Livro 4
Capítulo 460: Han Shan com Manto Azure!
No momento em que seus olhares se encontraram, Meng Hao subitamente não conseguia mais ver o homem de manto azure. Quando ele reapareceu, ele estava em pé ao lado de Meng Hao.
O couro cabeludo de Meng Hao ficou dormente; era impossível ver o nível da Base de Cultivo do homem. Tentar fazer isso deu a Meng Hao a mesma sensação que você pode ter quando olha para um oceano profundo.
Ele imediatamente se levantou e se curvou em direção ao homem vestido de azure. — Meng Hao, da geração mais nova, cumprimenta o sênior.
O homem olhou para Meng Hao e, em seguida, sentou ao seu lado. Ele tomou um gole de álcool e, com o rosto desconsolado como sempre, disse: — Você está a caminho do Continente Quebraselamento?
— Continente Quebraselamento? — respondeu Meng Hao, com uma expressão vazia no rosto. Ele relembrou do mapa na tira jade e da descrição do lugar para onde ele estava indo. Finalmente, ele assentiu.
— Bem, estamos indo na mesma direção — disse o homem com um leve aceno. Depois disso, ele não falou mais nada. Encostando-se contra uma rocha saliente, ele bebeu e olhou para a escuridão do vazio.
Meng Hao olhou hesitantemente para o homem por um momento, depois afastou-se um pouco e sentou-se de pernas cruzadas. Infelizmente, ele não podia mais entrar em um transe meditativo. Tudo o que ele podia fazer era sentar-se lá enquanto o tempo passava.
Um dia, dois dias, três dias… Em um piscar de olhos, meio mês se passou.
Durante esse tempo, o homem de trajes azure continuou a reclinar-se lá, bebendo. Parecia que o álcool em sua garrafa era infinito. Ele bebeu e bebeu, olhando para a escuridão, sempre com sua expressão sombria. Sua tristeza continuou a ficar mais e mais aparente.
A barba por fazer podia ser vista em seu rosto; parecia fazer muito tempo desde que ele costumava limpá-la. Suas vestes estavam enrugadas e, embora o homem tivesse se passando por uma figura triste em seu estado de confusão, sua aura era cheia de um charme indescritível. Por isso, ele parecia… solitário, mas não uma bagunça.
O frasco de álcool que ele segurava na mão era feito de madeira e os anéis de madeira eram até mesmo visíveis em sua superfície. Era impossível determinar o quanto ele havia bebido durante a metade do mês.
Ele não falou nada, e nem Meng Hao. Parecia que aquele homem de manto azure estava indo na mesma direção e não estava com vontade de andar. Portanto, ele decidiu compartilhar a rocha com Meng Hao.
Eles mantiveram o silêncio mútuo por mais um mês enquanto prosseguiam.
Meng Hao finalmente conseguiu entrar em meditação. No entanto, ele deixou um pouco de vontade em alerta. Ele sabia que fazer isso era basicamente inútil, mas ele estava acostumado com a prática e não era algo que ele pararia de fazer.
Um dia, quando a rocha de trezentos metros de largura voava para frente, o homem vestido de azure, antes apático e melancólico, sentou-se de repente e olhou para longe.
O movimento, imediatamente, fez com que Meng Hao abrisse os olhos. Ele olhou para a escuridão, mas não viu nada. O homem de robe azure, no entanto, parecia muito atento, como se estivesse completamente focado em olhar para a distância.
Meng Hao ficou perplexo, mas não demonstrou isso e continuou olhando para o vazio. O tempo passou, três dias em que o homem de túnica azure e Meng Hao continuaram olhando para a escuridão.
Foi nesse terceiro dia que o mundo de negrume ao redor deles ficou cinza. Ao mesmo tempo, a rocha de trezentos metros de largura em que estavam, subitamente, parou de se mover. A mente de Meng Hao tremeu quando uma névoa espessa começou a se espalhar em todas as direções. Logo, tudo parecia um mar de neblina.
O couro cabeludo de Meng Hao se arrepiou quando ele percebeu que não conseguia mover nenhum músculo. Como ele poderia não entender o que estava acontecendo? Na névoa, um grupo de figuras podia ser visto, carregando rochas enquanto marchavam em frente.
Eles pareciam frustrados e confusos quando se aproximaram. Vozes suaves podiam ser ouvidas ecoando na névoa.
— Quando a Ponte da Imortalidade parecerá como nova mais uma vez…? Senhor, em que dia voltaremos a pôr os olhos em você…?
Cercadas pelo som ecoante, as figuras flutuavam através da névoa. Homens e mulheres, idosos e jovens, todos pareciam confusos. Ao se aproximarem de Meng Hao, ele sentiu uma frieza que parecia ser capaz de congelar a alma.
Meng Hao gradualmente ficou mais frio, até que parecia que sua força vital estava prestes a se extinguir. Foi nesse momento que Meng Hao notou que esse grupo de pessoas não era o mesmo grupo que ele encontrou no último bloco de terra, quando estava perseguindo Yi Chenzi.
Ao lado dele, o homem de vestes azure continuava sentado ali, bebericando o álcool. Quando ele olhou para o grupo de pessoas, a melancolia em seus olhos tornou-se mais profunda e os cantos de sua boca torceram em amargura.
Ele as examinou de perto, como se estivesse procurando por algo. Ele examinou cada figura de perto e quando chegou à última, sua solidão pareceu crescer mais profundamente. Ele franziu a testa e tomou outro gole.
As figuras moveram-se na direção da rocha em que Meng Hao estava e, quando chegaram perto, elas pararam subitamente. O vazio e a confusão em seus rostos, de repente, se transformaram em maldade. Elas olharam para a rocha e para o homem vestido de azure.
O homem olhou de volta para elas e depois acenou com a mão. Ao fazê-lo, as figuras continuaram a flutuar. Elas se afastaram, sua confusão novamente restaurada. Vozes fracas foram novamente ouvidas.
— Quando a Ponte da Imortalidade parecerá como nova mais uma vez…? Senhor, em que dia voltaremos a pôr os olhos em você…?
O som se esvaiu na distância, e o cinza no vazio desapareceu. Não houve tempestade como antes. O silêncio foi restaurado.
Quando tudo voltou ao normal, a rocha de trezentos metros de largura em que Meng Hao estava começou a avançar novamente em velocidade máxima.
O corpo de Meng Hao tremeu quando ele se recuperou. Seu coração tremeu por causa desse segundo encontro com essas figuras bizarras. Sem pensar a respeito, ele virou-se para o homem vestido de azure e perguntou: — O que são elas…?
Depois de fazer a pergunta, Meng Hao percebeu que, considerando a Base de Cultivo do homem e os dias de silêncio, era provável que ele não conseguisse uma resposta para a pergunta.
— Escravos da Ponte — disse o homem de túnica azure, sua voz suave — Depois que a Ponte do Caminho Imortal foi destruída pelo Ancestral Ji, a vontade sobrevivente da ponte se estabeleceu nesse local. Pessoas que cobiçavam a eternidade e procuravam estender suas vidas, descobriram que suas vontades se dissolviam e se transformavam em Escravos da Ponte.
— Elas alcançaram a vida eterna que procuravam, mas o preço… foi que elas se tornaram escravos da ponte. Dia e noite, durante toda a sua vida eterna, elas são escravizadas para reconstruir a Ponte do Caminho Imortal, que é claro, nunca poderá ser reconstruída.”
Ouvir essa explicação fez a mente de Meng Hao girar. Ele se virou para olhar na direção em que as figuras haviam partido, mas tudo o que ele podia ver era escuridão, como se uma enorme tela escura estivesse cobrindo tudo.
O homem começou a murmurar amargamente: — Tudo no mundo vem com um preço… um preço… — Ele segurou o frasco de álcool na frente dele, apertando-o com força.
O tempo passou. Meng Hao não fez mais perguntas, nem o homem disse mais nada. Ele ficava lá reclinado em silêncio, olhando para o vazio, bebendo desconsoladamente seu álcool.
