Volume 1

Capítulo 1: A Promessa do Amanhã

A batalha irrompeu como um trovão ensurdecedor, reverberando através da vastidão do campo de batalha com um lamento infindável. O cheiro acre do sangue tomava conta do ar, enquanto o vermelho pintava as areias. Os bravos guerreiros que ali lutavam, estavam prestes a sucumbir. 

— Não consigo…! segurar…! por muito…! tempo! — gritava um guerreiro, sua voz entrecortada pela exaustão. — Esses orcs são fortes demais!

Lágrimas — como gotas de chuva silenciosas — escorriam de seus rostos. Gritos de coragem ainda ecoavam, no tempo em que clamores desesperados se dispersaram pela batalha, perdidos na voragem do conflito. 

— É o fim… estamos condenados — murmurou alguém ao longe, sua voz embargada pelo desespero.

Em meio às vozes e ao clangor do aço, uma guerreira — com as mãos trêmulas — soltava sua espada e seu escudo. Ajoelhava-se perante a areia escaldante, e com sua armadura prateada impregnada de sangue, ela ergueu o rosto manchado de lágrimas. Sua voz, trêmula e quase inaudível, implorava diante o vento quente do deserto.

— Alguém… por favor… alguém… nos ajude…

Um gigantesco orc avistou a moça ajoelhada e, com um sorriso cruel, começou a avançar, arrastando sua alabarda através da areia enquanto se preparava para golpeá-la. O som metálico de sua arma rasgando o solo aumentava a tensão.

Ainda de joelhos, a guerreira retirou lentamente seu elmo, revelando seus cabelos ruivos que balançavam ao vento. Seus olhos azuis — marejados de lágrimas — se voltaram para o céu, sem qualquer traço de esperança. Ela fechou os olhos por um instante, e sentiu o calor do sol em sua pele.

— Ah, é tão quentinho… — sussurrou, com um tom melancólico. — Sinto como se estivesse nos braços da minha mãe… mesmo que fosse só mais uma vez… só mais uma vez, eu queria poder abraçá-la... Alguém… por favor…

Cabrum!

De repente, um raio desceu dos céus, cortando o campo de batalha em um clarão avassalador. Algo estava terrivelmente errado — ou milagrosamente certo. No rastro do raio, dezenas de orcs foram instantaneamente desintegrados, vaporizados pela energia intensa.  Os guerreiros — atônitos —  mal conseguiram compreender o que havia acabado de acontecer.

Uma figura misteriosa flutuava no horizonte, emoldurada contra o brilho intenso do sol. Uma luz radiante emanou dela, e um escudo colossal de energia envolveu os soldados restantes, protegendo-os. O chão começou a tremer, enquanto a areia sob seus pés brilhava intensamente. Enormes pilares de luz emergiram do solo, incinerando os inimigos remanescentes em um espetáculo devastador.

Os guerreiros, incrédulos, ergueram seus olhos para os céus, e conforme a luz descia, a figura misteriosa começava a se revelar com cada vez mais clareza…

E lá estava ele, o herói de incontáveis lendas, envolto em um véu de mistério que o tornava ainda mais imponente. Seus olhos verdes brilhavam como uma promessa de salvação, e seus cabelos vermelhos eram o símbolo de uma vitória garantida, uma presença enigmática que desafiava qualquer explicação.

 

Os soldados — antes mergulhados no desespero — levantavam seus rostos para o céu, enquanto clamavam o nome de seu salvador. 

— Luke! Luke! Luke!...  — ecoavam os clamores, como um agradecimento fervoroso diante do caos da batalha que viveram. 

Luke — flutuando nos céus — ouviu os clamores com um sorriso cheio de confiança.

— Humf! Quem é você? — murmurou para si mesmo, com enorme sinceridade nos olhos. — Isso! Você é aquele que desafia todas as expectativas. 

Contudo, entre os clamores uma voz se destacava, rodeada com urgência e familiaridade. 

— Luke, acorde logo. Seu pai está pronto para partir. 

A voz de sua mãe, Abigail, o trazia de volta à realidade, e arrancava-o do domínio dos sonhos, onde era um herói destinado a salvar o mundo. Mesmo desperto, no entanto, a chama de esperança ainda ardia em seu peito, aquecendo o desejo de se tornar a figura desconhecida de seus sonhos.

— Ah, poxa! Eu estava quase lá. Era só mais um pouquinho. — esbravejou. 

Entretanto, antes que Luke pudesse mergulhar mais fundo em seus pensamentos, uma figura pequena e ágil invadiu o quarto e saltou de cabeça em seu estômago, com uma energia contagiante. 

— Pow! — exclamou Alessia, sua irmã mais nova, com um sorriso radiante estampado no rosto. 

Alessia, que estava prestes a completar seus cinco anos, que era a própria imagem de Abigail, com seus olhos verdes brilhantes e os cabelos castanhos que emolduravam seu rosto angelical. Era a personificação da alegria. 

— Você... quase... me matou… Alessia. — rangeu Luke, com a mão no estômago, enquanto sentia o impacto da cabeçada. 

— Irmãozão, foi para você acordar logo. Hoje é um dia especial! — disse ela, cheia de empolgação. 

— Grrrrrrrr! — se remexia Brody na cama ao lado, com seus cabelos castanhos completamente desalinhados. 

— Mas que diabos foi isso? Ele está bem? 

— Vamos lá, foram só alguns trocados... — murmurou Brody, em um tom de medo, ainda perdido no mundo dos sonhos. 

— Que trocados o quê. Levanta logo, Brody. 

— Calma, na próxima eu pago... eu prometo...  

— Ahhhhh, cansei! tenente Alessia, é com você. Acorde-o de uma vez. 

— Pode deixar, capitão. — disse Alessia, enquanto dava distância e se preparava para realizar mais uma cabeçada. — Vamos lá, irmãozão Brody, hora de acordar. 

As pegadas de Alessia sob o chão de madeira eram leves. Ao atingir certa velocidade, ela mal triscava os pés no chão. E com um salto impressionante, ela realizou o golpe. 

Pow!

Brody acordou imediatamente, segurando a barriga com as mãos.  

— Não tinha... necessidade... disso... — sussurrou, antes de desmaiar. 

Logo em seguida, Abigail subiu ao quarto preocupada com o barulho. Ao chegar lá, viu o que aconteceu.  

— Ah meu Deus, quantas vezes eu disse para você parar de dar cabeçada neles? E você, Luke, não pode incentivar ela a fazer isso. Reconheçam os seus erros! — ela repreendeu, cruzando os braços. 

— Desculpa, estamos arrependidos! — disseram Luke e Alessia em perfeita sincronia, enquanto baixavam a cabeça. 

— Ótimo! E Brody, larga de drama. 

— Tá bom — respondeu Brody, com sua voz arrastada de tédio.

 

Abigail — após resolver a situação — se agachou para falar com Alessia. 

— Minha flor, como hoje é o seu aniversário, que tal fazermos um bolo? 

— Sério? — seus olhos irradiavam animosidade. 

— Sim. Então, quer ir comigo buscar alguns ingredientes na floresta? 

— Quero! 

— Então vai se arrumar para irmos. Luke, Brody, vocês vão se arrumar para irem pescar com o seu pai. Ele está lá embaixo esperando. 

— Certo! — responderam os dois irmãos. 

Então, Abigail saiu do quarto, e Alessia a seguiu, mas antes de sair, abraçou Luke.  

— Te amo, irmãozão! 

Surpreso, Luke se agachou calmamente, e disse:

 — Vamos fazer uma promessa? Eu vou pescar com o Brody e o papai. E quando eu voltar, estarei com um dos maiores peixes para comemorar seu aniversário. Combinado? 

— Promete de mindinho? 

— Claro, prometo de mindinho. 

— Então, tá bom — respondeu Alessia, com o maior sorriso do mundo. 

Ela se dirigiu até a porta toda saltitante e feliz. Porém, antes de sair, Luke a chamou.

— Alessia, também te amo! 

— Eu sei! Você não vive sem mim, irmãozão — ela respondeu, antes de desaparecer pela porta com um sorriso brincalhão.

 

Após se levantarem, ainda meio sonolentos — e com dor no estômago — Luke e Brody foram ao banheiro — lado a lado — para escovar os dentes em frente ao espelho.

— Você sabe aonde a gente vai pescar? — perguntou Brody, ao passo que enxaguava a boca.

