Volume 1
Capítulo 17: Vampira
Enfim ficou de noite, ele finalmente poderia acessar as zonas.
Lucas fez um pedido à sua mãe que ficasse com Levi só por mais um tempinho, pois precisava resolver uma coisa e ia demorar no máximo uma hora.
Essa coisa era claramente investigar o estado atual das zonas. Se equipou apropriadamente e antes de entrar decidiu usar seu último ponto de inspiração.
Algo não explícito entre as artes era o fato de que esses pontos poderiam ser gastos em outras técnicas que já se possuía ao invés de criar novas.
Na sua mente fazia sentido investir em mais Artes, porém havia um grande problema: ele não possuía magias e skills o suficiente para ter um leque maior de possibilidades.
Ataque Elétrico Instantâneo
Requisitos: Um Atributo de Combate + Qualquer magia de elemento Relâmpago
Efeito: A percepção do usuário é aumentada ao ponto que o tempo é paralisado por um instante. Neste período, pode-se desferir um ataque movendo-se numa fração de segundo para realizá-lo. O número de ataques é proporcional ao nível da magia utilizada.
A resistência do usuário é reduzida em 50% durante dois minutos se esta habilidade for usada (cumulativo).
Inscrição: Vazio
"Usar essa Arte diversas vezes cansa bastante, tanto que na batalha contra aquele bicho apenas utilizá-la duas vezes fez minhas pernas arderem muito. Só não senti dor por conta do Fluxo.”
Lucas abriu o bloco de comando, apagou a redução de resistência e incluiu sobre a habilidade não puxar tanto de seu físico.
Inspiração insuficiente para edição.
— Hah… então vai só que esse negócio não destrói meu corpo.
Inspiração insuficiente para edição.
— De novo? Sério? Odeio ter que diminuir mais ainda isso…
Edição realizada
Essa arte desgasta menos o corpo usuário que o normal.
— Certo, agora checar se tá tudo comigo…
Revistou sua bolsa nas costas, o arco e as flechas estavam lá dentro, nos bolsos laterais tinha duas poções de cura e junto disso ele também equipou sua semi-armadura de morcego.
A katana descansava na cintura, afiada como sempre. Lucas respirou fundo e deu um passo em frente, atravessando a linha verde.
Não havia sensação nenhuma sempre que fazia aquilo, mas o susto que levou com o que viu do outro lado foi inevitável.
A paisagem dos prédios e casas desapareceu num piscar de olhos, dando lugar a um deserto de piso de concreto e um céu escuro.
O único resquício de humanidade se resumia a alguns bancos de madeira esquisitos aqui e ali, todo o resto era passado.
— Cacete, o que que aconteceu aqui? — Andou em linha reta, tinha um cheiro esquisito no ar. — Eu pedi pra eles só destruírem tudo… como caralhos uns morcegos conseguem derrubar praticamente um distrito de uma cidade em duas semanas?
Ele não teve tanto tempo de ponderar sobre aquilo, pois além daquele lugar bizarro, tinha uma infinidade de goblins espreitando por todos os lugares.
Era extremamente fácil lidar com eles, mas essas criaturinhas não paravam de aparecer. Bastava virar a cabeça para o lado que mais surgiam como se fossem baratas.
Lucas começou a temer que logo logo pudesse ser soterrado pelos anõezinhos verdes, porém sua preocupação foi trocada por pavor quando viu silhuetas indo e vindo por ali.
Parecia que o vento estava transformando os goblins em frangalhos. Os drops também sumiram, assim as silhuetas iam embora e depois retornavam para continuar o ciclo.
— São os morcegos? Mas eles não estão um pouco velozes demais…?
Facção Principal do Território: Tribo dos Vampiros Cinzas
Quantia de Terreno dominado: 100%.
— Vam-vampiros? Então quer dizer que esse lugar foi invadido enquanto eu estava fora? O que será que aconteceu com Mila? Meus planos também foram por água abaixo!
O nervosismo em seu rosto apareceu. Se aquelas silhuetas fossem os vampiros, ele estaria prestes a perder a cabeça.
O raciocínio mais lógico seria retornar ao mundo real antes que fosse tarde. Caminhou devagar na direção do único prédio em pé.
Acelerou o passo, mas quando estava prestes a chegar na entrada, seus olhos se encontraram com uma homem pálido parado no meio da passagem.
Ele tinha olhos vermelhos, presas suavemente para fora da boca, orelhas pontudas e uma pele brilhante.
Lucas recuou um passo para trás diante do homem. Era igualzinho a um certo vampiro que viu numa série de filmes muito ruins.
