis dizer?

— Tem garotos lá.

Nanami abaixou a cabeça e olhou para Sorata de canto de olho.

— Bem, o Jin-Senpai é realmente perigoso.

Ele o rei das festas do pijama e, atualmente, tinha seis namoradas diferentes, todas elas eram mulheres mais velhas que ele. Ele tinha um horário definido para voltar para o dormitório. Ele dormia com cada uma separando elas por dias da semana. Às vezes, ele nem voltava para o dormitório por uma semana inteira.

— Não é por causa dele, é porque você está lá.

— Aoyama... O que você acha que eu sou?

— Um homem, um macho, um predador.

— Eu não sou um predador! Não é como se eu fosse fazer algo só por que você está no Sakurasou. Eu nem me importaria com isso!

Com essa frase, o humor de Nanami mudou rapidamente.

— Quer dizer que eu não sou bonita?

Seus olhos refletiam sua força de vontade, até pouco tempo atrás, os olhos dela estavam tremendo. Ela virou a cabeça preocupada, mas continuou a olhar para Sorata.

— N-... Não, não é como se eu tivesse dito que não te acho atraente.

— Então, o que significa isso que você disse?

A voz dela entrou nos ouvidos de Sorata de uma forma tão afiada, que fez ele perder até a capacidade de pensar.

Tudo que ele podia fazer era abrir e fechar a boca, igual um peixinho dourado.

— O que você acha de mim?

Nanami o perguntou, e Sorata só pôde dizer:

— Você é! Você é atraente! Eu só tava com vergonha, eu sou muito tímido. Se você realmente vier para o Sakurasou, eu acho que vou sangrar pelo nariz todos os dias e morrer de hemorragia.

Nanami, que estava olhando para Sorata, cuidadosamente se segurou com os braços e começou a rir incontrolavelmente.

— Uh, Aoyama? Você estava tirando sarro de mim?

Nanami se levantou e enxugou as lágrimas de tanto rir.

— Você é tão fácil de entender.

— Você...

— É melhor você ter mais cuidado, as mulheres são astutas, você sabe disso.

— Especialmente você, Aoyama... Já que você é boa em atuação.

— Obrigada, esse é o melhor elogio que eu poderia receber.

Depois que Nanami disse isso, ela se virou como se tivesse notado algo. Ela estava olhando para Sorata... Não, ela estava olhando para trás.

Quando Sorata se virou, viu Mashiro na porta.

Mashiro olhou para Sorata, olhou para Nanami e olhou para Sorata novamente.

— Você terminou as provas? Que rápido.

Ela foi até Sorata e colocou as folhas de respostas na mesa.

Sorata as pegou e verificou cada uma delas. Cinco provas no total. Essas eram todas que ela tinha que fazer hoje.

Nota 100. Uma sequência de cinco notas 100.

— Você poderia me elogiar.

— Por que eu deveria!? Sua trapaceira!

— Não precisa ter vergonha.

— Eu não estou com vergonha! Isso é tudo graças a esse seu outro talento bem conveniente para memorizar as coisas. Peça desculpa para todos os alunos que realmente estudam de verdade.

— Desculpa.

— Pelo menos finja que se importa!

— Desculpa?

— E por quê virou uma pergunta?!

— Uh, Kanda?

Nanami falou com ele, na tentativa de entrar na conversa.

— Ah , desculpe. Meu corpo agiu sozinho.

— Isso... não é bom, não é?

Mashiro puxou Sorata pela manga da sua camisa.

— Huh? Ah, ela é minha colega, Nanami Aoyama.

Quando Sorata apresentou Nanami, Mashiro teve uma reação inesperada.

— É a que faz a voz no anime da Misaki.

— Bem, é ela, como você sabe?

— Eu ouvi a Misaki dizer o nome dela antes.

— Mas é muito estranho você se lembrar de alguém só de ouvir o nome.

— É porque era um nome bonito.

Quando Mashiro disse isso com uma expressão séria, Nanami foi pega de surpresa e só conseguiu responder assim:

— O…Obrigada.

— Você provavelmente já sabe quem é, mas ela é a Mashiro Shiina, ela mora no Sakurasou, assim como eu.

— Sim, eu sei. Ela é famosa.

Toda a escola prestava atenção em Mashiro após descobrirem que ela é uma pintora mundialmente famosa. Provavelmente não havia nem um aluno em toda a escola que já não tivesse ouvido falar sobre Mashiro.

Mesmo quando seu nome foi mencionado, Mashiro manteve um rosto sem emoções e ficou ao lado de Sorata.

— Sorata

Ela o chamou pelo primeiro nome, como de costume.

— Chamando um ao outro pelo primeiro nome...?

Nanami murmurou baixinho, mas Sorata não ouviu.

Antes que Mashiro pudesse dizer mais alguma coisa, Sorata pegou um baumkuchen e entregou para ela.

— Esse é o último, então aproveite.

Seus dedos pálidos e finos pegaram o pacote.

Mashiro não tentou comê-lo, ela só olhou para Sorata.

— Quero comer o pão de melão de luxo da Padaria Hashimoto.

— Por que você só se lembra de coisas inúteis...?

— Você não tem nenhum?

— Não reclame e apenas coma esse que você tem.

Mashiro acenou com a cabeça e começou a comer o baumkuchen depois de tirá-lo da embalagem. Parecia que ele estava alimentando o seu bichinho de estimação.

Nanami pareceu surpresa e olhou para Mashiro.

Não se passou nem 3 segundos, e sem ninguém esperar, Mashiro começou a dormir em pé.

— Ei, não durma!

Sorata deu um leve tapa na cabeça dela. Mashiro abriu os olhos e, como se nada tivesse acontecido, ela voltou a comer o seu baumkuchen. Mas depois de 10 segundos, ela começou a dormir de novo.

— Eu te disse para não dormir!

Desta vez, ele colocou o dedo na testa dela. Como antes, ela simplesmente abriu os olhos e voltou a mastigar o baumkuchen.

— A Shiina é uma pessoa única. Eu percebi isso agora...

Nanami escolheu suas palavras com cuidado e expressou seus pensamentos.

— Isso não é nada.

— Sério?

Enquanto Sorata e Nanami conversavam, Mashiro já estava na terra dos sonhos pela terceira vez.

— Dá um tempo, né!

Pensando que seria a última vez, Sorata deu outro tapa de leve na cabeça de Mashiro.

— Estou com sono.

— Não é o lugar nem a hora certa para isso.

— Você não me deixou dormir na noite passada.

— Huh?

— O que?!

Sorata e Nanami se surpreenderam juntos.

Imediatamente Nanami olhou para Sorata com olhos de reprovação.

— Isso não é verdade.

— Sorata, você não foi nada bom, mas mesmo assim quis continuar.

— Dá pra se calar, por favor?!

— Você é quem deveria se calar, Kanda!

Por alguma razão, ela brigou com Sorata. O rosto de Nanami estava muito vermelho, e ela estava entendendo errado a situação.

— A gente ficou fazendo isso até de manhã, meu corpo está todo dolorido.

— Ka… Kanda... Você...!

— Não, não é isso! Não é o que você está pensando! A gente tava jogando! A gente ficou jogando ontem à noite até de manhã! É verdade! Acredita em mim!

— Sério, Shiina?

No momento mais importante, Mashiro adormeceu novamente.

— Acorda! Shiina! Se você não me ajudar aqui, eu vou morrer!

Mashiro abriu os olhos e olhou para Sorata igual um gato.

— Estávamos jogando. Não é, Shiina?

— Sim.

— Ahh... Mas vocês estavam jogando a noite inteira juntos no mesmo quarto? Se continuarem com isso, pode acabar acontecendo aquilo!

— Está tudo bem. O Jin-senpai e a Misaki-senpai também estavam com a gente.

Olhando para Sorata, que estava trabalhando duro para resolver esse mal-entendido, Mashiro deve ter se cansado de ficar em pé, por que ela se apoiou em Sorata, enquanto se sentava na metade da cadeira em que ele estava sentado.

Ela começou a dormir tranquilamente.

Dava para sentir a pele macia e o calor de Mashiro, porque o corpo deles estava se tocando.

Mashiro fez isso com uma naturalidade tão grande, que Sorata perdeu toda a credibilidade de explicar o mal-entendido para Nanami.

Aos olhos de Nanami, Mashiro e Sorata estavam agindo naturalmente. Dava para ver que ela achava isso só de olhar para ela.

— O que... O que aconteceu, Aoyama?

Ele sabia qual seria a resposta dela. Tudo que ele tinha que fazer era esperar ela responder o que ele já esperava.

— Vocês dois estão saindo?

Nanami perguntou isso com clareza. Sorata estava com a mão levemente trêmula.

— P... Por que você acha isso?

— Devo dizer que é a distância, tipo... Agora mesmo...

Sorata rapidamente sacudiu Mashiro para acordá-la enquanto levantava da cadeira. Ele ainda podia sentir o calor dela, aquilo mexeu com o coração de Sorata.

— Se vocês não estão saindo, que tipo de relação vocês têm?

— Somos apenas colegas de dormitório.

Sorata fez um sinal para Mashiro, para que ela não dissesse nada desnecessário. Mashiro concordou levemente com a cabeça. Eles fizeram tudo isso por contato visual.

Assim que Sorata pensou que estava seguro, Mashiro olhou para Nanami com um rosto sério, e disse:

— O Sorata é meu mestre.

Sorata sentiu uma nevasca entrando na sala.

A sala ficou com uma atmosfera gelada.

Nanami ficou totalmente sem expressão e apenas piscou os olhos, sem palavras.

— Shiina! Por que você sempre diz coisas desnecessárias na hora errada?

— Me... Mestre...?

Os ombros de Nanami começaram a tremer, o punho dela, que estava cerrado, tremia ainda mais. Ela rapidamente olhou para Sorata com olhos afiados.

— Ka... Kanda! Você não tem permissão para fazer isso!

Nanami se levantou e começou a dar uma palestra para Sorata.

— Heh, vou levar um sermão.

— Seria diferente se vocês fossem um casal... Mas, o "mestre" dela? O que você acha que está fazendo?! Um colegial não deveria estar fazendo essas coisas.

Em seu próprio discurso sobre coisas pervertidas, Nanami rapidamente ficou corada. O que ela pensou quando Mashiro disse que ele era o “mestre” dela? Tudo que Sorata sabia era que Nanami estava pensando em coisas safadas.

— Isso é um mal-entendido, Aoyama!

— Guarde suas desculpas!

Com os olhos lacrimejando, Nanami continuou a encarar Sorata.

— Não, eu tô te dizendo que isso é tudo um mal-entendido.

— O que você tá dizendo? Você é louco? Um... Um mestre... Mestre... Você está louco?

— Ah! O que eu preciso fazer para você acreditar em mim?

— Tenho uma ideia...

Os olhos de Nanami se iluminaram, e ele sentiu que não seria algo bom.

— O que... O que é?

Ele tinha um pressentimento muito ruim sobre isso.

— Eu vou...

Antes de falar mais, ela respirou fundo, encarou Sorata e falou com uma voz fort:

— ...me mudar para o Sakurasou e confirmar isso por mim mesma!

O rosto de Sorata congelou e Mashiro voltou a dormir.

Foi Sorata quem sugeriu que ela fosse para o Sakurasou.

Mas isso foi para ela morar lá e não para precisar se preocupar com o aluguel, não para ficar inspecionando a vida cotidiana de Sorata.

— Não é bom apressar as coisas, Aoyama! Primeiro você precisa se valorizar.

Se ela visse o tipo de relação entre Sorata e Mashiro, seria muito ruim para Sorata. Porque não importa como se olhasse, a relação deles definitivamente não era algo normal.

Como se estivesse gostando do estado de pânico em que Sorata estava, Nanami voltou para seu rosto de sempre.

— Por favor, cuide de mim, Kanda.

Naquela noite, durante a reunião de emergência do Sakurasou, Chihiro falou que uma nova pessoa estava se mudando para lá, a pessoa se chamava “Nanami Aoyama”.

Aparentemente, a escola deixou ela se mudar de bom grado sem nem mesmo discutir, deve ter sido por causa das mensalidades atrasadas do dormitório.

A data para a chegada dela foi marcada para o dia 1 de Agosto. E como Nanami não tinha dinheiro para um caminhão de mudanças, os moradores do Sakurasou teriam que ajudar ela com a mudança também.

22 de Julho.

O registro da reunião do Sakurasou:

— Nanami Aoyama, do segundo ano, se mudará para o quarto 203. A festa de boas-vindas acontecerá no dia em que ela se mudar. Primeiramente, quem convidou ela, que no caso foi o Sorata, não tem o direito de reclamar de nada. Vamos aproveitar ao máximo. Eu acho que ele não vai se segurar até o dia 1º de agosto, então, por favor, preparem seus corações. — Secretário: Jin Mitaka

— Misaki-senpai, por favor, não faça nada inútil! — Adicionado por: Sorata Kanda.

— Neste mundo não há nada que seja inútil! — Adicionado por: Misaki Kamiigusa.



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