Filho das Cinzas Brasileira

Autor(a): Hiore


Volume 1

Capítulo 9: Uma morte magnífica

Uma morte magnífica

No subsolo do colégio, em meio a pilha de destroços chamuscados, jazia um grande cadáver do que tinha sido um monstro. Sua pele queimada estava preta, se misturando de forma mórbida com a escuridão do local, onde sua carcaça ficaria esquecida até apodrecer.

Não muito longe, estava Leo, com as roupas rasgadas e deitado no chão. Suas feridas já haviam sido cauterizadas pelas chamas, mas seu rosto revelava uma dor profunda, que tomava todo seu corpo e principalmente sua mente. Conforme memórias se misturavam, ele arranhava o solo com tanta força, que suas unhas quebraram e sangue pintou o cimento de vermelho.

Por fim a resistência sumiu do seu corpo, de súbito, ele teve um último espasmo de dor, então silenciosamente desmaiou. Pela primeira vez em muito tempo, seu rosto mostrava uma paz genuína, conforme ele caia em um sono profundo, completamente alheio ao mundo ao seu redor.

O silêncio reinou naquele grande estacionamento…

No entanto, a paz era sempre passageira. Das sombras, um ser estranho se revelou. Era um homem alto, de pernas alongadas, braços finos, tinha olhos e cabelos escuros como a noite e trajava um terno preto, com luvas pretas e sapatos pretos. Na escuridão do lugar, era quase como se ele fosse apenas um rosto pálido flutuando.

Sem se comover por um segundo sequer com a cena de caos e brutalidade em sua frente, ele deu 5 passos perfeitamente simétricos, arrastando sua alma cansada até perto do monstro derrotado. Seus olhos velhos e desgastados, analisaram cada centímetro da besta, a conclusão foi absoluta:

— Reporte para a grã Mestra, o espécime 87 está inútil, não creio que seja vantajoso mandar uma equipe para recolher seus restos mortais. — Tal qual sua voz fria cessou e o silêncio tomou o lugar de novo, um pequeno cristal na ponta do botão do seu terno brilhou em um tom amarelado, mas logo se apagou.

Sem olhar de novo para o animal, seguiu para o segundo cadáver naquela sala: Caio. Como esperado, ele não serviu para nada, pensou com sigo mesmo, mas não teve coragem de relatar essa opinião. De forma solene disse:

— O traidor conveniente denominado Caio morreu. — Novamente o cristal brilhou e apagou logo em seguida. Tendo enviado seu relatório, o homem suspirou longamente.

Silenciosamente, se abaixou e, sem vontade, vasculhou o cadáver com cuidado, mas não tinha sobrado nem um dos cristais que Caio ganhara. Que desperdício. Com uma expressão de nojo no rosto, trocou suas luvas sujas de sangue por um par novo, então deu as costas para o garoto.

De novo com passos simétricos, seu alvo agora era a causa de toda a dor de cabeça. Então esse é o residente irritante que apareceu do nada. Enquanto encarava com certa respeito o corpo desmaiado de Leo, o homem pensou. Então ficou ali parado, apenas observando-o por quase 5 minutos, sua mente parecia ter dificuldade de encontrar a forma mais digna de eliminar aquela pessoa.

O silêncio que tinha se tornado uma norma absoluta naquele curto tempo, voltou a ser quebrado com o sutil estalar da eletricidade estática que se acumulava ao redor do homem. Será perfeito. Ele sorriu pela primeira vez em muito tempo, então tirou sua luva, revelando sua pálida e magra mão ao mundo.

Com calma, se abaixou e tocou a testa do garoto, enquanto isso a energia continuava se acumulando e se acumulando. Seu sorriso se aprofundou. A conclusão a qual tinha chegado era magnífica, ele fritaria o cérebro de Leo com uma única descarga elétrica. Dessa forma, poderia evitar sujar suas mãos com sangue e poderia facilmente guardar o belo corpo do garoto na sua sala de troféus.

Agora acabou, parabéns por ter lutado bela e bravamente. Solenemente, o homem fechou os olhos e Leo os abriu.

Em meio aquele breu, um forte brilho laranja se revelou… Eram os olhos do garoto.

De repente, Leo reagiu, agarrou com enorme força o pulso do inimigo desconhecido, Um crac perturbador se espalhou, conforme os ossos eram quebrados.

O fogo começou a se espalhar, então a escuridão sumiu completamente do lugar. 

De forma clara, uma expressão de fascínio podia ser vista naquele rosto pálido, ao mesmo tempo, seu olhar revela uma pequena dica de medo.

 

 

Longe daquilo tudo, Michele era quem seguia na frente, enquanto o grupo que ficou para trás subia as escadas rapidamente. Por sorte, não encontraram nenhum problema no caminho.

— Vamos parar aqui — Sophia disse. — Ana, conto com você.

