Farme! Brasileira

Autor(a): Zunnichi


Volume 2

Capítulo 74: Inferno

Qualquer demônio que olhasse de fora acreditaria que o rei estaria impondo uma posição de herói à frente de um terrível monstro marinho que ameaçava destruir tudo o que construiram.

Em tese, era para ser visto assim, mas por Igibris ter ativado o poder de seus olhos, a coisa mais parecia como dois poderosos deuses se enfrentando de igual para igual.

Claro, Lucas era o “bonzinho” da história, no entanto, vestido no manto de uma monstruosidade aquática, era fácil para qualquer pessoa confundí-los. 

O rei demônio olhou para a forma evoluída do seu inimigo. Como iam se soltar por completo, então ele permitiu que suas asas demoníacas se abrissem e seu corpo assumisse seu lado diabólico.

Os braços, pernas e todo o resto ficou reforçado por uma cor mais escura, os chifres cresceram e deram mais voltas para sinalizar sua mudança de poder

Junto a isso, a lança vermelha ganhou diversos olhos ao longo da lâmina, além do cabo ser revestido por carne e vísceras para representar o destino dos inimigos que cruzaram o caminho com o rei demônio.

“Aquela lança tem uma aparência muito foda, eu quero”, pensou Lucas, analisando o item. “Uma pena que ia ficar igual um graveto na minha mão enquanto uso a habilidade do bracelete.”

O permanecia gelado, mas os arredores de Igibris ainda eram quentes como o interior de um vulcão, derretendo qualquer traço de geada que se aproximava dele.

O primeiro movimento veio do rei demônio, que encurtou a distância entre ao impulsionar os pés contra o chão. O rapaz monstrificado abriu a boca no momento em que ele chegou perto demais.

 

Habilidade ativada: Monstro do Mar

 

Uma esfera condensada de gelo se acumulou à frente da cabeça, voando na direção do inimigo como se fossem chamas vivas, ao mesmo tempo que transformando parte do vento em granizo. 

Igibris jogou a mão à frente e invocou uma rajada de fogo, que foi rapidamente consumida pela friagem e quase o pegou desprevenido.

Se não fosse pelo movimento rápido de girar a lança e restabelecer o calor ao longo da arma por meio da magia, ele teria virado picolé. 

— Calma, que tem mais! — declarou Lucas, usando a varinha para disparar uma sequência de jatos d’água.

O rei demônio não se importou muito com os ataques, estava mais preocupado com o raio de antes, então evaporar aquelas magias mais simples era uma coisa fácil.

A cortina de vapor virou um problema quando o corpo gigantesco de Lucas desapareceu, deixando-o numa posição desfavorável e com um campo de visão extremamente limitado.

O monstro ressurgiu com um punho que o pegou desprevenido e o tirou do meio da névoa, ao mesmo tempo que o jogando para longe do ponto em que originalmente parou.

Igibris estava ficando impaciente, as veias em seu rosto pulsavam, aquele humano causou tantos problemas e estava facilmente conquistando a luta como se não fosse nada.

Ele ainda não havia usado seu arsenal porque imaginou não precisar, mas quanto mais o tempo passava, mais evidente que não conseguiria fechar o espaço de força entre os dois.

Sendo assim, só havia uma escolha: usar suas magias profanas, mesmo que se sentisse humilhado.

Igibris levantou a mão, correntes se desdobraram ao redor de seus dedos e uma silhueta apareceu atrás dele, sem ter uma forma distinta, mas com um grande sorriso maléfico no rosto.

— Eu, Igibris, conjuro a Agonia do Abismo e sacrifico o meu sangue!

 

Agonia do Abismo

Feitiço de 4° nível.

 

Uma magia que traz o sofrimento dos maiores pecadores de todos os tempos, selados em diversas correntes que aprisionam o alvo escolhido e o torturam por meio de espinhos de sangue.

 

A silhueta virou um homem com uma armadura de ferro pesada, muito maior do que o rei demônio, tendo uma mascara de metal que possuía um sorriso macabro de orelha a orelha.

Sua cabeça era como um objeto cheio de espinhos, esses mesmos espinhos envolveram as correntes nos dedos de Igibris, retirando gotas de seu sangue e dando cor ao metal.

Dezenas de correntes voaram contra a névoa, retirando o excesso de vista e relevando a figura de um monstro peixe ali, enrolando-o com força e perfurando parte de sua pele em espinhos.

— Merda, que droga é essa?! Ai! — O aperto era forte, tirando parte do sangue roxo dentro da pele grossa do monstro. — Destransformar!

Lucas imediatamente encolheu e escapuliu das correntes, mas no mesmo momento se viu alvejado de novo pela maldita magia. 

Ele ativou sua magia Demolir, abrindo um buraco no chão conforme a Arte Sequência Mortal o fazia liberar uma chuva de golpes de katana que repeliram o avanço das correntes.

Abaixo do nível do solo, utilizou a varinha e conjurou duas magias ao mesmo tempo, Jato d’Água e Estilhaços Gelados, pavimentando o terreno abaixo com gelo.

Parte das correntes ficaram presas umas nas outras e a baixa temperatura ajudou a grudá-las no lugar, mas algumas ainda o perseguiam.

Lucas abriu caminho de volta à superfície, tendo que realizar piruetas para evitar ser pego novamente, mas dessa vez indo na direção do rei demônio.

Igibris se preparou para qualquer golpe que viesse com sua lança, mas não esperava que o inimigo saltasse acima dele e no meio do ar girasse com a varinha apontada na sua direção.

As correntes ainda estavam voando no meio do ar, até uma súbita sensação de frio tomar conta do ambiente mais uma vez. A temperatura já havia abaixado antes, mas agora parecia mais perto de estarem no espaço sideral do que perto de um vulcão.

 

Nevasca

Feitiço de 5° nível

 

Libera os portões para o inferno congelado. 

 

Um desastre natural se aproxima do ambiente escolhido.

 

Igibris sentiu seu coração pesar, suas pernas precisavam se mexer mesmo que estivessem pesadas. Ele ativou o poder de seu olho mais uma vez, a cruz no centro brilhou com mais intensidade.

Chamas cruzaram o ar, tentando enfrentar a força da natureza que vinha em direção contrária a sua, mantendo-o esquentado o bastante para não congelar.

No entanto, toda aquela parte da borda do vulcão foi pega pelo inevitável evento, o céu foi tomado por nuvens cinzas e neve caiu como uma tempestade no meio do oceano.

A neve logo virou em pesados blocos de gelo, que esmagaram as correntes contra o chão e construíram um novo castelo para o vulcão.

A cruz permaneceu intensa e formidável no meio do ambiente, já Lucas havia desaparecido no meio do caos. 

O rei demônio mordia os lábios de ansiedade, um de seus braços mal funcionava direito por conta daquele raio congelante, enquanto o outro somente levava consigo a lança.

Ele cortou o membro paralisado fora, as labaredas reconstruíram um novo e perfeitamente funcional, que serviu para o propósito de sua magia.

— Eu, Igibris, conjuro a Resiliência Infernal e ofereço o meu sangue!

 

Resiliência Infernal

Feitiço de 4° nível.

 

Oferece ao usuário uma parcela de força dos mais poderosos seres do abismo, ao custo de uma parcela da sanidade.

Seus atributos aumentaram em 50%.

 

O corpo do rei demônio foi cortado diversas vezes por suas unhas, como forma de se controlar das vozes e gritos que encheram sua cabeça.

Seu sangue desenhou um rio vermelho sobre a neve, mas também possuíam sua devida função. Ele moveu a mão em diversos gestos diferentes, seu próprio sangue no chão voou pelo céu.

Centenas de milhares de agulhas cobriram o campo de batalha, cada uma fazendo sua trajetória maluca para encontrar o garoto que trouxe o tal desastre natural.

No entanto, nenhuma o achou, ao invés disso ele reapareceu puxando a perna do rei demônio para baixo da terra e subiu para acertá-lo com um chute no meio do rosto.

A marca de tênis ficou estampada na cara de Igibris, sua consciência vacilou por um momento, um segundo chute a fez retornar e assim ele pôde de alguma forma reagir.

Quebrou o chão com sua própria força e recuou o equilíbrio, mas ainda não fazia sentido ter ficado insconciente por um mero chute, foi aí que reparou numa coisa interessante.

O corpo de Lucas estava avermelhado, representando que o sangue corria mais rápido que o normal, além de emitir um forte “Tum-Tum” a cada movimento que fazia.

 

50% do Potencial Liberado. . .

Reajustando potencial para 40%.

 

O rapaz pareceu encolher, as batidas ficaram mais fracas e sua pele recobrou parte do tom normal. Ele respirou fundo, como se estivesse tenso.

Igibris se atentou àquilo. Tendo reparado que suas chamas não causavam tanto dano quanto gostaria, sua estratégia se resumiu a estocar e ocasionalmente usar seu sangue como forma de aumentar a pressão.

Ambas as magias que usou desgastaram demais seu corpo, e ainda muitos litrso de sangue foram consumidos no processo, logo, repetir o processo seria o equivalente a querer se matar.

No entanto, Lucas de alguma forma resistia às investidas e ao sangue de Igibris que tentava matá-lo de algum jeito.

Em determinado momento, o rapaz mudou de volta para a forma de monstro marinho, e mesmo que sua pelagem fosse azul, estava avermelhando por conta da habilidade de melhoria física.

Os dois agora estavam no mesmo nível, os socos pesados de Lucas faziam o chão tremer, enquanto a lança de Igibris cortava o vento com facilidade e afastava qualquer coisa ao redor.

Os generais demônios se reuniram muito longe para assistir a luta, encantados pela cena. Até Lilith se reuniu, comendo pipoca junto dos demais e com um óculos que convenientemente permitia ver a luta de longe.

— Não tem nenhum perigo do meu amor e o Igibris morrerem, né? — perguntou a súcubo, com a boca cheia.

— Não acho que seja possível — respondeu Philomeu, deitado numa cadeira e com a ajuda de um servo demônio tomando um refresco. — O lorde é muito poderoso, aguentaria até mesmo a queda de um meteoro. Coloco minhas fichas no lorde.

Krevo e Aegis concordaram com a cabeça, também apostando na mesma pessoa, enquanto Lilith, agindo como uma pessoa totalmente do contra, apostou até a cauda que seu amor ganharia.

— Por sinal, por que você está aqui, mesmo sendo uma traidora? — indagou o copiador, tendo que mexer os olhos e pescoço lentamente na direção dela.

— Não achei que fizesse mal, e também, se o meu amor ganhar, ele se torna o novo rei demônio por conta das nossas leis, mas se o Igibris ganhar, eu só preciso me matar mesmo.

— Você está falando sério? Tsc, o que tem naquele cara pra você, que tinha jurado lealdade eterna ao rei demônio, agir assim?

— Ele é um homenzão de palavra e classe. Todo cavalheiro, puro e inocente… Hah, eu queria arrancar a pureza de dentro dele…

— Então é tudo por causa disso. Você nos dá nojo ainda, Lilith.

A súcubo mostrou a língua e ia retrucar, mas um tremor no chão a impediu. 

Os quatro generais demônio voltaram o rosto para a luta, uma grande explosão tomou conta do lugar em que aqueles dois estavam.

Lucas, com a pele meio chamuscada, se encontrava no epicentro dessa explosão, enquanto Igibris estava no meio do ar e em queda livre. 

— Hahahah! Eu sabia que não resistiria a esse ataque de fogo, humano! Sua fraqueza, no final das contas, é o elemento que mais domino!

“Que merda esse cara tá falando? Isso nem causou dano direito.”

— Agora, prepare-se, humano! Eu irei matá-lo, de uma vez por todas!

A lança tomou as visceras e se tornou quase uma criatura viva, se não possuísse aquele pedaço de metal na frente como indicador de ser uma arma, facilmente seria confundida com um bicho.

O rapaz olhou para cima, pelo jeito o rei demônio estava focado em acertá-lo com aquilo custe o que custar. De qualquer jeito, era a chance perfeita para que ele vencesse.

Era hora de usar seu trunfo.

 

60% de Potencial Liberado

 

A habilidade Predador Natural foi ativada.

Os atributos foram aumentados em 10%.

 

A arte Postura de Contra-Ataque foi ativada

A habilidade Contra-Ataque foi ativada

A arte Um Dois Potencializado foi ativada

 

Aumento total de Força: 400%

Atributo Força: Acima de 1250

 

Um soco atingiu o rosto de Igibris, parando-o no meio do ar, já o segundo… absolutamente selou o seu destino.

 

Você derrotou o Rei Demônio Igibris.



Comentários