Volume 1
Capítulo 29: Por Aiyslnn, Astrid Ultrapassa Barreiras
Astrid trincou os dentes e fechou os olhos com força quando o corpo de Aiyslnn encontrou em contacto com os seus braços.
Entretanto, ela não a soltou. Apertou os dentes e a envolveu com seus braços como se quisesse abraçá-la, aquecê-la.
O corpo de Astrid cedeu ao peso e ela caiu sentada. Com Aiyslnn ainda em seus braços chamou-a pelo nome, mas Aiyslnn só olhava para o céu, sem sequer piscar ou desviar por um segundo sequer.
Dois soldados as alcançaram, outros chegaram e começaram a falar muito. Todos falavam, no entanto Astrid não entendia ninguém. Dois curandeiros avançaram, entretanto não demorou a recolherem suas mãos e com isso o silêncio veio. Havia algo no ar, Astrid percebeu, mas não achava que era esperança.
Um soldado se voltou para trás e outro que estava ao seu lado, passou a mão por suas costas, porém seus olhos sequer o encaravam, eles pareciam distantes.
Astrid olhou para Aiyslnn e seus olhos ainda estavam abertos. Eles ainda tinham vida...Aos seus olhos. Tremendo Astrid a envolveu mais, uma mão tentou alcançar seu ombro, no entanto Astrid sumiu, levando Aiyslnn consigo.
Com os olhos cobertos de lágrimas, Astrid olhou para o corredor e depois seus olhos encontraram a porta da ala médica. Sem limpar as lágrimas, a soldada se levantou e com muito esforço carregou Aiyslnn em seus braços. Atravessou a porta da ala médica e depositou o corpo de Aiyslnn em uma maca, bem diante dos olhos de Elis Swooney.
— Salve ela! Por favor! — Pediu. Limpou as lágrimas de forma bruta. — Você disse que se ainda estiverem...respirando pode salvar. Então... — Mais lágrimas. — Salve a Aiyslnn.
Astrid se afastou quando Eva, entrou em sua frente, estendeu a mão para tocar em Aiyslnn, entretanto, Elis a impediu.
— Você não ressuscita pessoas! — falou Elis, antes de afastar as mãos de Eva do corpo de Aiyslnn.
Elis olhou para Astrid.
— Não há ninguém no centro de ajuda cinco, que consiga ressuscitar pessoas. Então...
— Mas ela não está morta! — Astrid falou, muito rápido. — Os olhos dela ainda estão abertos, você....Apenas precisam curá-la e...Aiyslnn irá...
— Voltar a vida?!
A pergunta veio de outro alguém, que não fazia parte da conversa. Som de saltos contra o piso, revelaram a identidade do intruso e Astrid sentiu raiva.
— O coração parou. E quando algo assim acontece...não há como reverter.
Os olhos de Astrid caíram em suas mãos, que ardiam, por debaixo das luvas. Olhou para Elis.
— O coração parou alguns minutos atrás. Ele está congelado! — Acrescentou, antes de estender sua mão para o rosto de Aiyslnn e fechar seus olhos.
Aiyslnn estava morta.
— É realmente uma pena! — Kendra Russell voltou a se pronunciar e Astrid assistiu as mãos de Elis se escondendo nos bolsos do seu jaleco, provavelmente para não perceberem que estava tremendo. — Tão poderosa, mas ao mesmo tempo...Tão fraca. É realmente uma pena. Mas ela morreu com honra, isso é tudo que interessa. Não concorda comigo? — Perguntou para Astrid quando seus olhos se encontram. — Está com raiva de mim?! Por que? Eu fiz algo de errado? — Sorriu.
— Sim! Por sua culpa...Aiyslnn está morta.
Kendra riu e Astrid a odiou mais.
— Como isso por ser minha culpa? Soldada, acho que está fazendo confusão. A soldada Aiyslnn Wallace, fez o tinha a fazer. Lutou bravamente, e morreu. Não como uma soldada inútil, mas como uma verdadeira defensora do Reino de Aquamarine.
— Inútil?! — Astrid se lembrou de Aiyslnn.
— Sim! Isso é o que ela continuaria sendo pelo resto da vida, se não morresse lutando. Foi o melhor para alguém como ela.
Astrid sentiu calor.
— Swooney!
Silêncio.
— Doutora Swooney? — Kendra tornou a chamar.
— Estou ouvindo! — Foi tudo o que disse.
— Leve-a para sala funerária. A equipa do Hunter, já preparou tudo.
Russell, ajeitou o casaco.
— Sim, senhora!
— Diga-os para serem rápidos, a temperatura está descendo muito rápido. — Seus olhos estavam em um pequeno aparelho que envolvia seu pulso direito. — Mesmo morta essa garota parece que vai nos congelar até a morte.
Deu um passo para o lado e parou, quando viu Astrid em sua frente. Os olhos de Kendra se arregalaram, e antes que pudesse piscar, Astrid já tinha as mãos em seu pescoço. Quase na ponta dos pés, Astrid a forçou a ir para trás. Russell perdeu o equilíbrio, e quando bateu as costas no chão, elas não estavam mais na ala médica.
Era a sala do grupo quinze, Kendra percebeu, no entanto jogou tal informação para longe, quando se sentiu sem ar. Astrid ainda tinha as mãos em seu pescoço, apertando-o com tanta força, como se realmente quisesse sufocá-la.
Kendra Russell não tentou tirar suas mãos de seu pescoço. Seus braços permaneceram na lateral do corpo, e Astrid apenas continuou olhando de cima, os olhos irados e os dentes trincados.
— Como...como você se atreve a menosprezar Aiyslnn. Inútil? Morra! Apenas morra sua bruxa maldita!
Colocou mais força, mas seu corpo parou, quando algo perfurou seu braço, era uma seringa, Kendra havia injetado uma agulha em seu braço. O corpo de Astrid tremeu e antes que seu cérebro pudesse realmente entender o que estava acontecendo com seu corpo, Kendra a empurrou para o lado, permitindo-a assim se levantar.
Astrid tentou se mover, porém seu corpo não reagiu, palavras pareciam não poder mais sair de sua boca e somente pode ficar parada, assistindo Russell tossir, enquanto passava a mão pelo pescoço, o qual tinha marcas pintadas de vermelho.
Em meio ao silêncio, a porta da sala compartilhada se abriu. Dois guardas entraram, param de frente a Russell, que soltou algumas instruções, as quais Astrid não ouviu, pois o volume do universo havia diminuído e seus ouvidos não captavam nada mais do que ruídos baixos e sons que ela não tinha a certeza de onde vinham.
A garganta de Astrid ficou seca e o frio voltou. Os olhos fecharam e abriram enquanto os guardas a tiravam do chão.
Astrid não ficou realmente em pé, pois suas pernas haviam perdido as forças e apenas se encontrava parcialmente de pé, pois os guardas assim o permitiam.
A cabeça estava tombada para o lado, os olhos quase se fechando e eles olhavam para Kendra, mas não havia mais raiva, não havia nada.
Russell disse mais alguma coisa, e os homens de preto começaram a se mover e Astrid foi junto.
Os olhos azuis vaguearam por todo lado, como se não pudessem se fixar em nada. Não havia nenhum soldado nos corredores. Apenas guardas, tais que não lhe dispensaram o único olhar, nem mesmo quando foi arrastada para dentro...do grupo zero.