Volume 1
Capítulo 23: Directora Russell Faz Um Desfile
Aiyslnn não foi levada para o grupo zero. Mas Elis Swooney, ainda não a encarava, não realmente.
Pelo Edward. Foi o que Astrid sugeriu para si mesma.
Com os ombros próximos, Astrid e Aiyslnn caminhavam uma ao lado da outra. E mesmo Aiyslnn tendo recuperado sua voz as duas ficaram em silêncio, até que Astrid parou e sua companheira também.
— Você... — Astrid tinha os olhos no chão. — Você...não vai morrer, certo?
Os olhos azuis se encontraram e nem mesmo Astrid desviou, depois de vários segundos de contacto visual.
— Talvez!
— Dê-me uma resposta. Você está sempre....você está sempre com essa expressão como se fosse morrer a qualquer momento...E você...
— Eu o que?
— Você também não vai morrer, não é? Sabe! Eu perdi minha mãe, mas... — Tomou um pouco de ar. — Eu não lembro. Eu realmente não lembro de nada. Então nunca realmente... — pareceu pensar. — Nunca realmente senti muita coisa com relação a isso, mas..o que estou tentando dizer...
— Sim?
— Eu nunca...realmente perdi alguém...Alguma pessoa que estivesse realmente perto de mim. Eu nunca fui no enterro de ninguém. De nenhum amigo ou familiar. Mas...Edward morreu...E você...
Astrid fechou os olhos e quando os abriu, Aiyslnn estava muito perto de si, perto o suficiente para a envolver em um abraço.
— As pessoas aqui realmente morrem tão facilmente?
Ayslnn a envolveu com mais força.
— Por que eu continuo achando que você vai morrer? — Astrid tentou limpar suas lágrimas na camiseta azul de Aisylnn.
— Talvez! Porque eu vou.
.
.
Kieran Gray, parou de frente a mesa do grupo zero, fazendo Aiyden parar de tirar o miolo do pão.
O integrante do grupo vinte, não se moveu enquanto seus clones, que estavam atrás dele pareciam incentivá-lo a algo, que só eles deveriam saber.
Enfim, Kieran abriu a boca, todavia Astrid não pode ouvir e somente ficou assistindo como o resto dos soldados, que pareceram ter esquecido de fingir que a existência de Aiyden não era relevante.
Após Gray terminar, Aiyden decidiu tomar a palavra. Foi breve, no entanto, o que quer que tenha dito fez Kieran Gray assentir.
O sino tocou. Aiyden levantou da mesa e todos pareceram procurar onde olhar.
— O que raio! — Jase soltou. — Primeiro o Arlo! E agora o Kieran. Acho que ele está fazendo amigos. — Riu.
— Eh!! Ele deve estar mesmo fazendo amigos — falou Astrid, séria.
Os integrantes do grupo quinze se levantaram da mesa e bem perto do seu ouvido, Jase disse:
— Estava sendo sarcástico.
— Eu não! — retrucou e olhou para frente quando o olhar de Jase sobre si, se tornou intenso. — Já venho ter convosco. — Astrid avisou e sem esperar qualquer tipo de objeção foi em direção a Kieran Gray, o qual já não estava acompanhado de seus clones. — Desculpa! Posso fazer uma pergunta?
— Seu nome é?
— Astrid. Sou integrante...
— Eu sei. Só não lembrava de seu nome. O que quer perguntar?
— ...Sobre o seu braço.
— Meu braço? — Olhou para os dois braços e depois tornou a encarar Astrid.
— Ouve que você o tinha deslocado.
— Ah! Hum...Estou bem agora. Meu braço está bem. O...Alguém ajudou. Alguém o colocou no lugar.
— Com alguém, você quer dizer o Aiyden?
Kieran Gray, não respondeu.
— Não foi ele? É que ele...
— Astrid!!
Astrid pensou ser Jase, porém era Chloe a chamando.
— Tenho de ir!
Girou nos calcanhares, deu alguns passos e parou quando a voz de Kieran se fez presente.
— Foi o Aiyden. — Anunciou, antes de um som desconhecido para Astrid soar pelo refeitório.
Astrid olhou em volta e percebeu que todos haviam parado. Todo o som de conversas que antes preenchia o lugar sumiu, deixando apenas aquele som que parecia trazer para Astrid nada além de tristeza.
— Todos os soldados em posição. Grupo B e A. Em posição.
Uma voz robótica se sobrepôs ao som e quando sumiu todos começaram a se mover, indo em direção a saída do refeitório.
— Não há treino?
— Há. Mas primeiro, iremos para um desfile.
Kieran não se moveu, entretanto assistiu os soldados saindo, enfileirados.
— De quê?
— Despedida.
.
.
Um desfile de despedida.
Astrid obviamente, ainda não era boa em interpretação de texto.
Ela realmente não havia entendido, que assistiria a uma despedida, a despedida de Keva.
Vários soldados. Em branco e azul, estavam enfileirados, encostados à parede uns de frente aos outros. Duas filas que se estendiam pelo extenso corredor que levava a ala médica.
Em silêncio, os soldados assistiram, Kendra Russel desfilar em seus trajes elegantes, ostentados seus muitos acessórios de diamantes que ainda combinavam perfeitamente com seus olhos cinzentos.
Um passo de cada vez. Graciosamente ela atravessou o corredor, não olhando para ninguém, mesmo que todos estivessem olhando para si.
Dois ajudantes, seguidos por duas fileiras de guardas, empurravam uma maca, a qual Keva era transportada. Ela ainda usava roupas azuis, mesmo morta ela ainda usava a paleta de cores de um soldado do grupo A.
Astrid escondeu as mãos atrás das costas e tentou, mas não conseguiu desviar seus olhos do corpo sem vida de Keva Rudson. Elas sequer eram próximas, entretanto Astrid quis chorar.
O som dos saltos contra o piso, continuaram seguindo ao ritmo da melodia que tocava, até que por fim eles atravessaram a porta da ala médica e então o som das rodas da maca de Keva Rudson, se foi.
A melodia continuou e quando parou só o silêncio existia até que Kieran Gray começou a chorar, realmente alto. Tão alto que permitiu aos que choravam baixo aumentarem também o volume de seu lamento.
Astrid quis, ela realmente cogitou em passar a mão pelas costas de Kieran, para talvez...O passar força...Mas ela não era Edward. Não podia passar força ou coragem para ninguém. Ela não conseguia, então somente fez o mesmo que Gray e chorou pela morte de Keva e por seu lamentável e patético final, que não deveria estar longe.