Volume 2
Capítulo 29: Resetado
Um pequeno aviso aos leitores mais antigos. Como estou ainda revisando os capítulos antigos, estou também tirando ou recolocando certas palavras/conceitos em lugares melhores ou por falta de necessidade delas.
O nome Cronicas de Lorisque foi alterado para Cronicas do Rei, enquanto o conceito de Alitium foi completamente removido. Espero que não se incomodem com essa pequena mudança.
Farme é uma obra relativamente simples, mas ser constante nela tem sido um desafio, então só tenho a agradecer aqueles que tiveram paciência para os novos capítulos. Comecei ela já faz exatamente um ano, e estou feliz que mesmo não sendo minha melhor obra e talvez uma que alguns considerem não muito boa, ainda consiga divertir aqueles que querem algo leve e um pouco "besta" de se ler. Obrigado por continuarem lendo.
Desejo também um feliz natal e um feliz ano novo a todos. Aproveitem o combo!
Todos os seus itens foram vendidos e seus feitos foram convertidos em pontos.
2.500 unidades adicionadas à loja.
O nível foi resetado para 0 novamente.
Assim que renascer, você será colocado no mesmo lugar e tempo em que foi posto quando aceitou a proposta. Uma linha temporal nova será criada, e por sua vez, todos os seus feitos e demais acontecimentos serão apagados. Por ser uma nova linha temporal, certas inconsistências podem aparecer.
— Moon, me tira uma dúvida.
Pois não?
— Você estava a todo tempo do meu lado, correto? Tipo, em cada segundo, em cada instante.
Sim, eu de certa forma estava. Por que pergunta isso agora?
— Porque eu tenho uma impressão estranha desde que recebi esse sistema, e agora me sinto mal que tudo o que fiz foi jogado no lixo… — Ele suspira, olhando para baixo. — Tipo, a ajuda que dei ao Theo, minha relação com Amora… nada daquilo vai se manter.
Entendo… bem, eu posso lhe contar um pouco sobre o que realmente está havendo, Lucas, mas antes preciso que você não surte.
— Eu vou tentar… me diz, eu vou me controlar.
Escute com atenção: existem muitos outros sistemas, você não é o único. Acima de nós dois, governam entidades que decidiram criar assistentes para os jogadores, como eu, e os deu a missão de escolher humanos que proporcionassem o maior entretenimento possível com suas vidas. Esse é o motivo de você não ter morrido, existem entidades que gostaram de você.
— Espera… então minha vida está sendo praticamente controlada por eles?
Aquilo foi como um tapa na cara de Lucas. Ele e todos no seu mundo estavam vivos para apenas servirem de entretenimentos a seres além da compreensão.
Em pensar que uma coisa chamada deus era tão sádica assim. Imaginar que outros passavam pelo mesmo destino que ele mesmo deu certo nojo contra essas entidades.
Porém, ao pensar em que outras pessoas também usufruiam de sistemas semelhantes ao seu fez uma antiga memória vir a sua cabeça.
Era no início de seus primeiros dias, quando estava mexendo no sistema e se encontrou com Viviane, que disse sobre um amigo que morreu depois de viciar num tipo de jogo que ele via constantemente.
Se ela sabia disso, então esse amigo deveria ser uma dessas pessoas, e que morreu por definitivo após as entidades deixarem de gostar dele.
— Uma dúvida: só outras pessoas com o sistema conseguem ver as telas dos outros?
Sim, isso mesmo. Há várias pessoas pelo mundo que a tem, mas o sistema não é genérico, cada um possui um poder e especialização diferente dependendo de seu assistente. Temos limites, claro, então não é possível criar algo onipotente ou que poderia explodir a Terra num piscar de olhos.
— O que quer dizer que meu poder deve ter relação com repetitivamente fazer coisas, né? Treinar, matar monstros…
Seu poder é chamado “Acumulador”, diga-se de passagem. Ele consiste em permitir você reter alguns benefícios ganhos com o sistema a longo prazo, ou seja, a cada vez que renasce.
— Outros também renascem com suas memórias? E por que o meu poder é assim?
Não, nenhuma outra pessoa tem um poder semelhante ao seu. Quase recusaram-no quando entreguei sua ficha com a descrição detalhada do seu sistema, que me baseei no jogo.
Sobre sua última pergunta… sendo sincero, e me desculpe por falar assim, considerei que seria mais interessante as entidades ver um… ca-ham… um… um rapaz não muito agraciado pela vida tentando a todo custo melhorar sua própria vida.