— Bom, pelo que ouvi do papai ontem à noite, vai ser no lago Luminaris — respondeu Luke, ao ajeitar o cabelo.

— Lago Luminaris? Finalmente... — Brody cerrou os punhos, os olhos brilhavam de expectativa.

— Ah, é mesmo... você nunca foi, né? Tenta não desmaiar no caminho. — Provocou Luke, enquanto dava uma risadinha.

— Ah, cala a boca. Eu não sou mais um garotinho.

— Pra mim parece que ainda é... 

— Humf! Olha quem fala... — retrucou Brody com a voz baixa, depois de virar o rosto.

— Falou alguma coisa?

— Ah, nada de mais. Só disse o quanto eu te amo. — Brody respondeu com um sorriso sarcástico

— Ahhh, eu também te amo, irmãozinho! — disse ele, enquanto exagerava na resposta, piscava o olho e ria.

Assim, os dois irmãos se dirigiram até seus quartos para se arrumar. Abriram seus armários de madeira, rangendo levemente, e pegaram suas mochilas de couro já surradas pelo tempo. A manhã ainda era jovem, e os raios de sol invadiam o cômodo de forma suave, criando um brilho amarelado sobre os objetos.

— Repelente contra mosquitos? Confere! Botas resistentes à lama? Presentes! — anunciou Luke, como se organizasse uma expedição de guerra.

— Travesseiro para uma soneca rápida? Confere! — interrompeu Brody, levantando o pequeno travesseiro como um troféu.

— Sério? Vai dormir no meio da pescaria? Às vezes, eu me surpreendo com sua falta de preocupação.

— Nunca se sabe. Como papai sempre diz: é melhor prevenir do que remediar — respondeu Brody ao imitar a voz de seu pai.

Luke olhou para Brody com um misto de incredulidade e desapontamento, e pensou: 

“Às vezes, me questiono se sua falta de preocupação é genuína ou apenas uma artimanha para fazer o que quer.” 

— Se já terminou de preparar sua bolsa de dormir, vamos. Papai está nos esperando na porta — disse Luke, tentando manter o tom sério.

— Tá bom, tá bom, estou indo.

Os dois desceram as escadas de madeira, que rangiam a cada passo, enquanto o som das botas do pai deles ecoava do andar de baixo, onde ele terminava de amarrar os cadarços. A figura robusta perto da porta, ajustava suas botas com a destreza de um homem que já viveu mais batalhas do que poderia contar.

— Vamos, pai! Eu e o Brody estamos prontos! — anunciou Luke, com uma energia que contrastava com o início lento da manhã.

— Brody! Luke! Ótimo, o dia não vai esperar por nós — disse Jayden com um sorriso largo.

Jayden — marido de Abigail — era uma figura imponente. Seus cabelos vermelhos como fogo e os olhos de um azul penetrante sempre chamavam atenção, mas era sua presença forte e destemida que deixava marcas. Com 34 anos, ele ainda parecia estar no auge da forma física, resultado das inúmeras batalhas que havia travado ao longo da vida.

"Um dia vou ser como ele...", pensou Luke, observando as costas largas do pai. "Ainda me lembro do dia em que ele derrotou aquele urso com um único dedo... Tenho que alcançá-lo."

Ao saírem pela porta de madeira, o sol iluminou seus rostos, e Luke e Brody respiraram fundo, aproveitando o ar fresco e o cântico dos pássaros. O dia parecia perfeito. A brisa suave e o clima aconchegante da floresta os envolviam, trazendo uma sensação de paz. Entretanto, conforme o tempo passou e eles continuaram a caminhar, o "belo dia" lentamente começou a se dissipar. O céu, antes claro e ensolarado, dava sinais de mudança…

— Ah... Ah... Já estamos chegando ao lago? — perguntou Brody, claramente cansado. 

— Já está cansado? Por isso sempre digo para você se exercitar mais e parar de passar tanto tempo com o nariz enfiado nos livros idiotas. 

— Não preciso de exercícios, quando posso vencer você apenas com a mente. — respondeu ele com deboche, enquanto levantava as mãos. 

— Foi só uma vez, e foi pura sorte. Você sabe disso! — retrucou Luke, enquanto apontava um galho para Brody. 