Meng Hao ficou sentado pensativamente. O termo ‘Escravo da Ponte’ certamente parecia apropriado. Eles adquiriram a eternidade, mas o preço que pagaram foi imenso. Quando ele pensou nisso, Meng Hao então se lembrou das vozes fracas dos Escravos da Ponte.
Mais dois meses se passaram. À frente, no vazio, apareceu uma rocha enorme. Essa era outra Pedra da Ponte da Imortalidade, sua vastidão era indescritível. Ela parecia ser cerca de dez vezes maior do que a massa terrestre de onde ele acabara de vir.
Uma incrível pressão irradiava dela, envolvendo tudo na área, enquanto flutuava no vazio. Suas bordas tinham formas irregulares, fazendo com que Meng Hao pensasse na imagem da enorme ponte quebrada que ele tinha visto esticando-se indefinidamente no céu estrelado.
Foi nesse momento que o homem vestido de azure, subitamente, se levantou.
— Você gostaria de uma dose? — ele perguntou, virando a cabeça para olhar Meng Hao. Seus olhos eram claros e cheios de uma profundidade como a das estrelas do céu. Essa foi a segunda vez que o homem tomou a iniciativa de falar. A primeira vez foi quando ele chegou. Considerando que esta era a segunda vez, Meng Hao entendeu… que ele estava prestes a partir.
Meng Hao levantou-se, apertou as mãos e curvou-se profundamente. Ele olhou para o homem vestido de azure, seus olhos brilhando. Depois de um momento de hesitação, ele assentiu.
O homem sorriu, depois acenou com a mão, fazendo com que a garrafa de álcool voasse até Meng Hao. Meng Hao agarrou-a e, sem hesitar, bebeu um gole cheio.
Quando o álcool escorreu pela sua garganta, uma sensação de queimação surgiu. Parecia fogo e fez com que a Base de Cultivo de Meng Hao girasse descontroladamente.
— Um pouco ganancioso, não é garoto? Bem, isso não importa. Eu vou considerar isso como o preço da viagem. — O homem apontou um dedo para Meng Hao, fazendo seu corpo tremer. O álcool dentro dele instantaneamente se formou em algo semelhante ao seu Núcleo de Ouro. Fios de Qi Alcoólico começaram a emanar dele, fundindo-se com seu Núcleo de Ouro Perfeito. Ele não experimentou nenhum crescimento de sua Base de Cultivo, todavia, ele podia dizer que algo dentro dele agora estava diferente.
— O Núcleo de Álcool dentro de você permitirá que você use duas vezes meu Qi da Espada Dançante. Ele pode matar qualquer coisa abaixo do estágio Imortal.
Com isso, o frasco voou de volta para a mão do homem. Ele se virou e saiu da rocha de trezentos metros de largura, caminhando em direção à enorme massa de terra formada pela Pedra da Ponte da Imortalidade.
Quando ele adentrou no vazio, ele suspirou e disse: — Você pergunta quando vai colocar os olhos em mim novamente…? Eu procurei você por três mil anos…
A voz ecoou com uma melancolia inexprimível e uma solidão indescritível.
A mente de Meng Hao balançou. De repente, ele podia sentir uma habilidade de espada dentro de sua mente. Ela estava marcada nele na forma de um símbolo mágico. Ele não a entendia, mas ele conseguia sentir que poderia girar sua Base de Cultivo para desencadear o Qi Alcoólico dentro de seu Núcleo de Ouro. Ele poderia fazer isso duas vezes para fazer a marca explodir.
Enquanto o homem se distanciava, Meng Hao de repente gritou: — Sênior, eu poderia respeitosamente perguntar seu nome?! (D: Já perguntou)
— Han Shan. ¹
Sua voz ecoou, cheia de melancolia. O homem suspirou e desapareceu no vazio. Meng Hao ficou ali, curvando-se profundamente em sua direção.
Depois de um longo tempo, Meng Hao se endireitou. A rocha de trezentos metros de largura em que ele estava bateu atravessando a barreira para entrar na enorme massa de terra formada pela Pedra da Ponte da Imortalidade. Lá, na frente de Meng Hao, havia um mundo enorme.