— Poderia ter me chamado de “fracassado” logo, não precisava enrolar. Machucou mais ver você fazendo isso…
Me desculpa, de verdade. Agradeço por estar meio calmo. Os jogadores anteriores não foram tão gentis como você. Sempre esperavam grandes poderes, um destino grandioso… você é o primeiro que é assim. Eles estariam surtando no chão se soubessem dessa informação, então eu sou realmente grato por ter se contido. Não sou muito experiente no meu trabalho, sabe?
“Fofo…”, pensou, por um minuto saindo de sua linha de raciocínio original. — Certo, acho que já enrolamos demais. Eu quero renascer… ah, mais uma coisa, eu ainda poderei pelo menos conversar contigo, agora que sei sua identidade?
Infelizmente não, peço perdão.
— Nah, tudo bem. Vamos lá, hora de voltar.
Deseja reviver?
— Sim
Reiniciando estatísticas. Transferindo o jogador ao ponto original.
Pontos de prestígio totais: 3
Bônus adquirido: +3% no crescimento de atributos e experiência.
O mundo escuro lentamente foi ganhando cor e brilhou intensamente, quase ao ponto de cegar Lucas. Seu quarto se materializou e ele se viu sentado na cadeira de plástico, encarando o monitor de novo.
Lá estava sua aparência gorda e os óculos grandes, fazendo-o se estranhar por um momento.
No entanto, assim que escutou passos no corredor, imediatamente correu para a porta e a destrancou, encontrando sua mãe correndo em sua direção com um sanduíche na mão.
Ele pegou o sanduíche e os dois falaram ao mesmo tempo: — Luquinhaaaass! Sai daí, já é de manhã!
Ambos se encararam com certa estranheza, especialmente a mãe, que se surpreendeu pelo seu jeito repentino.
— Tá fazendo macumba, moleque?
— Não é macumba, é só que eu te escutei e imaginei que falaria isso. — Comeu o sanduíche bem rápido, como se só engolisse os pedaços. — Eu vou me arrumar bem rápido, já saio.
Ela acenou com a cabeça, ainda mais surpresa pelo modo de agir do filho. Enquanto isso, Lucas faz um check-up geral com o próprio corpo, era até esquisito ver a banha de volta.
Após uma rápida arrumação, ele saiu de casa e se viu de volta ao ambiente estranho de pessoas num mundo com poderes e familiares mágicos.
A saudade de Mila não podia ser maior. Por mais que a vampirinha fosse uma grandissima idiota, ainda era sua única e fiel familiar.
Lucas se sentiu solitário, de novo. Ele já se sentia sozinho antes, fornicado dentro de seu quarto por dias com a única presença sendo sua mãe e seu gato.
Mas aquilo... aquilo era diferente. Era como se tudo tivesse desaparecido diante de seus olhos, os amigos e conquistas que fez foram resetadas.
Ele estava de volta ao estado que detestava, sem amigos, sem força, sem dinheiro, sem porra nenhuma.
Não tinha motivo pra sua mãe se orgulhar, pro seu irmão ficar feliz, pra ele ser reconhecido por ninguém. Ele era somente um zé ninguém no meio de pessoas mais incríveis, cheias de poderes e com companheiros fiéis.
Ele queria chorar. Seus olhos por baixo das lentes ficaram vermelhos conforme andava pela calçada, pegava seu ônibus e escutava as músicas tristes na sua playlist no celular.
As lágrimas só não caíram porque sua mente criou raiva no lugar, uma raiva descomunal das profundezas da sua cabeça. Raiva de ser daquele jeito, de ser um fracassado que perdeu tudo pelo mero fato de ter agido precocemente.
E igual da primeira vez que conheceu o sistema, um novo mundo se abriu para Lucas, só que ao invés de ser movido pelo entusiasmo, era uma coisa diferente que mexia seu corpo.
O restante do dia passou como normal, no entanto, dentro daquele banheiro abafado e cheirando mal pra caramba, o rapaz planejou seu plano, tanto para agora quanto para o futuro.
Ele abriu a loja, algo que ironicamente estava aberto de primeira, diferente de antes.
Ao conferir as outras abas, todas surgiram, desde a janela de fusão de equipamentos até onde criava técnicas.
"Certo, quer dizer que eu mantenho as funções que desbloqueei com o sistema... Agora, eu preciso de uma arma... como vou arranjar uma?"
A forma mais fácil era ir nas zonas ou comprar na loja, no entanto, ele tinha um pouco de pena se gastava ou não.
Seus olhos pararam na porta do banheiro. Abrindo a janela de zonas, ele alterou o horário para o momento atual.
Teria o dobro de tempo lá dentro, por isso acelerou o processo para limpar o banheiro o mais rápido possível e usaria o restante dos minutos para explorar seja lá o que estivesse dentro.
O piso abaixo do portal do banheiro ganhou uma linha azul brilhante. Ele devia imaginar que aquele maldito lugar era uma zona segura depois de tanto tempo trabalhando lá.
Com um sorriso idiota e armado com um esfregão sujo e um balde cheio de água barrenta, Lucas entrou na zona.
A primeira coisa que se deparou foi o ambiente do restaurante completamente vazio, o que era em parte bom.
Indo para cozinhar, ele arranjou uma faca Tramontina bem grande, perfeita para picotar carne com seu fio afiado, mas nesse caso o prato seria filé de goblin.
Junto disso, também levou uma panela gigante, talvez serviria de escudo se desse certo. A melhor forma de atrair os goblins era com comida, mas infelizmente os armários e os frigoríficos estavam vazios.
Uma coisa que chamou sua atenção, no entanto, era como os freezers ainda funcionavam. Sabe-se-lá de onde vinha a energia, mas se funcionasse, seria uma ótima base no futuro.
Armado o bastante, Lucas foi em direção a janela e averiguou os arredores. Um goblinzinho, dois goblinzinho, três goblinzinhos… o bastante.
Ele saiu pela porta da frente, o barulho do sino da entrada entregou sua posição óbvia. Os monstros olharam para ele, que não demonstrava nenhuma reação.
Aquela altura, importava mesmo prestar atenção nesse tipo de coisa? Ele já matava goblins como água antes, então pra que se importar com esses três?
O primeiro atirou uma flecha, mas para os instintos de Lucas era muito devagar. Ele balançou a cabeça para o lado, o bastante para se esquivar com tremenda facilidade.
O segundo veio em sua direção com uma faca enferrujada. A lâmina bateu na panela, o trabalho foi finalizado com um corte limpo na garganta profundo o bastante para esguichar sangue gosmento para todo lado.
Você subiu de nível!
O rapaz suspirou, havia esquecido em parte daquele cheiro podre e o sabor do ferro nos lábios.
Como se fosse uma ação automática, rodopiou a tramontina entre os dedos e correu na direção dos outros dois.
Seu corpo ainda estava fora de forma, trazendo certa dificuldade de manter o ar enquanto se movimentava. A saudade de seu físico antigo não podia ser maior.
A faca foi arremessada na direção do arqueiro, que teve seu olho perfurado e caiu para trás como um bom corpo morto. Menos um pra conta.
Lucas segurou a panela nas duas mãos, seus olhos focados no único que sobrou, e erguendo o objeto para o alto, ele desceu aquele pedaço de metal contra o crânio do homenzinho verde.
1x Erva da Manhã
Os três foram derrotados com mais facilidade do que a primeira vez, junto de um drop que seria útil para mais tarde.
O rapaz guardou a erva no bolso e disparou para dentro da cidade armado agora com um arco rústico e poucas flechas, perfeitas para abater morceguinhos gigantes que surgiam nas esquinas.
Não era divertido, mais como se estivesse fazendo algo diário, igual a pegar ônibus pela manhã e trabalhar o resto do dia inteiro.
Lucas matou 6 goblins e 4 morcegos, recebendo sua katana e algumas peças de Couro de Morcego. Zero satisfação, ainda precisava de mais coisas.
Com a katana e usando novas flechas dos monstrinho, ele continuou caçando por boas horas, ao ponto de coletar coisa demais para ser carregada, tudo seria voltado exatamente para um conjunto completo de armadura.
Você subiu de nível!
Você subiu de nível!
Você subiu de nível!
Set de Armadura de Couro de Morcego.
Um conjunto feito de pedaços de morcego. Por serem criaturas noturnas, essa armadura é usada para pessoas que desejam um estilo furtivo e
Dá +25% de agilidade (5% por peça +5% ao ser completado).
Dá +10 pontos de velocidade.
Dá a habilidade passos leves.
A skill Aura de Morcego será liberada enquanto se usa esse conjunto.
Aura de Morcego
Passivamente drena a energia de todas as criaturas ao redor durante 10 segundos. Essa energia absorvida é entregue ao usuário.
Mesmo que a roupa inteira parecesse ridícula, era a melhor coisa que Lucas poderia tirar com suas próprias mãos.
Ainda estava no começo do jogo, logo, aquilo serviria por um tempo. Seu dinheiro não precisava ser gasto em armaduras ou itens caros da loja ainda, isso dava para esperar.
Assim, com seu objetivo concluído, ele saiu da zona. Agora era hora de enfrentar o portal pela segunda vez.