— Bom, nas estatísticas, está 1x0 para o Brody. Hahahah — provocou Jayden. 

O jovem de cabelos vermelhos — muito irritado — pensou: 

Esses dois conseguem me tirar do sério. Tudo por causa daquela vez em que perdi. Simplesmente porque tropecei em meu cadarço solto. Da próxima vez, vou lutar descalço!” 

— Mas falando sério, Brody, não dá para confiar apenas na inteligência para vencer seus oponentes. Assim, como o Luke não pode confiar apenas na força. — realçou Jayden, em um tom sério. 

Jayden — que passava seus ensinamentos — se agachou, pegou um galho no chão, olhou seriamente para seus filhos, e disse: 

— Na batalha, é preciso usar todos os recursos disponíveis, ou seremos derrotados, assim como este galho se parte ao meio. 

Crac! 

Luke olhou com enorme admiração ao seu pai, definitivamente aprendendo. Mas ao olhar para o lado, ele viu que não era o único que estava aprendendo com essas palavras. 

— Enfim, vamos aproveitar para pegar um belo peixe para sua irmã, porque chegamos ao grande Lago Mágico de Luminaris. — disse Jayden com um sorriso empolgado, enquanto abria os braços.

 

 

— Então, vamos lá! É hora de pegar o maior peixe que já nadou nestas águas! — exclamou Brody, cheio de entusiasmo. 

Algumas horas depois. 

— Zzzzzzz... 

— Parece que aquele travesseiro foi uma escolha sábia — comentou Luke, observando o sonolento Brody.

— Deixe-o descansar — disse Jayden, com um leve sorriso enquanto bocejava. — O dia foi longo e a sorte... escassa. Nem um peixe até agora, e o sol já está se escondendo.

O sol se despedia, ao passo que o céu tingia-se de tons laranja e roxo. O calor do dia começava a ceder, mas o ambiente carregava um ar de frustração. O único som além das cigarras era o leve ronco de Brody à beira do lago.

Luke, com as sobrancelhas franzidas, não se aguentava mais. Jogou a vara de pesca no chão com força. A frustração crescia dentro dele.

— Ahhhhhhh! Não aguento mais! Estamos aqui há horas e nada! Nem um movimento! — esbravejou, sua voz quebrando a tranquilidade do ambiente.

Jayden, por outro lado, permanecia calmo. Seus olhos acompanhavam o lento descer do sol no horizonte, como se aquela calmaria fosse tudo de que precisava.

— Relaxa, filho... Vai dar certo — disse ele com uma serenidade incomum, sua presença quase mágica, em contraste com o temperamento explosivo de Luke.

Jayden então se levantou, a figura dele parecia ainda maior à medida que o sol desaparecia, lançando uma sombra longa sobre o lago.

— Luke, quantos anos você tem mesmo? — perguntou, esticando os braços para um alongamento preguiçoso.

Luke o olhou, confuso e ligeiramente irritado.

— Você não se lembra da idade do seu próprio filho? — respondeu com um olhar de desapontamento.

Jayden riu de leve.

— Hahahah... Desculpa, é que o tempo passa rápido. Mas então, quantos anos?

— Dez — murmurou Luke, encolhendo-se e abraçando as próprias pernas.

Jayden sorriu, mas seus olhos se tornaram sérios. Ele estocou a vara de pesca na terra firme, voltando-se completamente para o filho.

— Acho que já é hora de te contar algo importante.

— Hora de quê? — Luke perguntou, agora intrigado.

Jayden se aproximou, os passos pesados dele criava uma tensão no ar. Aquele momento pacífico estava prestes a mudar.

— Luke, você sabe o que é a verdadeira força?

Luke se ajeitou, sua mente inundada de lembranças e ensinamentos. Ele se encheu de confiança antes de responder.

— A verdadeira força é derrotar inimigos, proteger aqueles que amamos... Requer treino, habilidade...

Jayden riu, uma risada que carregava tanto afeto quanto correção.

— Boa resposta, garoto, mas ainda assim... incompleta.

Luke franziu o cenho, confuso.

— O quê? Mas não é isso que você sempre diz?

Jayden balançou a cabeça, abaixando-se para ficar na altura dos olhos de Luke.

— A verdadeira força, Luke, não é física, mental, nem a habilidade que você desenvolve. A verdadeira força está na capacidade de proteger o que você ama, sim, mas não como uma obrigação ou dever... Ela vem do coração. A verdadeira força nunca se corrompe, nunca quebra seus princípios, e sempre cumpre suas promessas, mesmo que o mundo ao redor tente te derrubar.

Ele tocou o peito de Luke com o punho fechado, um gesto carregado de significado.

— Nunca deixe o mundo decidir por você. Seja fiel ao seu coração, aos seus valores. Essa é a verdadeira força.

Luke olhava para o pai com olhos arregalados, absorvendo cada palavra. Era como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, e tudo o que importava naquele momento eram as palavras profundas de Jayden.

— Isso… Isso me lembra de algo... — Luke murmurou, e de repente seus olhos brilharam com uma lembrança.

— A promessa com a Alessia! — gritou ele, levantando-se de supetão. — Eu prometi pegar o maior peixe para ela!

No mesmo instante, a vara de pesca nas mãos de Luke se curvou de forma abrupta, quase arrancada de suas mãos por uma força descomunal.

— Uau! Espera, estou sendo… ahhhhhh! — Luke gritou, enquanto era arrastado com uma velocidade impressionante. Ele lutava para manter o controle da vara, mas seu corpo era jogado na água, enquanto batia a bunda contra as ondas como uma folha ao vento.

— Vamos láaaa…! Gluuuuuup! Paraaaa…! Gluuuuup! — gritava, a voz dele misturada com o som da água.

De repente, o sol que se punha perdeu sua luz. Uma sombra imensa cobriu o lago, e no céu surgiu a silhueta de um homem com o punho erguido.

— Atsui... Shitsuryō... Panchi! — A voz ecoou com força, enquanto uma poderosa onda de calor rasgava o ar.

A água do lago explodiu, abrindo uma cratera gigantesca no meio, enquanto o anzol de Luke se cortava. Fumaça e vapor preencheram o ar.

Luke se espantou, pois nunca tinha visto esse golpe. Quando seus olhos se acostumaram aos feixes de luz que o sol liberava, ele avistou a figura. 

— Esse é... Meu pai? — sussurrou Luke, perplexo.

De repente, a água que havia se dispersado começou a voltar com força, criando uma correnteza poderosa.

— Que legal, meu pai... Gluuuuub...

A correnteza puxou Luke. Ele tentava lutar contra a força da água, mas era inútil. A escuridão o envolvia.

— Não... Eu não posso... — pensava, enquanto sua consciência começava a desaparecer. Mas antes que perdesse totalmente a noção, ele ouviu uma voz.

— Garoto…! Garoto…! Você me vê?

Luke arregalou os olhos, tentando entender de onde vinha aquele som. Um anão de barba densa se formou a partir da água diante dele.

— Garoto! Você é o escolhido... Eu escolho você, Lu...

Antes que o anão pudesse terminar sua frase, Luke apagou.

A última coisa que ele sentiu foi uma mão forte o puxando da escuridão.

— Acorda, Luke! — gritava Brody, desesperado. — Não me deixe, seu idiota! Não vou te perdoar se você me deixar!

Luke tossiu, expelindo água, enquanto voltava à consciência. Ele abriu os olhos, vendo Brody ofegante e aliviado.

— Acho que você não consegue viver sem mim — brincou Luke, ainda fraco.

Brody deu um leve tapa em sua cabeça, mas o sorriso em seu rosto revelava o alívio que sentia. 

Enquanto ambos se recuperavam à beira da margem. Jayden descia do céu com uma elegância quase sobrenatural, pousando na água como se fosse terra firme. Atrás dele, um enorme monstro caía morto no lago. A criatura vermelha e colossal era o peixe que eles haviam tentado capturar.

— Uau... — disseram Luke e Brody em uníssono, completamente boquiabertos com a cena à sua frente.

 

Contudo, Luke refletia com preocupação. Se perguntava se o que ele viu era apenas um sonho.

“O que foi aquilo? Foi um sonho? Aquele anão ia falar alguma coisa no final. Era meu nome? Não é possível, eu nunca vi esse anão em toda a minha vida.”

 

Traduções:

Atsui Shitsuryō Panchi - Soco de Massa Quente

 

 



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