— O-ok. — Aquela mulher continuava tendo um olhar assustador, Ana não conseguia encará-la.

A garota se sentou no chão em posição de meditação, então sua tatuagem em forma de borboleta brilhou forte. Pronto, tinha abandonado seu corpo e controlava um semi-transparente.

Ana sabia que não conseguia manter aquilo por muito tempo, por isso subiu os últimos lances de escada correndo. Chegou a onde a luz do sol deveria estar, mas só encontrou um vermelho intenso.

Correndo pelo corredor, se deparou com o hall da escola, um amplo espaço aberto. Era um lugar que deveria ser animado, cheio de funcionários indo de um lado para o outro, mas estava destruído, as lâmpadas quebraram, os quadros da parede caíram, havia destroços espalhados por todo canto.

No primeiro passo que tentou dar, a viscosidade do chão prendeu seu pé, era sangue que começava a secar. O mais assustador era a falta de corpos, algo definitivamente estava errado… 

Plat! Ouvindo passos, Ana entendeu que não tinha tempo pra pensar na falta de cadáveres.

Monstros, vários deles, lobos com um focinho estranhamente retorcido, cujos pelos brancos estavam completamente pintados pela morte. 

Ao sentirem um corpo estranho, avançaram…

Nem 10 segundos, Ana foi destruída sem ver o que aconteceu, só sentiu seu novo corpo ser mastigado em instantes.

— Ahhh! — A garota gritou em desespero e abriu os olhos. Estava suando frio, sem conseguir parar de tremer, ela tentou respirar fundo e relaxar, mas o ar não entrava no pulmão, por toda a parte, ainda tinha espasmos de dor.

— Aconteceu algo? — Sophia foi a primeira a perguntar.

Ainda com muita dificuldade para falar, a garota tentou explicar o pouco que viu. Depois explicou melhor como sua habilidade funcionava, contou que a dor, tal como outras sensações que sua alma tinha, era transmitida ao corpo original. Por mais que não se machucasse de verdade, sentia a dor de ser atacada pelos lobos.

— Por que não contou para ninguém sobre isso? Não teríamos usado sua habilidade indiscriminadamente se tivesse avisado. — Ana se surpreendeu, não esperava que aquela loira assustadora se preocupasse tanto com ela.

— Bem… — desviou o olhar tímida — você disse que estava contando comigo, então não po-podia… — em seguida, sussurrou palavras quase inaudíveis — não podia falhar. Desculpe por não ter dito tudo sobre meus poderes antes.

Uma surpresa surgiu nos olhos inquisitivos de Sophia; sem saber como responder direito, deu alguns passos para trás, ela entendeu que estava exagerando. Nunca admitiria, mas se arrependeu de suas palavras ditas ao vento e pouco pensadas.

 — Enfim, não se preocupem comigo — Ana falou firmemente. Se levantou com certa dificuldade e movimentou o corpo exageradamente. — Como podem ver, estou bem, é um pouco incômodo, mas consigo aguentar. Vou lá de novo, podem contar comigo.

Michele olhou para Sophia por um bom tempo, estava esperando algo, mas nada aconteceu, a loira estava em um silêncio completo. A professora suspirou e resmungou alguma coisa, então se virou para Ana e disse:

— Garota, não precisa se preocupar tanto, já sabemos que o caminho está relativamente limpo e que o fenômeno estranho continua. Não tem o que ser feito, precisamos voltar e falar com os outros, então decidimos como lutar com os lobos.

— Mas posso conseguir mais informação.

— Tipo o que? Até seria bom saber como eles lutam e atacam, ou um pouco mais sobre como as coisas estão lá em cima, contudo você teria que morrer demais para isso. Melhor, não vou nem falar sobre aguentar a dor, duvido que tenha energia para usar sua habilidade mais 4 ou 5 vezes. 

Com isso, Ana acabou cedendo, tudo que a professora tinha dito era verdade, principalmente sobre a energia, dificilmente a garota conseguiria usar sua habilidade mais três vezes, duas seria, provavelmente, o seu limite.

Assim, o grupo decidiu voltar. Para ser mais rápido, mandaram dois voltarem correndo para o auditório, enquanto os outros conferiram se estava tudo bem na busca pelo Caio.

Como a habilidade da Ana era a melhor para procurar coisas, ficaram Sophia, Michele, Felipe e ela. Logo encontraram um lugar mais fechado e conveniente, a garota ficou protegida no meio dos três e ativou seu poder para atravessar paredes em busca de caio.

Infelizmente, não demorou muito e um problema aconteceu, o grupo ouviu barulho de passos vindo das escadas: eram os lobos, por algum motivo, eles decidiram descer para caçar.

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Nota:

Voltei espero.

Enfim, para quem quiser, esse é meu server do discord: Aqui



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