Volume 1

Prólogo

Numa taverna pouco frequentada, em outrora, um velho vagabundo narra contos a um bando de curiosos e aventureiros: um mal obscuro abalou neste mundo eras atrás, vindo do interior mais profundo de Öra, Terra. Um mal encarnado e sedento por destruição. Suas histórias contam que tal criatura de obscuridade já ameaçou expurgar quem ele considerava inferiores com o castigo da morte. Nenhum reino era páreo para o tamanho terror causado das forças maléficas vindas dessa criatura. O chamaram de Acrôminus, o Obscuro. Poucos o viram e viveram para descrever. Aqueles que respiram ditam para os curiosos de uma criatura alta e seca carrega braços dianteiros grandes e a mão capaz de cobrir e esmagar seu crâneo com apenas um aperto, com uma boca de sorriso estridente e sem rosto este caçava atrás dos que se chamavam de corajosos, seu andar pesado e curvado intimidava até a mais brava cavalaria real com seu mago mais poderoso. Há apenas duas observações quando se sabe que está na mira de Acrônimus: seu nariz escorre sangue negro e sua pele se torna pálida. Lutar contra ele? Suicídio. Há apenas uma chance de escapar: esconda-se e reze para que ele não lhe encontre.

— Exagero — disse um, ele virou o copo de cerveja na mão.

— Não, não! — disse o vagabundo. — É verdade, dias depois que o soldado me contou isto, fora dito que o acharam morto em sua residência sem a cabeça e apenas com alguns membros intactos numa poça de sangue negro na sua casa.

Curiosos suspiraram, aventureiros cismaram. Não teria como ser mesmo verdade, teria? Um jovem sonhador recém-saído de sua cidade para mergulhar de cabeça em aventuras e missões e caças, brandiu-se espada ao levantar-se. Subiu na cadeira, apoiou um dos pés na mesa anunciando com orgulho:

— Para que temer? Minha espada cortará sua garganta e o expelirá de volta para o inferno de onde escapou!

Todos saudaram o garoto, anuindo com berros e viradas de copo.

— Garoto! Não seja tolo e sente-se! Ele está em toda parte. Ele está sempre observando. — O velho fisga a calça do garoto para que este desça.

— Seu velho — diz o beberrão que virou a cerveja mais cedo. — Ele que encare nossa fúria! Está ouvindo criatura medonha! Somos fortes juntos! Nós, caçadores, druidas e magos, enfrentamos e vimos coisas bem piores!

Os clientes começaram a deixar o medo de lado. Começaram a crer que era mesmo apenas histórias. A tal ameaça lendária não era mais tão lendária assim, soando como apenas história para fazer com que crianças levadas obedecessem aos pais. Alguns começaram a se levantar e se juntar ao caçador beberrão afirmando que o ser obscuro era apenas mais um entre muitos outros que já foram derrotados. Eles celebraram, urraram e ergueram seus grandes copos cheios de cerveja e espuma enquanto ridicularizam os contos já ditos. O velho se encolheu e via pelo pior debaixo da mesa de madeira, se encapuzou em seus trapos enquanto via o festejo e zombaria de todos. Para ele, eram homens e mulheres mortos.

— Se este ser é o mal encarnado, que venha e nos encare! — diz o jovem, berrante e orgulhoso como se quisesse ser reconhecido por sua bravura. — Mas que ser mais depravado e poltrão ele é!

O jovem aventureiro sente um incômodo abaixo do nariz. Ele coça pensando que fosse alergia sentindo um líquido sair. Era sangue. Sangue negro. Olhou por alguns segundos até perceber o que houve. Seu sorriso debochado caiu, olha para os companheiros que se espantam com a pele do rapaz se pigmentar para um tom mais pálido, ele estremeceu. Velas começaram a se apagar com ventos que vinham de lugar nenhum assustando os fregueses e trabalhadores. Estalos e cliques ecoavam no salão.

— Eu avisei... — gemeu o velho debaixo da mesa.

— É verdade. — Uma voz estridente falou. Todos prepararam suas armas e cajados. — O velho falou a vocês.

Todos estremeceram. A voz continuou: —Sabe, a raça oraneana é interessante. A necessidade pelo excesso de orgulho os mantém sãos pela busca de poder, reconhecimento…, até perceberem que perderam seu propósito e se afogaram na ignorância exacerbada. Se acham superiores. Mostrá-los-ei de que sua pífia sanidade é uma mera ilusão.

As sombras pareciam se mexer ao redor deles. O frio congelante rodeia seus pés como a ventania do intenso inverno do Norte. O que se esconde nas sombras é, agora, indescritível, oculto até para usuários de magia. O ranger do chão se mistura junto aos cliques e estalos. Medo e ansiedade, causados por um ser cuja face ainda permanece desconhecida por eles. O nariz do jovem continuou a vazar sangue enquanto começava a tremer de frio mesmo agasalhado. Estes tolos mantêm a palavra de que aquele não é o Obscuro.