Aquele cara era bonitão igual o do filme, por mais que não tivesse o topete de garanhão do mesmo personagem.
— Quem-quem é você?! — O rapaz pôs a mão no cabo da katana. — Eu tenho uma arma e não tenho medo de usar!
O homem continuou quieto, levantando a mão lentamente, fazendo com que a katana fosse puxada da bainha.
O garoto ficou em pleno alerta, porém mais ameaças surgiram ao seu redor. Ficou completamente cercado, em todo ângulo que olhasse tinha alguém.
O espaço se resumiu a pura tensão e silêncio.
Lucas concentrou-se em se manter no lugar, pois a pressão de todos os olhos vermelhos recaindo em seus ombros era demais para uma pessoa comum.
Escutou passos. Seu corpo girou na direção do barulho, vendo uma parte da multidão de vampiros abrirem caminho para uma mulher.
Ela tinha um longo cabelo escuro e usava um manto cinzento pintado de vermelho.
Com certeza também era a mais linda de todos os vampiros, tanto que o coração de Lucas traiu a sua vontade por um momento.
"Não bombeia sangue pra esse lugar agora, inferno! Eu tô no meio de uma luta prestes a explodir!"
A mulher sorriu, a franja fez seu rosto obscurecer. Ela deu dois passos e repentinamente começou a correr, saltando na direção de Lucas.
O rapaz estava pronto para revidar com um ataque, até que reparou na expressão dela. Era um sorriso um pouco feliz demais para o seu gosto.
— Mestreee!!!
"Mestre? Como assim…?"
Ele ficou tão sem reação que a vampira caiu em cima de seu corpo e o derrubou, enrolando os braços em seu pescoço. Uma tela apareceu flutuando à frente de seus olhos.
Mila Von Biemarksth.
Vampiro Alfa ♀; Nível 20 (-2)
Habilidades; Sentidos Aprimorados (S) - Resistência a Controle Mental (S) - Resistência a Magia das Trevas (S) - Comandar Bando (B) - Líder Natural (B) - Encantar (C) - Mordida Vampírica (C) - Metamorfose (D) - Magia de Sangue (D) - Magia das Trevas (D) - Invocar Familiar (E)
Seu familiar passou 670 horas, 21 minutos e 49 segundos cumprindo suas ordens.
Mudanças ocorreram neste meio tempo, ranks foram incluídos na tela principal para melhor organização.
Computando alterações…
Vampiro Alfa
Considerados os primeiros vampiros a existirem, e por sua vez os de sangue mais puro. São o pináculo desta forma, eles são imunes ao sol e dominaram durante milênios as artes mais antigas e proibidas que já existiram. São também algumas das criaturas mais sábias e inteligentes que já cruzaram os mundos.
É dito que esta raça se tornou famosa por sua voracidade, ganância e desejos extremos. Eles dariam qualquer coisa pelo bem de seus objetivos, não importa qual.
Sentidos Aprimorados
Uma habilidade que amplifica todos os cinco sentidos do usuário.
Resistência a Controle Mental
Aumenta a resistência contra quaisquer magias ou efeitos que tentem invadir ou penetrar a mente do indivíduo.
Resistência a Magia das Trevas
Aumenta a resistência contra quaisquer efeitos e magias que possuam a propriedade Trevas. Inclusos: maldições, feitiços e encantamentos.
Encantar
A partir da voz, do olhar ou do contato físico, lança um efeito ao alvo com o objetivo de deixá-lo imóvel e seguir os desejos de quem usou esta habilidade.
Metamorfose
Uma habilidade que permite a mudança de forma. A quantidade de formas depende do nível desta habilidade.
Formas atuais disponíveis:
Morcego
Névoa
Lobo
Magia de Sangue
Uma habilidade que mede a proficiência do usuário com a magia de sangue. A força e o número de feitiços varia de acordo com seu nível.
Magia das Trevas
Uma habilidade que mede a proficiência do usuário com a magia das Trevas. Maldições inclusas. A força e o número de feitiços varia de acordo com seu nível.
Invocar Familiar
Permite trazer pequenos ajudantes para auxiliar em quaisquer tarefas.
Familiares atuais disponíveis:
Diabrete Inferior
"Uou… isso parece até piada de mal gosto! Como ela adquiriu tudo isso em uma única semana? Essa evolução ocorreu como? Meu Deus, são tantas coisas, que inveja!"
— Mestre, eu tenho tanta coisa pra te contar! — disse a mulher, apertando ainda mais. — Você não imagina como eu morri de saudade! Eu já não aguentava mais ter que beber diariamente sangue de goblin para sobreviver!
— En-enten… do… Eu… não… consi… respi…
O rosto de Lucas pouco a pouco ficou roxo, o ar pareceu sumir de seus pulmões. Mila logo percebeu que estava pondo força demais e o soltou.
Depois de respirar o ar fresco de novo e analisar a situação com um pouco mais de calma, ele se levantou.
— Bem… eu acho que o mínimo que você poderia fazer é explicar o que aconteceu, não é?
— Eu teria todo o prazer de dizer tudo isso! Tudo para ficar um momentinho com o mestre depois dessa eternidade!
"Eternidade? É verdade, a mensagem disse que ela passou 670 horas aqui… Calma, isso equivale a quase uns 30 dias… Quer dizer que o tempo aqui flui diferente?"
Era uma boa teoria acreditar naquilo. Levando em conta que passaram duas semanas fora, por tanto estar cuidando de Levi quanto treinando, os morcegos teriam muito tempo de sobra.
Só que a conta das horas não batia, o que só significava que os minutos passavam diferentes lá dentro.
Para teste, Lucas pegou seu celular e usou o cronômetro, e assim como imaginava os segundos eram contabilizados muito mais devagar.
A explicação de Mila veio em seguida, complementando o motivo de tanta coisa ter acontecido durante seu período fora.
Primeiro que a evolução de Mila ocorreu há pouco tempo, ela explicou que uma vez enquanto matavam alguns goblins seu corpo começou a brilhar e de repente mudou de forma.
O mesmo aconteceu com alguns dos morcegos, o que por sua vez acelerou em massa a destruição de tudo na área.
Com mais espaço disponível, mais goblins spawnaram, desencadeando em mais evoluções. Em questão de poucos dias todos viraram vampiros.
Aquilo fez Lucas sentir uma leve dor de cabeça. Era um grind absurdo, nem mesmo em mais de um mês de treino tinha conquistado tantas coisas quanto Mila.
"É igual às 'mineradinha em fff'. Que hack roubado."
O esquadrão de vampiros e sua líder chegaram numa espécie de vila improvisada feita de concreto.
Lucas teve um vislumbre do lugar, seria considerado bem animado e agradável se não houvesse uma montanha de entulho a poucos metros de distância dali.
Dava para se imaginar o tanto de drops e materiais de construção no meio daquela bagunça, porém preferiu não falar nada.
— O que você acha, mestre? — A vampirinha deu um sorriso encantador, agarrando o braço dele. — Te satisfez?
— Olha… se eu for falar, me surpreendeu. — Ele corou, um pouco incomodado pela proximidade. — Deve ter sido muito trabalhoso para você, né?
— Sim, foi um pouco… houveram rebeldes, problemas de comunicação e diversas outras coisas. Mas não se preocupe, eu resolvi tudinho!
Lucas imaginou Mila sendo uma ditadora com punho de aço, já que suas atitudes ainda pareciam idiotas e perdidas, igual as de quando ela era uma morcega.
A vampira pulou quaisquer apresentações com as pessoas e levou seu mestre até uma tenda de concreto separada das demais.
Era um lugar não muito iluminado. A única coisa que ficava nítida eram os olhos vermelhos de Mila.
— Por que você me trouxe aqui? Não dá pra ver quase nada.
Um tremor atingiu o chão, um objeto muito pesado caiu. Lucas demorou para perceber que a entrada estava fechada por uma rocha grande.
— Mila…? Você tá me assustando.
Os olhos da vampira brilharam mais ainda, como se fossem um incêndio. Ela pegou nos ombros de seu mestre e disse:
— Eu quero minha recompensa, mestre…
— Su-sua recompensa? Que re-recompensa…?
— O seu sangue, mestre… Você disse que eu poderia pegá-lo…
— Então só tire um pouquinho… E por favor se acalme, você tá me apertando com um pouco de força.
— Eu estou calma… eu só vou desobedecer um pouquinho hoje… pois eu quero muito mais que apenas o sangue…
Uma tontura abateu o corpo de Lucas. Seus olhos se concentraram nos de Mila, aquele brilho hipnotizou sua cabeça e o deixou molenga.
Um encantando foi aplicado ao alvo. Não há resistência o suficiente para dissipar o efeito.
"Ah, não… Eu me fodi…"
Ele se rendeu, não tinha escapatória. As presas perfuraram seu pescoço e o sangue lentamente foi sugado, fazendo sua visão ficar turva.
— Que gostoso, mestre… Um pouco mais, só um pouco mais.
Aos poucos o rapaz perdeu mais e mais controle de sua consciência. Aquele momento voou como se fosse um sonho — um estranho sonho prazeroso.
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