—Julguem, os corajosos! Blasfemem, os que desacreditam! O destino de vocês é inevitável: a foice da morte encarnada. Se dizem aventureiros, que já viram os maiores terrores. Em verdade digo que estes são simples sussurros de minha presença.
As sombras tomam o salão, forçando-os a se juntarem para mesa a qual o velho se mantinha debaixo. Os gritos de homens e mulheres oraneanos foram a última coisa antes dos tentáculos sombrios os puxarem para o vazio. O pavor acelerava seus batimentos e suas mãos apertavam suas armas e cajados. De supetão, ouve-se passos pesados os rodeando.

— Apareça! — o beberrão rosna com a respiração pesada, seus olhos não paravam quietos na escuridão. Ele estava descontrolado por uma briga a ponto de sair espuma na lateral da sua boca. Para surpresa de todos, os passos pararam. Vem a sensação do desconforto e desespero nas veias desses aventureiros. Isso os aterrorizou prontamente. Recuaram para a mesa do velho na falsa esperança de terem uma vantagem se ficarem juntos.

— Aqui. — diz o Obscuro avançando como um vulto para o jovem ventureiro.

O jovem é arrastado para a escuridão enquanto clama pela vida. O grito pavoroso os deixou ansiosos, podia ouvir-se a carne sendo mastigada, ossos quebrando, eles ouvem o garoto se engasgar no próprio sangue. O sangue negro serpenteia até seus pés. Os passos voltaram na direção dos aventureiros restantes, devagar para os deixar mais amedrontados propositalmente e com medo da incerteza. A criatura sai para a luz rugindo como uma fera de voz estridente, grotesca e arrepiante como se fosse assombrar seus mais íntimos sonhos. A descrição do velho era quase exata: a criatura ruge com sua boca estridente esticando até os limites, o rosto vazio realçava sua aparência raquítica. Ele agarra beberrão que treme e larga sua espada, clamando por sua vida miserável. Ele sente as mãos grandes e ásperas o enforcar, já não mais sentindo o chão. Mal conseguia respirar, tampouco falar algo. Os tais aventureiros tentam acertar a criatura brandindo suas espadas e machados contra o ser, mas foram estupidamente derrotados com alguns poucos movimentos simples. A criatura vira seu rosto de volta para aquele que estava com o rosto vermelho em suas mãos, algumas veias saltavam da sua testa e principalmente do seu pescoço, o homem, em desespero, murra o braço longo e inchado da criatura na falsa esperança de conseguir se livrar. Seus braços perdem o movimento assim como o resto do seu corpo. Como um último suspiro, o beberrão consegue sussurrar:

— Misericórdia... — seus olhos vermelhos lacrimejavam quase saltando para fora.

Acrônimus aproxima sua presa do seu rosto coberto por placas ósseas idênticas à pregos ao redor da cabeça, indo próximo da boca medonha.

— Ninguém os ouvirá; ninguém os procurará. Se acham os protetores do mal, a espada e o escudo. Os alfas e os ômegas. Não poderiam estar mais errados. Devastarei este mundo e além para trazer o real equilíbrio cósmico…
Enfim, o sofrimento do combatente acabou, pois, com uma simples mordida que fez a cabeça sumir. Seu corpo se tornou imóvel como um boneco de pano. O chão ganhara uma nova pintura, uma lembrança de que novos tempos chegariam. Tempos sombrios. O resto estremeceu diante da cena. Estavam paralisados, qualquer que fosse o movimento em prol de um ataque seria suicídio imediato, seus pés ficam bambos e um desejo imenso de implorar pela vida passa por suas mentes. Acrônimus se aproximava devagar. Aquela taverna deixou de ser um local de descanso e se tornou um mausoléu. Muitos ouvirão a história do que ocorreu ali: uma carnificina horripilante.

Com tudo acabado, o velho continuava debaixo da mesa de olhos fechados e rezando por sua vida em sussurros quase inaudíveis, com um terço próximo da sua boca, para Ínnumar e seus filhos. O terço continha um pingente com um símbolo entalhado: um losango no centro com duas mãos em linhas, uma por cima e outra por baixo, rodando o losango como se quisesse o proteger. O terço tremia assim como o velho. O Obscuro procurava o senhor que manteve os olhos fechados firmemente, pois apenas ouvi-lo dava vontade de chorar pela vida. O senhor lagrimava enquanto ora, sente a presença do caçador no seu pescoço. Mas não parecia saber onde o vagabundo estava, do contrário sua vida teria sido ceifada junto à dos outros. A criatura apenas o ouvia. 

— Onde está você, velho?…
— P-por favor — diz o velho, sua voz tremia. — Eu não fiz nada…

— Acha que eles o ajudarão apenas por orar? Não. Orar para eles é como chamar por ajuda à sete palmos do chão. Mas pela sua coragem de orar para aqueles hipócritas em minha presença eu o praguejo a viver eras além, a fim de ver a insanidade do mundo corroer a todos enquanto refutam seus alarmes.

— Os Lords vão pará-lo. Holocrom irá pará-lo!

— Que tentem.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora